sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Zurvanismo



Zurvanismo é um ramo extinto do zoroastrismo que teve a divindade Zurvan como seu princípio (divindade criadora). O Zurvanismo também é conhecido como zoroastrismo zurvanita. Zurvan é o nome de uma divindade persa (deus) e também de vários outros sistemas religiosos.

No Zurvanismo, Zurvan é o deus do tempo (e espaço) infinito e é também conhecido como a divindade ( o "um", o "único") da matéria. Zurvan é o pai dos dois opostos que representam o bom deus Ahura Mazda e o mal Angra Mainyu. Zurvan é considerado como um deus neutro, sem sexo e paixão, é aquele para quem não há distinção entre bom ou o mau. Zurvan é também o deus do destino, a luz e a escuridão, uma versão normalizada da palavra, que em persa médio aparece à vezes como Zurvan, Zruvān ou Zarvān. O nome deriva do persa médio avéstico zruvan-, "tempo" ou "velhice".

Origem e contexto histórico

Embora os detalhes da origem e desenvolvimento da Zurvanismo permanecem obscuros, é geralmente aceito que Zurvanismo era um ramo maior do Zoroastrismo que a doutrina da Zurvan foi uma resposta sacerdotal para resolver a inconsistência percebida nos textos sagrados e que esta doutrina tenha sido introduzida na segunda metade da era Aquemênida.

O Zurvanismo desfrutou de sanção real durante a era Sassânida (226-651), mas há vestígios de que permaneceram além do século X. Embora o Zurvanismo da era sassânidas foi certamente influenciada pela filosofia helênica, ainda não se sabe se Zurvan Zoroastro era uma adaptação de um antecedente ou divindade estrangeira do temcpo (em grego Chronos). Os primeiros vestígios de que o zoroastrismo alcançou o oeste são notas não zoroastristas de crenças normalmente Zurvanitas, o que levou os estudiosos europeus a concluirem que o zoroastrismo foi uma religião monista, um assunto de muita controvérsia entre os estudiosos e praticantes contemporâneos da fé. O Zurvan do Irã está relacionada com a palavra em sânscrito sarva e carrega um campo semântico semelhante ao descrever uma divindade monista.

Declínio

O Zurvanismo tornou-se a doutrina dominante do Estado sob os sassânidas que governaram a Pérsia na época da revelação do Islã e acompanhada pelo surgimento de outras doutrinas radicalmente dualistas na Pérsia. Após a queda do Império Sassânida, no século 7, o zoroastrismo foi gradualmente suplantado pelo islamismo. O primeiro continuou a existir, mas em um estado cada vez mais dizimado e os demais zoroastristas parecem ter gradualmente retornado à doutrina mazdeísta prescrita por Zoroastro nos Gathas. Por volta do século 10, o Zurvanismo já tinha deixado de existir, deixando o mazdaismo como a única forma restante do zoroastrismo.

Avesta


Avesta, da palavra pálavi p(y)stʾk/abestāg  às vezes aportuguesado como Abisteco, faz parte das escrituras sagradas do zoroastrismo, que são os textos do Avesta e os textos do Pálavi.

O Avesta, incorretamente chamado Zend-Avesta, é, assim como a Bíblia, uma coleção de livros sagrados que foram escritos durante um longo período e em diferentes idiomas. A principal diferença para a Bíblia é que o Avesta se parece com um livro de orações e possui poucas narrativas.

Segundo o orientalista alemão Martin Haug, os sacerdotes zoroastristas inventaram a história de que seus livros sagrados remetiam a Abraão, o patriarca judeu, com o objetivo de escapar da perseguição dos maometanos.

Gathas



Os Gathas consistem em 17 cânticos que acredita-se terem sido compostos por Zaratustra, são considerados os textos mais sagrados na fé do Zoroastrismo. Os Gathas consistem de 17 cânticos, e são também divididos em cinco grupos, de acordo com a sua métrica original.

Os primeiros sete cânticos são chamados de Ahuna-vaiti, os Gathas que transmitem Ahuna, o Princípio da Livre Escolha. Os quatro cânticos seguintes são Ushta-vaiti, os Gathas que transmitem Ushta. Os quatro cânticos da frente são Spenta Mainyu, os Gathas da Mentalidade Progressista. O cântico em seguida é Vohû khshathra, o Gatha da Boa Organização. O cântico final, incluindo o  Airyêmâ ishyô, é Vahishtâ-Îshti, o Gatha do Melhor Desejo.

Preservação e sobrevivência do Gathas

A sobrevivência do Gathas até os dias de hoje é resultado de uma história triste com final feliz.

Quando a dinastia Sassânida ganhou a coroa Kayanian, no ano de 224 aD na Pérsia, a língua de Zaratustra tinha se tornado desconhecida e misteriosa.

O Gathas havia sido incorporado numa coleção de escritos posteriores agora conhecidos como Avesta. Esse material só sobreviveu traduzido, comentado e interpretado na língua pahlavi dos sassânidas.

A queda do Império Sassânida no ano de 630 aD e o subseqüente eclipse da religião zoroastriana fez dura a vida dos que continuaram a tradição. Os livros religiosos foram atacados com fúria pelos conquistadores árabes sobrando do Avesta apenas um terço ou menos. Felizmente o Gathas sobreviveu a essa catástrofe.

O contato continuado entre os zoroastrianos que haviam se refugiado na Índia e os que ficaram no Irã entre os séculos XV e XVIII aD, seguido do interesse em estudos orientais por parte de eruditos europeus, ajudou a devolver ao mundo as palavras de Asho Zaratustra. A recuperação do Gathas é relativamente recente. A tradução e os estudos do Gathas hoje disponíveis têm mais ou menos uma centúria. Devemos muito dessa recuperação à curiosidade e paciência dos eruditos ocidentais, orientalistas.

O Gathas no Avesta

A posição dada ao Gathas no Avesta testifica sua importância no conjunto. A saudação, que o introduz, chama de ideais os seus pensamentos e palavras e pede que sejam proclamados. Toda vez que os escritores subseqüentes ao Avesta mencionam o Gathas o fazem com grande deferência. Os cânticos de Zaratustra são apontados como orações rituais a serem recitadas em momentos especiais e tidas como inspiradas por Deus.

Amesha Spenta



Amesha Spenta ("Imortal Sagrado" em avestano) é o nome que recebe no zoroastrismo cada uma das seis ou sete emanações de Ahura Mazda ("Senhor da Sabedoria", Deus).

No pensamento religioso de Zaratustra, os Amesha Spentas surgem de uma forma abstracta. Os Gathas, hinos religiosos compostos por Zaratustra, escritos numa linguagem poética que dá lugar a variadas interpretações, parecem sugerir que Ahura Mazda é o pai de Spenta Mainyu ("Espírito Santo"), Asha Vahishta ("Retidão Suprema", "Ordem"), Vohu Manah ("Bom Pensamento") e de Spenta Armaiti ("Piedade Sagrada"), quatro dos Amesha Spentas. Em relação aos outros três, Khshathra Vairya ("Governo Ideal"), Haurvatat ("Perfeição") e Ameretat ("Imortalidade"), eles aparecem como qualidades de Ahura Mazda.

No decurso da história do zoroastrismo, os Amesha Spentas foram personificados, sendo cada um associado a um aspecto da criação divina. Alguns investigadores ocidentais compararam-nos aos anjos, mas esta visão não é completamente correcta, uma vez que os Amesha Spentas não são portadores de mensagens divinas. Alguns investigadores defendem que a angelologia do judaísmo desenvolveu-se com maior profundidade devido aos contactos com o zoroastrismo no contexto do cativeiro na Babilónia (séculos VI e V a.C.).

Entre os Amesha Spentas, três são vistos como masculinos e três como femininos. Particularmente importantes são Asha Vahishta e Vonu Manah. Asha Vahishta está associado ao fogo, o mais importante símbolo sagrado da religião zoroastriana, bem como à justiça e à verdade. Vonu Manah ("Bom Pensamento") encontra-se ligado à sabedoria e ao amor. Segundo o zoroastrismo, Vonu Manah apareceu a Zoroastro enquanto este participava num ritual pagão num rio e levou-o até à presença de Deus e dos outros Amesha Spentas, ocasião na qual lhe foi revelada a nova mensagem religiosa.

Asha



Asha ( /ˈɑːʃə/; aša) é o termo (correspondente ao Sânscrito védico ṛta) na Língua avéstica para um conceito de extrema importância na teologia e doutrina do Zoroastrismo. Na esfera moral, aša/arta representa o que tem sido chamado de "o conceito confessional decisivo do zoroastrismo."O oposto védico de aša é druj, "mentira."

O significado do termo é complexo com uma gama altamente diferenciada de significados. É comumente resumido de acordo com suas implicações contextuais de 'verdade' e 'retidão', 'ordem' e 'trabalho correto'.

A palavra também é o nome próprio da divindade Asha, a Amesha Spenta que é a hipóstase ou "gênio" da "Verdade" ou "Retidão". Na Avesta, esta figura é mais comumente referida como Asha Vahishta (Aša Vahišta, Arta Vahišta), "Melhor Verdade". O descendente Persa médio é Ashawahist ou Ardwahisht; na Língua persa Ardibehesht ou Ordibehesht. Nos Gathas, os mais antigos textos do Zoroastrismo e pensados terem sido compostos pelo próprio profeta, raramente é possível distinguir entre o princípio moral e a divindade. Textos posteriores consistentemente usam o epíteto 'Melhor' ao falar da Amesha Spenta, enquanto nos Gathas o adjetivo "melhor" de aša/arta é usado apenas uma vez.

Daeva



Daeva é um ser da mitologia persa.

Todos os Daevas são invisíveis aos olhos, é possível ver apenas a sua sombra. Na Pérsia, os Daevas são considerados Deuses. Eles são seres que a partir das sombras se movem e caminham pelos mundos. A mitologia ao redor deles afirma que muitos são seres bestiais e animalescos, em seu rastro deixam sempre uma marca comum a essas entidades. Os Daevas, de acordo com a lenda, podem ser invocados a partir de uma conjuração demoníaca que requer grande habilidade espiritual para dominá-los. São demônios sombra Zoroatrianos; são selvagens e animalescos. Os Daevas precisam ser invocados para "atacarem" através de um ritual antigo e extremamente macabro, e isso é um trabalho muito arriscado,pois tendem a "atacar" seu invocador. Ninguém conhece suas aparências físicas, pois não são vistos há milênios. Não há como "exterminá-los". Para o invocador perder o controle sobre eles, é preciso apenas destruir o altar do ritual e os Daeva se voltaram contra seu invocador. A sua conjuração e feita a partir do uso de sangue e ossos humanos.

Arimã



Angra Mainyu, Ahriman, Arimã ou Arimane é o deus das trevas, da destruição, da morte, do mal e da desordem para os seguidores do zoroastrismo. Em oposição a seu irmão gêmeo, Aúra-Masda, Arimã deseja levar os homens à devassidão e corrupção. Ele é o senhor das trevas que cegam os homens que buscam a verdadeira visão - seus métodos são vis e enganadores, ele corrompe os homens com desejos que os desviam da "trilha verdadeira". Ele é o senhor de todos os Devas (deuses malignos), e os utiliza em todos os seus propósitos malignos.

Etimologia

"Arimã" é um termo de origem sânscrita.

Mito

Angra Mainyu e Aúra-Masda eram filhos de Zurvan (o Tempo), que tinha características tanto masculinas quanto femininas. Zurvan disse que o primogênito dos dois seria o mais forte, o que levou Angra Mainyu a sair primeiro do ventre de Zurvan. Por isso, Zurvan profetizou que o poder de Angra Mainyu duraria mil anos, após o que seu império do mal seria destruído.

Imagem

Representado por uma criatura humanoide e negra, Ahrimá,Arimã, Arimá ou Arimane era temido por todos os Devas, especialmente por seu semblante sinistro. Ele trajava uma armadura completa, mas, de suas ombreiras, saíam serpentes vivas que envenenavam todos aqueles que procuravam pela pureza.

Arquétipo do mal

Arimã ou Arimane é um arquétipo mitológico semelhante ao Satã judaico-cristão, mas não se sabe se este deriva de Arimã, ou se ocorre o contrário. Embora o antropólogo Joseph Campbell afirme que o zoroastrismo foi o primeiro monoteísmo ortodoxo amplamente aceito, pois foi a primeira grande doutrina monoteísta a ser adotada oficialmente por um grande império de influência mundial: o Império Aquemênida (o cristianismo e o islamismo só seriam adotados por grandes impérios bem depois, com o Império Romano e o Império Islâmico, respectivamente). Os Zoroastristas acreditavam que não existia deus se não Aúra-Masda. Indiferentemente da origem, exatamente da mesma forma que o satã cristão, Arimã representa o lado negro da alma de todos os homens, o ego que os guia a prazeres fúteis e os afasta de tudo o que é bom.