terça-feira, 8 de outubro de 2024

Thelema - Liber NU

 

Uma instrução para a consecução de Nuit. Uma paráfrase das instruções para a invocação de Nuit dadas no Livro da Lei.

Publicação da A∴A∴ em Classe D
(para os Vencedores do Ordálio X.).

Imprimatur:

(hieroglifo R8 - Neteru).(hieroglifo R8 - Neteru).(hieroglifo R8 - Neteru). …
V.V.V.V.V. …
N. Fra. A∴A∴
O.M. 7○=4□

000. Este é o Livro do Culto ao Exterior Infinito.

00. O Aspirante é Hadit. Nuit é a expansão infinita da Rosa; Hadit é a concentração infinita da Cruz (Instrução de V.V.V.V.V.).

0. Primeiramente, que o Aspirante aprenda de cor o Primeiro Capítulo do Livro da Lei (Instrução de V.V.V.V.V.).

1. Adora, ou seja, identifica-te, com o Khabs, a Luz secreta dentro do Coração. Dentro dele, novamente, não estendido, está Hadit.

Esta é a primeira prática de Meditação (ccxx, I. 6 e 21).

2. Adora e compreenda a Orla da Estela da Revelação.

“Acima, o azul com gemas é
   O esplendor nu de Nuit;
Ela se curva em êxtase para beijar
   Os ardores secretos de Hadit.”

Esta é a primeira prática de Inteligência (ccxx, I. 14).

3. Evita qualquer ato de escolha ou de discriminação.

Esta é a primeira prática de Ética (ccxx, I. 22).

4. Considera o seis e cinquenta, que 6 ÷ 50 = 0.12.

0 a circunferência de Nuit.
. o centro, Hadit.
1 a unidade proveniente, Ra-Hoor-Khuit.
2 o mundo da ilusão.
Assim Nuit compreende Tudo em Nenhum.
Também 50 + 6 = 56 = 5 + 6 = 11, a chave para todos os Rituais.
E 50 × 6 = 300, o Espírito da Criança interior.

(Perceba que Nϝιϛ = 72, o Shemhamphorash e os Quinários do Zodíaco, etc.)

Esta é a segunda prática de Inteligência (ccxx, I. 24, 25).

5. O Resultado desta Prática é a Consciência da Continuidade da Existência, a Onipresença do Corpo de Nuit.

Em outras palavras, o Aspirante só está consciente do Universo Infinito como um Ser único. (Perceba para isso a importância do Parágrafo 3. Ed.)

Esta é a primeira Indicação da Natureza do Resultado (ccxx, I. 26).

6. Medita sobre Nuit como o Contínuo Resolvido em Nenhum e Dois como as fases de seu ser.

[Pois o Universo, sendo autocontido, deve ser capaz de se expressar através da fórmula (n - n) = 0. Pois se não o for, que seja expresso pela fórmula n – m = p. Ou seja, o Infinito se move doutra forma que não dentro de si mesmo, o que é um absurdo. Ed.]

Esta é a segunda prática de Meditação (ccxx, I. 27).

7. Medite sobre os fatos de Samādhi em todos os planos, a liberação de calor na química, a alegria na história natural, Ānanda na religião, quando duas coisas se unem para se perder em uma terceira.

Esta é a terceira prática de Meditação (ccxx, I. 28, 29, 30).

8. Que o Aspirante reverencie ao máximo a Autoridade da A∴A∴ e siga Suas instruções, e que ele preste um grande Juramento de Devoção a Nuit.

Esta é a segunda prática de Ética (ccxx, I. 32).

9. Que o Aspirante fique atendo ao menor exercício de sua vontade contra outro ser. Desta forma, deitar-se é uma postura melhor do que sentar ou ficar de pé, pois opõe menor resistência à gravidade. No entanto, seu primeiro dever é para com a força mais próxima e mais potente; por exemplo, ele pode se levantar para cumprimentar um amigo.

Esta é a terceira prática de Ética (ccxx, I. 41).

10. Que o Aspirante exerça sua vontade sem a menor consideração por qualquer outro ser. Essa orientação não pode ser entendida, muito menos realizada, até que a prática anterior tenha sido aperfeiçoada.

Esta é a quarta prática de Ética (ccxx, I. 42, 43, 44).

11. Que o Aspirante compreenda que essas duas práticas são idênticas.

Esta é a terceira prática de Inteligência (ccxx, I. 45).

12. Que o Aspirante viva a Vida de maneira Bela e Agradável. Pois esta liberdade ele conquistou. Mas que cada ato, especialmente de amor, seja inteiramente dedicado à sua verdadeira amante, Nuit.

Esta é a quinta prática de Ética (ccxx, I. 51, 52, 61, 63).

13. Que o Aspirante anseie por Nuit sob as estrelas da Noite, com um amor dirigido por sua Vontade Mágicka, não meramente procedendo do coração.

Esta é a primeira prática de Arte Mágicka (ccxx, I. 57).

14. O Resultado desta Prática na vida subsequente do Aspirante é enchê-lo de alegrias inimagináveis: dar-lhe certeza sobre a natureza do fenômeno chamado morte, dar-lhe paz indizível, descanso e êxtase.

Esta é a segunda Indicação da Natureza do Resultado (ccxx, I. 58).

15. Que o Aspirante prepare um perfume de madeiras e gomas resinosas, de acordo com sua inspiração.

Esta é a segunda prática de Arte Mágicka (ccxx, I. 59).

16. Que o Aspirante prepare um Pantáculo, como segue.

Inscreva um círculo dentro de um Pentagrama, sobre uma base quadrada ou de outro formato conveniente que ele possa escolher. Que o círculo seja escarlate, o Pentagrama preto, a base azul real cravejada de estrelas douradas.

Dentro do círculo, em seu centro, será pintado um sigilo que será revelado ao Aspirante pela própria Nuit.

E este Pentáculo servirá como uma Imagem Telesmática, ou como um Eidolon, ou como um Foco para a mente.

Esta é a terceira prática de Arte Mágicka (ccxx, I. 60).

17. Que o Aspirante encontre um lugar solitário, se possível um lugar no Deserto de Areia, ou se não for possível, um lugar que não é frequentado, e sem objetos para perturbar a vista. Tais são charnecas, pântanos, o mar aberto, rios largos e campos abertos. Além disso, e especialmente, cumes de montanhas.

Ali que ele invoque a Deusa conforme ele tem a Sabedoria e a Compreensão para fazer. Mas que esta Invocação seja de um coração puro, isto é, um coração totalmente devotado a Ela, e que ele se lembre de que é o próprio Hadit no lugar mais secreto que invoca. Então que esta serpente Hadit exploda em chamas.

Esta é a quarta prática de Arte Mágicka (ccxx, I. 61).

18. Então o Aspirante se deitará um pouco no seio Dela.

Esta é a terceira Indicação da Natureza do Resultado (ccxx, I. 61).

19. Que o Aspirante fique de pé à beira de um precipício, em ato ou imaginação. E que ele imagine e sofra o medo da queda.

Em seguida, que ele imagine com esta ajuda que a Terra está caindo, e ele com ela, ou ele a partir dela; e considerando a infinitude do espaço, que ele excite o medo dentro dele até o ponto do êxtase, de modo que o mais terrível sonho de cair que ele já sofreu seja como nada em comparação.

Esta é a quarta prática de Meditação (Instrução de V.V.V.V.V.).

20. Assim, tendo compreendido a natureza desta Terceira Indicação, que em seu Rito Mágicko ele caia de si mesmo em Nuit, ou expanda-se Nela, conforme sua imaginação compeli-lo.

E naquele momento, desejando sinceramente o Beijo de Nuit, que ele dê uma partícula de pó, ou seja, que Hadit se entregue completamente a Ela.

Esta é a quinta prática de Arte Mágicka (ccxx, I. 61).

21. Então ele perderá tudo naquela hora.

Esta é a quarta Indicação da Natureza do Resultado (ccxx, I. 61).

22. Que o Aspirante prepare uma canção de amor de êxtase para a Deusa, ou que ele seja inspirado por Ela para isso.

Esta é a sexta prática de Arte Mágicka (ccxx, I. 63).

23. Que o Aspirante se vista com um único robe. Um “abbai” escarlate ornamentado com ouro é o mais adequado.

Esta é a sétima prática de Arte Mágicka (ccxx, I. 61).

24. Que o Aspirante use uma rica tiara. Uma coroa de ouro adornada com safiras ou diamantes com uma capa azul real, ou nemes, é o mais adequado.

Esta é a oitava prática de Arte Mágicka (ccxx, I. 61).

25. Que o Aspirante use quantas joias possuir.

Esta é a nona prática de Arte Mágicka (ccxx, I. 61).

26. Que o Aspirante prepare um Elixir ou libação conforme ele tenha a engenhosidade de fazer.

Esta é a décima prática de Arte Mágicka (ccxx, I. 63).

27. Que o Aspirante invoque, deitado de costas, seu robe estendido como se fosse um tapete.

Esta é a décima primeira prática de Arte Mágicka (Instrução de V.V.V.V.V.).

28. Resumo. Preliminares.

Estas são as posses necessárias.

A Coroa ou tiara.
As Joias.
O Pantáculo.
O Robe.
A Canção ou Encantamento.
O Lugar da Invocação.
O Perfume.
O Elixir.
29. Continuação do resumo. Preliminares.

Estas são as compreensões necessárias.

As Naturezas de Nuit e Hadit, e sua relação.
O Mistério da Vontade Individual.
30. Continuação do resumo. Preliminares.

Estas são as meditações necessárias que devem ser realizadas.

A descoberta de Hadit no Aspirante, e a identificação com Ele.
O Contínuo.
O Valor da Equação n + (- n).
Cremnofobia.
31. Continuação do resumo. Preliminares.

Estas são as Práticas Éticas a serem cumpridas.

Asserção do ponto de vista de Kether.
Reverência à Ordem.
Abolição da vontade humana.
Exercício da verdadeira vontade.
Devoção à Nuit através de uma vida tornada bela.
32. Continuação do resumo. O Rito em Si.

Retira-te para o deserto com a coroa e outras insígnias e implementos.
Queima perfume.
Canta o encantamento.
Beba o Elixir para Nuit.
Deitado de costas, com os olhos fixos nas estrelas, pratica a sensação de cair no nada.
Estando realmente no seio de Nuit, que Hadit se renda.
33. Conclusão do resumo. Os Resultados.

Expansão da consciência para aquela do Infinito.
“Perda de tudo”, a mais alta consecução mística.
Verdadeira Sabedoria e Felicidade Perfeita.

Thelema - Liber VIII – 8º Æthyr de Liber CCCCXVIII

 

E assim fará aquele que alcançará o mistério do conhecimento e conversação de seu Santo Anjo Guardião.

Publicação da A∴A∴
em Classe D

E assim fará aquele que alcançará o mistério do conhecimento e conversação de seu Santo Anjo Guardião:

Primeiro, que ele prepare uma câmara, cujos muros e teto deverão ser brancos, e o chão deverá ser coberto com um tapete de quadrados pretos e brancos, e a sua borda deverá ser azul e dourada.

E se estiver em uma cidade, a sala não deverá ter janelas, e se estiver no interior, então é melhor se a janela estiver no teto. Ou, se for possível, que essa invocação seja realizada em um templo preparado para o ritual da passagem pelo Tuat.

Do teto ele deve pendurar um lampião, no qual há um vidro vermelho, para queimar óleo de oliva. E este lampião deve ser limpo e preparado após a oração do pôr-do-sol, e debaixo do lampião deverá haver um altar, quadrado, e a altura será três vezes a metade da largura ou o dobro da largura.

E sobre o altar deverá haver um incensário, hemisférico, apoiado em três pernas, de prata, e dentro dele um hemisfério de cobre, e no topo uma grade de prata dourada, e sobre ele queimará incenso feito de quatro partes de olíbano e duas partes de stacte e uma parte de madeira de aloes, ou de cedro, ou de sândalo. E isso é suficiente.

E ele também deve manter pronto, em um frasco de cristal no altar, óleo santo de unção feito de mirra e canela e galangal.

E mesmo que ele seja de um grau mais alto do que um Probacionista, ainda assim ele deve vestir o robe do Probacionista, pois a estrela de chamas manifesta abertamente Ra-Hoor-Khuit sobre o peito, e secretamente o triângulo azul que desce é Nuit, e o triângulo vermelho que ascende é Hadit. E eu sou o Tau dourado no meio de seu casamento. Além disso, se ele escolher, ele pode em vez disso usar um robe de seda mutável, roxa e verde, e sobre ele uma capa sem mangas, de azul brilhante, coberta de lantejoulas douradas, e escarlate por dentro.

E ele fará por conta própria uma varinha de amendoeira ou de avelãzeira cortada por suas próprias mãos ao amanhecer do Equinócio, ou do Solstício, ou no dia de Corpus Christi, ou em um dos dias de festa que são designados no Livro da Lei.

E ele gravará com sua própria mão sobre uma placa de ouro a Santa Tabela Sétupla, ou a Santa Tabela Duodécupla, ou algum aparato particular. E ela será quadrada dentro de um círculo, e o círculo deve ser alado, e ele deve prendê-lo em sua testa com uma fita de seda azul.

Além disso, ele usará uma faixa de louro ou rosa ou hera ou arruda, e todos os dias, após a oração do nascer do sol, ele a queimará no fogo do incensário.

Agora ele deve orar três vezes diariamente, ao pôr-do-sol, e à meia-noite, e ao nascer do sol. E se ele puder, ele também orará quatro vezes entre o nascer e o pôr-do-sol.

A oração durará pelo menos uma hora, e ele procurará sempre estendê-la e inflamar-se em oração. Assim ele invocará seu Santo Anjo Guardião por onze semanas e, em todo caso, orará sete vezes ao dia durante a última das onze semanas.

E durante todo este tempo ele deverá ter composto uma invocação adequada, com tanta sabedoria e compreensão quanto lhe forem dadas da Coroa, e esta ele deve escrever em letras de ouro sobre o topo do altar.

O topo do altar deverá ser de madeira branca, bem polida, e no seu centro ele colocará um triângulo de madeira de carvalho, pintado de escarlate, e sobre este triângulo ficarão as três pernas do incensário.

Além disso, ele deverá copiar sua invocação sobre uma folha de velino branco puro, com tinta nanquim, e ele deve iluminá-la de acordo com sua fantasia e imaginação, que tomarão forma pela beleza.

E no primeiro dia da duodécima semana ele entrará na câmara ao nascer do sol, e fará sua oração, tendo primeiro queimado no fogo do lampião a conjuração que ele fez sobre o velino.

Então, em sua oração, a câmara será enchida de luz insuportável pelo seu esplendor, e um perfume intolerável pela sua doçura. E seu Santo Anjo Guardião aparecerá para ele, sim, seu Santo Anjo Guardião aparecerá para ele, para que ele se envolva no Mistério da Santidade.

Todo aquele dia ele permanecerá no prazer do conhecimento e conversação do Santo Anjo Guardião.

E depois por três dias ele permanecerá do nascer do sol ao pôr-do-sol no templo, e ele obedecerá ao conselho que o Anjo lhe terá dado, e ele sofrerá as coisas que forem designadas.

E depois disso, por dez dias se retirará da plenitude dessa comunhão como lhe foi ensinado, pois ele precisa harmonizar o mundo que está dentro com o mundo que está fora.

E no fim dos noventa e um dias ele retornará ao mundo, e lá ele executará a obra a que o Anjo lhe designou.

E mais do que isso não é necessário dizer, pois seu Anjo lhe terá rogado gentilmente e lhe mostrado de que maneira ele pode mais perfeitamente ser invocado. E para aquele que tem esse Mestre não há mais nada que necessite, desde que continue no conhecimento e conversação do Anjo, para que finalmente venha à Cidade das Pirâmides.

Thelema - Liber Liberi vel Lapidis Lazuli - Adumbratio Kabbalæ Ægyptiorum

 

Prólogo do Inascido

1. Para dentro de minha solidão chega –

2. O som de uma flauta em bosques escuros que assombram as colinas mais distantes.

3. Do bravo rio alcançam uniformemente até a beira do deserto.

4. E eu contemplo Pã.

5. As neves são eternas acima, acima—

6. E o perfume delas fumega para cima até as narinas das estrelas.

7. Mas o que eu tenho a ver com estes?

8. Para mim apenas a flauta distante, a visão permanente de Pã.

9. De todos os lados Pã ao olho, ao ouvido;

10. O perfume de Pã impregnando, o gosto dele enchendo totalmente minha boca, de modo que a língua irrompe em um discurso estranho e monstruoso.

11. O abraço dele intenso em cada centro de dor e de prazer.

12. O sexto sentido interior inflamado com o Seu ser mais íntimo,

13. Eu mesmo arremessado no precipício do ser

14. Até mesmo no abismo, aniquilação.

15. Um fim para a solidão, como para tudo.

16. Pã! Pã! Io Pã! Io Pã!

I
1. Meu Deus, como Te amo!

2. Com o apetite veemente de uma besta eu Te caço pelo Universo.

3. Tu estás como se fosse sobre um pináculo na borda de alguma cidade fortificada. Eu sou um pássaro branco, e pouso em Ti.

4. Tu és meu amante: eu Te vejo como uma ninfa com seus membros brancos estendidos junto à fonte.

5. Ela se deita sobre o musgo; não há outra senão ela:

6. Não és Tu Pã?

7. Eu sou Ele. Não fales, Ó meu Deus! Que o trabalho seja realizado em silêncio.

8. Que meu grito de dor se cristalize em um pequeno cervo branco para fugir para dentro da floresta!

9. Tu és um centauro, Ó meu Deus, das flores de violeta que Te coroam até os cascos do cavalo.

10. Tu és mais duro que o aço temperado; não há diamante além de Ti.

11. Eu não entreguei este corpo e alma?

12. Eu te cortejo com uma adaga que cruza minha garganta.

13. Que o jorro de sangue sacie a Tua sede de sangue, Ó meu Deus!

14. Tu és um coelhinho branco na toca da Noite.

15. Sou maior que a raposa e o buraco.

16. Dá-me Teus beijos, Ó Senhor Deus!

17. O relâmpago veio e lambeu o pequeno rebanho de ovelhas.

18. Há uma língua e uma chama; vejo aquele tridente caminhando sobre o mar.

19. Uma fênix o tem como cabeça; abaixo há duas pontas. Elas alanceiam os ímpios.

20. Eu Te alancearei, Ó Tu pequeno deus cinzento, a menos que Tu tenhas cuidado!

21. Do cinza ao ouro; do ouro até o que está além do ouro de Ofir.

22. Meu Deus! mas eu Te amo!

23. Por que Tu sussurraste coisas tão ambíguas? Tu estavas com medo, Ó Ungulado, Ó Chifrudo, Ó pilar de relâmpago?

24. Do relâmpago caem pérolas; das pérolas manchas negras de nada.

25. Baseei tudo em um, um em nada.

26. Flutuando no éter, Ó meu Deus, meu Deus!

27. Ó Tu grande sol encapuzado de glória, corta estas pálpebras!

28. A natureza morrerá; ela me esconde, fechando minhas pálpebras com medo, ela me esconde da Minha destruição, Ó Tu olho aberto.

29. Ó Sempre-choroso!

30. Nem Ísis, minha mãe, nem Osíris, eu mesmo; mas o incestuoso Hórus entregue a Tifão, assim eu seja!

31. Pensamento ali; e o pensamento é mau.

32. Pã! Pã! Io Pã! é o suficiente.

33. Não caias na morte, Ó minha alma! Pensa que a morte é a cama na qual vós estais caindo!

34. Ó, como eu Te amo, Ó meu Deus! Especialmente há uma luz paralela veemente do infinito, visivelmente difratada na névoa desta mente.

35. Eu Te amo.

Eu Te amo.

Eu Te amo.

36. Tu és uma coisa bela mais branca do que uma mulher na coluna desta vibração.

37. Eu disparo verticalmente como uma flecha, e me torno aquele Acima.

38. Mas é a morte, e a chama da pira.

39. Suba na chama da pira, Ó minha alma! Teu Deus é como o vazio frio do céu mais extremo, no qual irradias tua pequena luz.

40. Quando Tu me conheceres, Ó Deus vazio, minha chama expirará totalmente em Teu grande N.O.X.

41. O que serás Tu, meu Deus, quando eu deixar de Te amar?

42. Um verme, um nada, um canalha perverso!

43. Mas Óh! Eu Te amo.

44. Tenho atirado um milhão de flores da cesta do Além a Teus pés, ungi a Ti e a Teu Cajado com óleo e sangue e beijos.

45. Eu acendi o Teu mármore para a vida – sim! para a morte.

46. Fui atingido pelo fedor de Tua boca, que nunca bebe vinho, mas vida.

47. Como o orvalho do Universo embranquece os lábios!

48. Ah! fluxo gotejante das estrelas da mãe Superna, desapareça!

49. Eu sou Aquela que deveria vir, a Virgem de todos os homens.

50. Eu sou um rapaz diante de Ti, Ó Tu Deus sátiro.

51. Tu infligirás o castigo do prazer – Agora! Agora! Agora!

52. Io Pã! Io Pã! Eu Te amo. Eu Te amo.

53. Ó meu Deus, poupa-me!

54. Agora!

Está feito! Morte.

55. Eu gritei em voz alta a palavra – e ela era um feitiço poderoso para amarrar o Invisível, um encantamento para desatar o atado; sim, para desatar o atado.

II
1. Ó meu Deus! usa-me Tu novamente, sempre. Para sempre! Para sempre!

2. Aquilo que veio de Ti fogo vem de mim água; portanto, que Teu Espírito se apodere de mim, de modo que minha mão direita solte o raio.

3. Viajando pelo espaço, vi o avanço de duas galáxias, colidindo uma com a outra e chifrando como touros sobre a terra. Eu tive medo.

4. Assim elas pararam de lutar e se voltaram contra mim, e eu fui dolorosamente esmagado e dilacerado.

5. Preferiria ter sido pisoteado pelo Elefante-Mundo.

6. Ó meu Deus! Tu és minha pequena tartaruga de estimação!

7. No entanto Tu sustentas o Elefante-Mundo.

8. Eu me esgueiro sob Tua carapaça, como um amante na cama de sua bela; eu me esgueiro para dentro e sento em Teu coração, por mais confinado e aconchegante que seja.

9. Tu me proteges, para que eu não ouça a trombeta daquele Elefante-Mundo.

10. Tu não vales um obol na ágora; no entanto Tu não deves ser comprado pelo valor de todo o Universo.

11. Tu és como uma bela escrava núbia inclinando sua púrpura nua contra os pilares verdes de mármore que estão acima do local de banho.

12. Vinho jorra de seus mamilos negros.

13. Bebi vinho há algum tempo na casa de Pertinax. O copeiro me favoreceu e me deu o doce e certo Chian.

14. Havia um rapaz Dórico, hábil em feitos de força, um atleta. A lua cheia fugiu furiosamente pelos destroços.

Ah! mas nós rimos.

15. Eu estava perniciosamente bêbado, Ó meu Deus! No entanto, Pertinax me trouxe para o casamento.

16. Eu tinha uma coroa de espinhos como todo o meu dote.

17. Tu és como o chifre de um bode de Astor, Ó Tu Deus meu, retorcido e torto e diabolicamente forte.

18. Mais frio que todo o gelo de todas as geleiras da Montanha Nua era o vinho que me serviu.

19. Uma região selvagem e uma lua minguante.

Nuvens correndo pelo céu.

Um círculo de pinheiros e de teixos altos além. Tu no meio!

20. Ó todos vós sapos e gatos, regozijai-vos! Vós coisas gosmentas, vinde para cá!

21. Dançai, dançai para o Senhor nosso Deus!

22. Ele é ele! Ele é ele! Ele é ele!

23. Por que devo continuar?

24. Por quê? Por quê? vem a gargalhada repentina de um milhão de diabinhos do inferno.

25. E o riso corre.

26. Mas não adoece o Universo; mas não abala as estrelas.

27. Deus! como eu Te amo!

28. Estou andando em um asilo; todos os homens e mulheres ao meu redor estão insanos.

29. Óh loucura! loucura! loucura! desejável és tu!

30. Mas eu Te amo, Ó Deus!

31. Estes homens e mulheres deliram e uivam; eles espumam tolice.

32. Começo a ter medo. Eu não sou checado; eu estou sozinho. Sozinho. Sozinho.

33. Pensa, Ó Deus, como sou feliz em Teu amor.

34. Ó Pã de mármore! Ó falso rosto malicioso! Eu amo Teus beijos escuros, sangrentos e fedorentos! Ó Pã de mármore! Teus beijos são como a luz do sol no Egeu azul; o sangue deles é o sangue do pôr do sol sobre Atenas; o fedor deles é como um jardim de Rosas da Macedônia.

35. Sonhei com o pôr do sol e rosas e videiras; Tu estavas lá, Ó meu Deus, Tu Te vestiste como uma cortesã Ateniense, e eu Te amei.

36. Tu não és um sonho, Ó Tu igualmente belo demais para dormir e acordar!

37. Eu disperso o povo insano da terra; ando sozinho com meus fantoches no jardim.

38. Eu sou gigantesco como Gargântua; aquela galáxia é apenas o anel de fumaça do meu incenso.

39. Queima Tu ervas estranhas, Ó Deus!

40. Preparai-me um licor mágico, rapazes, com vossos olhares!

41. A própria alma está bêbada.

42. Tu estás bêbado, Ó meu Deus, com meus beijos.

43. O Universo cambaleia; Tu olhaste para ele.

44. Duas vezes, e tudo está feito.

45. Vem, Ó meu Deus, e abracemo-nos!

46. Preguiçosamente, avidamente, ardentemente, pacientemente; assim trabalharei.

47. Haverá um Fim.

48. Ó Deus! Ó Deus!

49. Sou um tolo por Te amar; Tu és cruel, Tu Te recusas.

50. Vem a mim agora! Eu Te amo! Eu Te amo!

51. Ó meu querido, meu querido — Beija-me! Beija-me! Ah! uma vez mais.

52. Sono, leva-me! Morte, leva-me! Esta vida é plena demais; ela dói, ela mata, ela basta.

53. Que eu vá de volta para o mundo; sim, de volta para o mundo.

III
1. Eu era o sacerdote de Amon-Ra no templo de Amon-Ra em Thebai.

2. Mas Baco veio cantando com suas tropas de moças vestidas de videira, de moças em mantos escuros; e Baco no meio como um cervo!

3. Deus! como eu corri em minha raiva e dispersei o coro!

4. Mas em meu templo estava Baco como o sacerdote de Amon-Ra.

5. Portanto, fui loucamente com as moças para a Abissínia; e ali permanecemos e nos regozijamos.

6. Excessivamente; sim, em boa verdade!

7. Comerei os frutos maduros e verdes para a glória de Baco.

8. Terraços de ilex e camadas de ônix e opala e sardônica que conduzem acima até o fresco pórtico verde de malaquita.

9. Dentro há uma concha de cristal, em forma de ostra – Ó glória de Príapo! Ó beatitude da Grande Deusa!

10. Nela há uma pérola.

11. Ó Pérola! tu vieste da majestade do terrível Amon-Ra.

12. Então eu, o sacerdote, vi um brilho constante no coração da pérola.

13. Tão brilhante que não podíamos ver! Mas eis! uma rosa vermelho-sangue sobre uma cruz de ouro brilhante!

14. Então adorei o Deus. Baco! tu és o amante do meu Deus!

15. Eu que era o sacerdote de Amon-Ra, que vi o Nilo fluir por muitas luas, por muitas, muitas luas, sou o jovem cervo da terra cinzenta.

16. Organizarei minha dança em vossos conventículos, e meus amores secretos serão doces entre vós.

17. Tu terás um amante entre os senhores da terra cinza.

18. Isto ele trará a ti, sem o qual tudo é em vão; a vida de um homem derramada por teu amor em Meus Altares.

19. Amém.

20. Que seja logo, Ó Deus, meu Deus! Anseio por Ti, ando muito solitário entre os loucos, na terra cinzenta da desolação.

21. Tu estabelecerás a abominável Coisa solitária da maldade. Óh alegria! para lançar a pedra angular!

22. Ficará ereta sobre a alta montanha; só meu Deus comungará com ela.

23. Vou construí-la de um único rubi; será vista de longe.

24. Venha! irritemos os vasos da terra: eles destilarão vinho estranho.

25. Ela cresce sob a minha mão: ela cobrirá todo o céu.

26. Tu estás atrás de mim: eu grito com uma alegria louca.

27. Então disse Ituriel, o forte; que Nós também adoremos esta maravilha invisível!

28. Assim fizeram eles, e os arcanjos varreram o céu.

29. Estranho e místico, como um sacerdote amarelo invocando poderosos voos de grandes pássaros cinzentos do Norte, assim eu me levanto e invoco a Ti!

30. Que eles não obscureçam o sol com suas asas e seu clamor!

31. Retira a forma e seus seguidores!

32. Eu permaneço.

33. Tu és como uma águia pesqueira no arrozal, eu sou o grande pelicano vermelho nas águas do pôr do sol.

34. Sou como um eunuco negro; e Tu és a cimitarra. Eu golpeio a cabeça do claro, o quebrador de pão e sal.

35. Sim! Eu golpeio - e o sangue faz como se fosse um pôr do sol no lápis-lazúli do Quarto do Rei.

36. Eu golpeio. O mundo inteiro é quebrado em um vento forte, e uma voz clama em uma língua que os homens não conseguem falar.

37. Conheço aquele som terrível de alegria primordial; sigamos nas asas do vendaval até a sagrada casa de Hathor; ofereçamos as cinco joias da vaca em seu altar!

38. Novamente a voz inumana!

39. Eu empurro meu corpo Titânico nos dentes do vendaval, e eu golpeio e prevaleço, e me lanço sobre o mar.

40. Há um estranho Deus pálido, um deus de dor e maldade mortal.

41. Minha própria alma morde a si mesma, como um escorpião cercado de fogo.

42. Aquele Deus pálido com rosto desviado, aquele Deus de sutileza e riso, aquele jovem Deus Dórico, a ele eu servirei.

43. Pois o fim disso é um tormento indizível.

44. Melhor a solidão do grande mar cinzento!

45. Mas ai do povo da terra cinza, meu Deus!

46. Que eu os sufoque com minhas rosas!

47. Óh, Tu Deus delicioso, sorri sinistro!

48. Eu te colho, Ó meu Deus, como uma ameixa púrpura de uma árvore ensolarada. Como Tu derretes em minha boca, Tu consagrado açúcar das Estrelas!

49. O mundo está todo cinza diante dos meus olhos; é como um odre velho e gasto.

50. Todo o vinho dele está nestes lábios.

51. Tu me geraste sobre uma estátua de mármore, Ó meu Deus!

52. O corpo está gelado com a frieza de um milhão de luas; está mais duro do que o adamante da eternidade. Como devo sair para a luz?

53. Tu és Ele, Ó Deus! Ó meu querido! minha criança! meu brinquedo! Tu és como um grupo de donzelas, como uma multidão de cisnes no lago.

54. Sinto a essência da maciez.

55. Sou duro, forte e masculino; mas venha Tu! Serei macio, fraco e feminino.

56. Tu me esmagarás no lagar do Teu amor. Meu sangue manchará Teus pés de fogo com litanias de Amor em Angústia.

57. Haverá uma nova flor nos campos, uma nova vindima nas vinhas.

58. As abelhas colherão um novo mel; os poetas cantarão uma nova canção.

59. Eu ganharei a Dor do Bode como meu prêmio; e o Deus que está sentado sobre os ombros do Tempo cochilará.

60. Então tudo o que está escrito se cumprirá: sim, se cumprirá.

IV
1. Sou como uma donzela banhando-se em uma poça clara de água doce.

2. Ó meu Deus! Vejo-Te escuro e desejável, elevando-se através da água como uma fumaça dourada.

3. Tu estás completamente dourado, o cabelo e as sobrancelhas e o rosto brilhante; mesmo nas pontas dos dedos das mãos e dos pés Tu és um sonho rosado de ouro.

4. No fundo de Teus olhos dourados minha alma salta, como um arcanjo ameaçando o sol.

5. Minha espada passa através e através de Ti; luas cristalinas escorrem de Teu belo corpo que está escondido atrás das ovais de Teus olhos.

6. Mais fundo, cada vez mais fundo. Eu caio, assim como todo o Universo cai no abismo dos Anos.

7. Pois a Eternidade chama; o Sobremundo chama; o mundo da Palavra nos espera.

8. Acaba com a fala, Ó Deus! Crava as presas do cão Eternidade nesta minha garganta!

9. Sou como um pássaro ferido voando em círculos.

10. Quem sabe onde cairei?

11. Ó Abençoado! Ó Deus! Ó meu devorador!

12. Deixa-me cair, cair para baixo, cair para longe, sozinho!

13. Deixa-me cair!

14. Nem há qualquer descanso, Doce Coração, exceto no berço do régio Baco, a coxa do Santíssimo.

15. Lá descanso, sob o dossel da noite.

16. Urano repreendeu Eros; Marsyas repreendeu Olympas; eu repreendi meu lindo amante com sua juba de raios de sol; não devo cantar?

17. Meus encantamentos não trarão ao meu redor a maravilhosa companhia dos deuses da floresta, seus corpos brilhando com o unguento de luar e mel e mirra?

18. Adoráveis sois vós, Ó meus amantes; avancemos para a clareira mais escura!

19. Lá nos banquetearemos com mandrágoras e móli!

20. Ali O amável nos oferecerá Seu santo banquete. Nos bolos marrons de milho provaremos a comida do mundo, e seremos fortes.

21. No cálice vermelho e terrível da morte, beberemos o sangue do mundo e nos embriagaremos!

22. Ohé! a canção para Iao, a canção para Iao!

23. Vem, cantemos para ti, Iacchus invisível, Iacchus triunfante, Iacchus indizível!

24. Iacchus, Ó Iacchus, Ó Iacchus, esteja perto de nós!

25. Então o semblante de todos os tempos escureceu, e a verdadeira luz brilhou.

26. Houve também um certo grito em uma língua desconhecida, cuja estridência perturbou as águas tranquilas de minha alma, de modo que minha mente e meu corpo foram curados de sua doença, o autoconhecimento.

27. Sim, um anjo perturbou as águas.

28. Este foi o clamor Dele: IIIOOShBTh-IO-IIIIAMAMThIBI-II.

29. Nem cantei isto mil vezes por noite durante mil noites antes que Tu viesses, Ó meu Deus flamejante, e me perfurasse com Tua lança. Teu manto escarlate desdobrou os céus inteiros, de modo que os Deuses disseram: Tudo está queimando: é o fim.

30. Tu também puseste os lábios na ferida e sugaste um milhão de ovos. E Tua mãe sentou-se sobre eles, e eis! estrelas e estrelas e Coisas derradeiras das quais as estrelas são os átomos.

31. Então eu Te vi, Ó meu Deus, sentado como um gato branco sobre a treliça da pérgola; e o zumbido dos mundos girando era apenas o Teu prazer.

32. Ó gato branco, as faíscas voam de Teu pelo! Tu crepitas com a divisão dos mundos.

33. Eu vi mais de Ti no gato branco do que na Visão dos Æons.

34. No bote de Rá eu viajei, mas nunca encontrei no Universo visível qualquer ser semelhante a Ti!

35. Tu eras como um cavalo branco alado, e eu corri com Ti pela eternidade contra o Senhor dos Deuses.

36. Assim ainda corremos!

37. Tu eras como um floco de neve caindo na floresta coberta de pinheiros.

38. Em um momento Tu estavas perdido em um deserto do igual e do diferente.

39. Mas eu vi o belo Deus atrás da nevasca - e Tu eras Ele!

40. Também li em um grande Livro.

41. Em pele antiga estava escrito em letras de ouro: Verbum fit Verbum.

42. Também Vitriol e o nome do hierofante

V.V.V.V.V.

43. Tudo isso girava em fogo, em fogo estelar, raro e distante e totalmente solitário - assim como Tu e eu, Ó alma desolada meu Deus!

44. Sim, e a escrita



Está bem.

Esta é a voz que abalou a terra.

45. Oito vezes ele clamou em voz alta, e por oito e por oito eu contarei Teus favores, Óh Tu Deus Undécuplo 418!

46. Sim, e por muitos mais; pelas dez nas vinte-e-duas direções; assim como a perpendicular da Pirâmide - assim serão Teus favores.

47. Se eu os conto, eles são Um.

48. Excelente é o Teu amor, Óh Senhor! Tu és revelado pela escuridão e aquele que tateia no horror dos bosques porventura Te alcançará, assim como uma cobra que se apodera de um pequeno pássaro canoro.

49. Eu Te peguei, Ó meu tordo macio; sou como um falcão de madre-esmeralda; eu Te pego por instinto, embora meus olhos falhem de Tua glória.

50. No entanto, eles são apenas pessoas tolas acolá. Eu os vejo na areia amarela, todos vestidos de púrpura Tíria.

51. Eles atraem seu Deus brilhante para a terra em redes; eles acendem uma fogueira para o Senhor do Fogo e gritam palavras profanas, até mesmo a terrível maldição Amri maratza, maratza, atman deona lastadza maratza maritza — marán!

52. Então eles cozinham o deus brilhante, e o engolem inteiro.

53. Essas são pessoas más, Ó lindo rapaz! vamos passar para o Outromundo.

54. Façamos de nós uma isca agradável, em uma forma sedutora!

55. Serei como uma esplêndida mulher nua com seios de marfim e mamilos dourados; todo o meu corpo será como o leite das estrelas. Serei lustrosa e Grega, uma cortesã de Delos, da instável Ilha.

56. Tu serás como um pequeno verme vermelho em um anzol.

57. Mas tu e eu pescaremos nossos peixes igualmente.

58. Então tu serás um peixe brilhante com dorso dourado e ventre prateado: serei como um belo homem violento, mais forte do que quarenta touros, um homem do Ocidente carregando um grande saco de joias preciosas sobre um cajado que é maior do que o eixo do todo.

59. E o peixe será sacrificado a Ti e o homem forte crucificado para Mim, e Tu e eu nos beijaremos e expiaremos o erro do Princípio; sim, o erro do princípio.

V
1. Ó meu lindo Deus! Nado em Teu coração como uma truta na torrente da montanha.

2. Salto de poça em poça em minha alegria; eu sou gracioso com marrom, dourado e prateado.

3. Ora, sou mais adorável do que os bosques ruivos do outono à primeira nevasca.

4. E a caverna de cristal do meu pensamento é mais adorável do que eu.

5. Apenas um anzol pode me atrair; é uma mulher ajoelhada na margem do riacho. É ela quem derrama o orvalho brilhante sobre si mesma e na areia para que o rio jorre.

6. Há um pássaro ali na murta; somente o canto desse pássaro pode me tirar da poça de Teu coração, Ó meu Deus!

7. Quem é esse rapaz Napolitano que ri em sua felicidade? Sua amante é a poderosa cratera da Montanha de Fogo. Eu vi seus membros carbonizados descendo as encostas em uma língua furtiva de pedra líquida.

8. E Ah! o som da cigarra!

9. Lembro-me dos dias em que eu era cacique no México.

10. Ó meu Deus, Tu eras então como é agora meu belo amante?

11. Minha infância era então como é agora Teu brinquedo, Tua alegria?

12. Em verdade, lembro-me daqueles dias de ferro.

13. Lembro-me de como inundamos os lagos amargos com nossa torrente de ouro; como afundamos a preciosa imagem na cratera de Citlaltepetl.

14. Como a boa chama nos elevou até as terras baixas, colocando-nos na floresta impenetrável.

15. Sim, Tu eras um estranho pássaro escarlate com um bico de ouro. Eu era Teu companheiro nas florestas da terra baixa; e sempre ouvíamos de longe o canto estridente dos sacerdotes mutilados e o clamor insano do Sacrifício de Donzelas.

16. Havia um estranho Deus alado que nos contou sobre sua sabedoria.

17. Conseguimos ser grãos estrelados de pó de ouro nas areias de um rio lento.

18. Sim, e aquele rio era o rio do espaço e do tempo também.

19. Nós partimos dali; sempre para o menor, sempre para o maior, até agora, Ó doce Deus, somos nós próprios, o mesmo.

20. Ó meu Deus, Tu és como um pequeno bode branco com relâmpagos em seus chifres!

21. Eu Te amo, eu Te amo.

22. Cada alento, cada palavra, cada pensamento, cada ação é um ato de amor Contigo.

23. A batida de meu coração é o pêndulo do amor.

24. As minhas canções são os suspiros suaves:

25. Os meus pensamentos são o próprio arrebatamento:

26. E minhas ações são as miríades de Tuas crianças, as estrelas e os átomos.

27. Que não haja nada!

28. Que todas as coisas caiam neste oceano de amor!

29. Seja esta devoção um poderoso feitiço para exorcizar os demônios dos Cinco!

30. Ah Deus, tudo se foi! Tu consumas Teu arrebatamento. Falútli! Falútli!

31. Há uma solenidade do silêncio. Não há mais voz alguma.

32. Assim será até o fim. Nós, que éramos pó, nunca cairemos no pó.

33. Assim será.

34. Então, Ó meu Deus, o sopro do Jardim das Especiarias. Todos estes têm uma aversão ao sabor.

35. O cone é cortado com um raio infinito; a hiperbólica curva da vida surge no ser.

36. Mais e mais longe flutuamos; no entanto estamos parados. É a cadeia de sistemas que está se afastando de nós.

37. Primeiro cai o mundo tolo; o mundo da velha terra cinza.

38. Cai impensavelmente longe, com seu triste rosto barbudo presidindo-o; ele se desvanece em silêncio e aflição.

39. Nós a silêncio e felicidade, e o rosto é o rosto risonho de Eros.

40. Sorrindo nós o cumprimentamos com os sinais secretos.

41. Ele nos conduz ao Palácio Invertido.

42. Há o Coração de Sangue, uma pirâmide que atinge seu ápice além do Erro do Princípio.

43. Enterra-me em Tua Glória, Ó amado, Ó amante principesco desta donzela meretriz, dentro da Câmara mais Secreta do Palácio!

44. É feito rapidamente; sim, o selo é posto sobre a cripta.

45. Há alguém que valerá de abri-la.

46. Nem por memória, nem por imaginação, nem por oração, nem por jejum, nem por flagelação, nem por drogas, nem por ritual, nem por meditação; somente por amor passivo ele valerá.

47. Ele esperará a espada do Amado e exporá sua garganta ao golpe.

48. Então seu sangue jorrará e escrever-me-á runas no céu; sim, escrever-me-á runas no céu.

VI
1. Tu eras uma sacerdotisa, Ó meu Deus, entre os Druidas; e conhecíamos os poderes do carvalho.

2. Fizemos para nós um templo de pedras na forma do Universo, assim como tu usaste abertamente e eu escondido.

3. Lá realizamos muitas coisas maravilhosas à meia-noite.

4. Na lua minguante trabalhamos.

5. Sobre a planície surgiu o grito atroz de lobos.

6. Nós respondemos; nós caçamos com a alcateia.

7. Chegamos até a nova Capela e Tu levaste embora o Santo Graal sob Tuas vestes de Druida.

8. Secretamente e furtivamente bebemos do sacramento informador.

9. Então uma terrível doença se abateu sobre o povo da terra cinza; e nós nos alegramos.

10. Ó meu Deus, disfarça a Tua glória!

11. Venha como um ladrão, e roubemos os Sacramentos!

12. Em nossos bosques, em nossas celas claustrais, em nosso favo de felicidade, bebamos, bebamos!

13. É o vinho que tinge todas as coisas com a verdadeira tintura de ouro infalível.

14. Há segredos profundos nestas canções. Não basta ouvir o pássaro; para apreciar a canção, ele deve ser o pássaro.

15. Eu sou o pássaro, e Tu és minha canção, Ó meu glorioso Deus galopante!

16. Tu guias as rédeas das estrelas; tu conduzes as sete constelações lado a lado pelo circo do Nada.

17. Tu Deus Gladiador!

18. Eu toco minha harpa; Tu lutas contra as bestas e as chamas.

19. Tu tomas Tua alegria na música, e eu na luta.

20. Tu e eu somos amados pelo Imperador.

21. Vê! ele nos convocou ao estrado Imperial.

A noite cai; é uma grande orgia de adoração e bem-aventurança.

22. A noite cai como um manto de lantejoulas dos ombros de um príncipe sobre um escravo.

23. Ele levanta-se como um homem livre!

24. Lança tu, Ó profeta, o manto sobre estes escravos!

25. Uma grande noite, e poucos fogos nela; mas liberdade para o escravo que sua glória abrangerá.

26. Assim também desci à grande e triste cidade.

27. Ali, Messalina morta trocou sua coroa pelo veneno de Locusta morta; lá estava Calígula e feriu os mares do esquecimento.

28. Quem eras tu, Ó César, que conheceste Deus em um cavalo?

29. Pois eis! vimos o Cavalo Branco dos Saxões gravado sobre a terra; e vimos os Cavalos do Mar que chamejam sobre a velha terra cinzenta, e a espuma de suas narinas nos ilumina!

30. Ah! mas eu te amo, Deus!

31. Tu és como uma lua sobre o mundo de gelo.

32. Tu és como o alvorecer das mais extremas neves sobre as planícies queimadas da terra do tigre.

33. Pelo silêncio e pela fala eu Te adoro.

34. Mas é tudo em vão.

35. Só Teu silêncio e Tua fala que me adoram valem.

36. Chorai, Ó vós povo da terra cinzenta, porque bebemos o vosso vinho e vos deixamos apenas as amargas borras.

37. No entanto, destes destilaremos para vós um licor além do néctar dos Deuses.

38. Há valor em nossa tintura para um mundo de Especiarias e ouro.

39. Pois nosso pó vermelho de projeção está além de todas as possibilidades.

40. Há poucos homens; há o suficiente.

41. Estaremos cheios de copeiros, e o vinho não será escasso.

42. Ó querido meu Deus! que banquete Tu providenciaste.

43. Vede as luzes e as flores e as donzelas!

44. Provai os vinhos e as iguarias e as carnes esplêndidas!

45. Aspirai os perfumes e as nuvens de pequenos deuses como ninfas da floresta que habitam as narinas!

46. Senti com todo o vosso corpo a suavidade gloriosa do frescor do mármore e o calor generoso do sol e dos escravos!

47. Que o Invisível informe toda a Luz devoradora de seu vigor disruptivo!

48. Sim! todo o mundo está dividido, como uma velha árvore cinza pelo raio!

49. Vinde, Ó vós deuses, e festejemos.

50. Tu, Ó meu querido, Ó meu incessante Deus-Pardal, meu deleite, meu desejo, meu enganador, vem Tu e gorjeia à minha mão direita!

51. Este foi o conto da memória de Al A’in o sacerdote; sim, de Al A’in o sacerdote.

VII
1. Pela queima do incenso a Palavra foi revelada, e pela droga distante.

2. Ó farinha e mel e óleo! Ó linda bandeira da lua, que ela pendura no centro de bem-aventurança!

3. Estes afrouxam as faixas do cadáver; estes desamarram os pés de Osíris, para que o Deus flamejante possa se enfurecer através do firmamento com sua lança fantástica.

4. Mas de puro mármore negro é a triste estátua, e a imutável dor dos olhos é amarga para o cego.

5. Compreendemos o êxtase daquele mármore abalado, dilacerado pelos espasmos da criança coroada, a vara dourada do Deus dourado.

6. Sabemos porque tudo está escondido na pedra, dentro do ataúde, dentro do poderoso sepulcro, e nós também respondemos Olalám! Imál! Tutúlu! como está escrito no livro antigo.

7. Três palavras desse livro são como vida para um novo æon; nenhum deus leu o todo.

8. Mas tu e eu, Ó Deus, temo-lo escrito página por página.

9. Nossa é a leitura undécupla da palavra Undécupla.

10. Essas sete letras juntas formam sete palavras diversas; cada palavra é divina, e sete sentenças estão escondidas nela.

11. Tu és a Palavra, Ó meu querido, meu senhor, meu mestre!

12. Ó, vem a mim, mistura o fogo e a água, tudo se dissolverá.

13. Eu espero por Ti ao dormir, ao acordar. Eu não Te invoco mais; pois Tu estás em mim, Ó Tu que fizeste de mim um belo instrumento sintonizado em Teu êxtase.

14. No entanto, Tu estás sempre separado, assim como eu.

15. Lembro-me de um certo dia santo no crepúsculo do ano, no crepúsculo do Equinócio de Osíris, quando pela primeira vez eu Te vi visivelmente; quando a terrível questão foi combatida pela primeira vez; quando Aquele com cabeça de Íbis encantou a contenda.

16. Lembro-me de Teu primeiro beijo, assim como uma donzela deveria. Nem nos becos escuros havia outro: Teus beijos perduram.

17. Não há outro além de Ti em todo o Universo de Amor.

18. Meu Deus, eu Te amo, Ó Tu bode de chifres dourados!

19. Tu belo touro de Ápis! Tu bela serpente de Apep! Tu linda criança da Deusa Grávida!

20. Te agitaste em Teu sono, Ó antigo sofrimento de anos! Tu ergueste Tua cabeça para golpear, e tudo é dissolvido no Abismo de Glória.

21. Um fim para as letras das palavras! Um fim para o discurso sétuplo.

22. Resolve-me a maravilha de tudo isso na figura de um camelo magro e veloz caminhando sobre a areia.

23. Solitário é ele, e abominável; ainda assim ele ganhou a coroa.

24. Óh, regozijai-vos! regozijai-vos!

25. Meu Deus! Óh meu Deus! Sou apenas um pontinho na poeira estelar das eras; eu sou o Mestre do Segredo das Coisas.

26. Eu sou o Revelador e o Preparador. Minha é a Espada - e a Mitra e a Varinha Alada!

27. Eu sou o Iniciador e o Destruidor. Meu é o Globo - e o Pássaro Bennu e o Lótus de Ísis minha filha!

28. Eu sou Aquele além de todos estes; e porto os símbolos da poderosa escuridão.

29. Haverá um sigilo como de um vasto oceano negro e sombrio da morte e a chama central da escuridão, irradiando sua noite sobre tudo.

30. Ele engolirá aquela escuridão menor.

31. Mas naquele profundo quem responderá: O que é?

32. Não eu.

33. Não Tu, Ó Deus!

34. Vem, não raciocinemos mais juntos; aproveitemos! Sejamos nós mesmos, silenciosos, únicos, aparte.

35. Ó bosques solitários do mundo! Em quais recessos vós escondereis nosso amor?

36. A floresta das lanças do Altíssimo é chamada Noite, e Hades e Dia da Ira; mas eu sou Seu capitão e carrego Seu cálice.

37. Não me temais com meus lanceiros! Eles matarão os demônios com suas garras mesquinhas. Vós sereis livres.

38. Ah, escravos! vós não quereis – vós não sabeis como querer.

39. No entanto, a música de minhas lanças será uma canção de liberdade.

40. Um grande pássaro varrerá do Abismo da Alegria e levará vocês para serem meus copeiros.

41. Vem, Ó meu Deus, que em um último arrebatamento alcancemos a União com os Muitos!

42. No silêncio das Coisas, na Noite das Forças, além do maldito domínio dos Três, que nós gozemos de nosso amor!

43. Meu querido! Meu querido! distante, distante além da Assembleia e da Lei e da Iluminação em uma Anarquia de Solidão e Escuridão!

44. Pois mesmo assim devemos velar o brilho de nosso Ser.

45. Meu querido! Meu querido!

46. Ó meu Deus, mas o amor em Mim rompe os laços do Espaço e do Tempo; meu amor é derramado entre aqueles que não amam o amor.

47. Meu vinho é derramado para aqueles que nunca provaram vinho.

48. Os seus vapores os intoxicarão e o vigor do meu amor engendrará filhos poderosos de suas donzelas.

49. Sim! sem gole, sem abraço: - e a Voz respondeu Sim! estas coisas serão.

50. Então busquei uma Palavra para Mim Mesmo; não, para mim mesmo.

51. E veio a Palavra: Ó Tu! está bem. Não atentes a nada! Eu Te amo! Eu Te amo!

52. Portanto tive fé até o fim de tudo; sim, até o fim de tudo.