domingo, 1 de outubro de 2017

Lingan

Representação exotérica do falo. O lingan é nada mais nada menos que uma reprentação da imagem do pênis, símbolo da prociação, sem nenhuma conotação erótica. O lingan representa a energia vindo do transcedente e que penetra no útero (símbolo da fecundidade); representa também o refúgio das forças misteriosas e ocultas (símbolo da iniciação). O lingan (ou linga) é geralmente esculpido em pedra ou gesso e serve para adoração do deus hindú Shiva.

Lingam

Lingam ou linga (em sânscrito: लिङ्गं,liṅgaṃ, com o significado "marco", "sinal" or "inferência") é uma representação da divindade hindu Xiva e usado para orações em templos hindus. Na sociedade tradicionalista indiana, o lingam é visto como símbolo da energia e potencial de Deus ou do próprio Xiva.

O lingam é muitas vezes representado ao lado do yoni (sânscrito para "origem", "fonte" ou "ventre"), um símbolo da shákti, a anergia criativa feminina. A união do lingam e do yoni representa "a indivisibilidade do homem e da mulher, o espaço passivo e o tempo ativo a partir do qual toda a vida tem origem".

Aghori

Aghori foi uma seita tântrica da mão esquerda do período medieval indiano.

Esta seita se estabeleceu no século XIV baseava seus princípios nos textos tântricos de ordem ascética de Kapalika. Seus seguidores conhecidos como Aghori panthis, foram considerados depreciativos por suas praticas excêntricas, tais como usar crânios humanos como taças e usa-las em rituais em crematórios.

Seus membros se beneficiam de práticas com consumo álcool e carne (proibido pela cultura vegetariana da Índia).

Anekantavada



Anekāntavāda (Devanágari: अनेकान्तवाद) é uma das mais importantes e fundamentais doutrinas do jainismo. Refere-se aos princípios do pluralismo e da multiplicidade de pontos de vista, em que a verdade e a realidade são entendidos de forma diferente consoante a perspectiva, e que nenhum ponto de vista consegue abranger toda a verdade.

Os jainistas contrapõem todas as tentativas de proclamar a verdade absoluta com adhgajanyāyah, o qual pode ser compreendido com a seguinte parábola dos "cegos e do elefante". Nesta história, cada cego sentia uma parte distinta do elefante (tronco, perna, orelha, etc.). Todos os cegos afirmavam compreender e explicar a verdadeira aparência do elefante, mas só o conseguiam fazer de forma parcial devido às suas perspectivas limitadas. Este princípio pode ser explicado de forma mais formal pela observação dos objectos. Os objectos são infinitos quanto às suas qualidades e formas de existência e, sendo assim, a percepção limitada do ser humano não consegue compreender todos os seus aspectos e formas. De acordo com os Jainistas, apenas os Kevalis — seres omniniscientes, que sabem tudo — conseguem compreender todos os aspectos e formas dos objectos; todos os outros seres apenas são capazes de perceber parcialmente o conhecimento. Assim, nenhum ponto de vista humano pode reclamar para si a verdade absoluta.

A origem da anekāntavāda remonta aos ensinamentos de Mahavira (599–527 a.C.), o 24º Jainista Tīrthankara. Os conceitos dialéticos de syādvāda "pontos de vista condicionados" e nayavāda "pontos de vista parciais" nascem da anekāntavāda, enriquecendo-a com uma expressão e estruras lógicas mais detalhadas. O conceito Sânscrito an-eka-anta-vāda significa, literalmente, "doutrina de não-exclusividade ou múltiplos pontos de vista (an- "negação/ausência", eka- "um", vada- "ponto de vista")". An-ekānta "incerteza, não exclusividade" é o oposto de ekānta (eka+anta) "exclusividade, incondicionalidade, necessidade" (ou também "doutrina monoteística").

A Anekāntavāda encoraja os seus seguidores a ter em conta as perspectivas e opiniões dos seus opositores. Os proponentes da anekāntavāda aplicam este princípio à religião e à filosofia, nunca se esquecendo que qualquer religião ou filosofia — até o próprio jainismo - que esteja muito presa de forma dogmática aos seus próprios princípios, está a cometer um erro em relação ao seu ponto de vista limitado. O princípio da anekāntavāda também levou Mohandas Karamchand Gandhi a adoptar os princípios de tolerância religiosa, ahiṃsā e satyagraha.

Visão filosófica

A origem etimológica do termo anekāntavāda vem da combinação de duas palavras sanscritas: anekānta ("multiplicidade" ou "variedade") e vāda ("escola de pensamento"). A palavra anekānta, por sua vez, é uma combinação do prefixo de negação an, eka ("um"), e anta ("atributo"). Deste modo, anekānta significa "not of solitary attribute". A doutrina jainista tem por base uma forte ênfase em ratnatraya (as três pedras preciosas do jainismo: visão, conhecimento e conduta), ou seja, razão e lógica. De acordo com os jainistas, o princípio principal deve ser sempre lógico e nenhum princípio pode ser desprovido de lógica e razão. Assim, os textos jainistas são caracterizados por uma exortação sobre todos os assuntos, sejam eles construtivos ou obstrutivos, inferenciais ou analíticos, instrutivos ou destrutivos.

Doutrinas jainistas da relatividade

A Anekāntavāda é uma das três doutrinas do jainismo sobre a relatividade utilizada na lógica e na razão. As outras duas são:

syādvāda — teoria da predicação condicionada;
nayavāda — teoria dos pontos de vista parciais.

Estes conceitos filosóficos jainistas tiveram uma influência significativa na antiga filosofia indiana, em particular nas áreas do cepticismo e da relatividade.

Syādvāda

A Syādvāda é a teoria da predicação condicionada, a qual dá valor a anekānta recomendando que o epíteto Syād seja colocado no início de cada frase ou expressão. Syādvāda não é apenas uma extensão da ontologia de anekānta, mas um sistema separado de lógica capaz de manter por si próprio. A raiz etimológica sânscrita do termo syād é "talvez" ou "possivelmente", mas no contexto de syādvāda, quer dizer "de alguma forma" ou "de uma perspectiva". Como a realidade é complexa, não existe uma única proposição que expresse, de uma forma completa, a realidade. Assim, o termo "syāt" deve ser colocado sempre antes de cada proposição dando-lhe um ponto de vista condicional e, desse modo, retirando qualquer dogmatismo na frase.[2] Como o termo assegura que cada frase ou afirmação é expressa de sete proposições ou pontos de vista condicionais e relativos diferentes, syādvāda é conhecido como saptibhaṅgīnāya ou teoria das sete predicações condicionadas. Estas sete proposições, também conhecidas como saptabhangi, são:

syād-asti — em alguns aspectos, é;
syād-nāsti — em alguns aspectos, não é;
syād-asti-nāsti — em alguns aspectos, é e não é;
syād-asti-avaktavyaḥ — em alguns aspectos, é, e é indescritível;
syād-nāsti-avaktavyaḥ — em alguns aspectos, não é, e é indescritível;
syād-asti-nāsti-avaktavyaḥ — em alguns aspectos, é, não é, e é indescritível;
syād-avaktavyaḥ — em alguns aspectos é indescritível;

Cada uma destas sete proposições faz uma análise da natureza complexa e multifacetada da realidade de um determinado, ou relativo, ponto de vista, no tempo, espaço, substância e forma. Ignorar a complexidade da realidade é cometer a falácia do dogmatismo.

Nayavāda

Nayavāda é teoria dos pontos de vista, ou perspectivas, parciai. O termo Nayavāda é uma combinação de duas palavras em sânscrito — naya ("ponto de vista parcial") e vāda ("escola de pensamento"). É utilizada para alcançar uma dada inferência de um determinado ponto de vista. Um objecto é constituído infinitos aspectos mas, quando ele é descrito, na prática, apenas se referem os mais relevantes e ignoram-se os irrelevantes. Esta prática não nega a existência dos outros atributos, qualidades, formas e outras perspectivas; apenas serão irrelevantes de um determinado ponto de vista. Alguns autores, como Natubhai Shah, explicam o conceito de nayavāda com o exemplo de um atomóvel: quando alguém se refere a um "BMW azul", apenas está a considerar a cor e o fabricante. Contudo, aquela afirmação, "BMW azul", não quer dizer que o automóvel não tenha outros atributos como o motor, cilindros, velocidade, preço, entre outros. Esta perspectiva em particular é designada por naya ou ponto de vista parcial. Esta filosofia crítica, nayavāda, defende que todas as discussões filosóficas nascem da confusão de vários pontos de vista, e as perspectivas adoptadas são, embora sem a devida tomada de consciência, "o resultado de objectivos que se tentam alcançar". Operando dentro dos limites da linguagem e apercebendo-se da natureza complexa da realidade, Mahavira utilizou a linguagem dos nayas. Naya, sendo uma expressão parcial da verdade, permite compreender a realidade parte por parte.

Sincretismo de realidades mutáveis e imutáveis

A época de Mahāvīra e de Buda foi um período de discussões intelectuais, em particular sobre a natureza da realidade e do eu. O pensamento upanixade postulou a realidade imutável e absoluta de Brâman e Ātman e defendeu a ideia de que a mudança é uma mera ilusão. A teoria avançada pelos budistas negava a realidade da permanência do fenómeno condicionado, aceitando apenas a interdependência e a não-permanência. De acordo com o esquema conceptual vedāntin (upanixadíco), os budistas estavam errados ao negarem a permanência e o absolutismo; e, de acordo com o esquema conceptual budista, os vedāntinos estavam equivocados ao negarem a realidade da não-permanência. As duas posições eram contraditórias e mutuamente exclusivas dos seus pontos de vista. Os jainistas conseguiram integraram as duas posições intransigentes com a anekāntavāda. De uma perspectiva a um nível mais alto e inclusivo, tornado possível pela ontologia e pela epistemologia da anekāntavāda e da syādvāda, os jainistas não veem aqueles pontos de vista como contraditórios ou mutuamente exclusivos; em vez disso, são vistos como ekantika ou apenas parcialmente verdadeiros. O alargado espaço de visão dos jainistas consegue abarcar ambas as perspectivas Vedānta as quais, de acordo com o janinísmo, "reconhecem a substância mas não o processo", e com o budismo, o qual "reconhece o processo mas não a substância". Por outro lado, o jainismo dá atenção, de igual forma, à substância (dravya) e ao processo (paryaya).

As respostas de Mahāvīra a várias perguntas feitas pelos seus discípulos, e registadas no cânone jainista Vyakhyaprajnapti, demonstra o reconhecimento de que existem muitos e complexos aspectos da verdade e realidade, e que uma abordagem mutuamente exclusiva não pode ser levada a cabo para explicar tal realidade:

Gautama: Senhor! A alma é permanente ou impermanente?

Mahāvīra: A alma é permanente e impermanente. Do ponto de vista da substância, ela é eterna. Do ponto de vista das suas formas, ela passa pelo nascimento, decadência e destruição, e, sendo assim, ela é impermanente.

—Bhagvatisūtra, 7:58–59
Jayanti: Senhor! Destes estados - sonolência ou despertar - qual é o melhor?

Mahāvīra: Para algumas almas, o estado de sonolência é melhor; para algumas almas, o estado de despertar. A sonolência é melhor aqueles que estão envolvidos em atividades pecaminosas e o despertar para aqueles envolvidos em actos meritórios.

—Bhagvatisūtra, 12:53–54
Foram feitas milhares de perguntas, e as respostas de Mahāvīra apontam para uma realidade complexa e multifacetada, com cada resposta a ser dada de um determinado ponto de vista.[24] De acordo com o jainismo, até uma Tīrthankara, que possui, e compreende, um conhecimento infinito, não consegue expressar a realidade de forma completa por causa dos limites da linguagem, a qual é uma criação humana.

Este sincretismo filosófico de paradoxo da mudança através da anekānta, tem sido reconhecido por estudiosos modernos como Arvind Sharma, que escreveu:

A nossa experiência do mundo apresenta um profundo paradoxo o qual podemos ignorar existencialmente, mas não filosoficamente. Este paradoxo é o paradoxo da mudança. Algo - A - muda e, sendo assim, não pode ser permanente. Por outro lado, se A não é permanente, então o que muda? Nesta discussão entre "permanência" e "mudança", o hinduísmo parece mais inclinado a compreender a primeira parte do dilema e o budismo a segunda. É o jainismo que tem a coragem filosófica para compreender ambas as partes da discussão, em simultâneo, e a capacidade filosófica para as separar e distinguir.

No entanto, anekāntavāda não é somente acerca de sincretismo ou compromisso entre ideias concorrentes, mas também sobre a descoberta dos elementos escondidos da verdade partilhada entre aquelas ideias. A Anekāntavāda não é negar a verdade; na realidade, a verdade é reconhecida como o objectivo espiritual principal. Para o comum do cidadão, é um objectivo ilusório mas, no entanto, ele é obrigado a esforçar-se para o obter. Anekāntavāda não significa comprometer ou colocar de lado os valores ou princípios de cada um. Pelo contrário, permite compreender e ser tolerante com pontos de vista diferentes, conflituosos, mantendo, ao mesmo tempo, a validade das nossas próprias perspectivas, opiniões. Por isso, John Koller designa a anekāntavāda como "respeito epistemológico dos pontos de vista dos outros". Assim, a Anekāntavāda não evitou que os pensadores jainistas defendessem a validade e a verdade da sua própria doutrina ao mesmo tempo que respeitavam, e compreendiam, as doutrinas rivais. Anne Vallely salienta que o respeito epistemológico pelas opiniões dos outros foi posto em prática quando ela foi convidada por Ācārya Tulsi, o líder da ordem Terāpanthī, para ensinar aos sadhvis os princípios do Cristianismo. Comentando sobre a sua adesão à ahiṃsā e à anekāntavāda, referiu:

Os jainistas samaṇīs de Ladnu mantêm intransigentemente a ahiṃsā como uma imutável e eterna lei moral. Outros pontos de vista e crenças que contradigam esta crença, certamente seriam postos em causa e, no fim, rejeitados. Mas o que é significativo é que tanto a rejeição, como a conservação de perspectivas, é temperada pela crença de que a nossa percepção apenas transmite uma parte da realidade; que a própria realidade é múltipla; e que aceitar que um ponto de vista em particular é definitivo, é manter uma visão limitada da realidade.

A Anekāntavāda também é distinta do relativismo moral. Tal não quer dizer que se aceite que todos os argumentos e todas as perspectivas são iguais, mas antes que a lógica e a evidência determinam que pontos de vista são verdadeiros. Quando empregava a anekāntavāda, o monge filósofo do século XVII, Yaśovijaya Gaṇi, era cauteloso em relação à anābhigrahika (todas as perspectivas eram aceites como verdadeira), o que é um género de relativismo mal interpretado ou compreendido. Assim, os jainistas consideram a anekāntavāda como um conceito positivo que corresponde ao pluralismo religioso e que transcende o monismo e o dualismo, estando implicita uma concepção sofisticada de uma realidade complexa. Não envolve apenas a rejeição de partidarismo, mas reflecte um espírito positivo de reconciliação de pontos de vista opostos. Contudo, é defendido que o pluralismo, por muitas vezes, acaba por degenerar em alguma forma de relativismo moral ou exclusivismo religioso. De acordo com Anne Vallely, a anekānta é uma saída desta problemática epistemológica, pois torna possível um ponto de vista genuinamente pluralista sem cair num relativismo moral ou exclusivo extremos.

Parábola dos homens cegos e do elefante

Os antigos textos jainistas costumam explicar os conceitos daanekāntvāda e syādvāda através da parábola dos homens cegos e do elefante (Andhgajanyāyah), que aborda natureza múltipla da verdade.

Um grupo de homens cegos soube que um estranho animal, chamado elefante, tinha sido levado até à cidade, mas nenhum deles conhecia a sua forma. Cheios de curiosidade, disseram: "Temos que o examinar através do toque". Assim, foram à sua procura, e quando o encontraram começaram a tocar-lhe. O primeiro deles, cuja mão tocou no tronco, disse: "Este ser é como um tubo de drenagem". Para outro dos cegos, que tocou na orelha do elefante, pareceu-lhe um tipo de leque. Um outro, que mexeu nas pernas, afirmou: "A forma do elefante parece um pilar". E aquele que colocou a sua mão no seu dorso, disse: "De facto, este elefante parece um trono". Como se pode ver, cada um deste homens percepcionou um aspecto verdadeiro ao examinar o elefante. Nenhum deles ficou longe da verdadeira descrição do animal. No entanto, eles ficaram aquém de perceber plenamente a verdadeira aparência do elefante.

Duas das muito referências a esta parábola podem ser encontradas em Tattvarthaslokavatika de Vidyanandi (século IX) e Syādvādamanjari de Ācārya Mallisena (século XIII). Mallisena usa a parábola para alegar que as pessoas inexperientes negam vários aspectos da verdade; iludidos pelos aspectos que compreendem, negam aqueles que não compreendem. "Devido à enorme ilusão produzida por um ponto de vista parcial, os inexperientes negam um aspecto e tentam afirmar outro. Esta é a máxima que dos homens cegos e do elefante." Mallisena também refere a parábola quando destaca a importância de se considerar todas as perspectivas para obter uma imagem completa da realidade. "É impossível compreender capazmente uma entidade constituída por infinitas propriedades, sem elaborar uma descrição que consista de todos os pontos de vista, pois, de outra forma, seremos levados a uma situação em que temos apenas uma parte daquela entidade (i.e., um conhecimento superficial e inadequado), como na máxima dos cegos e do elefante."

História e desenvolvimento

O princípio da anekāntavāda é a base da origem de muitos conceitos filosóficos jainistas. O desenvolvimento da anekāntavāda também motivou o desenvolvimento das dialécticas da syādvāda (pontos de vista condicionados), saptibhaṅgī (as sete afirmações condicionadas), e nayavāda (pontos de vista parciais).

Origens

As origens daanekāntavāda vêm dos ensinamentos de Mahāvīra, o qual a utilizou de forma eficaz para demonstrar a relatividade da verdade e da realidade. Tomando um ponto de vista relativista, diz-se que Mahāvīra terá explicado a natureza da alma simultaneamente permanente - do ponto de vista da substância inerente -, e temporária - do ponto de vista das duas formas e variedades. A importância e antiguidade da anekāntavāda são, também, demonstradas pelo facto de que ela formou o contexto Astinasti Pravāda, a quarta parte da desaparecida Purva, que continha os ensinamentos Tīrthaṇkaras, anterior à Mahāvīra. O indólogo alemão Hermann Jacobi acredita que a Mahāvīra utilizou, eficazmente, as dialécticas da anekāntavāda para refutar o agnosticismo de Sañjaya Belaṭṭhaputta. O Sutrakritanga, o segundocânone mais antigo do Jainísmo, contém as primeiras referências à syādvāda e saptibhaṅgī. Segundo o Sūtrakritanga, Mahāvīra aconselhou os seus discípulos a utilizar a syādvāda para transmitir os seus ensinamentos:

Um monge que viva sozinho não deve ridicularizar as doutrinas heréticas, e deve evitar a utilização de palavras fortes embora elas possam ser verdadeiras; não deve ser vaidoso, nem fanfarrão, mas deve, sem qualquer embaraço e paixão pregar a Lei. Um monge deve ser humilde, mesmo que seja corajoso; deve expor a syādvāda, deve utilizar os dois tipos de discurso permitidos, vivendo entre homens virtuosos, imparciais e sábios
—Sūtrakritānga, 14:21–22

Jainismo


O jainismo ou jinismo é uma das religiões mais antigas da Índia, juntamente com o hinduísmo e o budismo, compartilhando com este último a ausência da necessidade de Deus como criador ou figura central. Considera-se que a sua origem antecede o bramanismo, embora seja mais provável que tenha surgido na sua forma actual no século V a.C., em resultado da ação religiosa do Mahavira.

Vista durante algum tempo pelos investigadores ocidentais como uma seita do hinduísmo ou uma heresia do budismo, devido à partilha de elementos comuns com estas religiões, o jainismo é contudo um fenômeno original. Ao contrário do budismo, o jainismo nunca teve um espírito missionário, tendo permanecido na Índia, onde os jainas constituem hoje cerca de quatro milhões de crentes. Pequenas comunidades jainas existem também na América do Norte e na Europa, em resultado de movimentos migratórios. A palavra jainismo tem as suas origens no verbo sânscrito jin que significa "conquistador". Os seus adeptos devem combater, através de uma série de estágios, as paixões de modo a alcançar a libertação do mundo.

Sua visão básica é dualista. A matéria e a mônada vital ou jiva são de naturezas distintas, e durante sua vida o ser vivente (seja humano ou animal) tinge sua mônada como resultado de suas ações. Para se purificar, esta religião propõe um extremo ascetismo e o colocar em prática da doutrina da não-violência ou ahimsa.

Os jainas reconhecem que pessoas, animais, plantas, formações rochosas, cursos de água e quedas de água têm jiva, ou seja alma ou princípio vital. Todos estes seres têm igual valor e estão interligados na teia de existência por elos kármicos.

Origens

Segundos os historiadores da religião, o jainismo estabeleceu-se na Índia em meados do primeiro milénio a.C.. O seu fundador foi o Mahavira, existindo duas propostas para o período em que viveu: 599 a.C. - 527 a.C (data tradicional apontada pelo jainismo) ou 540 a.C - 470 a.C. (segundo os académicos). Nasceu perto de Patna, naquilo que é hoje o estado do Bihar. Foi um contemporâneo do Buda, tendo pregado na mesma região geográfica, embora não conste que os dois mestres se tenham alguma vez encontrado. Pertencia à casta dos guerreiros (xátrias), casou, viveu no luxo até que por volta dos trinta anos tornou-se um mendigo errante.

Entregou-se a longos processos ascéticos até obter a iluminação, tendo consagrado os restantes trinta ou quarenta anos da sua vida a pregar a sua doutrina. Faleceu em Pavapuri, no Bihar, que é desde então um dos principais locais de peregrinação jaina.

De acordo com os jainas, a sua religião é eterna, tendo sido a doutrina revelada ao longo de várias eras pelos Tirthankaras, palavra que significa "fazedores de vau", ou seja, alguém que ensinou o caminho. Os Tirthankaras foram almas nascidas como seres humanos que alcançaram a libertação (moksha) do ciclo dos renascimentos através da renúncia e que transmitiram os seus ensinamentos aos homens. Na presente era existiram 24 Tirthankaras. O último desses Tirthankaras foi o Mahavira, que os jainas não consideram como o fundador do jainismo, mas antes aquele que lhe deu a sua forma actual. O 23.º Tirthankara foi Parshva, que os historiadores consideram ter sido provavelmente uma figura histórica que viveu cerca de três séculos antes do Mahavira. Os jainas acreditam que Parshva pregou os 4 grandes princípios do jainismo, a saber: não-violência (ahimsa), evitar a mentira, não se apropriar do que não foi dado e não se apegar às posses materiais; o Mahavira acrescentou o princípio da castidade.

Divisões internas

Os jainas encontram-se divididos em dois grupos principais: os Digambara ("Vestes de céu") e os Svetambara (ou Shvetambara, "Vestes brancas"). Cada um destes grupos encontra-se por sua vez dividido em vários subgrupos. A maioria dos jainas pertencem ao grupo Svetambara.

A origem destes dois grupos situa-se no século I d.C (ou talvez no século III d.C, segundo alguns autores) e deve-se a disputas em torno dos textos que devem constituir as escrituras do jainismo. Os svetambara consideram que as suas escrituras estão mais próximas dos ensinamentos originais do Mahavira, enquanto que os Digambara rejeitam uma parte considerável dessas escrituras. Os digambara consideram igualmente que a renúncia pregada pelo Mahavira implica para os monges a nudez total e que as mulheres devem primeiro renascer como homens para poderem atingir a libertação.

Ao nível da geografia, os Digambara concentram-se no sudoeste da Índia e os svetambara no noroeste (estados do Gujarate, Rajastão e Madhya Pradesh).

As estátuas dos dois grupos são também diferentes: os Tirthankaras dos svetambara possuem roupas e uma decoração mais rica, enquanto que as dos sigambara estão nuas; estas diferenças fazem com que um adepto dos Digambara não possa praticar o culto num templo svetambara.

Doutrinas

Não-posse (aparigraha)

A posse de qualquer bem é vista como relacionada com a violência, e até uma forma de violência física e psíquica. A violência em todas as suas formas tem origem no desejo de possuir, dominar, e controlar. Os ascetas jainas recusam possuir seja o que for, mas para os leigos a posse de algumas coisas é necessária para a realização das tarefas diárias. A possessividade transitória (usar um ser para deitá-lo fora) é uma forma de apego e baseia-se em relações de exploração de poder, por parte de um dos lados, em vez de amor e equanimidade incondicional.

Não-absolutismo (anekantavada)

A assunção de que alguém tem acesso privilegiado à verdade é o mais potente motor de conflito entre os seres humanos. O conceito de não-absolutismo refere-se ao pluralismo de opiniões, e à noção de que os vários pontos de vista sobre a verdade não são a própria verdade. O jainismo encoraja os seus seguidores a considerarem os pontos de vista de outras filosofias, e consideram que quando qualquer uma destas filosofias, incluindo a jaina, se apega demais às suas próprias ideias está a cometer o erro de considerar o seu ponto de vista absoluto. A ideia é representada pela parábola dos homens cegos e do elefante, em que vários cegos tocam em partes do elefante, como as orelhas e as pernas, e descrevem, de forma contraditória, o que pensam ser o animal completo, partindo do pressuposto de que a parte que tocaram representava a verdade completa. O conceito de " syadvada" ou "talvez-ismo" diz que se deve considerar que todas as proposições são apenas parcialmente verdadeiras (e parcialmente falsas). Os pontos de vista parciais da verdade são chamados de "naya". Segundo o princípio chamado de "nayavada" , através da abertura a diversos pontos de vista, o jainismo pretende que o praticante integre os diversos pontos de vista parciais, ou "naya", numa teoria abrangente.

Não violência (ahimsa)

A não-violência é o cerne do jainismo e o ponto onde todas as doutrinas se intersectam. A violência é a agressão intencional ou não-intencional. Os jainistas tentam evitar a agressão em todas as suas formas, seja através de ações, palavras, ou pensamentos, a todo e qualquer ser vivo, ou aos ecossistemas. O jainismo considera o lacto-vegetarianismo como o mínimo que deve ser feito pelos adeptos, e os estudiosos jainas defendem o veganismo, porque a produção de leite é agressiva para as vacas. Os jainas também não comem tubérculos. Os jainas também têm um cuidado especial para evitar possíveis danos a pequenos insetos, por exemplo ao colocarem um pano sobre as suas bocas para não os aspirarem ou varrendo o chão à sua frente quando andam para evitar pisá-los.

O tempo

Os jainas consideram que o tempo é infinito e cíclico. Ele é visto como uma grande roda dividida em duas partes idênticas: uma realiza um movimento ascendente (Utsarpini), enquanto que a outra um movimento descendente (Avasarpini). Cada uma destas partes divide-se em seis eras (ara). Durante o período ascendente os seres humanos progridem ao nível do saber, estatura e felicidade, enquanto que o período descendente caracteriza-se pela degradação do mundo, pelo esquecimento da religião e pela perda de qualidade de vida pelos humanos.

Segundo os jainas, vivemos actualmente num período de movimento descendente, numa era de infelicidade (Dukham Kal), que começou há 2500 anos e que durará 21 mil anos.

O universo e os cinco mundos

Segundo o jainismo, o universo divide-se em cinco mundos, sendo cada um deles habitado por determinado tipo de seres. O universo é eterno, não tendo sido criado por nenhum ser superior.

No topo do universo está a morada suprema (siddhashila), que é o local onde habitam as almas que alcançaram a libertação (estas almas são denominadas Siddhas). Abaixo encontram-se trinta céus, habitados por seres celestiais, alguns dos quais caminham para a morada suprema.

O mundo médio (madhyaloka) inclui vários continentes separados por mares. No centro deste mundo encontra-se o continente Jambudvipa, considerado o único continente no qual as almas podem alcançar a libertação. Os seres humanos habitam este continente, bem como um segundo continente ao lado deste e parte do terceiro continente.

O mundo inferior (adholoka) consiste em sete infernos, onde os seres são atormentados por demónios e onde se atormentam uns aos outros. Abaixo do sétimo inferno encontra-se a base do universo (nigoda), habitada por inúmeras formas inferiores de vida.

Karma

À semelhança do hinduísmo e do budismo, o jainismo partilha da crença no karma, embora de uma forma diferente. O karma no jainismo não é apenas um processo em que determinadas ações produzem reações, mas também uma substância física que se agrega a uma alma. As partículas de karma existem no universo e associam-se a uma alma devido às acções dessa alma (por exemplo, quando uma alma mente, rouba ou mata esta provoca a o agregação de karma na sua alma). A quantidade e qualidade destas partículas determinam a existência que a alma terá, a sua felicidade ou infelicidade. Só é possível a uma alma alcançar a libertação quando desta se retirarem todas as partículas de karma.

O processo que permite a libertação das partículas de karma de uma alma denomina-se nirjara e inclui práticas como o jejum, o retiro para locais isolados, a mortificação do corpo e a meditação.Os seguidores do jainismo utilizam para isso um ritual mortuário chamado Sallekhana (também conhecido como Santhara, Samadhi-Marana, Samnyasa-Marana),que consiste em praticar a eutanásia através do jejum. Devido à natureza prolongada da sallekhana, é dado tempo ao indivíduo suficiente para refletir sobre sua vida e pedir perdão dos seus pecados aos deuses. O voto de sallekhana é tomado quando se sente que a vida tem servido o seu propósito. O objetivo é limpar karmas antigos e impedir a criação de novos. Existe uma prática hindu similar conhecido como Prayopavesa. De acordo com a revista Press Trust of India, em média, 240 jainistas prática sallekhana até a morte a cada ano na Índia.

Formas de vida

Monges e monjas

O jainismo considera a vida monástica como o ideal de vida dos seres humanos. Entre os Svemtambara a entrada na vida monástica é autorizada aos dois sexos a partir dos sete anos, mas realiza-se em geral numa idade mais avançada. O noviço deve abandonar todos os seus bens; por altura da sua ordenação (diksa) a sua cabeça é rapada e ele toma os cinco votos, que segue numa versão mais rigorosa do que a dos leigos (mahavrata).

Os monges jainas levam uma vida itinerante, com excepção da época das monções, altura em que se recolhem numa determinada localidade. Dependem para a sua alimentação da caridade fornecida pelos leigos jainas, a quem oferecem em troca assistência espiritual.

Os monges do ramo Svetambara podem ser donos de pequenas coisas, como uma fina veste branca, uma tigela onde recebem os alimentos dos leigos e uma máscara de tecido usada sobre a boca (mukhavastrika), cujo objectivo é evitar a ingestão involuntária de pequenos insectos. Os monges Digambara interpretam o preceito do desapego de uma forma bastante rigorosa e por esta razão não usam roupas; as monjas deste ramo usam uma veste branca. Os monges Digambara não possuem uma tigela e usam a mãos como recipiente dos alimentos. Os monges "Svetambara" costumam se deslocar em pequenos grupos de cinco ou seis monges, enquanto que os Digambara geralmente viajam sozinhos.

Todos os monges devem seguir as três regras que evitam a conduta incorrecta (guptis: ter cuidado com os pensamentos, as palavras e as acções).

Entre os Svetambara o número de monjas ultrapassa o de monges. As monjas Digambara aceitam a doutrina que afirma que para se avançar no caminho espiritual é necessário nascer com um corpo masculino.

Leigos

Os jainas que não são monges devem observar oito regras de comportamento e devem tomar doze votos. As oito regras de comportamento variam, mas em geral incluem a prática absoluta e irrestrita de Ahimsa (não-violência) que tem seu ponto forte na alimentação: não comer carne de nenhum tipo, não comer certos vegetais (cebola e alho) os quais se acredita serem de origem inferior e não usar nenhum produto de origem animal. Outras regras incluem não se alimentar à noite, não ingerir bebidas alcoólicas nem substâncias consideradas alteradoras da consciência (cafeína, teobromina) e praticar a caridade a todos os seres vivos. Ler sobre as qualidades transcendentais dos Tirthankaras e recitar o Navkar Mantra também fazem parte das principais práticas diárias.

Quanto aos doze votos, eles podem ser divididos em três classes:

Anuvratas - são os cinco votos principais: abster-se de atos violentos, não mentir, não roubar, não cobiçar o parceiro de outra pessoa e limitar as possessões pessoais;
Gunavratas - são três votos que reforçam os cinco votos principais: restringir as atividades pessoais a uma área concreta (digvrata), restringir práticas que proporcionam prazer (bhogopabhogavrata), evitar atos que causam sofrimento (anarthadandavrata);
Siksavratas - são quatro votos de disciplina espiritual: meditar, limitar determinadas atividades a certos momentos, adotar a vida de um monge por um dia, fazer donativos aos monges ou aos pobres.

Formas de culto

Uma das principais formas de culto dos jainas leigos é prestar homenagem às estátuas dos tirthankaras. Os jainas lavam as estátuas e dedicam-lhes oferendas, como mel, flores, arroz, etc. Alguns grupos jainas, como os Sthanakavasis e os Terapanthis, são contra o culto de imagens.

O crente não adora a estátua em si, mas antes as qualidades associadas a ela, de modo a receber inspiração para seguir o mesmo caminho. As estátuas podem ser adoradas nos templos ou então em pequenos santuários existentes nas casas. São representadas em posição de meditação, sentadas ou em pé.

Não é possível estabelecer qualquer forma de contacto com os tirthankaras através desta forma de culto, uma vez que estes, tendo alcançado a libertação, ficam fora do contacto humano. Contudo, durante a Idade Média cada Tirthankara foi associado a uma deusa protectora, em relação às quais se desenvolveram formas particulares de devoção. As deusas mais importantes são Ambika (associada ao 22º Tirthankara, Arishtanemi), Padmavati (associada a Parshva), Lakshmi e Sarasvati.

As orações jainas fazem referência aos grandes actos dos tirthankaras e aos ensinamentos do Mahavira, sendo ditas num antigo dialecto do Bihar, o Ardha Magadhi. A principal oração é o Namaskara Sutra, através do qual o jaina presta homenagem às qualidades dos cinco grandes seres do jainismo.

O ato de fazer doações para a construção de templos é também considerado uma forma de culto, assim como a prática de peregrinações.

Festivais

Os principais festivais do jainismo são:

Mahavira Jayanti - decorre em março ou abril e celebra a data do nascimento do Mahavira. Neste dia estátuas do Mahavira são levadas em procissões pelas ruas e os jainas reúnem-se nos templos para ouvir a leitura dos seus ensinamentos.
Paryushana: durante o mês de Bhadrapada (agosto-setembro) os membros do ramo Svetambara do jainismo celebram um dos seus festivais mais importantes, Paryushana. Este festival está dedicado ao perdão e consiste na prática do jejum durante oito dias. No último dia do festival (Samvatsari) os jainas pedem perdão uns aos outros por ofensas que possam ter causado; aqueles que conseguiram jejuar durante os oito dias seguidos são levados para os templos em procissão. O festival equivalente na tradição Digambara denomina-se Dashalakshanaparvan, e para além da prática do jejum, é lido nos templos um importante texto, o Tattvartha-sutra.
Divali (festa da luzes) - celebração comum a toda a Índia, é para os jainas a comemoração da altura em que o Mahavira deu os seus últimos ensinamentos e alcançou a libertação. Ocorre no mês de Kaartika, que corresponde no calendário gregoriano a outubro-novembro.
Kartik Purnima - ocorre no dia de lua cheia do mês de Kaartika. Após terem permanecido numa determinada localidade durante os meses da monção, os monges e monjas jainas regressam à vida errante, sendo por vezes acompanhados por leigos no percurso que fazem para outro local. Neste dia muitos jainas realizam a peregrinação aos templos de Palitana, no estado indiano do Gujarate.
Mastakabhisheka - Cada doze anos os jainas (principalmente os do ramo Digambara) reúnem-se no santuário de Shravana Belgola no estado de Karnataka, onde se encontra uma estátua de dezessete metros de Bahubali, que é alvo de libações com água, mel, leite, flores, preparados de ervas e especiarias.

A suástica

O jainismo dá mais ênfase à suástica que o hinduísmo. Representa o sétimo jina (santo), o Tirthankara Suparsva. É considerada uma das 24 marcas auspiciosas, emblema do sétimo arhat dos tempos atuais. Todos os templos jainistas, assim como os livros santos jainistas, contêm a suástica. As cerimônias jainistas começam e terminam com o desenho da suástica feito várias vezes em volta do altar.

Os adeptos também usam o arroz para desenhar a suástica (também conhecida por "Sathiyo" no estado indiano de Gujarat) diante dos ídolos nos templos. Os jainistas colocam uma oferenda sobre esta suástica - geralmente uma fruta, um doce (mithai), uma fruta em passa ou ainda uma moeda ou cédula de dinheiro.

Shaiva Siddhanta



Shaiva Siddhanta é a mais antiga, vigorosa e mais praticada escola do Xivaísmo Hindu ativa hoje em dia, encampando milhões de devotos, milhares de tempos e dúzias de tradições monásticas/ascéticas. A despeito da sua popularidade, o passado da Siddhanta, como todo o folclore da Índia, é relativamente desconhecido e ela é primordialmente identificada com o Sul da Índia, o povo Tamil. O termo Shaiva Siddhanta significa “o final ou as conclusões do Xivaísmo.” Ela é formalmente a teologia das revelações divinas contidas nos vinte e oito Ágamas Shaiva .

Gurus

Os mais conhecidos guru de Suddha, ou “puro,” da tradição Shaiva Siddhanta foi Maharishi Nandinatha de Kashimira (250 aC), registrado no livro de gramática de Panini como o professor de Patanjali, Vyaghrapada e Vasishtha. O único sobrevivente dos trabalhos de Maharishi Nandinatha são vinte e seis versos versos Sânscritos, chamado Nandikesvara Kasika, no qual ele apresenta seus antigos ensinamentos. De fato por sua tendência monística, Nandinatha é freqüentemente referido pelos expoentes das diversas escolas Advaita.

O próximo proeminente guru nos registros é o Rishi Tirumular, um Siddha da linha Nandinatha que veio do vale da Kashimira para o sul da Índia para divulgar os ensinamentos sagrados contidos nos vinte e oito Shaiva Ágamas. No seu trabalho Tirumantiram, "Sagrado Encantamento," Tirumular colocou o vastos escritos dos Ágamas e a filosofia Suddha Siddhanta para a linguagem Tamil pela primeira vez.

O Tirumular do Suddha Shaiva Siddhanta compartilha as raízes comuns com Siddha Siddhanta de Mahasiddhayogi Gorakshanatha ambos são da linhagem Natha. A linhagem do Tirumular é conhecida como Nandinatha Sampradaya, enquanto o trabalho de Gorakshanatha é chamado de Ádinatha Sampradaya.

Raja Vidya Yoga e Shaiva Siddhanta No Brasil os trabalhos conduzidos pela Ordem Filosófica Mundial Vidya Yoga e pela Congregação Templo Vidya Natha foram orientados por Sri Swami Vyaghrananda Bhagwan, discípulo direto de Shri Munirishi Saddhu. O Raja Vidya Yoga, está diretamente relacionado com o Hinduísmo Shaiva.

Santos e Ascetas

Shaiva Siddhanta floresceu no Sul da Índia com a força do movimento bhakti infundindo visões sobre o siddha yoga. Durante o sétimo século até o nono século, os santos Sambandar, Apar e Sundarar peregrinaram de templo em tempo, cantando graças a grandeza de Shiva. Eles foram o instrumento do sucesso Shaivismo contra as ameaças do Budismo e Jainismo.

José Ramon MOLINERO - Yogakrisnanda

MOLINERO ou YOGAKRISNANDA, nasceu na Espanha e ficou 48 anos no Brasil, entremeados por viagens iniciáticas por todo o mundo.

No BRASIL, onde tinha seu Templo, e no mundo, por onde estão seus discípulos, YOGAKRISNANDA descobriu segredos, ofereceu ensinamentos alquímicos e orientou na busca do homem cósmico, sempre com energia e alegremente.

Ele dizia que o verdadeiro chelá não acredita em proibições. Quanto mais consciente, mais livre é o homem e a liberdade consiste na alegria de viver.

Dele já disseram que é "O ENFANT-TERRIBLE DA TURMA DO GURDJIEFF, OUSPENSKI, BLAVATSKY”.

Produziu muito esse guru bem humorado.

Suas obras artísticas, Mário Schemberg classificou de objetos mágicos destinados a atingir os substratos arquetipais do homem moderno e libertar energias arcaicas do inconsciente.

Seus mais de quarenta livros constituem uma orquestra afinada, procurando que um com o outro se complementem, na orientação da aprendizagem e a iluminação no Chela Yoga.

Os livros estendem, a muitos, o que o grupo de discípulos tiveram o privilégio de receber nas aulas do Instituto Chela Yoga, nas cerimônias iniciáticas, no Ashram, na convivência cotidiana, onde YOGAKRISNANDA ensinou que é preciso viver plenamente e resgatar a liberdade primordial, onde o primeiro compromisso é consigo mesmo.

Aos discípulos que aspiram despertar o Homem Cósmico, onde Deus se manifesta, YOGAKRISNANDA orientou como tornar-se mago, vivendo os três mundos - o físico, o psíquico e o espiritual - de modo complementar e alquímico, transmutando-se tal qual o Universo se transmuta em seu caminho evolutivo.

ALGUNS DADOS BIOGRÁFICOS

JOSÉ RAMON MOLINERO nasceu em Valladolid, na Espanha, em 8 de agosto de 1922.

Ainda na adolescência conheceu o ocultista Mário Roso de Luna, amigo de seu pai, que lhe ofereceria o primeiro ingresso no mundo mágico. Alguns anos mais tarde, muito jovem, iniciou-se em Alexandria, com o dervixe Al Aziz.

Voltou para a Espanha, por ocasião da Segunda Guerra Mundial e foi estudar Medicina. Em 1942, já com sua companheira Maritere, foi para Tanger, que era um centro de reunião de ocultistas. Lá sobreviveu como prestidigitador e formou um grupo de estudos psíquicos.

Depois foi para o Marrocos e para a Tunísia, onde encontrou seu próprio guru YOGABRAMANDA, de quem viria a receber seu nome místico YOGAKRISNANDA, que significa união com Krishna na bem aventurança. Iniciou-se então como chelá yoga - discípulo que trabalha na construção do homem cósmico.

Reencontrou a sua companheira, que o aguardava na Espanha e, com ela, empreendeu uma viagem iniciática que duraria dez anos e na qual percorreria quarenta e nove países. Durante esses anos nasceram-lhes os três filhos. Para reunir o grupo familiar, MOLINERO voltou à Espanha, onde formou seus primeiros grupos de yoga. Mas, LO-MUSIN, seu Avatar, Mestre da Fraternidade Branca, o orientou para ir para a América do Sul.

MOLINERO foi primeiro para a Argentina, depois sucessivamente para o Chile e Uruguai, e, no caminho para a Venezuela, resolveu passar pelo Brasil. Chegando no Brasil por Porto Alegre, sentiu que era aqui que deveria radicar-se. E o fez na Cidade de São Paulo, trazendo também a sua família. Era 1956.

Quatro anos depois, em 1960, fundou o INSTITUTO CHELÁ IOGA, o primeiro de São Paulo dedicado exclusivamente a yoga.

A dificuldade de colocar ao alcance de seus discípulos os clássicos do ocultismo, instigou-o a fundar a Livraria MANDALA, em 1966.

A ORDEM DO LIMÃO BRANCO, era composta por seus discípulos e MOLINERO foi o SUPREMO GRÀO MESTRE.

O Ashram EL TELON, templo situado em um sítio próximo de São Paulo, onde preside cerimoniais com seus discípulos, foi edificado em 1976.

YOGAKRISNANDA orientou grupos de discípulos para o despertar do homem-cósmico, fez atendimento terapêutico individual, escreveu livros - mais de 40 - e produzia seus “objetos mágicos”, obras de arte que aliam ao prazer estético o desvendar de conhecimentos. Toda essa atividade era dirigida à construção do homem-cósmico, capaz de “como um deus pequeno” transmutar-se tal qual o universo se transmuta em seu caminho evolutivo, capaz de comunicar-se com as outras formas de vida, de ir ao encontro da divindade através da meditação e do “samadhi” e de abrir caminhos, através do mudra, do yantra e do mandala, pelos chakras cósmicos e portas interplanetárias.

YOGAKRISNANDA deixou nosso mundo em 8 de setembro de 2004.

Publicados pela Editora Mandala

Alquimia Secreta do Homem
Alquimia Tântrica
Angelatria
Antes dos Tempos de Adão - O Segredo de Car
Árvores Nascem no Céu - As
Astrolatria (Seguindo os Passos dos Deuses na Terra)
Aulas Secretas de um Guru
Ceu não é o Limite - O
Como Tornar-se Mago
Dragões - Os Anjos da Terra
Em Busca do Paraiso Perdido
Hipnotismo Secreto dos Yogas - O
Imortalidade da Sombra - A
Magos Yogas e Dervixes
Meditações, Defumação e Oração
Mi Dios de Chocolate
Mistério das Estátuas Tombadas - O
Pedra Filosofal do Yoga - A
Pelos Caminhos do Mistério
Procura do Deus Interno no Yoga - À
Procura do Homem Cosmico - A
Quando as Pedras Voavam
Raja-Yoga Secreto
Rosas e Lotus (Invocações Espirituais)
Segredo da Múmia - O
Sete Raios Coloridos - Os
Sete Veus de Isis - Os
Sétimo Dia - O - Novo
Técnicas de Liberação Yoga
Telon - Porta para os Mundos Paralelos - El
Terralogia (Ecologia Mágica)
Viagem Interna para o Infinito - A
Vóz do Guru - A (Disco LP)
Yoga Secreto
Nós Que Caminhamos com o Guru - Autoria dos discípulos de Yogakrisnanda
Gnomos
Historia dos Gnomos - A
Horóscopo dos Gnomos - O
Receitas Mágicas dos Gnomos
Segredo dos Gnomos - O
Tarot dos Gnomos
Tarot
Tarot Alquimico - O
Tarot do Amor - Bilingue Português/Italiano - Acompanha o Baralho
Tarot de Molinero - O - ed. esgotada
Publicados pela Editora Icone

Face Oculta da Palavra - A
Alquimia Secreta do Homem - nova edição
Astrologia Esotérica
Deusas - Mães de Nossa Humanidade - As
Publicados pelo Centro do Livro Brasileiro - Lisboa

Aulas Secretas de um Guru
Yoga Secreto
Raja-Yoga Secreto
Publicados por Ediciones Obelisco - Barcelona/Espanha

Terralogia (Ecologia Mágica)