quinta-feira, 30 de novembro de 2023

AS MONOGRAFIAS E MISTÉRIOS DA ORDEM ROSACRUZ AMORC


Às primeiras monografias foram escritas no início do século 20 (antes da década de 1930) por Harvey Spencer Lewis, fundador da AMORC, e posteriormente atualizado por seus sucessores para se manter com avanços na ciência, linguagem e cultura.

Abaixo está uma breve descrição do que os associados da AMORC aprenderão durante seus futuros anos de afiliação.

Os "Graus" dentro da ordem são organizados em quatro seções:

Seção do Neófito – Essa é a seção básica e inclui três graus.

Seção do Templo – Essa é a seção intermediária e inclui oito graus. Depois do ano 2000, houve uma reforma dos graus, e seus títulos mudaram, assim como o nome desta seção.

Seção dos Iluminados – Essa é a seção avançada e inclui quatro graus. Depois do ano 2000, seus títulos mudaram também. Por exemplo, a seção foi dividida em três seções:

A Seção apropriada dos Iluminados, incluindo os 9º, 10º e 11º graus.

A Seção Hierarquia Esotérica, incluindo o 12º grau, como introdução a uma novo seção chamada Seção Ordo Summum Bonum.

Seção Ordo Summun Bonun – Essa seção possui uma subseção intitulada Os Planos, que inclui outro conjunto de nove graus. Os graus “Planos” foram criados pelo filho de HSL, Ralph Maxwell Lewis (1904-1987), nome iniciado: Sar Validivar, durante seu período como Imperator da AMORC (1939 a 1987).

Esses graus são de natureza puramente filosófica e discutem a natureza do Cósmico e seus Leis naturais.

Seção do Neófito ∴

Como nos tempos antigos, se alguém quisesse estudar os grandes mistérios do mundo, teria que receber um convite ou solicitar a admissão para se tornar um Neófito.

Ao Neófito seria concedido a entrada no átrio ou câmara de recepção do templo. No átrio, o neófito iria receber as instruções preliminares e os ensinamentos iniciais, antes que ele pudesse adentrar o templo. Após os tempos antigos, as monografias Rosacruzes são chamadas de lições do átrio.

Lições introdutórias

Apresenta-se à seguir os conceitos Rosacruzes que podem ser aplicados de maneira prática. Uma das primeiras coisas que os alunos aprenderão como neófito é que eles são um ser duplo. Além das cinco questões físicas, o aluno também tem um senso psíquico. Os exercícios dessas lições introdutórias são projetados para despertar e desenvolver gradualmente a faculdade psíquica de cada membro. Os exercícios permitem que os alunos descubram isso por si só, através da experiência direta. 

Os tópicos incluem:

- Alquimia Espiritual

- Tempo e espaço

- Consciência humana e cósmica

- Meditação

- Desenvolvimento da Intuição

- Introdução a: Aura Humana, Cura, Telepatia, Metafísica.

O Primeiro Átrio

O primeiro Átrio explora a consciência como o princípio organizador da matéria e explica a composição e estrutura da matéria e sua natureza vibratória. Você aprenderá como o poder do pensamento afeta o mundo material. Esse poder é demonstrado através de exercícios e técnicas de concentração, e visualização plástica e criação mental. Os tópicos incluem:

- Composição e Estrutura da Matéria

- Poder do pensamento e da concentração

- Visualização plástica

- Telepatia

- Lei do Triângulo

- Projeção Mental

O Segundo Átrio

A compreensão do aluno sobre a conexão entre mente e matéria será agora expandida para incluir a conexão entre a mente e o corpo físico. O segundo átrio explora como o pensamento dos alunos influenciam sua saúde, o papel da respiração adequada no desenvolvimento psíquico, saúde e vitalidade e técnicas de cura Rosacruz. 

À medida que os alunos desenvolvem as funções psíquicas Nos centros, o aluno desperta gradualmente suas faculdades psíquicas, tópicos incluem:

- Arte mística da respiração

-Tratamentos de cura Rosacruz

- Percepção da Aura

- Despertando a consciência psíquica

- Sons místicos

O Terceiro Átrio

O Terceiro átrio se move além do corpo físico e das faculdades psíquicas para o plano mental. À medida que o aluno se torna mais sintonizado com a fonte interior da sabedoria, ele se torna mais receptivo ao sutil estímulo interno. 

Essas lições também exploram a natureza da alma e evolução espiritual, e karma, e os ciclos da alma. Os tópicos incluem:

- Karma

- Livre arbítrio

- Intuição Inspiração e Iluminação

- Os grandes movimentos religiosos

- A natureza da alma

- Objetivo da nossa evolução espiritual

Seção do Templo ∴

Depois de concluir os ensinamentos da seção Neófito, o adepto está com um marco importante em andamento no caminho místico. Os estudos na seção do Neófito estabeleceram as bases para as lições dos graus a seguir, agora o adepto está pronto para entrar no Templo. Muitos dos princípios do Templo desenvolverão ainda mais esses elementos, fornecendo profundidade adicional e aplicações nas práticas dos princípios Rosacruz.

1° Primeiro Grau do Templo 

(Denominado "Zelator" mais tarde “Juniorius” e atualmente “Studiosus”)

O Primeiro Grau do Templo introduz o conceito da polaridade e sua relação com o mundo subatômico e suas diferentes taxas de vibração. Introduz todo o espectro de fatores físicos e não físicos da manifestação. 

A compreensão dessas matérias dá ao adepto uma apreciação pelo sistema e ordem do universo, a interconexão de toda a natureza e como tudo é governado pela lei natural. Os tópicos incluem:

- Positivo e negativo 

- Polaridades vibratórias

- Eletricidade, magnetismo, eletromagnetismo e sua definição Rosacruz

- Partículas subatômicas

- Elementos

- Alquimia material

2° Segundo Grau do Templo 

(Theoricus)

O Segundo Grau do Templo explora o funcionamento da mente. Os adeptos aprenderão como usar suas faculdades mentais para fortalecer a vontade, eliminar maus hábitos e estabelecer bons, explorar os níveis do subconsciente, os tópicos incluem:

- Consciência Cósmica

- Nossa Consciência Objetiva e Subjetiva

- Ilusões mentais e sensoriais

- Imaginação e Memória

- Influências físicas, psíquicas e espirituais no subconsciente

- Psicologia e Misticismo

3° Terceiro Grau do Templo 

(Praticus)

O Terceiro Grau do Templo explora o significado da vida em muitos níveis, incluindo os vivos e os “não-vivos” (desencarnados) os mistérios da morte e renascimento e a natureza eterna da Alma. 

Os tópicos incluem:

- Objetivo Cósmico da Vida

- Força vital e reprodução

- Matéria viva e não viva

- Transição da Alma

- Encarnação da Alma

- Aspectos Iniciáticos da Morte

4° Quarto Grau do Templo 

(Philosophus)

O Quarto Grau do Templo introduz a ontologia Rosacruz (o estudo da natureza do ser) e estabelece a estrutura cosmológica de toda a criação. Explora o significado, entendimento e o uso da simbologia, e a linguagem do subconsciente. 

Os tópicos incluem:

- Noumena e Fenômenos

- Simbologia naturais

- Simbologia artificiais

- Simbologia místicas

- Arquitetura Sagrada

- Fonte da Vida Vital e a Alma Viva

- Ciclos da vida e os constantes estados de fluxo

5° Quinto Grau do Templo 

(Adeptus Minor)

Um místico, por natureza, é fundamentalmente um filósofo. No Quinto Grau do Templo, o adepto estudará trechos das obras dos filósofos clássicos. A exploração do aluno sobre as raízes antigas da filosofia Rosacruz demonstrará a a temporalidade desses princípios. Pensamentos dos seguintes filósofos são apresentados:

- Tales - Solon - Pitágoras 

- Heráclito - Demócrito

- Empédocles - Sócrates

- Platão - Aristóteles

6° Sexto Grau do Templo 

(Adeptus Major)

O Sexto Grau do Templo apresenta os componentes físico, mental, emocional e astral. 

Você aprenderá técnicas específicas de cura Rosacruz. 

Os tópicos incluem:

- Dimensão espiritual do alimento

- Saúde espiritual

- Composição do sangue

- Consciência Celular e Saúde Celular

- Terapia Rosacruz e técnicas de Auto-cura

- Druidas para cura

- Tratamento pessoal para restaurar o equilíbrio psíquico

- Sistema nervoso autónomo

- Prevenção Física e Mental de Doenças

- Prevenção emocional e espiritual de Doenças

7° Sétimo Grau do Templo 

(Adeptus Exemptus)

Os exercícios e experimentos de todos os Graus anteriores contribuíram para o desenvolvimento gradual, fornecendo ao adepto a base necessária para as técnicas avançadas do Sétimo, Oitavo e Nono capítulo. No sétimo Grau, os adeptos aprenderão como realizar atividades psíquicas projeção (projeção astral), como desenvolver sua aura pessoal e perceber as auras de outras pessoas, e como desenvolver ainda mais centros psíquicos. Os adeptos também receberão uma explicação da influência fisiológica, psíquica e espiritual de sons místicos específicos. Tópicos incluem:

- O Corpo Psíquico

- Os Centros Psíquicos (compare com: Chakra)

- Natureza e simbolismo dos sonhos

- Projeção psíquica (projeção astral, experiência extracorpórea)

- Percepção da Aura (experimentos) (compare com: Clarividência)

- Poderes místicos dos sons e mantras das vogais

8° Oitavo Grau do Templo 

(Magister Templi)

O Oitavo Grau do Templo explora em profundidade o tema da imortalidade da alma, os mistérios do nascimento e da morte, reencarnação e karma, e a evolução da personalidade da alma. O objetivo é aprender os constituintes da alma humana e como ela evolui de encarnação para encarnação.

Os tópicos incluem:

- Alma Universal e Alma Humana

- Consciência Divina e Auto Consciência

- Evolução Espiritual dos Humanos

- Domínio do Karma

- Reencarnação da Alma - Técnicas para lembrar de encarnações passadas (experimentos)

- O mistério do nascimento e da morte

- Ajuda aos moribundos, antes e depois da morte

- O trabalho do Adepto

- Contato psíquico com as Grandes Inteligências

- Desenvolvimento psíquico usando sons vocais (mantras)

- Vibroturgia

9° Nono Grau do Templo 

(Magister Magus)

Aprender os altos princípios da alquimia espiritual que derivam do benefício da natureza divina do iniciado. Não apenas diferentes níveis do ser humano, mas também no ambiente visível e invisível. Estas práticas são consideradas como a alquimia da matéria, consciência e vida. O nono grau é uma subida longa e cuidadosa que oferece ao adepto todas as oportunidades de colocar em pratique o que foi aprendido nos Graus anteriores do Templo. 

Entre os tópicos abordados estão:

- Macrocosmo e Microcosmo

- Os Quatro Princípios: Terra, Água, Ar, Fogo

- Simbolismo da RosaCruz

- F.U.D.O.S.I.

- Alquimia Mental

- Experimentos em Telepatia, Vibroturgia, Radiestesia, Invisibilidade energética, Sintonia com a Consciência Cósmica

- O Triângulo das Luzes

- O poder da Vontade

- Os círculos de proteção e harmonização entre os três planos da consciência

- O plano cósmico

- Desenvolvendo a nuvem da invisibilidade e usando a nuvem cósmica e a Espiral Cósmica como portais

- A “palavra perdida”

- A suposição de individualidades e a suposição cósmica

Seção dos Iluminados ∴

10º Décimo Grau do Templo 

(Magus, mais tarde “Ipisissimus”, atualmente “Illuminatus Minor”)

Aprender a andar no caminho dos Mestres. Introdução às doutrinas que os Mestres deram origem e compreensão de todas as crenças que estão disponíveis para nós há séculos.

Os tópicos incluem:

- Introdução ao Zoroastrismo

- O Tibete

- A Escola de Mistérios

- Apresentando Master-Moria-El

- The RigVeda

- A Grande Fraternidade Branca

- Técnicas de Materialização Astral

- Técnicas de Telepatia

- Ataques psíquicos

- O conceito esotérico de pecado

- Reencarnação

- Os sentidos psíquicos

- A magia

- A aura humana

- A glândula pineal e a quarta dimensão

- A natureza dos elétrons do espírito

- Misticismo Rosacruz

- Esoterismo Rosacruz

- Harmonização psíquica

11° Décimo Primeiro Grau do Templo 

(atualmente “Illuminatus Major”)

Para aprender através das grandes tradições, essas marcaram a história espiritual de humanidade. Essa jornada começou através do movimento Martinista em França no século XIX. É também o limiar de admissão no Ordo Summun Bonum.

Os tópicos incluem:

- O método Khunrah

- O lado escuro da alma

- O Guardião do Gateway

- A Regeneração

- A Fraternidade Invisível

- O Círculo Interior Rosacruz

- A Harmonização Cósmica

- A Consciência Cósmica

- Desenvolvimento do Terceiro Olho

- Os sinais do desenvolvimento psíquico

- Os efeitos da consciência cósmica

- A Capa da Invisibilidade (avançado)

- Fundação esotérica das religiões

- Ensinamentos esotéricos de Jesus

- O Christus

- Fórmulas esotéricas

- Usando os 4 elementos

- A “palavra perdida”

- Como entrar em contato com os mestres invisíveis

- A Hierarquia Rosacruz

12 °Décimo Segundo Grau do Templo 

(atualmente “Illuminatus Exemptus “)

Aqueles que atingiram a Hierarquia Esotérica se tornam, de fato, intermediários entre o cósmico e o todo (…) colocados em posição de se comunicar periodicamente com o Cósmico e recebe inspiração e iluminação que se deve passar ao Imperator. 

Para aprender como entrar em contato com a sagrada Hierarquia Esotérica e para servir a Ordem, conforme descrito acima. Também para aprender a desenvolver o Corpo de Luz a ser usado para alcançar altos estados de comunhão divina.

Os tópicos incluem:

- Christian Rosenkreuz e os ensinamentos Rosacruzes

- Contato com os Mestres (El Morya, Danius, Saint Germain)

- Hierarquia Esotérica

- Hierarquia Celestial

- Silêncio místico

- Consciência Cósmica

- A nota fundamental ou tom de vibração

- Técnicas de harmonização cósmica

- Influências planetárias

- A contraparte cósmica

- O espectro de vibração

- Ética Rosacruz

- Alquimia da Água (Cagliostro)

- Benefícios da Harmonização Cósmica (regeneração)

- Câmaras do mestre

- Alquimia do Fogo

- Técnicas de projeção astral

- Correntes psíquicas

- Técnica de suposição e suas aplicações (cura à distância)

- Manuscritos Rosacruzes (Michael Maier e o Libber H)

- A noite escura da alma e o amanhecer dourado

- Astrologia

- Influências externas

- Procedimento para relembrar experiências de vidas passadas

- Desenvolvimento da voz interior

- Usando as forças cósmicas

- A vida mística de Harvey Spencer Lewis

- Os Templários

- Cagliostro e a Rosa Cruz

- Desenvolvendo o Corpo de Luz (Novo)

Ordo Svmmvm Bonvm ∴

É considerado pela AMORC como uma Ordem totalmente separada, mas o iniciado automaticamente começa a receber as monografias relacionadas a esse diploma ou capítulo assim que termina de receber o Grau anterior 

(o 12º). 

Essa seção foi concebida para aprofundar as questões filosóficas sobre as Leis da natureza, a moral e a ética, aplicando o princípio de Summun Bonum, o princípio de um comum compreensão das experiências básicas da vida humana. Cada plano representa um grupo de certos princípios e experiências da vida que, em conjunto, o adepto precisa estudar e entender.

A "hierarquia" da RosaCruz é dividida em 12 graus. A contagem só começa depois de um ano afiliado, não tem como fugir do estudo (parte teórica) você recebe as monografias e livros por e-mail ou pelos correios. Em média, leva cerca de 9 à 10 anos para concluir todos os estudos e chegar à “Seção dos Iluminados" é o grau mais alto dentro da ordem, ali sim que se esconde o conhecimento. 

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

A Figura da Mulher Escarlate


Anarco-Thelemita


 “Uma pessoa alcança o paraíso pelas mesmas coisas que a levariam para o inferno.”

– Kularnava tantra


“Em termos simples, Babalon é uma metáfora para a alma humana.”

– Oliver St John, Babalon Unveiled, Thelemic Monographics


O papel histórico da mulher escarlate: do corpo físico, o gênero até a energia espiritual de Binah

Quando lemos os versículos 43-45 do capítulo 3 do liber Al, que se referem a mulher escarlate, obviamente associamos isso as mulheres que trabalharam com Crowley. A própria Besta, no Law is for All, diz que a previsão descrita em Al 3:44 aconteceu – e de fato, aconteceu.


Uma das mulheres escarlates mais famosas, foi Leah Hirsig ou Alostrael 31-666-31. Alostrael, o útero de Deus, foi a mulher escarlate que acompanhou Crowley em sua iniciação de Ipsissimus, sendo sua única testemunha. Crowley comenta que o que mais amava em Leah, era o fato dela ser completamente livre de pudor, algo que ele entendia como fundamental.


Leah agia como vidente/mulher escarlate/tradutora/iniciadora de Crowley, além de conduzir seus rituais mais obscenos. O poema de 666 palavras em 156 linhas, chamado “Leah Sublime” que Crowley escreveu, carregava essencialmente a relação dos dois.


Como vidente, Leah trazia visões para a Besta, muitas bem apuradas. Crowley e ela evocavam Aiwass para aparecer dentro dessas visões[1]. Leah era 8°=3° na A.A, como podemos ver nos diários de Crowley[2]. E assim como a Besta, ela também tinha seus estudantes.


Arthuro Sabatini[3] foi um italiano meio cego, que nasceu em Palermo e viveu na Abadia de Thelema, e lá, atuou basicamente como a mulher escarlate da mulher escarlate. Atuando como vidente pessoal de Leah Hirsig, vemos aí, uma dos primeiros registros de que, a expressão  “mulher escarlate” vai além do gênero[4].


Norman Mudd, foi outro discípulo que atuou como parceiro mágico de Leah. Por algum motivo não explicado, Leah Hirsig chegou a marcar o penis de Mudd com o sigilo de Babalon[5].


Leah Hirsig, de fato, viveu em ruas escuras, faminta e com frio, mas não por causa do Al, mas por causa da própria Besta. Ela, tendo devotado tudo de si a Besta, acabou abandonada em Paris, sem dinheiro, em um hotel em que Crowley fugiu sem pagar – conforme podemos ler no diário do abandono[6], Leah se sentiu profundamente traída – e deixou a piedade visitar seu coração, como alertava o Al e mesmo com coração amargurado, manteve-se fiel à lei de Thelema por mais alguns anos, iniciando pessoas na A.A[7].


Leah não era A mulher escarlate do Al, mas foi a única a alcançar o grau de Magister Templi. Alostrael/Leah Hirsig foi uma das várias mulheres que trabalhavam como mulheres escarlates, ofício de vidente para a Besta. Ela mesmo teve as “suas mulheres escarlates” como podemos ver.


Logo, fica a pergunta, quem ou o que é a mulher escarlate?


Para começarmos nossa pequena viagem atrás da mulher escarlate, vamos lembrar que ela é Babalon e por sua vez, Binah. Binah, é Ama ou Aima, a mãe infertil e a mãe fertil[8], associada às cartas das rainhas do tarot e a “parte” da alma conhecida como neshamah.


Neshamah, sendo nossa alma mais alta, é também uma casca, uma camada para níveis mais profundos de nós, Chiah e Yechidah. Como nosso foco é entender a mulher escarlate em perspectiva tântrica e cabalística, construindo correlações entre o tantra e a thelema.


A alma, neshamah, provém de Binah e que por ser feminina, é a mulher escarlate. Binah é Babalon, a receptora, portadora do graal. Nosso próprio ser é Babalon, um avatar do universo, de Nuit.


Neshamah é binah e também é uma consciência mais alta que podemos alcançar. É dito que o magister templi atinge esse nível, assim como as pessoas que atingem o samadhi. Crowley define essa sensação no prólogo do não nascido, no liber VII, onde diz:


Para dentro da minha solidão vem —


O som de uma flauta em bosques escuros que assombram as mais remotas colinas.

Mesmo a partir do bravo rio eles chegam às margens do deserto.

E eu contemplo Pan.

As neves são eternas acima, acima —

E sua névoa de perfume se eleva até as narinas das estrelas.

Mas o que tenho eu a ver com isso?

Para mim apenas a flauta distante, a permanente visão de Pan.

Em todos os lados Pan, aos olhos, aos ouvidos;

O perfume de Pan penetrando, o seu sabor preenchendo totalmente a minha boca, de modo que a língua irrompe em uma fala estranha e monstruosa.

O seu abraço intenso em cada centro de dor e prazer.

O sexto sentido interior arde com o Seu ser mais íntimo,

Eu mesmo arremessado para baixo do precipício do ser

Exatamente para o abismo, aniquilação.

Um fim para a solidão, assim como para tudo.

Pan! Pan! Io Pan! Io Pan!

A noite de Pan é o que entendemos como samadhi. Em termos práticos, é a união da alma individual com o todo, e a sua característica principal é a perda do senso de individualidade e consequentemente percepção expandida de si mesmo como o próprio universo[9].


Como todo bom estudioso da cabala, sabemos que temos três almas ‘principais` sendo que uma se desdobra em mais duas. Nós possuímos Nephesh, Ruach e Neshamah (essa última ainda se desdobra em Chiah e Yechidah). Essas `almas`, sendo três forças diferentes dentro de nós, conseguem nos levar a níveis diferentes de compreensão da realidade.


No nome Bab Al On, o portal do Deus On[10],  percebemos essencialmente a função da alma/Binah: receber a energia de chiah – chochmah – e então transmitir isso adiante para Ruach/ Zeir Anpin. Da mesma forma que nós recebemos de cima essa energia, nós podemos nos colocar naquele nível de consciência.


Tais metas místicas foram descritas dentro dos tantras – textos antigos que traziam a metafísica do shaivismo/shaktismo indiano. Para que possamos avançar na nossa iniciativa de interpretação, vamos retroceder no tempo e conhecer um pouco dos tantras.


O Tantra como um movimento espiritual

 Os tantras são, por excelência, textos sagrados que foram revelados ao mundo. Esses textos nascem entre o século VI até o século XII, se espalhando por toda a Ásia, dando insumo para diversas religiões, como o budismo. A evolução dos tantras como movimento espiritual traria uma nova forma de pensar, sobre o papel do homem, mulher, castas e sociedade.


Antes do hatha yoga nascer – embora os praticantes se recusem a aceitar que o mesmo nasceu no período medieval[11], mas é assunto pra outra pauta – existiu o tantra. A palavra tantra pode ter vários significados – um deles, é simplesmente livro[12]. O  tantra foi uma prática marginalizada dentro da Índia, que aos poucos ganhou o caráter iniciático – isto é, um mestre e discípulo, ou  um grupo esotérico que ensina a partir das revelações feitas pelo guru. O tantra trazia desconstruções daquela sociedade pautada pelos vedas e pela tradição brahmica, profundamente patriarcal e inclusive, foi o primeiro local onde um guru feminino, toma a frente.


O hatha yoga absorveu diversas percepções e práticas dos tantras – o uso de um sistema de chakras[13], mantras, visualizações guiadas… O Vjnanabhairava Tantra por exemplo – começa com uma conversa[14] entre Bhairava e Bhairavi, onde ela fazendo uma pergunta, dá início a um longo discurso ensinando técnicas de meditação[15].


Esse texto coloca o estado de plenitude do ser como Bhairava. Ou seja, a face furiosa de Shiva era vista como um nome glorioso da calma e atitude mental sadia. Diferente de outros tantras, como o Nirrutara Tantra[16], o Vjnanabhairava Tantra não dava ênfase a prática sexual[17], dentro dele apenas um único versículo sobre uso da sexualidade dentro da meditação.


O tantra nasce de uma perspectiva dualista[18], entre homem e deus e aos poucos, evolui para a não dualista. Nascendo como patriarcal-Saivista e aos poucos, se torna Saiva-Saktista. E algumas mais radicais, se tornam totalmente Saktista[19].


Mas o tantra vai mais longe. Extingue as castas. Mulheres viram gurus. Pessoas comuns, de classes mais baixas e/ou até intocáveis, também estavam em seus rituais, bebida alcoólica e carne são consumidos ritualísticamente. Alguns tantras, utilizavam sexo ritualistico, oferenda e consumo de fluidos  sexuais[20].


Mas o que torna o tantra tão curioso é a sua perspectiva não dual. O que é o não dualismo (advaya)?


O princípio Advaya  no tantra Shiva-Shakti

O não-dualismo é a visão de que o homem contém todo universo em si. Logo, os chakras, são moradas de deuses, Shiva não está fora, mas dentro. A visao nao dual, fazia o devoto atuar como o próprio deus, entendendo a si mesmo como uma extensão da divindade, nao alguem querendo alcançar a mesma.


A visão não dual, não dividia mais terra e espírito, Shiva e Shakti, puro e impuro. Todas as coisas eram sagradas e todas as coisas traziam consigo o divino. Adorar qualquer deus é adorar a Deus em sua forma suprema, porque todos os deuses são manifestações de uma única força, Isvara, Shiva, Brahman ou qualquer nome que possamos dar.


Por tudo ser santo, o tantra via que a realidade não era mais o local de penitência, ou a necessidade de agradar aos deuses. Os deuses eram os próprios devotos, se mantinham vivos por causa dos seus devotos. Os devotos são os que alimentam e são alimentados pelos seus deuses. Então se não havia mais dualidade entre carne e espírito, os prazeres se tornaram instrumento de elevação, não mais distrações.


Tudo se tornava um ato sagrado. Não existia mais linha que dividisse o ritual e o profano. O tantra não dual reconhece essa unidade como Shiva e que todos somos essa mesma força. Como força, a consciência/Shiva é estática e a sua potência é sua contraparte feminina, Shakti.


A visão não dual, foi chegando cerca de um século depois e foi aos poucos evoluindo. A própria forma de adorar Shiva, foi mudando e foi-se cultuando formas mais agressivas de Shiva como aspecto supremo do Ser.


Para a visão não dual, a raiz de todos os males é a ignorância. É através de uma visão errada sobre as pessoas, eventos, ou coisas, que um ato de himsa[21] pode ser cometido.


Kalí, uma das divindades mais conhecidas do tantra, não estava mais longe do ser humano, mas era ela, uma manifestação do próprio ser humano. O ser humano era Kalí quando agia de forma incisiva. E isto não era negativo, a falta de reconhecimento disso, que era. Quando se adquire consciência/Shiva da sua energia e da manifestação dela/Sakti, entende-se que mesmo uma manifestação o ser agora, era um próprio ritual para as divindades.


O adorador era ao mesmo tempo, a adoração, a oferenda, o altar e o deus que recebia essa oferta.


A divindade não era mais padroeira disto ou daquilo. Ela era tudo. Tudo estava nela, a adoração a ela, levava o tântrico a alcançar estados de consciência muito elevados, onde conseguiam perceber além da dualidade.


Um exemplo curioso é Bhairava e Bhairavi. Ambos, são duas manifestações furiosas de Shiva e Sakti. Ambos, Bhairava e Bhairavi são nomes adorados nos tantras por carregarem consigo a ideia de irem contra o status quo.


Ambos são deuses enrolados por serpentes, nús, com cabelos desgrenhados, cobertos de cinzas de mortos, vivendo em ambientes considerados “impuros” e sendo tão santos quanto os “puros”. Longe do arquétipo de imaculado fornecido pelos vedas em deuses como Brahma ou Laksimi. Para o tântrico, o divino não estava apenas no limpo, casto, puro e asceta.


O divino estava em qualquer lugar, vestido como qualquer um, a dispor de qualquer pessoa.


Seria a Thelema, o Tantra do mundo ocidental?

Se você leu até aqui e identificou algo com thelema, não é o primeiro. Kenneth Grant escreveu extensas obras[22] sobre essas relações, focando no aspecto sexual dos tantras, de forma que muita gente no ocultismo entende que o tantra são técnicas ligadas a libido, sexualidade e prazer.


Quando pensamos na principal deusa tântrica, Kalí, temos aquela breve imagem oculta de uma mulher vestida com pedaços de corpos, segurando a cabeça dos homens e consequentemente se alimentando do sangue.


Mas Kalí, é kala – o próprio tempo e além dele. Assim como dito por Grant[23], Nuit e Kalí têm muito em comum, ambos são paradoxos de amor e morte.


Quando falamos de Kalí, nós a conhecemos como a fúria de Durga manifestada. O que esquecemos é que Shiva, para aplacar sua fúria, se transformou em um bebe e então Kalí o pegou para amamentar. Kalí, assim como Nuit, carrega aspectos paradoxos. A própria Besta ressalta sobre Nuit e a morte[24]. Kali, assim como Nuit, abraçam todo o universo. Ambas são a energia sem forma que cria todas as coisas.


Talvez a maior semelhança que podemos fazer entre Kali e Nuit é que ambas são o vazio absoluto. Kali, no Mahanirvana Tantra, é tratada como a fonte de tudo, o espaço infinito dentro de um hino[25]. Vejamos alguns versículos:


“(…) você é a origem do mundo


você que não tem origem


(…) você  é escura como a noite”


Em um outro versículo[26] do mesmo hino, entendemos Kalí como a mãe de tudo e um oceano de amor infinito.


“Ó esposa-mãe de shiva


para descrevê-la os homens recorrem as coisas do mundo físico


os livros sagrados a evocam de forma sutil


alguns a chamam de verbo,


outros consideram você ser o útero do universo


mas para nós, você é antes de tudo, um oceano de amor infinito’


Para ressaltar, o Mahanirvana Tantra tem data incerta, mas como grande parte dos tantras, ele fica entre o século VI e XII. Um poeta nascido em Bengala, em 1720, conhecido como Ramprasad, traz mais um aspecto de Kali sem seus “Cânticos a Kalí”[27]:


“Kali é a letra K, fundacao de tudo que é,


Ela é prazer e libertação. ”


A letra K é o número 11, um número especial para a magia. No tarô, vemos a carta de Babalon, que é o avatar terreno de Nuit.


Curioso porque o próprio Al Vel Legis mostra Nuit afirmando sobre ela mesmo ser o prazer e libertação, em I:58, por exemplo: “Eu concedo prazeres inimagináveis sobre a terra: certeza, não fé, enquanto em vida, sobre a morte; paz indescritível, repouso, êxtase; e Eu não exijo nada em sacrifício.’’


Fiz questão de marcar a palavra sacrifício, porque Ramprasad foi um dos primeiros a se opor aos sacrifícios a Kali. Essa mesma ideia do Al Vel Legis, pode também ser vista em outra forma no Nirrutara Tantra, onde em seus versículos finais, diz[28]:


‘”Você, mãe destrutiva e cheia de compaixão,


que satisfaz todos os desejos


você concede todos os desejos, 


obtém prazer e traz libertação,


homenagem a você, Kalika’’


Apenas a título de curiosidade, Crowley relata em seus diários[29], que durante um trabalho mágico com a sua mulher escarlate[30], ela escutou alguém dizendo para ela que ela era Kalí. E voltando a falar de mulher escarlate, vamos relembrar os versículos do Al Vel Legis e fazer pequenos exercícios de foco de pestilência:


44. Porém que ela se levante em orgulho! Que ela me siga no meu caminho! Que ela trabalhe a obra de perversidade! Que ela mate o seu coração! Que ela seja escandalosa e adúltera! Que ela seja coberta de joias, e ricos vestidos, e que ela seja desprovida de vergonha perante todos os homens!


Inicialmente, é solicitado que ela se levante em orgulho. Orgulho, a característica de tiphareth não é mais visto como algo negativo, mas algo forte, virtuoso. Mais adiante ele pede que ela o siga em seu caminho – vale lembrar que quem rege a terceira parte do Liber Al Vel Legis é Ra Hoor Khuit e Aiwass , sendo o agente de comunicação de Horus, entende-se que o papel da mulher escarlate é seguir o seu próprio anjo, aqui representado por Ra Hoor Khuit.


Soror Meral traz ideias muito importantes sobre o livro da Lei, quando lemos o trecho, ela explica[31] que, “Let her work the work of wickedness!“,  estamos usando três vezes a letra hebraica Vau, que é W ou V, e então temos o número 666.


O trabalho de perversidade, a obra da maldade, da mulher escarlate que é alma humana, é justamente voltar se a si própria, reconhecendo seu verdadeiro ser/ sua vontade divina e então realizá-la.


Quando pensamos que nossa fórmula é, “amor é amor é a lei, amor sob vontade“, entendemos que a Binah, nossa energia mais alta, deve sobrepor a Ruach e Nephesh, representados pela Besta. O domínio de si, é o laço que Babalon mostra, quando segura a besta.


Ela matou seu coração, ou seja, tudo que ela era, ela sacrificou em sua taça para dar ao ancião dos tempos, o Chaos[32]. Em termos mais simples, isso quer dizer, que, quando o Al Vel Legis nos pede isso, ele pede para que demos tudo que que somos, nosso centro, nosso coração, por algo elevado – nossa grande obra pessoal, o abrahadabra.


Em seus diários, Leah Hirsig, reafirmava seu juramento de mulher escarlate, utilizando esses versículos do Liber Al Vel Legis. É interessante notar que ela enxergava isso como algo literal. A obra da maldade, ela associava a bruxaria[33].


O escândalo é o uso da fala de forma “indevida” assim como o adultério é o uso do amor “ìndevido”. Cabalisticamente, associamos a Hod e Netzach, sendo hod/mercúrio/fala/pensamento e netzach/vênus/adultério. Esse trecho solicita que nosso ser não deve se comprometer com uma única ideia.


Pode se entender isso quando relacionamos com conhecimento – o próprio Al Vel Legis, nos diz que todos os profetas são verdadeiros e todos os livros são sagrados[34], porque no fundo, nós devemos ler, entender ou metaforicamente fornicar com todas as ideias.


No Liber 418[35] temos uma percepção muito mais acurada sobre essa parte do Liber Al Vel Legis:


“A voz continua: Este é o Mistério da Babilônia, a Mãe das abominações e este é o mistério dos seus adultérios, pois ela se entregou a tudo que vive e assim tornou-se parte desse mistério. E por ter feito a si mesma uma serva de cada um, tornou-se senhora de tudo. Tu não podes compreender sua glória.


Bela és tu, Ó Babilônia e desejável, pois tu te entregaste a tudo que vive e tua fraqueza sobrepujou tua força. Pois essa união tu compreendeste. Por isso tu és chamada Compreensão, Ó Babilônia Senhora da Noite!”


A compreensão, Binah, a energia mais alta, vem desse estado de experiência com todas as coisas, os “adulterios”, como metaforicamente foi dito no texto.


A última frase deste versículo, onde pede que a alma se cubra de joias e ricos vestidos, é exatamente o que o Tantra comenta – o caminho não está em se afastar do mundo físico, mas integrá-lo à espiritualidade. A metáfora de joias, como adornos, conhecimento, e vestido, como nossa própria carne, afinal, nossa alma (Neshamah) está em nosso corpo.


É interessante ressaltar a origem da palavra Shakti – porém, um melhor significado da palavra deriva da raiz sânscrita de shak, que significa “ser forte ou poderoso, ser competente para“[36] – isso nos remete diretamente a primeira vez que o AL nos fala sobre a mulher escarlate, onde é dito que a ela todo poder é dado[37].


Assim como o tantra, a thelema não entende que essas ideias estão separadas. A thelema une os opostos. Logo, o papel de mulher escarlate é o papel da alma humana. Isso vai além de gênero/sexualidade, porque entendemos que o Anjo, o Sol, Hochmah, o Chaos, é a força motriz da Mulher Escarlate e seu legítimo Senhor[38].


Podemos adicionar nesse raciocínio que Shiva e Shakti não são dois, mas um. Como disse um dos meus professores, o ato de queimar é inerente ao fogo, assim como Shakti é inerente a Shiva. Na mesma perspectiva, Crowley nos dá no Liber 333, quando diz que Chaos e Babalon são apenas um[39].


Com isso em mente, entendemos que a metáfora do Crowley no livro das Mentiras[40], não serve somente para a A.A.. Serve para todos nós. Isso também é dito nos tantras – parafraseando o Aharabeda-Tantra, “uma pessoa pode se tornar um vamacare[41], apenas se ele se tornar uma mulher”.[42]


Essa metáfora sobre mulher, entra no sentido de sermos mais receptivos e nos ligar mais às energias de Binah, a nossa inspiração, nossa intuição.  Ou seja, receber a influência direta do nosso anjo, sem os cães da razão.


Notas:


[1] Magical Record of the Beast 666. Editado por Kenneth Grant & John Symonds. Págs.231 e 235.


[2] The magical diaries of Aleister Crowley: Tunisia 1923. Stephen Skinner. Pág. 190.


[3] La Mujer Escarlata y La Bestia. Tradução por Javier Calvo. Pág. 95, 96 e 97.


[4] Em seu diário, Rex de Arte Regia, Crowley faz uma magia para manifestar uma Babalon em forma de um homem com aparência similar a Herbert Charles J. Pollit, seu primeiro namorado.  Leia em Magical Record of the Beast 666 – pág.6.


[5] Perdurabo: The Life of Aleister Crowley. Por Richard Kaczynski. Pág. 416.


[6] La Mujer Escarlata y La Bestia. Tradução por Javier Calvo. Pág. 135.


[7] Vide a probacionista de Leah, Ida de Houghton Crooke. Proximal Authority: The Changing Role of Leah Hirsig in Aleister Crowley’s Thelema, 1919–1930. Manon Hedenborg White


[8] Mystical Qabalah. Dion Fortune. Pág.46.


[9] Liber 418. 24 Aethyr.


[10] Liber 418. 12 Aethyr.


[11] Roots of Yoga, Mark Singleton & James Mallinson.


[12] O Tantra Iluminado. Christopher Haresh Wallis.


[13] O sistema de 7 chakras que possuímos veio dos tantras. Porém, cada um dos tantras possuem seu próprio sistema de chacras, variando em número de 5 até 12 chacras (como o vjnanabhairava)..


[14] Uma característica muito comum nos tantras é que os textos começam com uma conversa entre duas divindades.


[15] O Vjnanabhairava tantra é uma obra fantástica do tantra. Como sugestão, indico a versão que o Christopher Wallis traduziu do sânscrito.


[16] Esse tantra pode ser encontrado em uma tradução do Daniel Odier, em seu livro Kali: mitologias, práticas e rituais.


[17] A prática sexual dentro dos tantras é uma parcela muito pequena. O pensamento tântrico vai muito além disso, embora o tantra tenha sido fetichizado e distorcido.


[18] Vide Saiva Siddhanta, um texto tântrico do século V.


[19] Isso  cria a famosa divisão entre Vama Marga e Dakshina Marga, quando mais para a esquerda(vama marga), mais forte fica a influência Saktista, onde o culto também se torna mais transgressivo.


[20] Kaula Tantra: A arte do ritual e da magia. Tarananda Sati. Pág. 201.


[21] Himsa é um termo sânscrito que significa “prejudicar ou causar dano”. Enquanto “Ahimsa” é um princípio de não violência, amplamente divulgado pelo Hatha Yoga.


[22] Uma obra sobre as correlações que podemos destacar, é Aleister Crowley e o Deus Oculto.


[23] Aleister Crowley e o Deus Oculto. Kenneth Grant. Pág. 49.


[24] Law is for All. Aleister Crowley e editado por Israel Regardie. Pág.253.


[25] Kali: mitologias, práticas e rituais.Daniel Odier. Pág.98.


[26] Kali: mitologias, práticas e rituais.Daniel Odier. Pág.101.


[27] Kali: mitologias, práticas e rituais. Daniel Odier. Pág.105.


[28] Kali: mitologias, práticas e rituais.Daniel Odier. Pág.43.


[29] Royal Court Diaries, 1936-1939. Aleister Crowley.


[30] A mulher escarlate era Pearl Brookesmith.


[31] The Kabbalah, Magick and Thelema. Phyllis Seckler/Soror Meral editado por  David Shoemaker


[32] Liber IV. Aleister Crowley. Fórmula de Tetragramanton.


[33]  La Mujer Escarlata y La Bestia. Tradução para o espanhol por Javier Calvo. Pág. 124.


[34] Liber Al Vel Legis. Aleister Crowley. Cap. I:56


[35] Tradução do Keron-E. 12 Aethyr.


[36] MONIER-WILLIAMS, M. (1899). A Sanskrit-English dictionary.


[37] Liber Al Vel Legis, I:15


[38] Liber Cheth vel Vallvm Abiegni. Tradução por Arnaldo Lucchesi Cardoso. Versículo 21.


[39] Cap. 11 “O Pirilampo”, Liber 333.


[40] “Os irmãos da A.A. são mulheres”, Liber 333. Cap.3.


[41] Praticante da Mão Esquerda do Tantra.


[42] Hymn to Kali, Karpuradi Stotra. Arthur Avalon. Pág. 9.

Set: O Deus oculto do Livro da Lei



Set-Tetu-Ra


Faz o que tu queres


Os três oradores do Livro da Lei são Nuit, Had e Ra-Hoor-Khuit governante dos horizontes. A divindade muitas vezes esquecida e mais misteriosa é uma entidade que se autodenomina Aiwass na interpretação de Crowley (ele ouviu o nome). Esta entidade é essencialmente o autor “verdadeiro” do livro, referindo-se a vários aspectos da divindade – Nut, Horus e Ra. Dentro do livro Aiwass deixou enigmas e pistas sobre sua verdadeira identidade.


Perto do final de 2019, descobri uma solução para AL III:47 sugerindo que a identidade de Aiwass pode ser o Deus Set. Eu não estava convencido e trabalhei mais no enigma, chegando à mesma conclusão por um método ligeiramente diferente. Então Set continuou aparecendo, como em I:24 e II:15. Como devoto de Set e baseado em III:47, decidi continuar procurando por Set, pois ele parecia querer ser encontrado. Não há como negar que agora tornou-se uma busca ativa para encontrar Set em AL, simplesmente para ver como todas as evidências se acumulam.


Mas você pode perguntar… por que isso importa? Para a maioria Set é apenas um demônio ou divindade que era malévola e de menor importância. Mas antes da 4ª dinastia do Egito, Set era um Deus extremamente benevolente associado à realeza, força, parto e vida após a morte. Ele também foi grande nas dinastias Ramesida após a heresia Armana, com Horemheb, os Seti e os faraós Ramsés, especialmente como um Deus da força e da guerra.


Ele também estava diretamente relacionado com os outros três deuses. Set era filho de Nut, um título que uma vez se referia apenas a ele. Ra era seu pai adotivo, trazendo-o para defender o sol contra Apep. Hórus era seu meio-irmão, filho de Rá. Set também foi associado às estrelas circumpolares do norte, conhecidas como as estrelas imperecíveis para o Egito, especialmente Draco e Ursa Maior. Discutiremos a maior parte disso mais abaixo. Assim, se a identidade de Aiwass é definida, e sua inteligência objetiva revelada através de enigmas complexos, tanto valida AL como um livro sagrado objetivo, quanto valida a religião egípcia preosiriana como verdadeira. Vamos mergulhar no Livro da Lei


I,7: Vede! isto é revelado por Aiwass o ministro de Hoor-paar-kraat.


É aqui que aprendemos o nome do orador. Um ministro é simplesmente o agente de um poder divino, que não exclui outras divindades. É importante notar que Crowley ouviu esse nome e escreveu o melhor que pôde. Tendo em mente que estamos ativamente procurando Set aqui, não se pode ignorar que isso poderia ser “I-WAS”. O cetro Was (uas) é um símbolo de Set e seu poder, e até aparece na Estela da Revelação. Mais sobre isso mais tarde.


I,21: Com o Deus e o Adorador eu nada sou; eles não me veem. Eles estão assim sobre a terra; Eu sou Céu, e não há outro Deus além de mim e de meu senhor Hadit.


Esta parece ser uma referência às estrelas circumpolares e ao zodíaco. Geralmente os deuses estão associados ao zodíaco e às estrelas migratórias. O reino de Set no norte é separado disso, nunca se elevando ou se pondo abaixo do horizonte em nenhum momento. Este reino foi também a orientação original do Céu para as primeiras religiões humanas.


I,22: Agora, portanto, Eu sou conhecida entre vós pelo meu nome Nuit, e por ele através de um nome secreto que Eu lhe darei quando finalmente me conhecer. 


Somos informados diretamente que há uma identidade secreta a ser revelada dentro do livro. Podemos encontrar uma e ver se ela aparece de forma consistente?


I,24: . Eu sou Nuit, e minha palavra é seis e cinquenta. I,25: Dividi, somai, multiplicai e compreendei.


S.E.T = 19+5+20 = 44

S.E.T = 1+9+5+2+0=17


44÷(6/50)=366.6666666667

366.6666666667+(5+50)=422.6666666667

422.6666666667(6×50)=126800


1+2+6+8=17=Set


Coloque Set no começo da equação e Set aparece novamente no final. Aqui está o que Crowley diz em O Comentário:


“Nu = 6 + 50 = 56 [Nun-Vav]… Nu é, portanto, o Dragão – “Espaço Infinito” – e V é “as Estrelas Infinitas” dele. O ITH é a terminação honorífica que representa Seu cumprimento da Força Criativa. “I” sendo a Força Íntima, e “Th” sua Extensão. O Dragão no simbolismo atual refere-se ao Norte ou Oco do Céu; assim para o Ventre do Espaço, que é o recipiente e criador de tudo o que existe”. (A Lei é para Todos, pág. 24)


Isso relaciona diretamente Nu com as estrelas circumpolares do norte, o reino de Set, chamando-o de criador de tudo o que existe. Estou surpreso ao descobrir que isso ressoa com o Draconismo, como o Livro do Dragão de Essex, bem como as obras de Kenneth Grant. A palavra de Nuit é o reino de Set.


I,29: Pois Eu estou dividida pela causa do amor, pela chance de união.


A divisão de Nuit por Set é a mitologia de divisão mais significativa para a deusa.


I,40: Quem nos chama Thelemitas não cometerá erro, se ele apenas observar bem de perto a palavra. Pois dentro dela existem Três Graus, o Eremita, e o Amante, e o homem da Terra. Faze o que tu queres deverá ser o todo da Lei.


Um eremita é “aquele que se retira da sociedade e vive na solidão, especialmente por motivos religiosos”. Set é certamente o candidato mais provável para um eremita do antigo Egito. Ele era um pária, associado a estrangeiros, mas também à desordem do recluso, e residia principalmente no deserto ou oásis sozinho.


I,44: Pois pura vontade, desaliviada de propósito, livre da ânsia de resultado, é todo caminho perfeito.


Este tipo de ação irracional, inquestionável e forte é muito correspondente a Set. Set não era uma espécie de ser pensante, ele era uma força imparável. Diferentes interpretações do mito de Osíris afirmam que Set estava apenas fazendo o que estava em sua natureza. Uma narração mostra Set tão estúpido que Thoth realmente o engana para matar Osíris. Ele também era a vontade/força do rei, e a vontade do rei era a vontade dos deuses.


I,49: …e que Asar esteja com Isa, que também são um. Mas eles não são de mim. Que Asar seja o adorador, Isa o sofredor; Hoor em seu secreto nome e esplendor é o Senhor iniciado.


Este Deus não é do mito de Osíris-Ísis, assim como Set precede a vinda desses deuses ao panteão egípcio. Set é o senhor da iniciação, iniciando tanto Asar (Osíris) em seu lugar como Deus da Vida Após a Morte, quanto (Hoor) Hórus na realeza. Novamente, a solução para o nome do segredo pode ser definida.


I,55: O filho das tuas entranhas, ele os verá.. I,56: Não espere que ele venha do Leste, nem do Oeste; pois de nenhuma casa esperada virá esta criança. 


“Filho das tuas entranhas” pode implicar uma criança que não nasceu por meios normais. Set era uma criança que se arrancou do estômago de Nuit totalmente desenvolvido. Set também não era do leste ou oeste, às vezes sendo do sul, mas geralmente do norte por causa das estrelas circumpolares. Ele também não é de uma casa esperada, provavelmente a mais esperada seria a casa de Osíris, o antigo Deus Aeon.


I,61:  Porém me amar é melhor do que todas as coisas: se debaixo das estrelas noturnas no deserto tu presentemente queimas incenso perante mim…


Sob o céu noturno no deserto – os dois reinos de Set.


II,2: … Khabs é o nome de minha Casa.


Khabs são as estrelas. No capítulo um nos é dito para adorar as estrelas e agora que é este é nome da casa de Aiwass. Claro que muitos deuses residiam nas estrelas, não apenas Set. Mas é interessante quando conectado a todo o resto.


II,6: Eu sou a chama que arde em cada coração de homem, e o núcleo de cada estrela. Eu sou Vida, e o doador de Vida, ainda assim o conhecimento de mim é o conhecimento da morte.


Set foi associado tanto ao nascimento quanto à morte. Antes que as tradições posteriores o tornassem um deus do aborto e afins, ele era um protetor das mulheres grávidas e seus filhos. Ele também era um psicopata benevolente, ajudando o rei morto a alcançar a vida após a morte nas primeiras tradições e, mais tarde, tornando-se um deus tanto dos reis quanto das pessoas comuns.


II,11: Eu te vejo odiar a mão e a pena; porém Eu sou mais forte.


A força do orador, Aiwass, é mencionada muitas vezes ao longo do livro. Set era um deus de imensa força, é claro. Nos textos da pirâmide, ele é muitas vezes a própria personificação e personificação da força dos reis mortos.


II,15:  Pois Eu sou perfeito, Não sendo; e meu número é nove para os tolos; porém com o justo Eu sou oito, e um em oito. O que é vital, pois de fato Eu sou nenhum. A Imperatriz e o Rei não são de mim; pois existe um segredo mais além.


Outra referência a uma identidade secreta e outro enigma numérico. Set poderia estar aqui? Conjunto = 1+9+5+2+0=17


8+1+8=17


Em um tarô egípcio padrão, provavelmente esperaríamos que Ísis e Osíris fossem a Imperatriz e a Rainha, pois é assim que a mitologia egípcia é geralmente vista para o ocultismo moderno. Novamente Set não é deles, o que ele já declarou no capítulo 1. Isso deve ser importante


II,21: Nós não temos nada a ver com o proscrito e o incapaz: que eles morram na sua miséria. Pois eles não sentem. Compaixão é o vício dos reis: dominai o miserável e o fraco: esta é a lei do forte: esta é a nossa lei e a alegria do mundo. Não pensai, ó rei, sobre aquela mentira: Que Tu Deves Morrer: verdadeiramente tu não morrerás, mas viverás. Então que isto seja entendido: Se o corpo do Rei se dissolver, ele permanecerá em puro êxtase para sempre. Nuit! Hadit! Ra-Hoor-Khuit! O Sol, Força e Visão, Luz; estes são para os servidores da Estrela e da Cobra.


II,22: Eu sou a Cobra que concede Conhecimento e Deleite e glória brilhante, e agito os corações dos homens com embriaguez. Para me adorar tomai vinho e drogas estranhas sobre as quais direi ao meu profeta e com estas embriagai-vos! Elas não vos causarão dano de forma alguma. É uma mentira, esta tolice contra o ser. A exposição da inocência é uma mentira. Sê forte, ó homem! desejai, desfrutai de todas as coisas de sentido e êxtase: não temais que qualquer Deus te negue por isto.


Novamente ouvimos falar de força e elitismo, reinos do Set mais antigo. De fato, o rei nos textos da pirâmide “sobreviveu ao dia de sua morte como Set sobreviveu ao dia dele”. Set foi explicitamente importante para o faraó se tornar uma divindade na vida após a morte e nas estrelas circumpolares. Obtemos então referências à serpente da gênese. Deixe-me dizer agora que rejeito a ideia de Set=Satan a la Aquino et al. Estive lá, fiz isso, minha refutação está aqui neste mesmo blog. Nós nem precisamos associar a serpente com Satanás realmente, esse simbolismo está bem estabelecido como vindo da constelação de Draco no norte. De fato, a própria queda da serpente provavelmente faz referência à “queda” de alpha draconis como a estrela polar quando ela mudou para Polaris. Então, novamente Had/Aiwass se identifica diretamente com as estrelas circumpolares, como Nu em I:24.


II,23: Eu estou só: não há Deus onde Eu estou.


Novamente as estrelas circumpolares estão acima e separadas dos deuses/zodíaco.


II,24: Vede! estes são graves mistérios; pois também existem meus amigos que são eremitas. Agora não penseis em encontrá-los na floresta ou na montanha; mas em camas de púrpura, acariciados por magníficas mulheres selvagens com grandes membros, e fogo e luz em seus olhos, e massas de cabelo flamejante ao seu redor; lá vós os encontrareis.


Novamente menção de eremitas. Com todas essas menções ao cabelo ruivo e à cor vermelha, vale ressaltar que a cor de Set era vermelha, e todos os ruivos, como Ramsés II, eram considerados “de Set”.


II,25: Vós sois contra o povo, Ó meus escolhidos.


Um pária, um estrangeiro. Como Set.


II,29: Seja Porque amaldiçoado para sempre! II,30: Se Vontade para e clama Por quê? invocando Porque, então Vontade para e nada faz. II,31: Se Poder pergunta por quê?, então Poder é fraqueza. II,32: Também razão é uma mentira; pois existe um fator infinito e desconhecido; e todas as suas palavras são artifícios. II,33: Chega de Porque! Seja ele condenado a um cão!


Segundo capítulo para fazer referência à força irracional de Set, a vontade fluindo sem pensamento e através de todos os obstáculos. O animal símbolo de Set, o fantástico Sha, também é notoriamente uma criatura parecida com um cachorro.


II,58:  Sim! não acrediteis em mudanças; vós sereis como sois e não outro. Portanto os reis da terra serão Reis para sempre: os escravos servirão. 


Novamente, Set foi originalmente a chave para a imortalidade do rei durante o tempo dos textos da pirâmide.


II,76: 4 6 3 8 A B K 2 4 A L G M O R 3 Y X 24 89 R P S T O V A L


Ah, a cifra infame. Set poderia ser uma solução?


4+6+3+8+1+2+11+2+4+1+12+7+13+15+18+3+25+24+24+89+18+16+19+20+15+ 22+1+12 = 395


3+9+5 = 17


Set = 1+9+5+2+0 = 17


In seus comentários de 1920 Crowley observou: “Esta passagem parece ser um teste cabalístico para qualquer pessoa que possa reivindicar ser o Herdeiro Mágico da Besta. Estejam bem certos de que a solução, quando for encontrada, será inquestionável. Será marcada pela mais sublime simplicidade e trará convicção imediata.” Apocalipse 13:.


III,3:  Então que seja primeiramente entendido que Eu sou um deus de Guerra e de Vingança….

III,11: Esta será a tua única prova. Eu proíbo argumento. Conquistai! Isto é suficiente. Eu facilitarei para vós a abstrusão da casa mal-ordenada na Cidade Vitoriosa. Tu mesmo levará adoração a ela, ó profeta, embora não o aprecieis. Tu terás perigo e problemas. Ra-Hoor-Khu está contigo. Adorai-me com fogo e sangue; adorai-me com espadas e com lanças….


Set era um deus da guerra e vingança, Ra realmente não era.


III,22:  O outro grupo de imagens ao meu redor para me apoiar; que todas sejam adoradas, pois elas se unirão para me exaltar…


Voltemos ao Cetro Was na Estela da Revelação. Set esteve ali o tempo todo, “Era Eu”. Na estela, o Was é a divindade mais central, com Rá, Hórus e Nut reunidos em torno dele.


III,34: Mas o vosso local santo ficará intocado através dos séculos: embora com fogo e espada ele seja queimado e destruído, ainda assim uma casa invisível lá permanecerá, e continuará até a queda do Grande Equinócio; quando Hrumachis se erguerá e aquele da dupla baqueta assumirá meu trono e lugar. Outro profeta surgirá, e trará febre fresca dos céus; outra mulher despertará a lascívia e adoração da Cobra; outra alma de Deus e besta se mesclará no sacerdote englobado; outro sacrifício manchará a tumba; outro rei governará; e não mais serão derramadas bênçãos Ao Senhor místico com cabeça de Falcão!


Talvez o lugar sagrado intocado seja as Estrelas Imperecíveis. Este verso aborda a mudança das estrelas polares novamente, assim como o próprio Draco. Esta é uma previsão do próximo aeon.


III,47: Este livro será traduzido em todas as línguas: mas sempre com o original na escrita da Besta; pois há o risco de alterar as letras e suas posições uma em relação com a outra: nestas existem mistérios que nenhuma Besta profetizará. Que ele não procure tentar: mas virá alguém após ele, de onde Eu não digo, que descobrirá a Chave de tudo isso. Então esta linha traçada é uma chave: então este círculo quadrangular na sua falha também é uma chave. E Abrahadabra. Isto será a minha criança e aquilo estranhamente. Que ele não busque depois disto; pois apenas desta forma ele poderá cair.

Capítulo 3, Verso 47


Observe que a grade não fazia parte do manuscrito original.


Olhando para III:47 podemos ver que existem várias dicas para a solução do enigma:


A linha desenhada e as letras tocadas ou criadas por ela:

O símbolo circular, representando a Terra na alquimia moderna (originalmente a Cruz do Sol no Antigo Aeon)

A palavra Abrahadabra, a “Palavra do Aeon de Hórus”

Algo a ver com uma “criança” ligada ao enigma

As letras tocadas ou, no caso do T criado, pela linha são:


s h t B e t i s a y f a

 


O B maiúsculo implica dois conceitos separados, enquanto “I” é apenas capitalizado como regra gramatical. Na magia de Crowley, Set era associado ao hebraico שט (sht) que, baseado nas associações da Árvore da Vida, igualava as cartas XI e XX do tarô, totalizando 31. Um dos alunos mais famosos de Crowley, Achad, também descobriu 31 para ser a “chave” de AL, o que fez com que o nome do texto fosse alterado de “L” para “AL”. Esta também seria a grafia correta de Set em hebraico.


Sht = SET = שט = atu XX + atu XI = 31


B e t i s a y f a, quando traduzido do hebraico é 2+5+9+10+300+1+10+80+1 = 418 = Abrahadabra.


Quando usamos formas alternativas de numerologia neste 418, como remover todos os zeros, obtemos: 2 + 5 + 9 + 1 + 3 + 1 + 1 +8 + 1 = 31 = SET, escondido dentro do Abrahadabra.


O que vemos aqui é que o deus Set, que estava muito relacionado com todos os três deuses do Livro da Lei, é a chave para este enigma. Vejamos novamente as dicas:


A linha desenhada e as letras tocadas ou criadas pela linha desenhada e as letras que ela toca ou cria nos dão dois termos: Set e Abrahadabra a palavra do Aeon. Além disso, dentro dos números que nos dão Abrahadabra, encontramos Set novamente.

A palavra Abrahadabra, a “Palavra do Aeon de Hórus”. Não apenas isso e Set são dados pela linha, mas o termo Set é encontrado dentro dos números que nos dão Abrahadabra também! Algo muito além.

Algo a ver com um “filho” ligado ao Set, o filho de Nuit (falante do capítulo 1) e o filho adotivo de Ra (falante do capítulo 3), assim como o irmão adotivo de Hórus, filho de Ra (falante do do capítulo 2). No antigo Egito, o “Filho de Nu(i)t” na verdade se referia apenas a Set, antes da vinda da religião de Osíris mudar a linha de paternidade.

Parece que a única pista que ainda não podemos explicar é o uso da cruz do sol, o símbolo moderno da terra. No entanto, quando também consideramos que o reino de Set eram as estrelas circumpolares do norte (Estrelas Imperecíveis para o Egito), este enigma é resolvido:

A obliquidade da Terra flutua de um ângulo que varia de 22 a 25 graus. A linha no Livro da Lei, em seu ponto mais consistentemente reto, nos dá um ângulo de cerca de 23,2 graus, bem dentro do domínio do ângulo do Eixo da Terra. Este é precisamente o ângulo que determina nossa estrela do norte e dá importância às estrelas circumpolares. Quando olhamos para a linha comparada com a terra (a cruz do sol) ela nos aponta diretamente para o reino de Set, filho de Nuit.


III,74: Existe um esplendor no meu nome oculto e glorioso, como o sol da meia noite é sempre o filho. III,75: O final das palavras é a Palavra Abrahadabra.


Set não apenas defendeu Rá, mas ele era visto como o sol da meia-noite, oculto, pois era ele quem estava no poder ao defender Apep. De fato, sua associação com o céu noturno e a Ursa Maior é diretamente por causa de seu papel como o sol, ele reina quando o sol está “posto”. Mesmo sua constelação, a Ursa Maior, era principalmente um símbolo solar da perna do touro, associada apenas a Set por causa de seu papel relacionado ao sol. Ele também era, é claro, filho de Nuit e filho adotivo de Ra, tornando-o facilmente o melhor candidato para o filho/sol da meia-noite. E seu nome oculto aparece em todas as referências e enigmas do Livro da Lei. Este versículo lembra o I:49, discutido acima.


O que podemos tirar de tudo isso? Aiwass e Set são o mesmo? Tudo isso prova a inteligência objetiva e a existência de Aiwass como separado de Crowley, que no geral não estava tão interessado em Set? E essa combinação quase perfeita com a religião egípcia pré-Osíris mostra o autêntico renascimento desse antigo panteão nos dias modernos? Isso cabe ao leitor decidir. Quanto a mim, permaneço fiel a Set e sua tradição familiar. É difícil imaginar um candidato melhor para o ministro deste panteão específico.


Amor é a lei, amor sob vontade.