segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Ordo Templi Orientis Espermo-Gnósticos


Uma palestra de P.R. Koenig

Ordo Templi Orientis
Espermo-Gnósticos
Carl Kellner
Theodor Reuss
Aleister Crowley

Um dia o universo despedaçou-se — devido a um aspecto feminino do Criador, ou devido a uma entidade intermédia entre o Divino e o Profano. 
Aqueles que estão felizes com a sua situação no mundo, gozam de boa saúde e experimentam amor e satisfação nos seus campos de trabalho, parece não necessitarem do Gnosticismo que vem salvar o Universo, que, assim acredito, é uma ferramenta religiosa usada para lidar com uma vida insuportável. 
O mago e o Gnóstico vivem em dois mundos ao mesmo tempo. Mas, enquanto o mago tenta usar o mundo além, para obter poder sobre este mundo aqui, o Gnóstico procura uma realidade divina, um reino dentro deste mundo, que é apenas uma espécie de mundo-sombra. Tanto o mago quanto o Gnóstico (tal como muitas outras tradições como a Hindu, Budista, Taoista e o Tantra) acreditam que a sexualidade pode ser a chave ou a porta para outras realidades; mas diferem no método, entre orientações ascéticas ou libertinas/sensuais: ambos usam a força sexual. O Gnosticismo é um conjunto variado de tradições que se sobrepôem e frequentemente se contradizem umas às outras. Nem todos os gnósticos são "espermo-gnósticos". Mas será sobre estes que agora falarei. Sumarizarei as complexas tradições gnósticas (apesar do assunto ser demasiado diversificado para qualquer pessoa o retratuar num curto ensaio), mas não a sua literatura, nem compararei a sua cosmologia em geral, nem a sua história; (1*) Irei também aos tempos actuais onde os modernos gnósticos provavelmente acham os dois mundos mais reais que os antigos gnósticos alguma vez acharam (2*) 

Salvação

Ao viver num mundo que é sentido subjectivamente e encarado como um "lugar podre " (um termo gnóstico) o indivíduo grita por uma salvação. A forma como esta salvação começa é pelo corpo material. Ergue-se aos lugares mais altos (e. g. o plano emocional e o plano intelectual) até o homem atingir o seu lugar divino no Pleroma. Isto é o enchimento do seu ser até transbordar. 
Este pleroma, esteja ele no homem ou algures no espaço exterior, é a outra parte do "apodrecido" lugar terrrestre. Dois caminhos podem ser seguidos para sair deste lugar podre: suprimi-lo ou evitá-lo (o conceito ascético); ou dissolver-se nele enquanto se vive completamente (o caminho sensual). Num plano superior isto sucede ao contrário. O caminho sensual conduz ao ascetismo homeopatico: enfraquecendo o mal enquanto se permite a sua existência, como uma necessidade. O gnóstico sensual abraça o pecado para experimentar a decadência do mundo, e para se erguer, como uma Fénix renasce das cinzas. As orgias sexuais são a exaltação do Pneuma/Logos que se ergue para o Pleroma. O caminho ascético reage alopaticamente; contra o veneno da existência usa a ignorância do corpo como um remédio (3*).
O termo que usei mais acima, "homeopatia", é usado surpreendentemente como um método relacionado com a forma ascética da vida Gnóstica. A homeopatia tem muito em comum com o Gnosticismo (4*). Tanto um como o outro método tendem a encarar o plano material como o menos importante para o homem. Ambos os conceitos procuram trazer de volta o homem/humanidade para um estado primitivo/arcaico de saúde/salvação. Este estado manifesta-se nos mais altos planos espirituais/divinos. Tanto a homeopatia quanto o Gnosticismo ensinam que a a cura e/ou a salvação acontece de Cima para Baixo e do Interior para o Exterior (o que nos lembra a Tábua da Esmeralda de Hermes Trismegistos dos maçons e Rosacruzes). Mas enquanto o Gnosticismo oferece a salvação/saúdeou pelo "Optimo através do Maximo" ou pelo "Optimo através do Minimo", a homeopatia segue o caminho do meio do balanço.
O ponto central dos Gnósticos ascéticos e sensuais está no seu conceito de Esperma. O Esperma contém o Santo Logos que, quando no Homem, tem de ser de novo levado ao Pleroma. (5*) Este facto implica duas questões: 
1. Será que as mulheres podem ser salvas? e 
2. o que é que podemos fazer com o esperma? 

Os Misoginos

Talvez tenha sido devido à ganância do aspecto feminino da Entidade criadora que provocou a queda no profano, é o dever do Homem devolver ao Universo a sua integridade/compitude. No plano material, a mulher é punida com a grande ferida que tem entre as pernas. (6*) Esta ferida tem o significado do lugar ao qual o homem primitivo um dia esteve ligado ao seu aspecto feminino: o Andrógino perfeito, agora separado. É a vez do homem experimentar a luxúria que desfez o universo. A mulher tem que sofrer. Apenas o esperma do homem transporta o Santo Logos. As mulheres não têm próstata (7*) e portanto são supérfluas para a salvação do homem enquanto este não adquire a androginidade (8*). Se ele não tem "uso" para a fêmea então considera-a apenas um canal para as entidades divinas. Talvez veja algum uso no seu sangue menstrual? Quando é um gnóstico orientado pelo Cristianismo (chamemos-lhe o Gnóstico libertino), pode usar este sangue como o "Sangue de Cristo" e consumi-lo como um "alimento regilioso" Se ele vê o mundo como um lugar mesmo mau, evita ter filhos e evita comer carne (e aqui encontramos os vegetarianos). Um asceta evita as ejaculações, mesmo com a sua esposa, mas dirige as suas energias sexuais em práticas de Yoga para a sua cabeça (onde ele assume que está a ponte mais directa para o Divino). Para conseguir a Androginia, penetra a sua mulher, (evitando o orgasmo) para que ela também, possa beneficiar da sua sorte (9*).
O Yoga é uma das condições preliminares para dominar o corpo antes de o usar como um templo. Os ocidentais acreditam, erroneamente, que o Yoga é um sistema de exercícios físicos para manter o corpo em forma e a mente em paz. Mas o sentido da palavra Yoga é união e o sistema foi desenvolvido por adeptos orientais para os ajudar a atingir a união com a fonte de todo o ser. 
All the Gnostic movements, be they the old ones or modern ones, assign salvation only to man: the woman has to become a man in order to enter heaven. (10*) The ascetic Gnostics avoid ejaculation and let the woman join in his wonderful ability to "produce" the Logos; the libertine Gnostics use all of the woman's gifts in order to sweat out the Pneuma.
Todos as correntes Gnósticas, sejam das antigas ou modernas, atribuem a salvação apenas ao homem: a mulher tem que se tornar um homem para entrar no céu (10*). Os Gnósticos ascetas evitam a ejaculação e deixam que a mulher se junte na sua capacidade maravilhosa de "produzir" o Logos; os gnósticos libertinos usam todas as dádivas femininas para "suar" o Pneuma.
Bom. As nossas duas perguntas 1. Será que as mulheres podem ser salvas? e 2. o que é que podemos fazer com o esperma?) não podem ser separadas. Apenas o esperma do homem oferece a salvação (11*) e a mulher tem que se tornar homem para ser salva (12*).
Que espermo-Gnósticos existem hoje em dia? Desde o virar do século, o grupo mais famoso organizou-se numa organização quase maçónica, chamada Ordo Templi Orientis, abreviadamente: O.T.O. (13*) 

Ordo Templi Orientis

Os três protagonistas mais famosos da O.T.O. são: Aquele que deu o conceito/ideia, o Austríaco Carl Kellner (1851-1905); o fundador, o Alemão Theodor Reuss e o notório Inglês, Aleister Crowley (1875-1947). O leitor poderá encontrar as crenças e práticas de grupos da O.T.O. mais abaixo.
O Gnosticismo, nas suas diferentes formas é apenas uma das tradições que entra na simbologia da Ordo Templi Orientis, e nem todos os aspectos das várias correntes gnósticas são particularmente importantes. Estes Gnósticos Modernos (e os seus rebanhos) eram comedores de esperma. Atribuiam-no ao Santo Logos; e, pelo menos Reuss e Crowley, não gostavam de mulheres (14*). No entanto, enquanto a biografia de Reuss (15*) abriu a sua mente dualisticamente em caminhos ascéticos e libertinos como um meio de conseguir a salvação, a biografia libertina de de Crowley mostra um indíviduo cujo universo se foi tornando mais pequeno em cada dia, e cujo mundo era povoado de anjos e demónios, que não se dissolveram no último momento para que a Fénix pudesse renascer. 

O Círculo Oculto, mais tarde reformado como O.T.O., sob o seu fundador: Carl Kellner, circa. 1895

Enquanto que Madame H. P. Blavatsky avisava que certos exercícios de Yoga não são sãos, sendo reprovados pelos "Mestres", Carl Kellner ensinava Hatha Yoga que incluía exercícios sexuais vindos das filosofias Samkhya, Addvaistas e de Franz Hartmann (1838-1912). Kellner estava especializado em meditações de Yoga que almejavam experimentar encarnações prévias (Yoga Sutra de Patanjali). A sua mulher era a Grande Deusa. Kellner actuava como um Sacerdote Babilónico. Em sua casa existia um quarto sem janelas onde os ritos tântricos tinham lugar para a preparação do Elixir, isto é: os fluidos masculinos e femininos (17*). A estrutura pseudo-templária/maçónica (introduzida aproximadamente por Theodor Reuss em 1903 e apenas designada de O.T.O. após a morte de Kellner em 1905) não era importante para Kellner que trabalhava no seu círculo sem o sistema da ordem. Não existem documentos que evidenciem que Kellner alguma vez tenha usado o termo "O.T.O". O seu círculo era chamado "O Triângulo Interno" e consistia de Kellner, Hartmann, Reuss e algumas mulheres. 
Uma vez que Theodor Reuss mais tarde falou da "Fraternidade Hermética da Luz" (HBL) como a fonte central e secreta dos seus ensinamentos é fácil assumir que Kellner usava os métodos do seu protagonista P. B. Randolph que usava drogas para atingir a iluminação enquanto tinha relações sexuais. Randolph também ensinava técnicas de focar as energias sexuais sobre um desejo, uma espécie de fotografia interna que representa o desejo a ser realizado (18*) Existe uma história oral que afirma que Kellner foi um dos 12 co-fundadores da Fraternidade Hermética da Luz em Boston/Chicago, que então deu origem a um "ramo" alemão; mais tarde seria então o acima mencionado "Trângulo Interno".

A O.T.O. sob Theodor Reuss

Após a morte de Kellner em 1905, Reuss fundou um sistema da O.T.O que consistia de 7 graus pseudo maçónicos, que abriam os 7 Chakras, enquanto que os Graus mágicos do Grau VIII* e IX* eram dados sem qualquer ritual. O X* apenas designava o Líder do País.


Os papéis de Reuss que sobreviveram, mostram que este continuou os ensinamentos de Kellner mas também introduziu o Maniqueísmo (20*). O corpo inteiro era considerado divino (O Templo do Espírito Santo) e os orgãos sexuais deveriam executar uma função paricular: uma Missa Santa era o acto simbólico da re-criação do Universo (21*). A crença base era que apenas pela cooperação entre o homem e a mulher se poderia avançar espiritualmente. A união sexual é uma sombra do acto cósmico da criação. Executado por adeptos, a união do macho e da fêmea aproxima-se ainda mais do acto primordial e partilha da sua natureza divina, que é vista como contínua e continuada, e não como tendo acontecido uma vez na eternidade. Este ponto de vista é diferente do Cristianismo, que sustém que a criação do universo ocorreu num momento definido no passado. As sensações que se formam lentamente no Homem e na Mulher unidos sexualmente não vêm da conjunção das partes físicas, mas das polaridades masculinas e femininas em contacto. Padrões de respiração correctos afectam a química do sangue que provocam uma mudança no ambiente interno do cérebro. O ego consciente sai para dar lugar a um poder divino. As energias sexuais então armazenadas, juntamente com a respiração correcta conduzem à transmutação da energia e o Mago torna-se clarividente (em alemão "Seher")(22*). 

Reuss não era muito a favor da masturbação (o VIII* grau, de acordo com Crowley) e designava-o de "Selbstpeinigung (provocar dor em si mesmo) e "widernatuerlich" (contra-natura) (23*) No entanto, ele via o Lingam (phallus) como um símbolo do criador do universo. Parece que Reuss trabalhou em linhas tantricas homosexuais (24*) ou pelo menos homoeróticas (carícias mútuas dos phali, (25*): o XI grau de acordo com Crowley) Mas o segredo central da sua Ordo Templi Orientis estava construído à volta do Parsifal de Richard Wagner. A lança tornou-se o phallus, enquanto o Graal era, claro, a vagina que continha o "Grals-speise" (o alimento do Graal, ou seja o esperma e os fluidos vaginais). O sistema da O.T.O. de Reuss estava formado sobre uma utópica sociedade comunitária em que a Mãe (com ligações à Maria cristã) tomava lugar central na vida social e sexual. Era designadade de Comunidade dos Neo-Cristãos (26*). 

A O.T.O. sob Aleister Crowley

Após a morte de Reuss em 1923, Crowley fez uma empresa saída do segredo da O.T.O.. Existe um plano que sobreviveu para promover o "Elixir da Vida" (sob o nome "Amrita", o Remédio Mágico) (27*) e para curar doentes de acordo com métodos da O.T.O. (28*), isto é: curá-los com Yoga e fluidos sexuais (29*). Crowley usou a Ordo Templi Orientis (da mesma forma que usou outra ordens, reais, ou fantasmas) como uma peça ou uma editora e achou que a ordem era um instrumento apropriado para extrair o "ouro" (fosse este alquímico ou sexual) dos bolsos dos seus seguidores. Para esse efeito pretendia nunca ter feito sexo por prazer apenas (30*). Teria sempre sido um "dever", uma oração a Deus (Aiwaz, Baphomet ou Sheitan (31*) — há ainda mais disfarces); ou como uma oração a si próprio que a si se identificava como um pénis erecto.
A revelação do VIII* grau de Crowley mostra ao "aluno" que mastrubar-se sobre o símbolo de um demónio ou meditar sobre a imagem do Phallus traria o poder da comunicação com um (ou o próprio) ser divino/Super Ego. O IX* grau usava relações heterosexuais onde os segredos sexuais são sugados da vagina e quando não fossem consumidos (considerados sagrados) seriam postos num símbolo para atrair este ou aquele demónio que executaria o desejo ou ordem pertinente. (32*) No seu "Emblemas e Modos de Uso" (33*), Crowley descreve o método de espalhar esperma num talismã ou símbolo para atrair, por exemplo, dinheiro. Este documento é tão secreto que, numa dada altura, a sua posse era igual a ter o IX grau da O.T.O. Não havia outra prova até recentemente: agora é necessário passar um exame para provar a "posse"/"conhecimento" do IX grau da O.T.O. (34*) 
Crowley jogou com diferentes métodos de magia sexual. Um dos segredos da O.T.O. é a adoração do ídolo Baphomet dos velhos Templários. Enquanto que o grupo derivado da O.T.O, a misógina Fraternitas Saturni tentou definitivamente (e continua a tentar) incarnar Baphomet na carne (35*), nos grupos da O.T.O. que emergiram após a morte de Crowley em 1947 o assunto não é muito claro. Crowley aconselhava a selecção de um parceiro feminino. O mago e a sua companheira "copulam continuamente" até que suceda a impregnação: um homunculo. (36*) 

No XI grau, de teor maioritariamente homosexual (40*), o iniciado identifica-se com um pénis a ejacular (41*). O sangue (ou os excrementos) da relação anal, atraem os espíritos/demónios enqunto que o esperma os mantém vivos. 
Crowley não via grande utilidade nos fluidos vaginais, nem pensava que as mulheres fossem divinas (42*) portanto não conseguia imaginar magia sexual entre lésbicas. Acreditava que o "homem é o guardião da Vida de Deus; a mulher apenas um expediente temporário; sem dúvida um templo para o Deus, mas não o Deus" ==> A Mulher existe para o uso do Homem. O seu ideal feminino "robusta, vigorosa, voluntariosa, sensivel, quente e saudável". Isto é: o seu interesse estava no corpo da mulher e não queria nenhuma participação espiritual ou intelectual vinda dela. 
As ferramentas principais de Crowley para atingir a iluminação mantiveram-se: espermofagia, coprofagia e algolagnia. 

Bispos Desviados

Entre considerar os deveres dos Eleitos Maniqueus (para concentrar a Luz, os restos luzentes quando o Logos spermatikos abandonou o homem, aprisionado na matéria por consumir tais alimentos) Crowley negou o aspecto ascético do maniqueísmo (que evitava as actividades que pudessem dispersar a Luz mas concentrou-se em construir um Corpo de Luz brilhante apropriado para regressar ao Reino Abençoado (37*) 
Na sua Missa Santa, Crowley dá uma receita para usar o esperma e o sangue (38*) Para evitar a infecção pelo HIV, a O.T.O. americana (o dito "Califado" — fundado em 1997) recomenda que a hóstia seja cozida no forno a 160 graus Fahrenheit (39*) O IX grau toena-se uma paródia da Eucarístia Cristã com refinamentos e técnicas relacionados com o consumo do Elixir/Hóstia. A absorção deve ocorrer através da membrana mucosa do céu da boca, em vez de engolida porque o delicado invólucro proteico que rodeia a essência é destruído pelos ácidos do aparelho digestivo antes de integrar a simbiose mente-corpo. No caso da boca, existe apenas a actividade digestiva da saliva. Isto também afecta essa mesma proteína, quanto mais tempo for mantida na boca.

A "Igreja Gnóstica" do "Califado" também parodia a tradição Católica Romana ao introduzir os lugares de "Patriarca", "Arcebispo", "Bispo", "Noviço", "Sacerdote", "Sacerdotisa" e "Diácono" (os lugares de Padre e Diácono já aparecem na Missa Gnóstica de Reuss/Crowley de 1910. (21*)). Actualmente oferecem os serviços de Cerimónia de Baptismo de uma Criança, de um adulto, Confirmação, Ordenação de um Diácono, Casamento, Cerimónia da Grande Festa da Morte, um Exorcismo Básico) (actualmente parece haver um interesse crescente no exorcismo), Visitação e administração das virtudes aos doentes; têm uma lista de santos e [www.scarletwoman.org/soter/beastb.htm] Bençãos para os animais(43*). 
Orações Cristãs aparecem no Ritual do V grau do "Califado": "A Litania do Santo Nome de Jesus", a Litania de São José" e a "Litania da Abençada Virgem Maria". Isto deve ser encarado como uma referência ao Magus do ÚLTIMO Eon, como uma recordação dos Grandes Ciclos que se constroem uns sobre os outros ...E também que o Verdadeiro Mestre não é o chamariz político que o Paulismo fez dEle. Estas orações (isto é, os rituais de iniciação) são acompanhados de música de Mozart, Holst, Strauss, Mahler e outros no mesmo género (44*). 
Obviamente sem conhecimento da origem da Expressão "Bispos Vagueantes", alguns dos seus "bispos" entitulam-se "Bispos Fixos". 

Clotted Chakras

A Ordo Templi Orientis era, e ainda é, uma parte secreta do submundo etnológico da civilização que procura a aceitação através da cultura vigente. No fundo desse fundo poço, está apenas uma boca cheia de esperma. Uma vez que este facto é demasiado simplista e talvez demasiado embaraçoso, está envolvido em demasiadas camadas de palavras e eufemismos. Enquanto que os antigos Gnósticos procuravam encontrar os aspectos técnicos de lidar com o esperma (evitando a ejaculação ou consumindo os fluidos sexuais, os Gnósticos modernos promovem inúmeras formas tradidionais se salvação, Ocidentais e Orientais, fora do espermo-Gnosticismo (45*); apenas para esconder o esperma no santuário interno da sua organização (46*) A tentativa de curar a brecha aberta no universo com sacrifícios, liturgias, cânticos e consagrações. Mas o mistério desviou-se em caminhos ínvios: há demasiado materialismo nos grupos da O.T.O.; e isto traz aquele que busca de volta à terra, e impede-o de se tornar um com o Divino. Após muitos anos a pagar as quotas de membro; e após ter compradoos livros dos seus adorados líderes; ou mesmo depois de saber o "segredo": o membro da O.T.O. pode descobrir por acidente ou experiência dolorosa que o esquema da salvação não lhe trouxe a Gnose . Porque a pseudo-maçónica Ordo Templi Orientis tem uma estrutura de graus de tal forma complexa (47*), que demora vários anos a completar e a pagar, e mistura as simples doutrinas Gnósticas de psicologia com todas as outras ferramentas religiosas e com as biografias dos seus líderes carismáticos ; a organização torna-se assim um "lugar intensamente podre". Comportamentos não fraternos entre os membros, egos inflados (48*), mentiras, jogos, subterfúgios e histeria; causam inúmeras separações , lutas internas e mesmo acções judiciais. Tudo isto junto pode tornar a O.T.O um lugar quase insuportável. 
Os grupos da O.T.O derivados de Aleister Crowley estão cheios deste conceito de Thelema: um novo esquema para ordenar a História, Religião, Filosofia, Magia e a vida de todos os dias (49*) Vários membros da O.T.O. de Crowley não acham que o esperma transporta o Santo Logos (50*). Isto é originalmente considerado como uma incompreensão do processo da procriação. Com o avanço da ciência, assumem que tanto o macho como a fêmea são responsáveis pela procriação. No entanto seguem o sentido cabalístico da semente masculina como sendo o Logos a um certo ponto: a mulher funciona como uma "dadora de forma" (51*). As doutrinas Gnósticas são modificadas por Thelema como a doutrina da Verdadeira Vontade: todo o homem e toda a mulher tem um "motivo" para estar aqui; escolheram "descer" a este lugar podre, e têm uma missão a cumprir, que não esqueceram. A sua tarefa é, não apenas escapar, mas também lembrar-se porque vieram e executar essa função (52*) No entanto, Thelema em si, parece irradiar a decadência (53*). 
Apesar de todas as facções de Grupos da O.T.O. serem também um "lugar podre", onde aquele que procura pode facilmente entrar no Pleroma; a Gnose não ocorre aí (54*) porque esses "lugares podres" transformaram lugares Gnósticos em ecrans de projecção psicológica, onde aquele que procura projecta a sua imagem do Santo Pai, i.e., Crowley. A revolução sexual de luxúria e Gnose deformou-se e degenerou em rupturas psicológicas. A Gnose transformou-se em Dia-gnose, que não traz nem salvação homeopática (sensual) nem alopática (ascética). E vice versa num plano inferior: apenas ascetas que praticam homeopatia (fora da O.T.O.) e quase-Gnósticos libertinos que praticam alopatia. 

O esperma é um remédio homeopático?

O gnóstico e o homeopata tentam tentam trazer o homem de volta à sua ordem divina no/do universo. O Gnóstico procura a presença imeditat do Divino enquanto que o homeopata procura a ordem mais equilibrada do indivíduo dentro do universo divino. Hipócrates dizia que as doenças vêm dos deuses; isto é, vêm de cima; e que o mundo terrestre pode ser compreendido como um Deus ferido. Bom, alguns Gnósticos agora vêm o Esperma como um remédio para curar tudo. Devido a este facto, e também devido às minhas investigações no Fenómeno da O.T.O., conheci vários espermo-Gnósticos ascetas que praticam a homeopatia, tentarei agora discutir os aspectos homeopáticos da ingestão de esperma.

É opinião minha que, mesmo quando se procura o esperma como um veículo do Logos, este não pode ser usado como um remédio homeopático, devido às similitudes do remédio homeopático com as similitudes de um doente, é baseada na total e indivídual complitude dos sintomas e na peculiaridade de uma desordem/doença superior. O Logos, como um remédio homeopático iria, pela definição homeopática, possivelmente dissolver o Logos. Para que esse esperma possa actuar como remédio, deve primeiro tornar-se um remédio, o que não é uma substância. Deveria primeiro ser tratado de uma forma homeopática para tomar uma natureza diferente a um nível mais altoe poderia ter efeito na doença/desordem superior do paciente. Este método homeopático é designado de potenciação. A substância em si vai ser diluída muito para além do ponto em que os cientistas possam encontrar moléculas dessa matéria, sendo, ao mesmo tempo, o produto agitado ou batido. No momento presente, nenhum homeopata encontrou uma explicação científica para o facto, mas experiências médicas-homeopáticas que esta acção transforma uma substância material num estado de "cura", o que lembra, de certa forma, o conceito cristão da transubstanciação. Mas qual é o uso Gnóstico desta substância, uma vez que ela já contém em si o Logos? E o que fazer com todos os aspectos energeticos humanos, e. g., doenças como a sífilis ou a SIDA. O que pode ser causado por um virus HIV potenciado? É uma questão que não é respondida pelos cientistas homeopáticos. 
Apesar de tudo conheci homeopatas que usam esperma da mesma forma que usam outras substâncias humanas; por exemplo, urina ou sangue ou agentes patogénicos. Mas o esperma como remédio homeopático não deve ser encarado como capaz de trazer o logos. O uso do esperma homeopático deve depender dos sintomas que o esperma (potenciado ou não) causaria num indivíduo "saudável". Estes efeitos secundários poderiam então ser usados para dissolver eventuais sintomas num "doente". 
A questão levanta-se quanto à prática de alguns membros da O.T.O que cosem a hóstea composta por esperma e fluidos vaginais para destruir o HIV. Qual é o efeito do calor no Logos Gnóstico? Outros há que poêm o esperma numa dose de brandy, para o tornar mais saboroso. Spiritus Sanctus? 
E que tal as mulheres que são obrigadas pelos seus homens a engolir o esperma (55*) Será que essas mulheres oprimidas não deveriam ser mais livres que os seus opressores? Será que essas mulheres não podem ser salvas? Ou devem tornar-se membros da O.T.O para saborear a salvação através do esperma? 

E visto pelos olhos de uma mulher?: Linda Falorio (não é membro de nenhum ramo da O.T.O.) tirado do Anandazone!

"É um assunto complicado o significado do HIV. Do meu ponto de vista humano, não consigo ver nenhum benefício que esses invasores possam causar, seja no indivíduo ou na Obra. Penso que devem ser "banidos" da mesma forma que procedemos com uma esntidade que tente possessão, que é o que os retrovirus fazem, da forma como a compreendo, tomam conta das células para os seus próprios fins,... ou devem, pelo menos ficar contidos dentro do triângulo (i.e. o preservativo). Claro que então, o benefício dos fluidos psicosexuais não pde ser obtido nos mundo físico, mas apenas em planos mais subteis. Um mago poderoso consegue fazer isso, penso eu, mas necessitaria de uma pessoa igualmente dotada para perceber o que foi destilado. 
Mas claro, levanto questões semelhantes sobre os benefícios relativos se se aplicam a homens que fizeram vasectomias ou mulheres que fizeram histerectomias, ou passaram da menopausa (56*) ... Então será necessário um sacerdote/sacerdotisa que não é necessário ser um dos operantes, para destilar o elixir no plano físico. Mas então, será que uma pessoa poderosa pode fazer com que o seu próprio corpo destile os fluidos endócrinos, mesmo que as glândulas sejam removidas?" 

Setembro de 1996

Obviamente que a brecha no universo ainda está aberta. Os cristãos, como as outras religiões esperam uma espécie de um apócalipse ou lugar de salvação além deste mundo, além da fenda aberta entre o céu e a terra, para a qual os Gnósticos ascéticos e libertinos tentam construir uma ponte 

Não é a última vez que ouviu falar dos espermo-Gnósticos ... 

NOTAS:

Algumas fontes Gnósticas: "Leonhard Fendt: "Gnostische Mysterien", ARW, Muenchen 1922/1980; Peter Sloterdijk: "Weltrevolution der Seele", I, Artemis, Muenchen 1991; J.P. Asmusen/A. Boehlig: "Die Gnosis", III, Artemis, Zuerich/Muenchen 1980; Robert Haardt: "Die Gnosis", Salzburg 1967; E. Haenchen/M. Kraus: "Die Gnosis", Artemis, Zuerich/Muenchen 1969; Wilhelm Bousset: "Hauptprobleme der Gnosis", Vandenhoeck + Ruprecht, Goettingen 1907; Kurt Rudolph: "Die Gnosis", Vandenhoeck + Ruprecht, Goettingen 1980; Hans Jonas: "Gnosis und Spaetantiker Geist", Vandenhoeck + Ruprecht, Stuttgart 1934; Johann Maier: "Vom Kultus zur Gnosis", Otto Mueller Verlag, Salzburg 1964; Elaine Pagels: "The Gnostic Gospels", Random House, New York 1979; Wolfang Schultz: "Dokumente der Gnosis", Matthes + Seitz, Muenchen 1986; Hans Leisegang: "Die Gnosis", Kroener, Stuttgart 1985; and many more
R.L. Hubbard também chamava à sua Cientologia "gnosticismo", in: "False Purpose Rundown", 5th June 1984
Peter Sloterdijk: "Weltrevolution der Seele" I, Artemis, Muenchen 1991, 19
Fontes sobre a homeopatia: Georgos Vithoulkas: "Die wissenschaftliche Homoeopathie," Goettingen 1986; Marco Righetti: "Forschung in der Homoeopathie," Burgdorf-Verlag, Burgdorf 1988; J.T. Kent: "Zur Theorie der Homoeopathie, J.T. Kents Vorlesungen ueber Hahnemanns Organon", Leer 1954
Por exemplo in: Robert Haardt: "Die Gnosis", Salzburg 1967, 66
Ernst T. Kurtzahn (membro da O.T.O. de Theodor Reuss' OTO), in: "Die Gnostiker", Baumann-Verlag, Schmiedeberg 1925, 77-82
Arnoldo Krumm-Heller (membro da OTO de Reuss): "Plantas Sagradas", Buenos Aires 1931, 72
Arnoldo Krumm-Heller: "Iglesia Gnostica", Berlin 1931, 71
Samael Aun Weor (membro do grupo de Krumm-Heller): "Buddha's Necklace" sem data nem lugar, 1-95
Evangelho segundo São Tomé: "a menos que um homem se torne uma mulher e uma mulher num homem, não se pode entrar no Reino dos Céus". Portanto, nem todos os Gnósticos são Misíginos, apesar da era em que o Gnosticismo apareceu ser totalmente misógina.
Ernst T. Kurtzahn membro da OTO de Theodor Reuss), in: "Die Gnostiker", Baumann-Verlag, Schmiedeberg 1925, 77-82
Exemplo em: Kurt Rudolph: "Die Gnosis", Leipzig 1980 (2)
Todos os rituals of Reuss pseudo maçónicos e da OTO de Crowley's estão publicados in: P.R. Koenig: "How to make your own McOTO", ARW, Muenchen 1996; Os Rituais de Crowley também estão in: Francis King: "The Secret Rituals of the O.T.O.", London 1973
Crowley: "Está certo um homem suficientemente forte usar mulheres como escravas e objectos de prazer", "A mulher é uma criatura de hábitos, isto é, de impulsos solidificados. Não tem qualquer individualidade.", "A monogamia é um errro porque deixa o excesso de mulheres insatisfeita.", "Uma mulher é apenas tolerável na nossa vida se for treinada para ajudar o homem na sua obra sem qualquer referência a quaisquer outros interesses": "Confessions", editado por John Symonds/Kenneth Grant
Ver: Ellic Howe/Helmut Moeller: "Merlin Peregrinus", Koenigshausen + Neumann, Wuerzburg 1986; detalhes também in P.R.Koenig: "Der Kleine Theodor Reuss Reader", ARW, Muenchen 1993; P.R.Koenig: "Das OTO-Phaenomen", ARW, Muenchen 1994; P.R. Koenig: "Der Grosse Theodor Reuss Reader", ARW, Muenchen 1997
John Symonds: "The King of the Shadow Realm", London 1989
Um sumário destas práticas pode ser encontrado in: Heinz Hunger: "Die Heilige Hochzeit", Wiesbaden 1984
P.B. Randolph: "Magia Sexualis", Paris 1931/69; Elias McGregor (ed. Roberth North, 1988): "Magia Sexualis by P.B. Randolph"; Gordon J. Melton: "P.B. Randolph — America's Pioneer Occultist", Lyon 1992; Joscelyn Godwin:série de artigos in "Theosophical History" volume 2- 3, Fullerton 1988-1991; também David Board in: "Theosophical History" Volume 3, number 3, Fullerton 1990; e uma carta de Joscelyn Godwin, de 13 Outubro de 1994, reproduzida  in: P.R. Koenig: "Ein Leben fuer die Rose", ARW, Muenchen 1995
Fontes: Reuss' magazine "Oriflamme", Bad Schmiedeberg 1902-1914; alguns manuscritos internos; e o investigador austríaco Josef Dvorak
O Maniqueísmo considera o mundo material como "mau"; os "anjos" copulam com os "arcontes"para romper os "laços malignos", in: J.P. Asmussen/A. Boehlig: "Die Gnosis" 3, Artemis, Zuerich/Muenchen 1980
Theodor Reuss na sua tradução da Missa Gnóstica de Crowley: "Die Gnostische Messe, Aus dem Original-Text des Baphomet, uebertragen in die deutsche Sprache von Merlin Peregrinus", Bad Schmiedeberg 1917; Facsimile in: P.R. Koenig: "Der Grosse Theodor Reuss Reader", ARW, Muenchen 1997
Reuss: "Mysterica Mystica Maxima", in: "Jubilaeums-Ausgabe der Oriflamme 1912", Baumann, Berlin und London 1912, 23
Reuss: "Parsifal und das Enthuellte Grals-Geheimnis", Bad Schmiedeberg 1920; o manuscrito anotado datado de 1914aparece transcrito in: P.R. Koenig: "Der Kleine Theodor Reuss Reader", ARW, Muenchen 1993
Le Chevalier Le Clément de St-Marq: "L'Eucharistie", Bilsen 1906; fascimile reproduzido in: P.R. Koenig: "Der Grosse Theodor Reuss Reader", ARW, Muenchen 1997; Reuss achava que este panfleto continha o segredo central da O.T.O.: só o esperma contém o Logos: não é necessária a mulher.
Wiener Freimaurerzeitung 9/10, Wien 1926, page 28; facsimile reproduzido in: P.R. Koenig: "Der Grosse Theodor Reuss Reader", ARW, Muenchen 1997
Reuss: "Aufbauprogramm und Leitsaetze der Gnostischen Neo-Christen O.T.O.", Bad Schmiedeberg 1920; reproduzido in: P.R. Koenig: "Der Kleine Theodor Reuss Reader", ARW, Muenchen 1993
A O.T.O. americana recém fundada, designada de "Califado", alegadamente "não pratica medicina" in: "Thelema Lodge Newsletter", Berkely, September 1993
Crowley: "o uso industrial do Sémen vai revolucionar a sociedade humana", diario de 8 de Agosto de  1923
Aleister Crowley: "Amrita", King Beach 1990; ver também: Gerald Yorke: "'Sex und der O.T.O.", in: "AHA" 6, Bergen an der Dumme, 1991
"O parazer como tal nunca me atraiu. Deve sempre ser temperado com alguma satisfação moral", Aleister Crowley: "Confessions"
Auto adulação: "graças a Aiwaz, nosso Senhor Deus o Diabo", "Canto por Deus, o nosso Senhor Aiwaz ", diary em 22 e 28 de Julho de 1920
Essas instruções secretas foram publicadas por Francis King: "The Secret Rituals of the O.T.O.", London 1973
Publicado in: "Mezla" I.111,1, Ithaca/NY 1985; on-line por William Breeze (presente "Califa" do "Califado" and "Patriarch" ao seu estilo da pertinente "Gnostic Catholic Church") em BaphoNet-by-the-Sea: 718/499-9277, June 1992; Gregory von Seewald: versão em panfleto do princípio dos anos 90, traduzida e anotada in: P.R. Koenig: "Der OTOA- Reader", ARW, Muenchen 1994
"Como se faz o Elixir da Vida", "Quais são os usos do Elixir da Vida", alegadamente propostos por Phyllis Seckler, mas não em uso (comunicado por um membro de baixo grau do "Califado", em Julho de 1997)
Discussão in: P.R. Koenig: "Ein Leben fuer die Rose", ARW, Muenchen 1995
Facsimile desta instrução manuscrita de Crowley in: P.R. Koenig: "How to make your own McOTO", ARW, Muenchen 1996
Thelema usa novas palavras encobertas para conceitos já existentes: O Pleroma Gnóstico em Thelema é designado de de "Nuit" de e para onde o esperma regressa como "Hadit". Apesar disso, William Breeze (o presente "Califa"): Na cosmogonia Thelemica não há nenhum pleroma como existe no gnosticismo. O lugar de Kether na Árvore da Vida está ocupado por Ra-Hoor-Khuit..., e pelo nosso eu silencioso, o nosso Jechidah em termos Qabalísticos, o nosso Santo Anjo da Guarda" "The Magical Link", nova série 1, Outono (Dezembro!), Stockholm 1997, 9. Mais uma vez, Onde está o gnosticismo em Thelema?
Nada de novo: Já tinha sido descrito in: Carl Schmidt: "Koptisch-Gnostische Schriften", Volume 1, Leipzig 1905 (4th edition Berlin 1981) (contendo a primeira tradução do "Pistis Sophia"); também descrito por Epiphanius, in: "Panarion", in: Robert Haardt: "Die Gnosis", Salzburg 1967; E. Hanechen/M. Krause: "Die Gnosis" 1, Artemis, Zuerich/Muenchen 1969. Crowley também tinha a sua versão: "Na minha Missa, a Hóstia é feita de excremento", diário em 5 Julho de 1920
"Magical Link" I;5, New York 1987; "Thelema Lodge Newsletter", Berkeley, January 1991
Crowley: "Estou inclinado a considerar que o XI* grau é melhor que o IX*", diário em 26 Agosto de 1916
Crowley também imaginava os homens como "Pegas Escarlates" enquanto se masturbava (diário, 16 November 1914) ("Mulher Escarlate... é qualquer mulher que reçeba e transmita a minha Palavra Solar e o meu Ser Solar", in Crowley: "Magical and Philosophical Commentaries", editado por John Symonds/Kenneth Grant, Montreal 1974, 307)
Crowley: "Liber Agape" (in: P.R. Koenig: "How to make your own McOTO", ARW, Muenchen 1996), and Crowley: "De arte Magica"
"Estes rituais parecem uma paródia do Cristianismo e do Catolicismo. Claro que a benção de animais pode ser esperada num país em que psiquiatras de animais de estimação ganhem mais dinheiro que engenheiros. Ma e se se um animal tiver algumas convicções religiosas? Será que animais não Thelemicos (como se pudesse haver uma ortodoxia Thelémica) podem ser: gatinhos pagãos, Hamsters heréticos, Cães demoníacos? Será que essa gente tem tanto tempo à sua disposição para impor a sua religião aos animais?
As cerimónias de baptismo e confirmação podem atrair facilmente adoradores. Estas pessoas, dificilmente serão membros produtivos de qualquer ordem Thelémica. Este tipo de gente perde muito tempo a proclamar como tiveram uma revelação espiritual durante este tipo de cerimónias. Se calhar é útil ter este tipo de rituais para manter as massas felizaes, mas não creio que contribuam para o trabalho que há em mãos (Great Work, "Knowledge & Conversation of the Holy Guardian Angel", whatever)." Stephen L***, 2 de Julho de 1998
III-1 O.T.O. Rituais do Homem da Terra Rev. 4.2B, Outono IIIxxx", por Fr. H.K. Kapellmeister, OTO, New York 1990, 1
Um ponto importante na colecção de palavras chave de Crowley parece ser que não há necessidade de salvação, à primeira vista. Deus est Homo. Deus é o Homém, quem creavit Elhoim. Isto parece ser uma expansão gnóstica de Psique: aqueles que adoram, tornam-se aqueles que são adorados
Reuss e outros líderes da OTO, bem como William Breeze, cabeça do "Califado", consideram que apenas os membros do VIII* para cima são "verdadeiros membros da OTO". O VII* grau é a fronteira para a magia sexual/espermo-gnose. Esquema da Ordem in: P.R. Koenig: "Materialien zum OTO", ARW, Muenchen 1994, 22-23
Existem grupos da O.T.O. sem qualquer estrutura maçónica
Por exemplo, William Breeze, cabeça do "Califado" e auto proclamado OHO (alegadamente o líder mundial da "verdadeira" OTO), designa-se a si mesmo de "Sua Magestade Sagrada"
"Significa deslocar o centro de gravidade da Raça Humana", diario de 6 de Agosto de 1923
O Pleroma Gnóstico é designado "Nuit" de e para onde onde o esperma regressa como "Hadit"
Polaridade de Chokmah (a inteligência iluminante) e Binah (a inteligência santificadora)
Correspondência entre o autor e David Scriven, o representante do chefe do "Califado" para os Estados Unidos, em Novembro de 1996
Crowley: "Eu sou a Besta... Eu sou Thelema", (diario em 22   de Outubro de 1920), "Preciso que as coisas estejam podres para trabalhar", (diário em 1 de Junho de 1920)
O "Califado",por exemplo, pode ser encarado como uma empresa burocrática que tenta manter os copyrights de Aleister Crowley; or como um clube vulgar sem qualquer espiritualidade como foi descrito um ex-líder da ordem. Um membro dirigente actual admite que a Verdadeira Gnose não pode ser conferida a uma pessoa por qualquer outra pessoa ou organização (D. Scriven, Novembro de 1996),ver também o prefácio em alemão ao meu "Ecclesia Gnostica Catholica" (Muenchen 1998)
NÃO falo de membros da O.T.O. aqui, mas de qualquer mulher violentada
O exame do alegado "Caliphate"para o IX* grau (ver nota 34) foca as "condições físicas" para a magia sexual, o que levanta o problema das pessoas com deficiência serem membros de organizações que pratiquem magia sexual.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Historiografia Alquímica


A Alquimia surgiu provavelmente no Egito, como sugere a raiz grega do nome (khemia = transmutação, fusão, mistura) e corresponde ao nome copta do Egito (Khem = terra negra), segundo Plutarco. Alguns estudioso indicam que a palavra está relacionado com o vocábulo grego “chyma”, que se relaciona com a fundição de metais. Os árabes, que invadiram o Egito em 640 d.C., incorporaram esse vocábulo na forma Al-Kimiya (transformação através de Alah). Associada ao culto do deus Thoth, que se tornou Hermes na Grécia Antiga e Mercúrio, em Roma, foi atribuída aos anjos pelas lendas cristãs, narrando que os mesmos teriam ensinado os segredos da natureza a alguns homens ao apaixonarem-se pelas mulheres terrenas. Possui três objetivos: transmutar metais inferiores em ouro; fabricar o Elixir da Longa Vida; e a criação de vida humana artificial a partir de materiais inanimados (homúnculos). 

O conceito do homúnculo (do latim, homúnculos, pequeno homem) parece ter sido usado pela primeira vez pelo alquimista Paracelso (pseudônimo de Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, (1493 – 1541) - esse pseudônimo significa “superior a Celso", médico romano) para designar uma criatura que tinha cerca de 12 polegadas de altura e que, segundo ele, poderia ser criada por meio de sêmen humano posto em uma retorta hermeticamente fechada e aquecida em esterco de cavalo durante 40 dias. Então, segundo ele, se formaria o embrião. Outro Alquimista famoso que tentou criar homúnculos foi Johanned Konrad Dippel, que utilizava técnicas bizarras como fecundar ovos de galinha com sêmen humano e tapar o orifício com sangue de menstruação. No entanto, também é possível que o homúnculo seja uma alegoria, uma interpretação demasiado literal das imagens alquímicas referentes à criação.

O trabalho relacionado com a Pedra Filosofal era chamado por eles de “A Grande Obra”, pois narra-se que era um objeto que poderia aproximar o homem de Deus. A Pedra Filosofal (ou Mercúrio dos Filósofos, como também era chamada) era o principal objetivo dos alquimistas ocidentais - e é inexistente na Alquimia Chinesa, pois poderia não só efetuar a transmutação, mas também elaborar o Elixir da Longa Vida, uma panaceia universal que prolongaria a vida indefinidamente. Isto demonstra as preocupações dos alquimistas com a saúde e a medicina, muitos dos quais são de fato considerados precursores da moderna medicina, entre eles Paracelso. Segundo a descrição de centenas de manuscritos antigos e livros modernos, a Pedra Filosofal não é uma substância sólida, mas uma substância composta, que podia ser quase líquida ou gel. A descrição mais comum é um pó pesado e vermelho, às vezes uma pedra vermelha. Mas também podia ser um material ceroso amarelo, algo como o âmbar. uma substância mística que amplifica os poderes de um alquimista. A busca pela Pedra Filosofal é, em certo sentido, semelhante à busca pelo Santo Graal das lendas arturianas. Segundo os alquimistas europeus, o Elixir da Longa Vida poderia ser sintetizado por meio da Pedra Filosofal. Também segundo eles, o elixir poderia prolongar a vida somente até que um acidente os matasse, ou seja, não é um elixir da imortalidade.



Na concepção alquímica, o Universo originou-se de uma substância única, indiferenciada (matéria prima ou quintessência, que é o que ela tem de comum com a moderna cosmologia, que se sustenta na Física Quântica e sua Teoria das Membranas), a qual polarizou-se em princípios ativo e passivo, derivando daí o mundo manifesto. Este azoth (luz astral de correlação imediata com a fonte) alquímico corresponde ao conceito ocultista da luz astral (o mesmo veículo ao qual se referem os médiuns que lidam com cura espiritual ou materializações e que também encontra suporte no desconhecimento de 95% da matéria que compõe o Universo que nos cerca, sendo essa matéria desconhecida chamada de Matéria Escura).

A Alquimia nasceu como uma ciência natural que buscava a compreensão da própria natureza a partir de uma especulação filosófica, como se pode ver já na filosofia pré-socrática no século VI a.C. É dela que surge o conceito de prima matéria, a partir da crença de que o mundo tinha origem em uma única substância que era subdividida nos quatro elementos terra, ar, fogo e água, os quais, segundo diferentes recomposições, faziam surgir todos os objetos físicos existentes no universo.

"A Arte imita a Natureza", diz o lema alquímico.

O trabalho dos alquimistas em seu laboratório era acelerar ou fazer, dentro de condições controladas  (laboratoriais), aquilo que a natureza demoraria anos para fazer. Os alquimistas trabalhavam em seus fornos, com vasos semelhantes a úteros, lidando com o fogo, com o calor adequado a cada operação. Registravam, passo-a-passo, os procedimentos, mas os ingredientes são desconhecidos. Os “verdadeiros” alquimistas não divulgam seu sucesso, a não ser por pseudônimo, por receio de serem torturados para revelar o segredo; até porque durante a Idade Média muitos alquimistas foram julgados pela Inquisição e condenados à fogueira sob alegação de pacto com o diabo. Por isto, até os dias de hoje, o enxofre, material usado pelos alquimistas, é associado ao demônio.

É reconhecido que, apesar de não ter caráter científico, a Alquimia medieval foi uma fase importante na qual se desenvolveram muitos dos procedimentos e conhecimentos que mais tarde foram utilizados pela Química. Diversas novas substâncias foram descobertas. A obsessão pela transmutação levou ao desenvolvimento da mineração e da metalurgia, e essas artes, originalmente sagradas, desencadearam uma revolução científica e tecnológica que não apenas alterou o nosso modo de viver e de pensar como modificou todo o rumo tomado pela evolução.

Entretanto, com o florescimento do conhecimento científico, constatou-se que a transmutação alquímica, conforme defendida pelos alquimistas, é impossível. Sabe-se que a transmutação implica na alteração dos núcleos atômicos e estes se encontram fortemente unidos, e a energia envolvidas nas reações químicas são insuficientes para rompê-los ou alterá-los. Ironia do destino, o desejo dos alquimistas de transmutar os metais tornou-se realidade nos nossos dias com a fissão e a fusão nuclear.



Podemos dividir a história da Alquimia em dois movimentos independentes: a Alquimia Chinesa e a Alquimia Ocidental, esta última desenvolvendo-se ao longo do tempo no Egito (em especial Alexandria), Mesopotâmia, Grécia, Roma, Índia, Mundo Islâmico e Europa. Na cidade de Alexandria, no Egito, a alquimia recebeu influência das filosofias gregas de Aristóteles e do neoplatonismo. Foi graças às campanhas de Alexandre, o Grande, que a Alquimia se disseminou em todo o oriente. E foram os muçulmanos que a levaram novamente para a Europa, em razão da conquista Islâmica da Península Ibérica, ao redor do ano de 950 d.C.. Além de na Alquimia medieval estarem vários traços da cultura muçulmana, está também presente traços da cabala judaica, com a qual a possui forte relação. Todavia, os primeiros registros escritos datam do tempo de Cristo, mas apontam que já eram velhos os sistemas usados. Um dos primeiros é atribuído a Maria, a Judia, que datar entre 1 e 300 d.C. Esta sábia alquimista teria sido a responsável pela criação do processo conhecido como “banho Maria”.

São fáceis de achar textos judeus, egípcios e árabes sobre o assunto. Estudiosos europeus logo traduziram e tentaram a transmutação. Os filósofos do oriente médio, entre os séculos VI e VII afirmavam que alguns deles conheciam o segredo da fabricação da Pedra Filosofal, cujo processo era perigoso pois podia haver envenenamento por gás monóxido de carbono, uma vez que trabalhavam em ambientes fechados; ou ainda envenenamento por metais, como o mercúrio. Tais insucessos eram atribuídos aos espíritos malignos, que tentavam desviar o buscador de seu caminho.

Em muitos países a alquimia era uma arte proibida, pois poderia desestabilizar não só o país, mas o mundo, com uma quantidade muito grande de ouro e outros metais nobres. Ainda assim, existia uma exceção: o alquimista real. O que se sabe é que esteve em evidência nos séculos XVI e XVII, quando atingiu o seu desenvolvimento completo, graças em grande parte ao trabalho de Paracelso e seus alunos. O auge da alquimia ocidental durou cerca de 300 anos. Dessa forma o século XVIII marca o desaparecimento da Alquimia já que o seu “método de explicação: “obscurum per obscurius, ignotum per ignotius” (obscuro pelo mais obscuro e o desconhecido pelo mais desconhecido), era incompatível com o espírito do iluminismo e particularmente com o alvorecer da ciência química, no final do século. Após a Renascença a Alquimia passou a ser chamar Química.

Já a Alquimia chinesa está associada ao Taoismo e parece ter evoluído quase ao mesmo tempo em Alexandria ou na Grécia. Há um mito que diz que a Alquimia chinesa já era usada em 4.500 a.C., tendo dado origem ao Taoismo. Entretanto os textos alquímicos começaram a surgir somente na dinastia Tang, em torno de 600 a.C. O seu principal objetivo era fabricar o Elixir da Longa Vida (também chamado por eles de Elixir do Retorno, Pílula da Imortalidade), que segundo eles estava relacionado com fabricação do ouro, não havendo a Pedra Filosofal e o Homúnculos, que tratam-se de conceitos puramente ocidentais. As escritas dos antigos chineses citam a “Ilha dos Bem Aventurados“, a morada dos imortais. Também havia uma corrente de pensamento que dizia que o elixir era capaz, além de ceder a vida eterna, fazer o alquimista ir ao paraíso e viver com os imortais. Note-se que na China o ouro não possuía o mesmo valor que no Ocidente, não se trata de buscar o ouro alquímico com o objetivo de enriquecer, mas sim de se aperfeiçoar. É deste modo que o ouro fabricado possui muito mais importância por concentrar nele a sabedoria de sua produção, enquanto o ouro natural é considerado apenas matéria bruta, embora a mais perfeita da natureza.

Na filosofia védica da Índia ao redor do ano 1.000 a.C. também havia uma relação entre o ouro e a imortalidade, cuja ideia provavelmente foi adquirida dos gregos, quando Alexandre, o Grande invadiu a Índia no ano de 325 a.C. e teria procurado a fonte da juventude.

Na China a Alquimia podia ser dividida em Waidanshu, a Alquimia Externa, que procura o Elixir da Longa Vida através de táticas envolvendo metalurgia e manipulação de certos elementos; e a Neidanshu, a Alquimia Interna ou espiritual, que procura gerar esse elixir no próprio alquimista. A medicina tradicional chinesa herdou da Waidanshu as bases da farmacologia tradicional e da Neidanshu as partes relativas ao chi (pronuncia-se qi = energia). Muitos dos termos usados hoje na medicina chinesa provém da sua forma de Alquimia. Ainda assim a Alquimia chinesa não está diretamente ligada à metalurgia, talvez por necessitar de minérios ou pelo devagar desenvolvimento dessas técnicas na China. Esta prática possui características próprias e outras semelhantes à do ocidente, sendo que muito daquilo que sabemos sobre a Alquimia Chinesa encontra-se registrado no livro "O Segredo da Flor de Ouro".

Por sua vez, o livro alquímico chinês mais famoso é o Tan chin yao chüeh (“Grandes Segredos da Alquimia”), provavelmente escrito por Sun Ssu-miao, que viveu em torno de 581-673 d.C. A pólvora foi primeiramente descoberta por acidente por alquimistas chineses no século IX que procuravam pelo elixir. A partir do século X a Alquimia na China abdicou da preparação de ouro e centrou-se mais na espiritualidade. Em vez de fazerem experiências alquímicas com metais, a maioria dos alquimistas as faziam diretamente com seu corpo e espírito. Essa volta a uma ciência espiritual teve seu ápice no século XIII com as práticas da escola Zen e o Taoísmo Budista.



Simbolismo

De um modo geral, o processo alquímico é descrito de forma velada usando-se uma complicada simbologia que inclui símbolos astrológicos, animais e figuras enigmáticas. Os termos alquímicos, desde os mais simples até aos mais complicados, não podiam ser catalogados em um dicionário, pois eram usados com sentidos diferentes, até por uma mesma pessoa. A simbologia alquímica consiste em diversas alegorias e símbolos com diversas representações. Símbolos como animais, monstros mitológicos, ícones do cristianismo e cabala demais símbolos são usados para representar os processos químicos e a interação das substâncias para fins alquímicos tanto para representar as substâncias e elementos em si.



Talvez conhecido pelos antigos mesopotâmios (como os sumérios), foi muito considerado por Pitágoras que observou sua relação com o número aúreo. A maioria dos autores opina que o pentagrama foi primeiro conhecido e estudado pelos babilônios, e daí em diante pelos pitagóricos, devido a coincidente associação do pentágono regular com o cosmos e ordem divina. Eudemo de Rodas e Proclo mencionam que os pitagóricos apenas conheciam, das três figuras cósmicas, os poliedros regulares, desconhecendo o octaedro e o icosaedro. A explicação dada é que eles os conceberam da forma dos cristais naturais e que surgiram de uma dedução matemática, o que iria contra a herança babilônica. Desde então, ao mesmo tempo místico-mágico e científico, o pentáculo passou a ser usado na magia com sua ponta voltada para cima significando o ser humano (de fato, durante a Idade Média se esboçavam figuras humanas adequadas ao espaço de um pentáculo, como se verificou com Leonardo Da Vinci), cuja junção dos quatro elementos, em total comunhão, celebrariam o ápice espiritual.

Nonagrama, uma estrela de nove pontas utilizada como símbolo em diversas religiões. Muitas vezes é relacionada ao satanismo, porém, assim como o pentagrama e outros símbolos mágicos, de fato não o é. Símbolo de realização e de estabilidade, também pode ser relacionado ao sistemas de nove pontas, tal como o nove kanji taoista (centros psíquicos) que são semelhante ao chakras do Hinduísmo. Nove é o número de planetas conhecidos no sistema solar, e o número de deidades no Enéade do Egito antigo, que agruparam suas deidades de numerosos modos a partir do número três. 

Grandes Alquimistas

Nicholas Flamel: Nasceu em 1330, na França. A partir de 1380, começa a dedicar-se a experimentos alquímicos. Cerca de dez anos mais tarde ao início dos experimentos, ele teria conseguido transmutar metais em prata e ouro e inicia a realização de um grande número de obras de caridade como a construção de igrejas, hospitais, abrigos, decorando-os com pinturas e esculturas contendo símbolos alquímicos. Tanto ele como sua esposa gozavam de uma saúde invejável e não aparentavam a idade que tinham, segundo alguns devido aos conhecimentos alquímicos de Flamel. Conta a lenda, que após a sua morte, ladrões violaram o seu túmulo em busca de ouro, mas não encontraram nem ouro, nem o corpo de Flamel. É por isso que dizem que, além da pedra filosofal, ele descobriu também o elixir da longa vida, e que está vivo até hoje. 

Nostradamus ou Michel de Notre-Dame: Médico, alquimista e astrólogo. Nasceu em 14 de dezembro de 1503. Suas profecias ficaram tão conhecidas que chegam a ofuscar o restante de sua obra. Foi convidado por um alquimista, Julius César Scalinger, para conhecer suas pesquisas e permaneceu um tempo em sua casa. Acabou se casando com Marie Auberligne, grande estudiosa e auxiliar de Scalinger em seus experimentos. Foi nesta época que Nostradamus passou a aprofundar-se na Alquimia, utilizando a biblioteca escondida de Scalinger, porque nesse tempo era proibida qualquer prática alquímica. 

Paracelso: Nasceu em 17 de dezembro de 1493 na Suíça e tinha como princípio que a Pedra Filosofal da alquimia não devia ser somente para a procura do ouro e da prata, mas também de medicamentos para melhorar as condições de saúde do corpo humano, e assim, providenciar a forma de alcançar a vida eterna. Afirmava que “O homem não está na natureza; ele é da natureza.” 

Roger Bacon: Viveu em torno do ano 1250 e foi um dos mais sábios estudantes da Alquimia, realizando até mesmo transmutações de metais. Bacon trabalhou no Calendário Juliano, aperfeiçoou instrumentos de óptica, fabricou a pólvora e aproximou-se muito dos princípios que permitiram a fabricação de óculos e telescópios alguns anos mais tarde. Foi preso duas vezes, pois os Franciscanos não toleravam seus questionamentos.

Isaac Newton: Nasceu em 04 de janeiro de 1643, em Londres. Era alquimista, matemático e físico e foi um dos maiores gênios de todos os tempos. Desde pequeno já tinha uma enorme inteligência, resolvia problemas e criava engenhos. Sempre foi obstinado por seus livros e aos vinte e sete anos foi eleito Professor Titular de Matemática da Universidade de Cambridge. Nesta mesma época elaborou o cálculo infinitesimal. Publicou a obra Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, onde expunha sua teoria para a explicação do universo, baseada na atração da matéria. Acreditava que a Alquimia deveria permanecer secreta e por esse motivo nunca publicou os resultados de seus experimentos alquímicos. Deve-se a isto o fato de pouco se saber a respeito. Newton buscava na Alquimia encontrar a estrutura do microcosmo. Apesar de seus intensos estudos sobre o assunto, que duraram de 1668-1696, ele não conseguiu explicar as forças que governam os corpos pequenos. Em 1940, baseado nos manuscritos deixados por Newton, foi escrito o livro “Os Fundamentos da Alquimia de Newton". 



Postulados Alquímicos

A unidade do princípio material (matéria prima primordial);
Evolução da matéria (todos os elementos são radioativos, uns mais outros menos, de forma que ao longo de milhões de anos, mesmos os átomos considerados estáveis, sofrem transformações análogas à dos elementos instáveis);
Os elementos químicos representam estados de evolução (sendo o ouro o mais perfeito);
A transformação é o resultado de uma evolução natural ainda desconhecida do homem, a qual é possível reproduzir em laboratório, sendo este trabalho ao mesmo tempo espiritual e material (ora et labora = reza e trabalha; de onde vem a palavra “laboratório” = labor + oratório).

Segundo a filosofia alquímica e os princípios da magia, os sete metais planetários são os que mais acumulam spiritus de natureza análoga à “influência” planetária correspondente. Eles apresentam um ritmo energético oscilante, de acordo com a posição do astro a ele associado (é o “biorritmo” do metal). Como o próprio Hahnemann (fundador da Homeopatia) comprovou, as coisas que são de alguma maneira semelhantes na natureza de suas vibrações características têm afinidade entre si. Isto é conhecido como “Princípio das Correspondências ou Concordâncias”. Os Florais e a Homeopatia baseiam-se em princípios elementares da Alquimia Herbácea (alquimia vegetal, que compõe a “Pequena Circulação”, em contraposição à Alquimia Mineral ou “Grande Circulação”). Em ambos os casos, o princípio ativo é a quintessência dos elementos impregnada num catalisador (que no caso da aplicação vegetal pode ser água ou álcool, e na mineral geralmente um ácido).

Os alquimistas acreditavam que o mundo material é composto por matéria-prima sob várias formas, as primeiras dessas formas eram os quatro elementos (água, fogo, terra e ar), divididos em duas qualidades: úmido (que trabalhava principalmente com o orvalho), Seco, Frio ou Quente. As qualidades dos elementos e suas eminentes proporções determinavam a forma de um objeto, por isso, os alquimistas acreditavam ser possível a transmutação: transformar uma forma ou matéria em outra alterando as proporções dos elementos através dos processos de destilação, combustão, evaporação, etc.

Por outro lado, um grande número de alquimistas afirmava: “as vias usadas no processo são duas e as chamamos de seca e úmida (ou a do sábio e do filósofo)”. Uma é mais rápida do que a outra; no entanto, é muito mais arriscada. A via seca era sempre mais rápida, realizada no athanor (forno) aberto, com fogo direto, vivo e forte e numa espécie de panela que normalmente era chamada de ‘cadinho’. A via úmida era mais eficaz, porém mais lenta. Normalmente feita em um recipiente fechado que levava o nome de ‘retorta’ ou ‘pelicano’ e cozinhada em fogo brando por bastante tempo. O forno também era fechado e muito maior do que na via seca. A maioria dos escritores dividia a via úmida em quatro estágios principais, que por vezes, também ter significado espiritual, e os associava a cores e suas vibrações. Como não podia deixar de ser, os nomes eram em latim.

Nigredo: ou Operação Negra, é o estágio em que a matéria é dissolvida e putrefata (associada ao calor e ao fogo);
Albedo: ou Operação Branca, é o estágio em que substância é purificada;
Citrinitas: ou Operação Amarela, é o estágio em que opera-se a transmutação dos metais;
Rubedo: ou Operação Vermelha, é o estágio final.
Entre a Nigredo e o Albedo, há a fase da Cauda Pavonis (cauda do pavão ou arco-íris). Deve ser por Eisso que se diz que no fim do arco-íris está um pote de ouro. O problema é que nunca encontramos o fim do arco-íris, mas na maioria das vezes o caminhar é o verdadeiro tesouro. Os processos apresentam perigo real de explosão (algumas composições tratam-se de reações violentas, que se aproximam da pólvora), queimaduras (temperatura próximas dos 1000°C e quase sempre acima dos 100°C, ácidos e bases fortes), envenenamento (gases) e toxicidade por metais (Mercúrio, Antimônio, Chumbo). Os perigos psicológicos são também reais, em conseqüência de trabalho excessivo, concentração prolongada, frustração repetida, falta de repouso, por vezes isolamento, estímulos à imaginação, etc.




O processo se dá com quatro operações:

Solução ou Liquefação – A primeira é a solução (liquefação) da matéria em água mercurial pela semente do mar. A geração começa pela conjunção do macho e da fêmea de suas sementes. Segue a putrefação. Pela solução, os corpos, dizem eles, retornam à sua primeira matéria e se reincorporam pela cocção (cozimento). Nesse momento, faz-se o casamento entre o macho e a fêmea, e dele nasce o corvo. A pedra se transforma em quatro elementos, todos misturados; o céu e a terra se unem para dar à luz Saturno. Na química filosófica é uma redução do corpo à sua primeira matéria, uma desunião natural das partes compostas e uma coagulação das partes espirituais; eis porque os filósofos chamam-na uma solução do corpo e um congelamento do espírito.

Ablução ou Calcinação – A segunda é a preparação do mercúrio dos filósofos, que volatiliza e espermatiza os corpos, expulsando a umidade supérflua e coagulando toda a matéria sob forma de terra viscosa e metálica. A ablução ensina a branquear o corvo e fazer nascer Júpiter de Saturno, o que é feito pela transformação do corpo em espírito. A calcinação comum é a pulverização pelo fogo e a redução do corpo em cal, cinza, terra, etc. é a morte do misto. A filosófica é a extração da substância, da água, do sal, do óleo e do resto terroso. A calcinação comum se faz pela ação do fogo comum ou dos raios concentrados do Sol. A filosófica tem a água por agente, por isso se diz ablução.

Redução ou Putrefação – A terceira parte é a corrupção que separa as substâncias, retifica-as e as reduz. As águas tiveram que ser separadas das águas com peso e medida [destilação]. A função da redução é devolver ao corpo seu espírito, que a volatilização havia retirado, e alimentá-lo a seguir com um leite espiritual, em forma de orvalho, até que Júpiter criança tenha adquirido uma força perfeita. É, de algum modo, a chave de todas as operações, ainda que não seja a primeira. É a ferramenta que rompe as ligaduras das partes. A destilação e a sublimação comuns são a imitação das da natureza.

Fixação ou Fermentação – A quarta é a geração e a criação do enxofre filosófico, que une e fixa as substâncias; é a criação da pedra; o mistério acabou. Sem ouro não se pode fazer ouro. O ouro é, portanto, a alma e o que determina a força intrínseca da pedra. O medicamento amarelo não é mais do que uma composição de terra e água, isto é, de enxofre e mercúrio fermentados com o ouro, porém um ouro reincorporado.

As cores que a matéria assume no decorrer das operações da obra são signos demonstrativos, que permitem saber que se agiu de maneira a ter êxito. Elas sucedem imediatamente e por ordem. A perturbação desta ordem é uma prova de que se operou mal. Há três cores principais: a primeira é negra, chamada cabeça de corvo, serpentes, dragões e muitos outros nomes. A segunda cor é o branco. Essa matéria, dita fumaça branca, é considerada como a raiz da arte, o verdadeiro mercúrio dos filósofos. A formação dessa brancura desejada anuncia-se por um círculo capilar de cor alaranjada, que aparece ao redor da matéria, nos lados do recipiente.

A matéria ao deixar  a cor negra, não se torna branca de repente; a cor cinzenta, que participa das duas é a intermediária. Os sábios lhe deram o nome de Júpiter porque ela sucede ao negro, que eles chamam de Saturno. A matéria que se fixou na parte inferior do vaso é Júpiter. Essa matéria branca é, desde então, um remédio universal para todas as doenças do corpo humano. A terceira cor primordial é o vermelho, que se obtêm continuando o cozimento da matéria. Deve-se saber que, para despistar os garimpeiros, a maioria dos sábios começam seus tratados da Obra com a pedra vermelha. Nessa operação, o corpo fixo se volatiliza; sobe e desce no vaso até que o fixo, tendo vencido o volátil, o precipite ao fundo com ele, não fazendo mais do que um corpo de natureza absolutamente fixa. As três cores – preta, branca e vermelha – devem necessariamente sucederem-se na ordem que acabamos de indicar. Não são as únicas que se manifestam. Indicam as mudanças essenciais que ocorrem na matéria, enquanto as outras cores, quase indeterminadas e semelhantes ao arco-íris, são passageiras e de curta duração; afetam antes o ar do que a terra, repelem umas às outras e dissipam-se para dar lugar às três cores principais, das quais estamos falando.

Principais Obras Alquímicas

O Arcano Hermético (de Jean d’Espagnet)
Anfiteatro da Sabedoria Eterna (de Heinrich Khunrath)
Atalanta Fugiens (de Michael Maier)
Aurora Consurgens (de São Tomás de Aquino)
A Aurora dos Filósofos (de Paracelso)
Coelum Philosophorum (de Paracelso)
A Carruagem Triunfal do Antimônio (de Basílio Valentim)
Doze Chaves de Basilio Valentim (de Basílio Valentim)
As Seis Chaves (de Eudoxus)
A fabricação de Ouro (de Francis Bacon)
O Parentesco dos Três (de Wei Boyang)
Tabula Esmeragdina (de Hermes Trismegistus)
O Tratado Dourado (de Hermes Trismegistus)
Corpus Hermeticum (de Hermes Trismegistus)
Teorias e símbolos dos Alquimistas (de Albert Poisson)
Mutus Liber (editado por Eugene Canseliet)
As Moradas dos Filósofos (de Fulcanelli)
Teorias e símbolos dos Alquimistas (de Albert Poisson)
O Livro das Figuras Hieroglíficas (de Nicolas Flamel)

O Baphomet

Uma das mais controversas figuras da Alquimia/Cabala. Criada com o proposital intuito de afastar os leigos, os despreparados, os imaturos e as pessoas de “mente fraca”, que tomariam tal figura como sendo a de adoração do demônio. Repleta de simbolismo, a figura retrata o processo de autotransformação, mascarando com figuras do imaginário religioso. A palavra “Baphomet” em hebraico é como segue: Beth-Pe-Vav-Mem-Taf. Aplicando-se a cifra Atbash (método de codificação usado pelos cabalistas judeus), obtém-se Shin-Vav-Pe-Yod-Aleph, que soletra-se Sophia, palavra grega para “sabedoria”.

A Alquimia como Técnica de Autotransformação Psicológica

A Alquimia é, antes de tudo, um sistema de autotransformação. O caminho é ao mesmo tempo espiritual e material. Muito do trabalho alquímico relacionado com os metais era apenas uma metáfora para um trabalho espiritual. Torna-se mais clara a razão para ocultar toda e qualquer conotação espiritual deste trabalho, na forma de manipulação de “metais”, se nos lembrarmos que na Idade Média qualquer um poderia ser acusado de heresia e satanismo, acabando por ser perseguido pela Inquisição.

Para o alquimista, o universo todo tendia a um estado de perfeição. Como, tradicionalmente, o ouro era considerado o metal mais nobre, ele representava esta perfeição. Assim, a transmutação dos metais inferiores em ouro representa o desejo do alquimista de auxiliar a natureza em sua obra, levando-a a um estado de maior perfeição. Portanto, a alquimia é uma arte filosófica, que busca ver o universo de uma outra forma, encontrando nele seu aspecto espiritual e superior. Assim, a transformação dos metais em ouro pode ser interpretada como uma transformação de si próprio, de um estado inferior para um estado espiritual superior. Outros consideram que as operações alquímicas e a transmutação do operador ocorrem em paralelo; existem, ainda, outras opiniões.

A Psicologia moderna também incorporou muito da simbologia da alquimia. Carl Jung reexaminou a simbologia alquímica procurando mostrar o significado oculto destes símbolos e sua importância como um caminho espiritual. Os símbolos alquímicos sendo semelhantes aos símbolos de nossos sonhos, fantasias, dos mitos, das artes. Expressando portanto as profundidades da alma humana, onde somos todos semelhantes.

A cor dourada e o ouro geralmente estão associados ao Self e à totalidade. Na interpretação de Jung, a obra alquímica é análoga ao processo de individuação, e a pedra filosofal é um símbolo do Self. Pondo em jogo sua intuição e sua teoria dos arquétipos, Jung encontrou uma correspondência entre as clássicas operações da Alquimia e as etapas já assinaladas que é necessário percorrer no caminho da Individuação. Tais operações alquímicas adquiriram, assim, uma significação simbólica. Todo o processo aparece como resultado de uma projeção arquetípica. Entretanto, a metáfora alquímica é um tema muito vasto e complexo que amplia o horizonte de estudo sobre a natureza humana.



domingo, 3 de dezembro de 2017

Alta Magia Cerimonial


Alta Magia é um tipo de Magia Cerimonial cujo objetivo é relacionar psiquicamente o Adepto com os Planos Superiores e com as Inteligências que neles habitam. Para o mago no Universo existem vários planos ou esferas de vida e consciência. Existem Hierarquias Espirituais Superiores (Seres Angélicos, Guru-Devas, Nirmanakayas etc), assim como também Hierarquias Espirituais Inferiores. O mago se esforça em construir uma conexão psíquica (antakarana) com os Seres de Alta Hierarquia Espiritual, canalizando suas energias e forças, para depois exercer domínio e dirigir as Hierarquias Inferiores em proveito de seus objetivos.  

Segundo os tradicionalistas a Alta Magia tem como objetivo principal, o despertar no homem de sua de Luz interior e posterior reintegração com a Divindade. Da mesma forma os antigos egípcios entendiam que o deus falcão Hórus (representado pelo disco solar alado) simboliza a consciência superior e sua capacidade de reintegração com Ra, a fonte da luz.

Os cerimoniais de Alta Magia

O objetivo final do magista (termo usado para ambos os sexos) é aprender os ensinamentos que lhe são ministrados por sua Ordem ou por sua Escola de Iniciação e cujo objetivo final é a expansão permanente da consciência. Atualmente o termo mago é usado para aqueles que passaram pelas operações mágico-ritualísticas, de forma prática, então denominados magistas.  O mago já não precisa de ponto de referência, ele usa sua vontade para agir e dirigir no mundo da Lua Astral. O magista, ainda em processo iniciático de desenvolvimento, requer a ajuda e o treinamento de rituais mágicos com pontos de referências.

O magista visa sempre evoluir como ser humano a abraçar sua Luz interior, processo místico que apresenta uma variedade de nomes, entre os quais temos: atingir a Consciência Cósmica, obter o Conhecimento e Conversação com o Santo Anjo Guardião, despertar seu Ser Imortal, realização do Eu e muitos outros.

Os meios que o magista utiliza para isso são as Cerimônias, e os elementos destas consistem no Emprego de Talismãs, Espada, Triângulo, Pantáculo, Nomes de Poder, Invocações etc.

A realização maior de um magista acontece quando ele é capaz de trazer/encarnar esse Poder Divino em seu corpo e mente e, em seguida, manifestá-lo na Terra, no mundo dos homens. De fato a potência mágica só flui quando o magista, nem que seja por um breve momento, fica unido à Divindade (ou um aspecto da mesma) e enverga a capa da Onipotência.

Um poder assim conquistado deve ser usado para agir de forma abnegada e oculta sobre seus semelhantes, em nome dos interesses superiores da Coletividade Humana.

Sem dúvida o milagre que o mago realiza não é uma violação das leis da natureza, mas sim a familiaridade com suas leis ocultas, a sua realização.

A Luz Astral ou Alma do Mundo

Em sua atuação o magista busca sempre mobilizar a Luz Astral ou Anima Mundi (Alma do Mundo ou Alma do Universo).  Na Alta Magia a Anima Mundi é vista como veículo de influências estelares e base das operações mágicas. Ela é o veículo de manifestação da Ideação Divina, pois fornece o substrato capaz de plasmar na matéria desordenada, caótica, os arquétipos criados pela Mente Cósmica, dando ordenação a um grau mínimo de luz inteligível. A antiga ideia de Alma do Universo foi substituída na Física Moderna pelo conceito de Campo Unificado Primordial. Saber atuar sobre esse mediador plástico é de enorme importância para o magista, porque é pela manipulação da Luz Astral que ele consegue provocar as mudanças da consciência (em si próprio ou nos outros) que o tornam capaz de precipitar efeitos no mundo físico.

Na Alta Magia a Anima Mundi é personificada como uma Deusa Mãe do Universo, seja ela Isis, Diana, Astarte ou mesmo Shekinah - a presença feminina e imanente de Deus no reino da manifestação.

Esse Mundo Secundário ou Astral é também chamado de Mundo Imaginal onde a Grande Deusa, apresenta-se multiforme criando figuras, imagens, sonhos que são reais em seu próprio nível. É nesse Mundo Imaginal ou lugar da inteligência imaginativa, que os deuses, anjos e demônios recebem forma e adquirem um corpo ou seja: assumem formas e materializações através da Luz Astral ou Alma do Mundo.

O fato do magista utilizar instrumentos físicos para mobilizar as forças da Luz Astral e provocar mudanças (internas e externas), torna-se compreensível pelo fato de que os materiais ritualísticos só atuam, só tem validade, se corresponderem ao estado íntimo adquirido. Assim, cada instrumento exterior (seja a vela, o bastão, a espada, o Tetragramaton, o Pentagrama e outros) é uma expressão exterior da força interior do mago, são meios de catalisação das entidades e forças espirituais convocadas durante o cerimonial.

Alquimia Interior

O praticante de Alta Magia procura a dissolução progressiva dos elementos inferiores de sua personalidade. Este processo é denominado “espiritualização da matéria”, que “constitui um outro aspecto da “ressurreição dos mortos”, ou seja, das forças inativas dentro do homem. Assim, procede sua libertação do jugo da matéria, jugo que limita as possibilidades espirituais do homem e lhe dificulta o conhecimento de si mesmo e do mundo que o rodeia. Em seguida, ou simultaneamente a isso, deve ocorrer a “materialização do espírito”, onde o magista se esforça para a encarnação do Eu superior e a realização da Vontade Divina na Terra.

Cumprindo satisfatoriamente estas duas etapas ele formula o velho axioma hermético Solve et coagula, que pode ser reconstituído como “Dissolver e coagular”, cumprindo assim a Grande Obra (Magnum Opus), que nada mais é do que a desintegração e reintegração da própria personalidade do estudante. Dessa forma, ele usa os cerimoniais e técnicas da Alta Magia para efetuar a dissolução e a reformulação.

De fato, os cerimoniais de Alta Magia pertencem mais a segunda parte do desenvolvimento ocultista, pois não é possível praticá-los sem conhecer a fundo as técnicas da visualização; ademais, é imprescindível ter capacidade para uma concentração demorada, uma mediunidade ou psiquismo controlado e, ainda, uma profunda compreensão intuitiva, que só pode ser conseguida mediante técnicas de meditação. Ser um mago ocultista não é comprar qualquer livro de Alta Magia e sair colocando em prática. Alta Magia requer um tempo de estudos e conhecimento acerca das forças sobrenaturais, não se deve abrir portas nos mundos invisíveis e não saber como fechá-las, muitas vezes uma imaginação descontrolada acarreta danos psíquicos e até mesmo físicos ao magista iniciante. 

Teurgia ou Magia Divina

Em geral magistas cerimoniais trabalham com energia interna (Ki ou Chi) combinada com a energia de diversas entidades não-humanas (deuses, anjos, gênios etc) para realizar suas operações mágicas. O magista domina e ordena as entidades de diversas hierarquias e para tal tem que ter controle tanto interno como externo. Algumas vezes uma forma de energia espiritual mais geral (planetária, astrológica ou elemental) pode ser usada para criar servidores artificiais, consagrar talismãs e amuletos, lançar encantamentos etc. Outras vezes ele precisa pedir ajuda a um arcanjo ou mesmo evocar um daemon para fazer sua magia.

O aspecto mais elevado da Alta Magia é a Teurgia.

A Teurgia trabalha com parte mais alta da Árvore Sefirotal, onde o iniciado já opera livre dos rituais e se encontra conectado com os Elohim ou Deuses. Nesse nível acredita-se que o mago já ocupa o seu lugar de direito na criação, que é o de Senhor de Toda a Criação.

Os verdadeiros rituais teúrgicos envolvem também a comunicação com as hierarquias daemônicas e elementais que servem/atuam na corrente vibratória dos deuses ou, como modernamente denominamos, “essências divinas universais”, as divindades de Deus.

H. P. Blavatsky explica que a Teurgia “não é exatamente a presença de um Deus, mas uma verdadeira – conquanto temporária – encarnação, uma fusão, por assim dizer, da deidade pessoal, o Eu Superior, com o homem seu representante na Terra... Quando a encarnação é temporária durante aqueles mistérios transes ou êxtases, o qual Plotino definiu como a libertação da mente de sua consciência finita tornando-se una e identificada com o Infinito, tal sublime condição é deveras fugaz... Em casos excepcionais, contudo, o mistério torna-se completo. O indivíduo torna-se divino na plena acepção do termo, pois que seu Deus Oculto transformou-se em seu tabernáculo permanente por toda a vida – o Templo de Deus, como afirma Paulo”.

Origens da Alta Magia

Ao contrário do que muitos pensam a Magia Cerimonial Ocidental (ou Alta Magia), é muito mais antiga do que o cristianismo.

A origem da palavra Magia vem do grego Mageia, que se originou de um adjetivo (magoi ou magus) de origem Persa (atual Irã). Os magoi persas viveram muitos séculos antes de Cristo e eram considerados exímios taumaturgos “fazedores de milagres”. De fato a Alta Magia, no mundo antigo, tem suas raízes em quatro culturas primárias, o egípcio, hebraico, grego e persa.

Tal como é conhecida hoje a Alta Magia começou a assumir sua forma no Egito e na Pérsia, espalhando-se aos Gregos, praticada pelos bizantinos do Império Romano do Oriente a Alta Magia sobreviveu a Era das Trevas na Europa, seus métodos e técnicas foram afinal levados para a América e outras colónias europeias pelos imigrantes cristãos.



Sangue Menstrual e seus Mistérios

Para todas as mulheres em idade fértil a fase menstrual é um período de grande intuição, criatividade e inspiração, o ápice do poder feminino. A palavra “menstruação” tem origem na raiz grega “men” que significa mês, e “menus”, que significa ao mesmo tempo lua e poder. Nessa fase  as mulheres ficam mais conectadas as energias astrais e aquilo que Jung chamava de inconsciente coletivo.

Embora se encontrem diversos tabus que tratem o sangue menstrual como algo impuro, nem sempre foi assim. Muitas culturas antigas acreditavam que a Lua  menstruava e que era um símbolo apropriado para a Grande Deusa Mãe.


A  evolução do ciclo lunar de vinte e nove dias e meio aproximadamente, tal como o ciclo menstrual das mulheres, podia ser associado as Três Faces da Deusa como Jovem, Mãe e Anciã. Na fase da Lua Crescente a Deusa é jovem e cheia de vigor, já na Lua Cheia a Deusa é Mãe, e na Lua Minguante torna-se a Anciã. A Lua Negra (Lua Nova) corresponde à transformação da Deusa, a sua transição, a passagem pelo mundo dos mortos, para que depois reencarne e renasça como Jovem novamente.

Em tempos remotos o sangue menstrual era utilizado para fertilizar o solo para que seus nutrientes fossem absorvidos pelas plantas. Era desta forma, que as Antigas Sacerdotisas realizavam sua comunhão com Deusa, retribuindo seu sacrifício, que foi dar origem a vida infundindo seu sangue sobre terra. 

Também o sacramento com a ingestão do sangue era antes relacionado ao sangue menstrual da Deusa, por vezes chamado de Leite da Deusa Mãe, que conferia o poder da imortalidade.  No Egito antigo o leite de Ísis era muito utilizado nas procissões. Sua cor era rosada, que remete ao sangue menstrual, carregado dentro de um vaso com forma de vulva, às vezes derramado na terra para torna-la fértil e era famoso por seus poderes curativos.

Eles também tinham a deusa Sekhmet, a Leoa Escarlate, a deusa da guerra e ligada ao ciclo menstrual das mulheres. Sekhmet é a guerreira sem medo, capaz de destruir e espalhar os flagelos, deusa selvagem e terrificante mas que, paradoxalmente, sua energia sanguínea pode curar os doentes assim como destruir os inimigos do Estado. A estátua de Sekhmet protegia as entradas dos templos egípcios e seu culto contribui para a manutenção da ordem cósmica.

Assim para as sacerdotisas que realizam trabalhos magísticos o sangue menstrual (sabiamente utilizado) pode ser fonte de enorme poder de cura assim como de precipitação (materialização) de suas magias. 

Sagrado feminino


A mulher deve reaprender a celebrar a abundância da vida que existe em seu útero e reverenciar a Deusa através do sangue menstrual que flui através do colo uterino. Quando aceitamos a menstruação como algo sagrado, nos tornamos mais conscientes de suas influências e podemos usufruir de forma plena de seus benefícios. Desta forma, restabelecemos a nossa conexão com os Mistérios Femininos.

Segundo  J.J Bachofen, com base em suas pesquisas arqueológicas ele pode afirmar que “A maternidade foi à fonte de todas as sociedades humanas”.

No período Neolítico, décimo milênio A.c, a sociedade humana descobriu a agricultura, saindo da condição de nômades e aderindo a um estilo de vida sedentário. Agora possuindo moradias fixas; desenvolveram métodos de cultivo agrícola e descobriram como armazenar alimentos.

Neste período existe o primeiro indicio de religião, que assumiu a forma de um culto de natureza matrifocal. Foram encontradas em escavações várias estatuas femininas que representavam varias formas da Deusa, a figura maternal era totalmente associada à natureza, pelo seu poder de criar a vida e por sua fertilidade. Inclusive, foram descobertas dentro cavernas conchas com descrições “o portal por aonde a criança vem ao mundo”, feitas em Ocre Vermelho que simbolizava o sangue menstrual.

Na Tradição Sumério-babilônica o sangue menstrual é considerado sagrado, um símbolo que representa a vida, veículo pelo qual a Deusa Mãe Tiamat concebeu a vida, derramando seu sangue sobre a terra.

A passagem da cultura Matrifocal para a Patriarcal pode ser representada pelo mito da morte da Deusa Tiamat por seu inimigo o Deus Marduk. Que divide seu corpo em duas partes e com eles forma o céu e a terra.

Ritual Egípcio Rosacruz



O Ritual Egípcio Rosacruz é um dos rituais internos da Ordem do Lotus Negro. Este ritual tem sua origem nos métodos cerimoniais da extinta Ordem Hermética da Aurora Dourada que incorporou a alquimia em seus ensinamentos ocultistas. A ordem foi fundada em 1887, mas ainda era intensamente ativa nas primeiras duas décadas do século XX e sua influência pode ser percebida em muitas ordens esotéricas atuais. Ela exigia, para aqueles que desejassem prosseguir em seus graus, que estivessem familiarizados com o simbolismo alquímico e, talvez, que tivessem alguma experiência prática da Alquimia Mística cuja fórmula e operação são de natureza espiritual e psicológica. De fato muitos negaram a validade da Alquimia Física ou Artesanal, dizendo que ela é, puramente, o símbolo de uma operação interior que é de natureza espiritual e psicológica. A Alquimia Artesanal é a arte de transformar metais de base em ouro. Entretanto para o para o Alquimista Místico o ouro é o material simbólico de uma realidade espiritual simbolizada pelo Sol de Luz. O ouro é o metal perfeito entre todos os metais – a forma mais exaltada do reino mineral. É, de fato, o alfa e o ômega do reino mineral.

A grande Obra Alquímica é a verdadeira transmutação dos metais onde o alquimista procura remover de todos os metais básicos suas desordenadas imperfeições ou características básicas para trazê-los ao seu estado de essência natural e transmuta-los no perfeito Ouro do Sol. Para os antigos egípcios o Sol era o centro do cosmos e fonte de luz e calor, era também a manifestação natural da própria Fonte Divina do Ser. Ou seja Sol era reconhecido não só pelo seu poder físico, como também como símbolo do Verdadeiro Sol que é a Luz do Mundo, o Sol do Ser que, no Ritual Egípcio Rosacruz, é representado por Osíris.

A ideia da transformação de metais em ouro, acredita-se estar diretamente ligada a uma metáfora de mudança de consciência. O metal seria a mente "ignorante" que é transformada em "Ouro", ou seja, sabedoria. 

(Alta) Magia Cerimonial

O Ritual Egípcio Rosacruz é um trabalho alquímico ritualista ou seja: baseado nos métodos do cerimonial mágico. Nele apreciamos a Magia Cerimonial em seu mais amplo sentido.

“Incluídos nessa expressão (Magia Cerimonial)  estão pelo menos três tipos distintos de trabalho cerimonial, todos, porém, sujeitos a um único conjunto geral de regras ou governados por uma única fórmula principal. A palavra "cerimonial" inclui rituais para iniciação, para invocação dos chamados deuses e para a evocação de espíritos elementares e planetários. Há também a enorme esfera de talismãs, e sua consagração e carga. Cerimonial é provavelmente o mais ideal de todos os métodos para desenvolvimento espiritual, pois envolve a análise e subseqüente estimulação de toda faculdade e poder individuais. Seus resultados são gênio e iluminação espiritual.”
Israel Regardie

O ritual divide-se em três etapas. Na primeira delas ocorre a purificação do mago através dos Quatro Elementos. Em cada estação ou quadrante uma divindade tutelar apropriada é invocada por meio da formulação da forma astral e dos símbolos alquímicos adequados. Em seguida as quatro forças elementais são então evocadas e recebem ordens para fluir através do mago, visando purificar sua personalidade quádrupla, cada uma delas associada a um elemento. A Astrologia (estudo da influência dos Astros na Terra) explica que tal como a Terra, o Ser Humano também é constituído por quatro Elementos: Terra, Água, Ar e Fogo. A Terra e a Água são elementos Yin (femininos), o Ar e o Fogo são elementos Yang (masculinos). Sabemos que os Quatro Elementos estão também no corpo humano e que pela purificação de um objeto dos quatro Elementos nós nos defrontamos com um quinto elemento que chamamos de Akasha, a Quintessência e a Matéria-prima de nossa obra. No homem, este quinto elemento é chamado de Espírito.

Como em todo ritual teúrgico, logo no início da cerimônia todas as forças e todos os seres são cuidadosamente banidos a fim de deixar um espaço limpo e sagrado para a celebração da cerimônia. Mas para esta esfera consagrada são chamadas todas as ordens de elementos, compreendidas na divisão quíntupla das coisas. E é esta poderosa legião, purificando a esfera do mago por consumir os elementos indesejáveis dentro dele, que é consagrada e abençoada pela Eucaristia e pela descida da Luz refulgente.

           No final da purificação ritual o mago assume a injunção de Eliphas Levi:

"Sê alerta e ativo como os Silfos, mas evita frivolidade e capricho. Sê enérgico e forte como as Salamandras, mas evita irritabilidade e ferocidade. Sê flexível e atento às imagens como as Ondinas, mas evita ociosidade e inconstância. Sê laborioso e paciente como os Gnomos, mas evita grosseria e avareza. Deste modo desenvolverás gradualmente os poderes da tua Alma e te capacitarás a comandar os Espíritos e os elementos.”

                                              O Sol do Espírito - Osíris (Ausar)

O ritual passa então para a segunda etapa onde o magista assume a forma astral do deus egípcio Osíris, utilizando o conhecido método de “assunção da forma deus”. Osíris, em simbolismo mágico, é a própria consciência humana, depois de finalmente purificada, exaltada e integrada – o ego humano como se acha em posição equilibrada entre o céu e a terra, reconciliando e unindo ambos. Os antigos egípcios acreditavam que pela repetida mistura com a essência de um deus, a alma do mago é exaltada e sua personalidade elevada e purificada.

Osíris, o deus Sol, ligado à vegetação e a vida no Além, é sem dúvida o deus mais conhecido da mitologia egípcia. Osíris significa muitos-olhos, um significado apropriado para representar os raios do Sol, que veem tudo, tanto a terra quanto o mar. Ele é a deidade apropriada para estabelecer o contado com o mundo divino dentro de nós, simbolizado pela letra hebraica Yod que, neste ritual, corresponde a Osíris, a centelha divina que existe dentro de nós.

Este ritual é um verdadeiro psicodrama onde o operador (o magista) busca identificar-se com o deus Osíris (Ausar em egípcio) que desce ao mundo subterrâneo ou Amenti (Região dos Mortos) e vence a prova dos quatro elementos. O neófito, no Egito, em uma de suas provas, quando ia ao país de Amenti, tinha que vencer inúmeros obstáculos, inclusive os dos “4 elementos”, se saísse vitorioso passava a um grau superior. Iniciar a jornada rumo ao nosso sagrado ser requer o domínio completo dos quatro elementos que compõem a nossa natureza e todo o neófito ou chela que anelasse muito compreender, aprender e estudar sobre os mistérios que transcendem a matéria e o mundo das imperfeições humanas deveriam inevitavelmente passar pelas quatro provas básicas iniciais; se saísse vitorioso poderia então prosseguir seus estudos e cada vez mais se aprofundar nos mistérios insondáveis de Deus; se fosse derrotado não poderia seguir  por este caminho, pois a alma ainda era imatura para ancorar em si as terríveis e divinas provas que se seguiriam mais adiante.

É importante ter em vista que Osíris é o marido de Ísis e pai de Hórus, ele é quem julga os mortos na "Sala das Duas Verdades", onde se procedia à pesagem do coração ou psicostasia. Ao identificar-se com Osíris o magista volta-se para dentro de Si mesmo como se olhasse sua alma refletida no espelho. Ele entra em contato com seu Ser profundo e renova suas forças espirituais. Em um estágio posterior (fusão com a divindade) ele ganha autoridade sobre as forças dos Elementos.

A matéria prima do mago egípcio é a palavra falada (mantra) que, acrescentando-se ao gesto (mudra), produz o ato mágico. Pelas fórmulas tornadas vivas, o mago encanta o céu, a terra, as potências noturnas, as montanhas, as águas, compreende a linguagem dos pássaros e dos répteis. O alvo é considerável: a recitação correta das fórmulas mágicas torna-o capaz de aceder ao cortejo de Osíris e de fazer parte da confraria dos reis do Alto e do Baixo Egito, a sociedade iniciática mas fechada que é possível conceber.

Em um ritual de iniciação da Aurora Dourada, um oficiente, ao mesmo tempo que assume a máscara astral do deus, define a natureza dele afirmando:

"Eu sou Osíris, a alma de aspecto gêmeo, unida ao mais alto por purificação, aperfeiçoada por sofrimento, glorificada através de provação. Vim de onde estão os grandes Deuses, através do Poder do sagrado Nome."

As próprias divindades vêem-se obrigadas a obedecer às palavras de poder do mago:

" O vós, todos os deuses e todas as deusas, voltai para mim o vosso rosto! Sou o vosso mestre, filho de vosso mestre! Vinde a mim e acompanhai-me... sou o vosso pai! Sou um companheiro de Osíris, percorri o céu em todos os sentidos, explorei a terra, atravessei o mundo intermediário seguindo os passos dos Iluminados veneráveis, porque detenho inúmeras fórmulas mágicas."

O mago proclama-se eficaz pela sua boca, glorioso pela sua forma. Tendo cavado o horizonte e percorrido o Cosmo em todas as direções, recolheu o ensinamento dos bem-aventurados.

A Fórmula Y H V H

O Ritual Egípcio Rosacruz é o primeiro de uma série de ritos de imersão na egrégora egípcia através da Fórmula Yod He Vav He que são as quarto letras hebraicas "YHVH" que constituem o Tetragramaton ou o Inefável Nome de Deus a que chamamos Jeová. O Tetragrammaton contém uma fórmula complexa relacionada à união cósmica e à manifestação dos elementos. Só depois de a criação se manifestar completamente que o termo IHVH é empregado para designar "Deus" na Bíblia.

Assim temos que o Tetragramaton YHVH sintetiza os quatro elementos metafísicos: Yod=Fogo, He=Água, Vau=Ar e o He final =Terra nessa ordem.

Os mistérios egípcios davam àquele que chegava a dominar os elementos e, portanto, o corpo de Terra, Água, Ar e Fogo, a possibilidade de se tornar um Veículo de Luz, e como dizem os textos egípcios, "de Vagar na barca de Rá rodeado pelos Seres Luminosos". Na terminologia alquímica a Cruz, com hastes de mesmo comprimento, representa os quatro elementos acrescida de um quinto (o Espírito ou Akasha) em seu centro.

Na versão egípcia do Tetragramaton temos:

Yod – Osíris (Fogo): Está ligado ao Espírito Masculino; princípio criador ativo; o Fogo Espiritual. Corresponde ao Lingan de Shiva , ao bastão ou cetro do Tarô, e a Coluna Jakhin do Templo de Salomão. Em alquimia é o enxofre. Na Kabalah é Chokmah.

HE – Isís (Água): A substância passiva; princípio produtor feminino; a Alma Universal; corresponde a Yoni de Shakti, a Taça do Tarô e pela coluna Boaz do Templo de Salomão. Em alquimia é o Mercúrio. Na Kabalah é Binah.

Vau - Hórus (Ar): A união fecunda dos dois princípios; a copulação divina; o eterno devir; representado pelo caduceu e pela Espada do Tarô. Na Kabalah é Tipharet. Hórus o deus com cabeça de falcão, sempre relacionado com a mente, às vezes é chamado de Senhor da Era de Aquário. É um Ser alado e completo, contendo dentro de si o seu pai Osiris (Sol) e sua Mãe Ísis (Lua). Hórus simboliza o Voo do Pensamento Divino, e também o SAG, “Sagrado Anjo Guardião” ou “Eu superior”.

HE – Seth (Terra): O polo fixo, material, o mundo sensível e a criação concreta, os Ouros do Tarô. Seth equivale ao Satã medieval ligado ao enxofre e ao chumbo. No mito egípcio Osíris, um deus associado a vegetação e a umidade (aspectos essenciais a vida), é assassinato por seu irmão Seth (Thífon em grego) que era associado ao calor e a aridez do deserto. Assim Set representa o papel universal da oposição. Em alquimia é o Sal. Na Kabalah é Malkuth.

Yod He Vau He resumido na fórmula YHVH: as potências masculina e feminina unidas num único nome - Yehovah - e que é impronunciável porque não pode ser falada. Esta é a palavra silente, e seus efeitos são manifestados através de vibração. As quatro sílabas da palavra representam o ternário, resumido na unidade.

Os 9 Corpos Da Tradição Egípcia


Para os egípcios, Aufu significa o corpo físico, que também é um recipiente para a experiência de vida completa. Todos os nove corpos espirituais identificados como parte do organismo vivo crescem continuamente no Aufu. As muitas formas de luz e iluminação que compõem o corpo de Rá foram chamadas de Aufu Rá. Todas as coisas que tinham nomes eram seus aspectos divinos; Eles eram "membros do deus", "sua carne", "seu aufu". Aufu Rá é o senhor de Duat, ele e Osíris, neste aspecto eram semelhantes. No livro "O que está em Duat", identifica com a unificação do espírito envolto na matéria.

O Khaibit, muitas vezes chamado de sombra, não era conhecido no sentido Junguiano. Ele operava mais como um instinto ou como um princípio animador que mantem nossa ligação com o plano físico.

Poder do nome e de sua linguagem. Som e vibrações da alma atribuem a um nome, e com a repetição, as palavras ganham poder. O sekhem é a força vital que anima todo o universo. 

Sekhem literalmente significa "os poderes", e pode ser sentida fisicamente como um canal de energia correndo pelo corpo. A energia Sekhem é a força vital que viaja entre deuses e humanos.

Os quatro corpos mais sutis e espirituais engajados na tarefa de elevar a consciência eram o Ab (o coração), o Ka (duplo espírito), o Ba (alma) e o Khu (eu superior ou inteligência divina).

A integração de todos esses estados espirituais superiores resulta na criação do Sahu, ou Corpo de Luz.