quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Religiões afro-brasileiras

 

As religiões afro-brasileiras são aquelas originadas na cultura dos diversos povos africanos trazidos como escravos ao Brasil entre os séculos XVI e XIX, tendo um importante papel na preservação das tradições culturais dos diferentes grupos étnicos negros (afro-brasileiros). Atualmente há também um grande número de brancos e outros grupos étnicos que aderem a tais religiões, em especial o candomblé e a umbanda.

Várias religiões afro-brasileiras absorveram, em maior ou menor grau, influências de religiões vindas da Europa, como o catolicismo e o espiritismo, e dos povos ameríndios. Além disso, elas recebem diversas denominações regionais.

História
Em quatro séculos de tráfico negreiro, cerca de 3,5 milhões de africanos aportaram no Brasil na condição de escravos, o equivalente a 37% do total da população do continente americano. Originários de diversas etnias: iorubás, fons, maís, hauçás, eués, axântis, congos, quimbundos, umbundos, macuas, lundas e diversos outros povos, cada qual possuía sua própria religião e cosmogonia.

As religiões afro-brasileiras formaram-se em diferentes regiões e estados do Brasil e em diferentes momentos da história. Por isso, elas adotam não só diferentes formas rituais e diferentes versões mitológicas derivadas de tradições africanas diversificadas, como também adotam nome próprio diferente.

Além disso, as religiões tradicionais africanas, bem como o islamismo, dos chamados malês (como os maís e hauçás), entraram em contato e absorveram maiores ou menores quantidades de elementos de religiões indígenas, do Catolicismo e, mais recentemente, da Doutrina Espírita.

Entretanto, podem ser estabelecidas duas linhas principais de religiões africanas que tiveram maior influência no Brasil:

As religiões dos negros bantos, vindos do sul e oeste da África (Angola, República Democrática do Congo), que originaram diferentes cerimônias celebradas especialmente no Rio de Janeiro (como o candomblé bantu, e a umbanda). São também elementos folclóricos bantos, por exemplo, as festas de bumba-meu-boi, lutas de capoeira, jogos de dança, e o samba;
As religiões dos negros iorubás e jejes, originados da Costa da Mina (em especial a Nigéria), cuja influência é predominante no Nordeste brasileiro, com os candomblés baianos (como o candomblé Queto e o candomblé jeje).
A organização das religiões negras no Brasil deu-se bastante recentemente. Quando, nas últimas décadas do século XIX, no período final da escravidão, os povos africanos trazidos em levas para o Brasil foram assentados nas cidades, puderam viver com maior contato uns com os outros, num processo de interação e liberdade de movimentos que antes não conheciam. A fixação urbana dos escravizados forneceu as condições favoráveis à sobrevivência de algumas tradições religiosas africanas, com o aparecimento de grupos de culto organizados.

Estatísticas
Segundo dados do censo oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2010, apenas 0,3% da população brasileira se declarou como adepta de religiões de origem africana. A Região Sul é a que apresenta a maior população relativa (0,6%), enquanto as regiões Norte e Centro-Oeste apresentaram as menores (0,1%).

O censo revelou ainda uma forte concentração de afro-religiosos em municípios do sul do Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai, bem como na zona pantaneira do Mato Grosso do Sul, nas zonas metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro, no Triângulo Mineiro, no Recôncavo Baiano e nas proximidades da cidade de Codó (Maranhão). Nesses locais, o percentual varia de de 0,6% a 5,9% dos habitantes destes municípios, índices muito acima da média nacional.

Os cinco estados com a maior proporção de afro-religiosos são o Rio de Janeiro (1,61% ), Rio Grande do Sul (0,94%), São Paulo (0,42%), Bahia (0,33%) e Mato Grosso do Sul (0,26%).

Características
Crenças
No tocante especificamente ao candomblé, crê-se na sobrevivência da alma após a morte física (os Eguns), e na existência de espíritos ancestrais que, caso divinizados (os Orixás, cultuados coletivamente), não materializam; caso não divinizados (os egunguns), materializam em vestes próprias para estarem em contato com os seus descendentes (os vivos), cantando, falando, dando conselhos e auxiliando espiritualmente a sua comunidade. Observa-se que o conceito de "materialização" no Candomblé, é diferente do de "incorporação" na Umbanda ou na Doutrina Espírita.

Em princípio os Orixás só se apresentam nas festas e obrigações para dançar e serem homenageados. Não dão consulta ao público assistente, mas podem eventualmente falar com membros da família ou da casa para deixar algum recado para o filho. O normal é os Orixás se expressarem através do jogo de Ifá (oráculo) e merindilogum.

Dependendo da nação ou linha de candomblé, os candomblés tradicionais não fazem, a princípio, contato com espíritos através da incorporação para consultas, sendo a prática possível, porém não aceita.

Já o candomblé de caboclo tem uma ligação muito forte com caboclos e exus que incorporam para dar consultas, sendo estes caboclos diferentes daqueles cultuados na umbanda.

Existem ainda os candomblés cujos pais de santo eram da umbanda e passaram para o candomblé que cultuam paralelamente os Orixás e os guias de umbanda.

No candomblé, todo e qualquer espírito deve ser afastado principalmente na hora da iniciação, para não correr o risco de um deles incorporar na pessoa e se passar por orixá. O iaô recolhido é monitorado dia e noite, recorrendo-se ao Ifá ou jogo de búzios para detectar a sua presença. A cerimônia só ocorre quando este confirma a ausência de eguns no ambiente de recolhimento.

Afastam-se todo e qualquer espírito (egum), ou almas penadas, forças negativas, influências negativas trazidas por pessoas de fora da comunidade. Acredita-se que pessoas trazem consigo boas e más influências, bons e maus acompanhantes (espíritos). Através do jogo de Ifá, poder se determinar se essas influências são de nascimento Odu, de destino ou adquiridas de alguma forma.

Os espíritos são cultuados, nas casas de candomblé, em uma casa em separado, sendo homenageados diariamente, uma vez que, como Exu, são considerados protetores da comunidade.

Existem orixás que já viveram na terra, como Xangô, Oiá, Ogum, Oxóssi. Viveram e morreram. Os que teriam feito parte da criação do mundo teriam se retirado para o Orum, caso de Obatalá e outros chamados Orixá funfum (branco).

Existem as árvores sagradas, que são as mesmas das religiões tradicionais africanas, onde os orixás são cultuados pela comunidade, como é o caso de Irocô, Apaocá, Acocô, e também os orixás individuais de cada pessoa, que são parte do Orixá em si e a ligação da pessoa iniciada com o orixá divinizado.

Ou seja, numa pessoa que é de Xangô, seu orixá individual seria uma parte daquele Xangô divinizado com todas as suas características ou, como chamam, arquétipo.

Existe muita discussão sobre o assunto: uns dizem que o orixá pessoal é uma manifestação de dentro para fora, do Eu de cada um ligado ao orixá divinizado; outros dizem ser uma incorporação, mas isso é rejeitado por muitos membros do candomblé que justificam que o culto aos egunguns não é de incorporação e sim de materialização. Espíritos (Eguns) são despachados (afastados) antes de toda cerimônia ou iniciação do candomblé.

Iniciação
Nas religiões afro-brasileiras, vários termos são usados para designar iniciação.

Cada uma das religiões tem seus termos próprios, iniciação, feitura, feitura de santo, raspar santo, são mais usados nos terreiros de candomblé, Candomblé de Caboclo, Cabula, Omolocô, tambor de Mina, Xangô do Nordeste, Xambá, no Batuque usa-se o termo fazer a cabeça ou feitura. No Culto de Ifá e no Culto aos egunguns usam o termo iniciação porém os preceitos são diferentes das outras religiões.

No candomblé o período de iniciação é de, no mínimo, sete anos. Se inserem os rituais de passagem, que indicam os vários procedimentos dentro de um período de reclusão, que geralmente é de 21 dias (podendo chegar a 30 dias dependendo da região), o aprendizado de rezas, cantigas, línguas sagradas, uso das folhas (folhas sagradas), catulagem, raspagem, pintura, imposição do adoxu e apresentação pública. É individual e faz parte dos preceitos de cada pessoa que entra para a religião dos orixás.

No candomblé Jeje, a iniciação ao culto dos voduns é complexa e longa, de, no mínimo, sete anos. O período de reclusão pode chegar a durar um ano, que pode envolver longas caminhadas a santuários e mercados, dentro do convento ou terreiro humpame, onde os neófitos são submetidos a uma dura rotina de danças, preces, aprendizagem de línguas sagradas e votos de segredo e obediência.

A princípio, nessas cerimônias, tem de haver o desprendimento total. Na iniciação considera-se que é necessário morrer metaforicamente para renascer com outro nome para uma nova vida. No candomblé Queto, há o Oruncó do Orixá (só dito em público no dia do nome). Já no Candomblé bantu, além do nome do inquice (jamais revelado), há também a dijina pela qual será chamado o iniciado pelo resto da vida.

Quando uma pessoa iniciada morre é feito o desligamento do Egum, Invumbe, na cerimônia fúnebre e no Axexê, conhecido pelos nomes de sirrum e zerim, que varia dependendo do grau iniciático do falecido.

Objetos de culto
São considerados objetos sagrados de culto nas religiões afro-brasileiras os atabaques, assentamentos, roupas, fio de contas e adereços dos Orixás.

Sincretismo
Uma característica muito presente nas religiões afro-brasileiras é o sincretismo religioso. Herkowitz (1958, apud HURBON, 1987) utiliza o conceito de reinterpretação para explicar esse fenômeno, o processo pelo qual antigas significações são atribuídas a novos elementos ou novos valores, o que muda a significação cultural das formas antigas". A reinterpretação se faz em função do quadro cultural preexistente e das novas reorientações que ele se dá em presença de situações novas.

No caso da escravidão africana nas Américas, "as antigas significações" se referem à bagagem cultural do povos africanos traficados, que tiveram de se adaptar às "situações novas", ou seja, a negação de suas culturas em terras americanas e a imposição do catolicismo ou do protestantismo, dependendo da região.

Roger Bastide não nega o conceito de reinterpretação de Herkowitz, mas defende que a reinterpretação também está ligada às estruturas e mobilidades sociais. Defende que o fenômeno da reinterpretação está em parte condicionado pela discriminação entre classes sociais e em parte condicionado pela discriminação racial dentro da Igreja (como ocorreu no Brasil). Distingue ainda a aculturação material (com suporte nos conteúdos culturais em contato, onde está inserido o sincretismo religioso) e a aculturação formal (baseada na mudança de mentalidade).

Essas, entre outras hipóteses, explicam como foi possível no Brasil a existência, por exemplo, do culto a Ogum (orixá guerreiro dos iorubás) "disfarçado" de reverência ao guerreiro católico São Jorge da Capadócia. Ou ainda, a correlação entre os santos gêmeos São Cosme e São Damião e os os ibêjis, orixás gêmeos dos iorubás.

Orixás e santos católicos
O sincretismo dos orixás com os santos católicos pode variar entre Umbanda e Candomblé, bem como de região para região ou de templo para templo.

Orixá

Santo católico [13]

Oxalá

Deus Pai

Jesus Cristo (em especial, Senhor do Bonfim)

Xangô

Moisés

Santo Antônio

São Jerônimo

São João Batista

São José

São Judas Tadeu

São Pedro

Ogum

Santo Antônio

São Jorge

Oxóssi

São Jorge

São Sebastião

Oxum

Nossa Senhora Aparecida

Nossa Senhora das Cabeças

Nossa Senhora da Conceição

Nossa Senhora de Fátima

Nossa Senhora de Lourdes

Nossa Senhora de Nazaré

Iansã

Santa Bárbara

Santa Catarina

Santa Joana D'Arc

Nanã

Sant'Ana

Iemanjá

Nossa Senhora das Candeias

Nossa Senhora da Conceição

Nossa Senhora da Glória

Nossa Senhora dos Navegantes

Obaluaiê/Omulu

São Lázaro

São Roque

Exu

Santo Antônio

São Miguel Arcanjo[14]

Oxumarê

São Bartolomeu

Obá

Santa Joana D'Arc

Ibejis

São Cosme e Damião

São Crispim e Crispiniano

Tempo

São Lourenço

Oçânhim

São Benedito

Euá

Nossa Senhora das Neves

Santa Luzia

Orumilá

Nenhum

 

Principais religiões
As religiões afro-brasileiras possuem diferentes influências e denominações regionais. Dentre as religiões com influência principal das culturas "sudanesas", isto é, dos povos iorubás e jejes, estão:

Babaçuê (PA)
Batuque (RS)
Candomblé jeje (BA)
Candomblé Queto (BA, RJ, SP)
Tambor de Mina (MA, PA)
Xangô (PE)
Entre as religiões com influência dos povos bantos (quimbundos), estão:

Cabula (ES)
Candomblé bantu ou angola (BA, RJ, SP)
Candomblé de caboclo (BA)
Catimbó (PB, PE)
Macumba (RJ, SP)
Pajelança (AM, PA, MA)
Toré (SE)
Umbanda (RJ, SP e todo o Brasil)
Xambá (AL, PB, PE)
Enfim, outras religiões afro-brasileiras:

Culto aos egunguns (BA)
Encantaria
Catimbó-jurema de terreiro
Jarê (Chapada Diamantina)
Jurema sagrada
Quimbanda
Quiumbanda
Omolocô
Terecô

Palo Mayombe


Palo ou Las Reglas de Congo são grupos de denominações estreitamente relacionadas, de origem bantu, desenvolvidas em Cuba por escravos oriundos da África Central. Outros nomes associados aos diversos ramos desta religião incluem: Palo Monte, Palo Mayombe, Brillumba e Kimbisa.


A palavra palo foi aplicada a esse culto devido ao uso de estátuas entalhadas em madeira (ou palo; em português, 'pau') no altar. Outra hipótese, mais próxima da religião, aponta a equivalência entre as palavras "palo" e 'árvore', sendo as árvores os locais onde habitam os espíritos, segundo as religiões africanas.

Os seguidores do Palo são denominados paleros ou Nganguleros. A participação nestes grupos é precedida de uma cerimônia de iniciação, realizada em uma "casa" ou templo.

A estrutura hierárquica segue o modelado de uma família, o que é especialmente significativo, dado que, durante a escravidão africana, as famílias de sangue foram separadas, e as linhagens, quebradas.

No universo Bantu, Deus é conhecido como Zambi. Os espíritos cultuados no Palo são os ampungos. Cada ampungo controla um determinado aspecto ou domínio da vida e da natureza.

O Palo tem suas raízes na bacia do Congo, na África Central, de onde muitos africanos foram levados, como escravos, para Cuba. Assim, grande parte dos cantos litúrgicos Palo Monte e invocações é formulada em uma mistura de espanhol e congo. Outras influências foram introduzidas em razão da presença do culto em outros países da América Latina. Durante meados do século XX, o Palo começou a difundir-se fora das comunidades cubanas, nos Estados Unidos, na Venezuela, Colômbia e Porto Rico. Afro-latinos e anglo-americanos aderiram a essa tradição. A religião permanece completamente cubana quanto ao caráter, no entanto, é assim que é praticado em sua forma tradicional.

O número de seguidores de Palo em Cuba não é conhecido, presume-se que um baixo índice de cubanos, especialmente nas zonas de Havana, Matanzas e nas zonas orientais da ilha, acredita em todos ou na maioria de seus princípios.

Sistema de crenças e rituais
O sistema de crenças em "Palo" reside em dois pilares: A crença nos poderes naturais e a veneração dos espíritos de seus ancestrais. Os objetos naturais e especialmente os bastões, são considerados com poderes frequentemente ligados aos poderes infundidos pelos espíritos. Esses objetos são conhecidos como inganga e são o objeto central dos rituais mágicos e da prática religiosa de Palo. Um certo número de espíritos chamados ampungos habitam dentro de inquice (Medicina sagrada). Os ampungos são bem conhecidos no nome e ritual e são reverenciados como deuses. Eles são as entidades poderosas, mas localizadas abaixo do Deus Zambi, o Alto ou Zambi.

O culto e a prática de Palo estão centrados no altar ou receptáculo conhecido como inganga ou Prenda. É um espaço consagrado, cheio de terra sagrada, gravetos, restos humanos e outros objetos. Cada prenda esta dedicada a um espírito inquice especifico. Este espaço religioso esta também habitado por uma pessoa morta ou o espírito de uma pessoa morta (em raras ocasiões, o ancestral direto do dono do objeto), que serve de guia para todas as atividades religiosas relacionadas ao inganga.

Os métodos de adivinhação usados em Palo são vários. Um chamado Chamalongo utiliza conchas ou discos de vários materiais, frequentemente cascas duras de Coco. Um método mais tradicional, chamado Vititi Mensu para "ver ou adivinhar" é usando o chifre de um animal santificado coberto com um espelho.

Sincretismo
O sincretismo religioso, em particular o uso da cruz cristã e imagens de Santos Católicos como representações de inquice, podem ser vistas em algumas casas Palo chamadas Palo Cristiano, mas em outras casas chamadas Palo Judío (sem qualquer relação com a religião judaica), não há combinação com imagens católicas. O termo "judeu" é antes uma espécie de abreviatura metafórica para se referir àqueles que se recusam a se tornar cristãos, é o caso do Congo puramente africano.

O Reino do Congo tinha se convertido oficialmente ao catolicismo, enquanto era uma nação independente durante os anos 1400 e que o movimento sincrético afro-católico se estendeu durante a era da escravidão. Atingindo maior altura sob a liderança de Kimpa Vita (Um profeta congolês, 1684-1706), que promoveu Santo Antonio de Pádua como "um segundo Deus". Portanto, é evidente que muito do sincretismo dado em Palo Cristiano, em oposição ao Palo Judío, teve suas origens na África e não em Cuba.

A identidade de inquice é nebulosa porque os autores, por outro lado, consideram intrusos da religião ou das casas de Palo Cristiano tentaram associar inquice com os Orixás da Santería, que é uma religião diferente. Assim, a entidade "Nsambi Munalembe" (também conhecida como "Nsasi" senhor dos "7 raios" e outros nomes diferentes) foi equiparada a Santa Barbara (no catolicismo) ou Xangô na Santería.

A causa do sincretismo com o espiritismo de Allan Kardec, em muitas Casas Palo se oficia uma Missa espiritual, em razão de identificar aos espíritos principais que ajudarão a desenvolver uma vida. Esses guias geralmente falam por possessão e podem dar conselhos diretos.

Religiões relacionadas
As religiões do Congo vieram para a América através de diferentes rotas além de Cuba. No Brasil as religiões do Congo são conhecidas como Umbanda, Quimbanda Candomblé do Congo ou do Candomblé de Angola. O mais próximo da tradição de Palo Cubano é a Quimbanda.

Na Jamaica, Bahamas e Ilhas Virgens as religiões baseadas no rito do Congo são chamadas Kumina ou quando são vistas como formas mágicas sem o ritual litúrgico que são chamados Obeah .

Intimamente relacionado a Palo na prática mas, como Obeah que deixa de lado os aspectos teológicos e litúrgicos, é a forma de magia popular conhecida como hoodoo (azar), conjuração ou trabalho com raízes. A notável semelhança entre essas tradições é que o centro dessas crenças está no rito do Congo.

Panteão
O nível mais alto do panteão da religião Palo é ocupado pelo Deus criador, Zambi. Os ampungos (kimpungulu) são espíritos ou divindades encapsulados em navios ou centros (inquices) representando aspectos da natureza, como trovão, agricultura, vento. Outros espíritos habitam nos inquices são os Nfuri (espíritos vagabundos ou fantasmas), Bakalu (espíritos ancestrais) e Nfumbe (espíritos anônimos)

Deuses mais altos
Zambi - Ele não é atualmente considerado um ampungo, mas um deus alto, criador do universo. Equivalente a Olorum da mitologia iorubá .
Lungombe (Lukankanse, Kadiampembe) - Entidade negativa Zambi, em muitos aspectos semelhante ao demônio cristão.
Ampungo
Kobayende (Cobayende, Pata Llaga, Tata Pansua, Tata Nfumbe, Tata Funde, Tata Fumbe, Pungun Futila, Tata Kañeñe) - deus da morte, deus das doenças associadas com São Lázaro, equivalente a Obaluaiê.
Mariguanda - guardião da porta entre a vida e a morte. Associado com Santa Teresa e Oiá/Iansã
Gurunfinda - deus da floresta e ervas. Associado com São Noberto Nonato ou São Silvestre, equivalente a Ossaim.
Nkuyu (Nkuyo, Mañunga, Lubaniba, Lucero) - Divindade de florestas e estradas, orientação e equilíbrio. Associado com San Antonio, equivalente a Exu.
Má Lango (Madre de Agua, Kalunga, Mama Kalunga, Pungo Kasimba, Mama Umba, Mbumba Mamba, Nkita Kiamasa, Nkita Kuna Mamba, Baluande) - deusa da água e fertilidade. Também conhecida como a Virgen de Regla, padroeira do porto de Havana, equivalente a Iemanjá.
Chola Wengue (Mama Chola, Chola nengue) - Deusa da riqueza e prazeres. Associado com La Virgen de la Caridad del Cobre, santa padroeira de Cuba, eq. Oxum.
Kimbabula (Kabanga, Madioma, Mpungo Lomboan Fula, Nsambia Munalembe, Tonde, Daday, Munalendo, Padre Tiempo) - Deus da adivinhação e dos ventos. Associado a San Francisco, eq. Orunmila.
Watariamba (Watariamba, Nkuyo Lufo, Nguatariamba Enfumba Bata, Saca Empeño, Cabo Rondo, Vence Bataya) - dios de la caza y la guerra. Asociado con San Juan Bautista, eq. Oxóssi
Nsasi (Nsambi Munalembe, Siete Rayos, Mukiamamuilo, Nsasi) - deus do trovão e fogo, equivalente a Santa Bárbara, e a Xangô.
Ma Kengue (Yola, Tiembla Tierra, Pandilanga, Mama Kengue) - espírito de sabedoria e justiça. Este mpungo está associado com a Virgen de las Mercedes e Obatalá.
Sarabanda (Zarabanda, Rompe Monte) - divindade do trabalho e força. Associado com San Pedro, equivalente a Ogum.

Religião do Palo

 

O Palo – também chamado de Las Reglas de Congo –  é uma religião que se desenvolveu em Cuba entre os escravos da África Central e seus descendentes da Bacia do Congo, uma das regiões mais extensas do continente africano. Seu nome vem da palavra em espanhol “palo” (pau) em referência ai uso de estátuas de madeira nos altares. Trata-se de uma denomnação completamente diferente das mais conhecidas Santeria e Ifa cubanos. Os seguidores do “Palo” são denominados “paleros” ou Nganguleros”.

As Regras do Congo são o resultado da transculturação dos credos bantús, e reunião de distintos grupos étnicos com diferentes níveis culturais. Pelo ano 1700 saíram de África grupos de tribos Nganga e chegaram a Cuba com o Lucumi, com o Abakua, com o Arara, com o Palo Monte Mayombe, Briyumba ou Brillumba, Malongo, Kimbisa.  Estas regras se misturaram em Cuba tando origem ao Kimbiza que significa Cruzado e dai nasceu o Palo Monte Mayombe Kimbiza. Kimbiza é portanto a forma misturada de praticar a religião. Essa modalidade do culto rapidamente se estendeu e superou todas as outras.

O Palo Cruzado é ainda a modalidade tipicamente cubana por incorporar em sua fundação as práticas de Palo Monte junto com, crenças ameríndias, do espiritualismo, do cristianismo, de Abakua, de Lukumi, Yoruba e outras muitas mais. Tal mistura criou diferentes linhas de prática religiosa que só nos últimos trinta anos tem buscado uma unificação, em especial pelo trabalho da Regra Kimbiza Sagrada Sarabanda.

Hierarquia espiritual no Palo

O Palo entende que existe uma divindade suprema, chamada Nsambi. Força criadora e regente que governa todos os seres do universo.

Nas casas de Palo Cruzado a pratica ocorre ao redor de uma hierarquia de espíritos, chamados Mpungos  ou Nkisi, que são forças, que são equivalentes aos Orishas da Santeria ou ao Loas do Vodou e compartilham muitos dos seus nomes e características.

Abaixo dos Mpungos na hierarquia espiritual temos aios

• Eggun – Espíritos ancestrais muito antigos e  de grande poder.

• Mfumbe – falecidos, fantasmas, espíritos dos mortos em geral

• Nkitas – Espíritos elementares das árvores, dos rios, do ar, etc.


Nganga – A Prenda

Muita das práticas de Palo se centra ao redor de canalizar o poder de estes espíritos elementares para os propósitos temporais e espirituais. Isto se consegue com sacrifícios e oferendas, e na prática da magia.

A ferramenta central de adoração de Palo é A Prenda, ou Nganga. A Prenda é um caldeirão consagrado do ferro, que contem o Guia do iniciado. A Prenda se enche de uma variedade de coisas que facilitam a comunicação com os espíritos: ossos, terra para os espíritos dos mortos; as árvores e as ervas sagradas, etc. coisas que alguns assumiram que são elementos da “obscuridade” ou do mal, são de facto elementos de práticas xamânicas muito antigas.

Os espíritos de Palo se comunicam com a prática do espiritismo, ou a mediunidade e com a adivinhação.  No c hamalongos usa-se conchas de diversos materiais, muitas vezes cascas de coco e no Vititi Mensu se usa a trompa animais consagrados. Todos estes métodos são aprendidos pelos iniciados.

Santeria


A Santería tem as suas raízes na religião iorubá, o cristianismo e as religiões dos povos indígenas das Américas. O povo iorubá escravizado contribuiu vários costumes religiosos, incluindo um sistema de transe e adivinhação para se comunicar com seus ancestrais e divindades, sacrifícios de animais, e tambores e danças sagrados. A necessidade de preservar as suas tradições num ambiente cultural, levou os escravizados em Cuba a fundirem os seus costumes com aspectos do catolicismo, especialmente a partir do ano de 1515. A população santérica pratica a adoração de entidades através da oralidade.


A Santería tem uma visão de mundo homogênea, discreta, completamente explícita e centrada em um "apunhado" de deidades iorubás e informada por um conjunto fixo de textos orais conhecidos como patakines que transmitem histórias parecidas com as parábolas da bíblia e outros personagens fixos. Sua lista de rituais, canções, orações e saberes herbais são frequentemente apresentados em termos prescritivos e livros como manuais de instruções. Essa maneira de definir a Santería, que certamente é verdadeira para muitos santeros, claramente se refere à metaculturalidade. Não há indícios de debate sobre rótulos como “religião”, nenhum indício de sobreposição com outras religiões cubanas, e nenhum indício de desacordos ou lutas sobre o significado e a filiação dentro das fileiras de praticantes. Para entender completamente tais retratos da Santeria seria necessário traçar suas origens em gêneros, tais como manuais religiosos escritos por praticantes, estudos folclóricos cubanos e relatos antropológicos estruturalistas de religiões não ocidentais, e pensar sobre como os autores e consumidores de religiões não ocidentais pensam. (WIRTZ, 2007, p. 25).

Tendo como forma principal de transferência de conhecimento a oralidade, pode ser destacado os meios de aprendizagem santerica, como constituido por ideias e historias ao logo de gerações.

Transferência de costumes
Os Santeros falam sobre a sua história e a importância do passado no presente mais frequentemente através do idioma do parentesco ritual. Relacionamentos de padrodelação ligam os iniciados de Santería a linhagens rituais que remontam a várias gerações e unem praticantes vivos a “casas de rituais”. As requisitadas invocações rituais que abrem todo tipo de atividade ritual, conhecida como moyubá, exigem que os santeros recitem os nomes dos rituais. aqueles que eles consideram fazer parte de sua linhagem ritual. Outras seções da lista de invocação falecidas e vínculos vivos na linhagem ritual do santero, cuja cooperação é necessária para que ocorra uma comunicação adequada com os orichas. (WIRTZ, 2007, p. 53).

Muitos ativistas de direitos dos animais atacam a prática da Santeria de sacrifício animal, declarando que é cruel. Os seguidores de Santeria alegam que as matanças são conduzidas da mesma maneira que animais são abatidos para consumo e isto não é necessariamente sádico.

Em 1993, a Corte Suprema dos Estados Unidos estabeleceu que leis de crueldade contra animais dirigidas especificamente contra a Santeria eram inconstitucionais e a prática não viu nenhum desafio legal significativo desde então.

Costumes
A distinção dos adeptos pode ser reparada através de vestimentas e formas de convívio em sociedade, sendo muito bem representada na cidade de Havana, Cuba.

Os santeros não se preocupam apenas com a linhagem ritual durante as cerimônias. Eles também se referem frequentemente a laços de parentesco ritual ou diferenças entre linhagens rituais na conversa cotidiana. Os santeros às vezes reconheciam tacitamente as responsabilidades do parentesco ritual quando pediam favores, exigiam respeito ou atenção, pediam ajuda ou conselhos para uma cerimônia ou decidiam ensinar algo a alguém. Frequentemente os ouvi mencionar explicitamente tais ligações, como quando um padrinho lembrava a sua afilhada que o respeitasse como padrinho ou quando um santero disse a um santerista sênior que ele a chamou em sua invocação porque ela estava presente para a iniciação dele. (WIRTZ, 2007, p.53).

Práticas
A forma de prática religiosa apresentada na santeria pode ser encontrada em livros e principalmente através da oralidade, encontrada por sua vez em casas de encontros.

A santería não usa um credo central para suas práticas religiosas; embora seja entendido em termos de seus rituais e cerimônias.  Esses rituais e cerimônias acontecem no que é conhecido como uma casa-templo ou casa de santos (casa dos santos), também conhecida como ilé. A maioria dos ilé está nas casas dos sacerdotes e sacerdotisas iniciados. Os santuários Ilé são construídos, pelos sacerdotes e sacerdotisas, para os orichás diferentes, o que cria um espaço para o culto, chamado de igbodu (altar). Em um igbodu há uma exibição de três tronos distintos (cobertos com cetim azul royal, branco e vermelho) que representam os assentos das rainhas, reis e os guerreiros deificados. Obtendo os ilekes, médio assento, os guerreiros, assento, pós-iniciação, clero, são exemplos de rituais que serão melhores exemplificados ao longo do trabalho. (WIRTZ, 2007, p. 85).

Vodum

 

Vodum, vudu ou vodu (em fom: vodun; em francês: voodoo ou vodou, /ˈvuːduː/, vo̅o̅′do̅o̅)termo que refere-se aos vários ramos de uma tradição religiosa baseada nos ancestrais (negros antilhanos de origem animista) que tem as suas raízes primárias entre os povos Jeje-Fom do Benim, atual religião nacional, com mais de 7 milhões de adeptos.

Além da tradição fom, ou do Daomé, que permaneceu na África, existem tradições relacionadas que lançaram raízes no Novo Mundo durante a época do tráfico transatlântico de escravos (século XVI - século XIX) e que persistem até hoje, tais como o candomblé brasileiro, o tambor de mina maranhense, o vodu haitiano, a santería cubana, o vudu da Luisiana (Estados Unidos), etc. "Vodum" pode designar tanto a religião quanto os espíritos centrais nessa religião.

África

O vodum da África Ocidental (Vodun ou Vudun na língua fom do Benin e da Nigéria e na língua jeje do Togo e Gana) é uma religião tradicional da costa da África Ocidental, da Nigéria a Gana. É distinta das religiões animistas tradicionais do interior desses mesmos países, e semelhante a diversas religiões surgidas com a diáspora africana no Novo Mundo, como o vodu haitiano, o vodu da República Dominicana, o candomblé jeje no Brasil, o vodu da Luisiana e a santería em Cuba, que são sincretizadas com o cristianismo e as religiões tradicionais africanas do povo bacongo.

É praticado pelos jejes, cabiés, minas, fons e (com um nome diferente) os povos iorubás do sudeste do Gana, Togo meridional e central, Benin meridional e central, e sudoeste da Nigéria. A palavra vodún (pronunciado vodṹ - ou seja, com um u nasal em um tom alto) é o termo bês (jeje-fom) para a palavra "espírito".

60% da população do Benim, cerca de 4,5 milhões de pessoas, praticam vodum. Além disso, muitos dos 15% da população beninense que se denominam "cristãos" praticam, na verdade, uma religião sincretizada, semelhante ao vodu haitiano ou ao candomblé brasileiro. Muitos deles são descendentes de escravos libertos brasileiros que se fixaram na costa perto de Uidá. Em Togo, cerca de metade da população indígena pratica religiões, das quais o vodum é, de longe, a mais seguida, com cerca de 2,5 milhões de seguidores. Pode haver outros milhões de vodunces entre os jejes de Gana: 13% da população de 20 milhões são jejes e 38% dos ganenses pratica religiões tradicionais. Cerca de 14 milhões dos nigerianos pratica religiões tradicionais, principalmente o vodum.

Brasil
A tradição e a cultura dos escravos jejes, fons, minas, fantes e axântis deram origem no Brasil às tradições conhecidas como:

Candomblé jeje: teve início em Salvador e no Recôncavo baiano, nas cidades de Cachoeira e São Félix e outras, depois migrou para o Rio de Janeiro, São Paulo em maior número.
Tambor de Mina: teve sua origem em São Luís com a Casa das Minas, de culto mina-jeje e a Casa de Nagô, de culto mina-nagô. Posteriormente foi inserido no estado do Pará.
Xangô do Nordeste, Xangô do Recife, Xangô de Pernambuco ou Nagô-ebá ou Jeje-Nagô: teve início na Região Nordeste do Brasil. Uma parte migrou depois para outros estados.
Batuque (religião), no Rio Grande do Sul, que embora cultue os orixás tem influência jeje, chegando, a partir deste estado brasileiro, até ao Uruguai e à Argentina.

Cuba
A tradição fom mais ou menos "pura" de Cuba é conhecida como La Regla Arará. 

É importante notar que a palavra vodu é a mais comum, conhecida e usada na cultura popular americana, embora seja vista como ofensiva pelas comunidades praticantes da Diáspora africana. As soletrações diferentes deste termo podem ser explicadas como segue:

A palavra vodu é usada para descrever a tradição creole de New Orleans; vodou é usado para descrever a tradição vodu haitiana.

O vodu da Luisiana, também conhecido como vodu de Nova Orleães, é uma religião da diáspora africana, uma forma de espiritualidade que foi desenvolvida falando-se a língua francesa e o Creole pela população Afro-americana do estado de Luisiana, nos Estados Unidos.

Haiti

O vodu haitiano, chamado de Sèvis Gine ("serviço africano") no Haiti, tem também fortes elementos dos povos Ibos, congos da África Central e dos Iorubás da Nigéria, embora muitos povos diferentes ou "nações" da África tenham representação na liturgia do Sèvis Gine, assim como os índios tainos, os povos originais da ilha agora conhecida como Hispaniola.

Formas crioulas de vodu existem no Haiti (onde é nativo), na República Dominicana, em partes de Cuba, e nos Estados Unidos, e em outros lugares em que os imigrantes de Haiti dispersaram durante os anos. É similar a outras religiões da diáspora africana, tais como Lukumi ou Regla de Ocha (conhecida também como santería) em Cuba, candomblé e umbanda no Brasil, todas essas religiões que evoluíram entre descendentes de africanos transplantados nas Américas.

Voduns
Mawu é o ser supremo dos povos jejes e fons, que criou a terra e os seres vivos e engendrou os voduns, divindades que a ("Mawu" é do gênero feminino) secundariam no comando do universo. Ela é associada a Lissá, que é masculino, e também corresponsável pela criação, e os voduns são filhos e descendentes de ambos. A divindade dupla Mawu-Lissá é intitulada Dadá Sebô (Grande Pai Espírito Vital).

Os voduns na África são agrupados em "famílias" chefiadas por um vodum principal, ora representando um elemento ou fenômeno da natureza, ora da cultura. Existem, basicamente, 4 famílias principais:

Os Jivodum, ou "voduns do alto", chefiados por Sô (forma basilar de Quevioço).
Os Aivodum, que são os voduns da terra, chefiados por Sapatá.
Os Tôvodum, que são voduns próprios de uma determinada localidade (variados).
Os Henuvodum, que são voduns cultuados por certos clãs que se consideram seus descendentes (variados).
No Brasil, os voduns são cultuados nos terreiros de candomblé, sobretudo nos da nação jeje, onde ainda se conserva alguma lembrança da divisão por famílias.

Fá - vodum do oráculo, senhor da adivinhação.
Aizã - Senhora guardiã do portal entre os dois mundos (espiritual e material).
Elebá - Elebató, Dono das ruas, dinheiro, mercados e da fala é também muito comum sua presença nas entradas dos templos para a proteção dele.
Gú - Senhor de Húntójí, o ferreiro e agricultor, dono e criador de todas as armas. Caçador e guerreiro.
Atólú - Vodum guerreiro, guardião do palácio do rei de Savalú, Toxwyó da cidade de Savé.
Agé - Agé gbénú, vodum caçador e guardião das matas, Isaýin, Igbò e Agémà seriam de sua família e junto aos Zàngbétó são os donos de toda a folha e a cura através dela.
Loco - Divindade que reside dentro de uma árvore, o primogênito dentre os voduns e junto a agé são responsável no Candomblé brasileiro por observar e manter os preceitos e e segredos do culto ao Vódùn. temos em sua família: Lòkò-hokò, Lòkò Kpásè e Atindánlokò.
Bessém - Divindade serpente, sincretizada em Daomé com Dã
Sapatá - Vódùn da Varíola, possui muitos títulos, tem relação com as doenças, enfermos e a cura. Tem grande enfase no culto do candomblé Její Savalú, seria seus titulos Azònsú, Azònwaní, Ayíonò, Azòn, Jéxòsú e em sua família encontramos: Ohólú, Avímaádjí ou Azòn djí, Azilé, Kpálálá e Yieowá.
Sobô - Vódùn do raio, que junto a sua família está relacionado a muitos fenômenos da natureza como a Chuva, Tempestades, furacões tufões, fogo e etc. e dentro de sua família encontramos muitos outros voduns pertencentes ao panteão de voduns das aguas, então temos: Quevioço, Badé, Càngò, Akloòmblé, Adèèn, Averequete e etc.
Hú - Vodun chefe do panteão dos voduns das aguas, nela temos outro voduns como: Tòkpádún, Tògbòsí, Agbè, Nayiè Watá.
Nánà - Senhora da Vida e da morte, Vodun muito respeitada dentro do candomblé e com grande importância para os Savalú.
Kenesí - Equivalente ao culto das Iamis do iorubá, culto pouco conhecido no Brasil
Kututó - Equivalente ao culto de Babá Egum do iorubá, culto pouco conhecido no brasil e não feito em casas de candomblé.
É muito comum também, perceber a participação dos voduns em outras famílias e saber que existem muitos outros voduns que o culto não chegou até o brasil ou que o culto foi agrupado a outra divindade.

Os voduns da Casa das Minas, templo de tambor de mina do Maranhão, de quem se conhecem os nomes de aproximadamente sessenta, agrupam-se em três famílias principais e duas que são hóspedes da casa, a saber: a família de Davice, também chamada de família real, a que pertence o vodum dono da casa, Toi Zomadônu e outros, que como ele são relacionados com a família real do Daomé, como: Toi Dadarrô, Toi Doçú-Bogueçagajá, Toi Bedigá, Nochê Sepazin, Toi Daco-Donu, Toi Nagono Toçá, Toi Nagono Tocé e Toi Jagoroboçú; a família de Quevioço (dos voduns chamados nagôs), como Toi Badé Neném Quevioço (Xangô), Nochê Sobô Babadi (Iansã), Toi Loco (Irocô), Toi Lissá (Oxalá), Toi Averequete, Nochê Abê (Iemanjá) e outros; a família de Dambirá (que cura a peste e outras doenças), chefiada por Toi Acóssi Sapatá Odã e que incluí entre outros Toi Azíle, Toi Agonçozonce Dambirá, Toi Polibojí, Toi Lepon, Toi Alôgüé, Nochê Ieuá, Nochê Bôçalabê e Toi Boçucó.

Existem ainda os voduns Toi Ajaúto de Aladánu e Toi Avrejó que formam a família de Aladanu, hóspede de Quevioçô, e os voduns agrupados na família de Savaluno, hóspede de Davice, como Toi Agongono e Toi Jotin. Cada família ocupa uma parte específica da casa e tem cânticos, comportamentos e atividades próprias. O título de Toi significa que o vodum é masculino e o título de Nochê significa que o vodum é feminino.

Rituais
Voduns não usam roupas luxuosas, não gostam de roupas de festa e, geralmente, preferem a boa e velha roupa de ração. As danças são cadenciadas em um ritmo mais denso e pesado. Os voduns estão sempre de olhos abertos e, salvo algumas exceções, conversam (usando preferencialmente um dialeto próprio) e dão conselhos a quem os procura.

Iniciação
A iniciação ao culto dos voduns é complexa principalmente no começo da sistematização e organização do candomblé que a tornava muito longa e bem duradoura com fundamentos internos e externos e muitos ritos que enriqueciam mais ainda o povo její e o diferenciava de outras culturas como o processo do Glá, Dengwe, Mixaô, aprendizagem do Húngbè, Núbyatô e etc.

Hierarquia
Gàniyákú - "A senhora da saia longa" ou a mais velha entre os jejís, por isso geralmente esse titulo e ocupado pela representante da casa matriz de cada vertente Její seja ela Maxí ou Savalú.
Húngbónò - Hùngbónà - aquele ou aquela que possui os conhecimentos sobre o culto ao vódùn, titulo dado ao sacerdote assim que toma a frente de uma casa.
Dònné - Dònté e o primeiro titulo ao qual o recém sacerdote passa a ser chamado.
Méjító - é um titulo oriundo do Kpó-Dáágbá (casa de grande referência její do Rio de Janeiro), titulo sacerdotal assumido por mulheres.
Vódùnnò - Vódúnnà - titulo daquele ou aquela que é o zelador do templo de um determinado Vódùn.
Méhùntó - Méhùnnà - auxiliares maiores do Zelador, no Maxí encontramos: Méhuntó e Deré/ Mehuntó e Hunsô, postos similares à Babá Kekerê e Iya Kekerê.
Ogà e Anágàn - Homem e mulher que não é tomado pelo vodun e que pode receber diversos postos como Kpènjígán, Húntó, Ekedjí, Hùnsó, Dúgàn e etc.
Hùnsémà ou Sénmàtó - posto dado para aquele que irar cuidar do plantio e coisas voltadas para as folhas, arvores e etc.

Arte vodum
Em primeiro lugar, deve-se pensar que a estética vodum não atende - e nem se propõe a isso - às demandas da arte ocidentais no que se refere à beleza. A dimensão do belo está presente na vivência das pessoas que cultuam os vodums, mas o principal objetivo dessa arte está na funcionalidade, ou seja, atender aos desejos de seus fiéis.

Outro aspecto extremamente importante para se destacar na arte vodun é o seu caráter compósito. Isso significa dizer que ela é feita, na maioria das vezes, por montagens (assemblage), partindo de uma escolha deliberada das personagens históricas, visto que esses povos do Daomé sabiam produzir objetos por meio do entalhe de peças únicas, mas preferiram construí-los com diversos materiais.Para a historiadora Suzanne Blier, essa montagem característica  das artes vodun pode ser explicada por meio da história do Reino do Daomé. Isso porque os daomeanos tinham como característica a incorporação de diversos povos, culturas e conhecimentos em sua base de saberes. Destaca-se ainda o fato de que a própria esposa do rei não podia ser de uma linhagem real, ou seja, elas foram em algum momento prisioneiras de guerra ou obtidas através de negociações com outras linhagens diferentes das do rei. Dessa forma, constantemente o panteão vodun e os padrões estéticos do Daomé eram renovados, pois a nova rainha trazia consigo as suas referências artísticas. A própria Suzanne Blair resume seu argumento: “Talvez consciente de seu cenário de encruzilhada, [o Reino do] Daomé enfatizou a montagem como um meio de se aliar simultaneamente a essas culturas muito díspares.”

Além disso, outro aspecto importante para a arte vodun é a ideia do inacabado. Segundo Dana Rush: o sistema religioso Vodun e sua estética associada são movidos por flutuação, transformação e abertura. A continuidade do Vodun depende de sua capacidade de permanecer relevante e eficaz na vida de seus praticantes. Se não for eficaz, acaba; deixa de ser; termina. Neste artigo, argumento que esse sistema estético proteico e agentivo que prospera em tal fluxo e possibilidade é melhor descrito em termos do efêmero, do incompleto, do 'inacabado'"

A arte vodun é inacabada porque ela sempre está também em um lugar de interação para com as pessoas, porque elas também ajudam a dar significados aos objetos artísticos. Em outras palavras, a estética vodun só continua tendo sentido se ela é constantemente alvo de contato e comunicação. Tirá-la de contexto é transformá-la em fetiche, ou seja, ver os artefatos sagrados como um fim em si mesmo. Essa característica marca uma grande diferença entre a arte vodum e a arte ocidental, pois a segunda é vista como algo que deve ser apenas apreciado com a visão, e tocá-la geralmente é considerado uma infração. Em outras palavras, os objetos artísticos ocidentais não foram produzidos para interagir com seus admiradores. Por outro lado, essa "abordagem sensorial", assim como foi chamada por Henry Drewal, dos fiéis com a arte vodum se dá por meio da visão, audição, paladar, fala, tato, movimento e percepções extra-sensoriais. Tudo isso tem como objetivo ajudar na compreensão da arte e de suas funções, ficando claro na imagem abaixo, onde é possível notar que os objetos carregam acúmulo de pátina ritual formada pelos ritos que envolvem tais artefatos. Nessas cerimônias, as pessoas acendem velas e passam as mãos nas estátuas que compõem o altar, além de também fazerem oferendas às divindades por meio de sangue ou alimentos e bebidas.

É importante destacar também a ideia de opacidade da arte vodun, ou seja, a não compreensão de todos os seus significados pode ser vista como um aspecto positivo. Essa incompreensão foi tomada como defesa no contexto colonial, pois a “compreensão” andava de mãos dadas com a subjugação. Dessa forma, não entender tudo que era representado nos objetos artísticos era um valor e fazia parte da estética vodun.