sábado, 4 de novembro de 2017

A Tradição das Sombras


Sagrado Dragão Iniciático 

O presente texto chamava-se, inicialmente, Tradição Draconiana: A Doutrina Secreta de Todas as Eras. Na verdade, foi um dos ordálios que realizei para o Segundo Grau da Pirâmide de Poder. A pedido de nosso O.H.O., o reformulei em alguns aspectos para que pudesse ser publicado em forma de monografia. Ao fazermos isso, acreditamos que estamos contribuindo duplamente: primeiro, dará uma noção para os futuros membros de como deve ser um trabalho de pesquisa para a Ordem. Nesta direção, a O.T.O. Draconiana é uma universidade espiritual através da qual muito aprendemos a partir das nossas próprias pesquisas, o que evita uma busca condicionada e sectária. Descubrimos o prazer de aprender a aprender e de confiar naquilo que fazemos. Segundo, partilharemos nosso trabalho que, certamente, enriquecerá o leitor.

Inicialmente, temos uma visão panorâmica sobre o ontem e o hoje da Tradição Draconiana; evocamos o sagrado dragão e meditamos sobre seu belo simbolismo alquímico e iniciático; analisamos as especificidades do Caminho das Sombras, assinalando sua importância, força e beleza e encerramos o texto com a interessante lenda chinesa do Dragão Alado.

A Tradição Draconiana é uma senda de Luz e de Sombras e esse aparente dualismo gera um espírito de síntese e de completude, fechando os dois caminhos em um único círculo ou, numa linguagem filosófica, identificando o ponto de partida no ponto de chegada. Que pela síntese possamos aprender a despertar o Dragão interior e a sobrevoar pelo círculo na beatitude da realização da Grande Obra em nosso ser.

Antônio Vicente
Frater Artos Mercurius, 156 ‘.’


A S P E C T O S  H I S T Ó R I C O S
D A  T R A D I Ç Ã O  D R A C O N I A N A


O Culto Ofidiano do interior da África foi continuado e desenvolvido no Egito, onde ele alcançou sua apoteose na Tradição Draconiana ou Tifoniana.

Nosso trabalho, no entanto, é historicamente autêntico; a rediscoberta da Tradição Sumeriana.

As pesquisas de Lyncoln tem, sem dúvida nenhuma, iluminado certas fases de um antigo ciclo mítico intimamente associado à Corrente Tifoniana. Elas revelam um possível relação entre um linhagem histórica: os Merovíngios e a Tradição Tifoniana.


A Tradição Draconiana é parte de uma corrente de força mágica e de conhecimento oculto que retrocede à Suméria, bem como ao Egito pré-dinástico. Essa poderosa corrente mágica era e é baseada na gnose da Serpente de Fogo. A Serpente de Fogo, a Kundalini ou, ainda, a Corrente Ofidiana, é a base de toda a verdadeira iniciação.

Como dizíamos no 1o paragráfo, a Tradição Draconiana é um substantivo coletivo para designar uma corrente evolutiva que se encontra ativa no planeta há milênios. Normalmente, alguns autores, como Blavatsky, atribuem sua manifestação inicial a Época Lemuriana (cerca de 5 milhões de anos atrás), de lá teria se migrado para o continente de Atlantis. Sabe-se que outras civilizações já teriam edificado formulações do conhecimento, contudo, foi na Atlântida que o conhecimento manifestou-se plenamente. Ainda na esteira de Blavatsky, somos informados de que os Sábios Atlantes, prevendo seu fim iminente, prepararam as terras do Egito (há, aproximadamente, 12 mil anos a.C.) para herdar as tradições de que eram portadores. É a partir daí que a tradição adquire sua temporalidade e “mudou-se” para a África. O conhecimento era mantido em rigoroso segredo e estava reservado à família reinante e às suas relações imediatas. Posteriormente, à medida que a nação egípcia se desenvolveu, este conhecimento tomou corpo, sob a forma de Colégios Sagrados, levando o Egito a tornar-se o centro da Tradição Primordial, com ramos em todos os países civilizados da época e mantendo relações com os demais centros que os sábios atlantes haviam criado nas outras partes do mundo, o que explica as extraordinárias semelhanças entre as antigas civilizações. A tradição que viera da Atlântida para o Egito e que se expandiu para os outros países, tinha seu centro em Heliópolis.

Pelas citações em epígrafe, percebemos que existe um fio condutor desta Tradição desde a Antigüidade até nossos dias. Segundo Kenneth Grant, no terceiro Capítulo de Culto das Sombras, intitulado O Culto Draconiano no Antigo Khem, somos informados que a Tradição Draconiana provém de uma época muito remota e que pode ser rastreada tanto em aspectos históricos quanto mitológicos. Sua maior evidência pode ser encontrada no período pré-dinástico ou pré-monumental. Como o passar do tempo, ela passou a ser perseguida e combatida devido a divergências conceituais e pragmáticas. A Tradição Draconiana defendia o culto ao Princípio Feminino e as Tradições emergentes se voltaram para a adoração ao Princípio Masculino. Mesmo perdendo boa parte de seu terreno, a chama da Tradição Draconiana não se apagou, mas refugiou-se no silêncio e sobreviveu de forma não-pública. Assim, ecos desta Tradição ainda puderam ser encontrados, ainda que velados, disfarçados e até mesmo distorcidos até a XXVI Dinastia do Antigo Egito.

As primeiras evidências históricas do surgimento da Tradição Draconiana, no Antigo Egito, podem ser encontradas quando Ta-Urt, Tifon para os gregos, a Grande Serpente, era tida como a Mãe de Seth, o Deus mais antigo das terras egípcias. Ta-Urt era a encarnação das Forças Primordiais que exaltavam a criação do Universo com seus mundos e planetas. Em algumas regiões do Egito pré-dinástico, principalmente nas regiões ao sul, a Deusa Ta-Urt era a representação da Grande Mãe Estelar sob a forma de um hipopótamo grávido, simbolizando um Dragão das Águas. Para os Draconianos, era a Mãe das Revoluções que foi identificada, ao norte, com a constelação da Grande Ursa. Seth, seu Filho, era considerado o Deus do Sul, cuja estrela que o representava era conhecida como Sírius (ou Sothis, em grego). Seth, uma divindade do Sidhe (o Outro Mundo), após longas corrupções teve sua identidade adulterada e foi identificado como um deus do mal, arqui-inimigo do deus Sol – Horus. Neste particular, cabe esclarecer que Tifon (forma grega para Ta-Urt) é o aspecto feminino de Seth. Algumas vezes, é considerada como a mãe de Seth em seu aspecto de Deusa das Sete Estrelas, da qual Seth é a Oitava. Por sua etimologia, Seth significa “negro”, o que o associa com o mundo oculto ou sombrio – o Amenta dos egípcios. Seth, sendo um deus celeste, “caiu” do horizonte e passou a ser considerado um Deus do Inferno, da Terra Oculta. Em Thelema, este Deus é de suprema importância, pois, além de representar o espírito criativo primordial, comporta também à fórmula da magia sexual, conforme veremos mais adiante.

A Tradição Draconiana nunca deixou de existir. Na verdade, é um processo de eterno vir a ser que poderá ser resgatado a qualquer momento por aqueles que vibram em consonância com sua frequência. Nessa direção, essa Antiga Tradição percorreu os séculos. Na Idade Média, por exemplo, ela dá sinais de sua continuidade através da Bruxaria Sabática. Apesar de serem consideradas héreticas, na verdade, as verdadeiras bruxas da Idade Média tornaram-se repositórias de símbolos de uma tradição pré-cristã. Sobre isso, nos fala Grant em seu Culto das Sombras:

Foi sugerido por algumas autoridades que as bruxas originais surgiram de uma raça de origem mongol da qual os lapões são os sobreviventes atuais. Isto pode ou não ser verdade, mas estes “mongóis” não eram humanos. Eles eram sobreviventes degenerados de uma fase pré-humana da história do nosso planeta, geralmente – embora erradamente – classificados como atlanteanos. As características que os distinguia de outros da sua raça era a habilidade de projetar a consciência em formas animais e o poder que possuíam de materializar formas-pensamento. Os bestiários de todas as raças da terra estão entulhados com os resultados das suas feitiçarias.

Os símbolos principais do culto original sobreviveram à passagem do tempo e foram eles, sem dúvidas, herdados das Tradições Draconianas do Egito pré-dinástico, como o capítulo 3 de O Renascer da Magia nos informa. Todos eles sugerem o Caminho Invertido, isto é, o Caminho das Ressurgências Atávicas. O Sabbath sagrado a Sevekh ou Sebt, o número 07, a lua, o gato, o chacal, a hiena, o porco, a serpente negra, a dança de costas anti-horária, o beijo anal, o número 13, a bruxa montada em um cabo de vassoura, o morcego, o sapo e a Rã (sagrado à Deusa Hécate) foram símbolos comuns às bruxas medievais mas que originalmente caracterizavam a Tradição Draconiana. Infelizmente, esses símbolos foram desviados de seu significado e função inicial por pseudo-bruxas (e a Wicca atual é uma degeneração ainda maior). Assim, os Mistérios foram profanados (mas não perdidos) e os ritos sagrados condenados como anti-cristãos.

Nos tempos modernos, a Tradição do Dragão renasce principalmente pelo esforço do grande mago Aleister Crowley e ao impulso renovador que lhe foi dado por seu continuador natural, o senhor Grant. Como se pode constatar, a Tradição Draconiana é uma fonte poderosa e que se desvela para aqueles que a buscam e que são capazes de com ela se sintonizar.

Com o advento do Novo Aeon (1904 – recepção de Liber AL), Aleister Crowley tornou-se um instrumento para que a Antiga Tradição Draconiana ressurgisse e junto com ela a adoração a Seth-Tifon em oposição à Trindade Osiriana. A grande diferença entre essas adorações é de gênero: Seth-Tifon representam o Princípio da Maternidade (a Virgem Mãe e seu Filho), ao passo que o Culto Osiriano dá enfase ao Princípio da Paternidade. Encontramos, n’O Livro da Lei, um grande depositário dos Mistérios Draconianos que Nele estão velados e as fórmulas para que a Grande Obra ocorra, a fusão do eu com o tu, o retorno ao estado hominal ou o Nada.

No contexto desta ressurgência, O Livro da Lei deve ser visto como uma poderosa transmissão Draconiana e uma nova adoração e reconhecimento do Princípio Feminino. Na literatura Thelêmica, sabemos que esse Princípio Feminino é chamado de Nuit, o Círculo Infinito. Entretanto, diferentemente dos tempos aúreos da Tradição Draconiana no Antigo Egito, o Princípio Masculino também será reconhecido. Ele é o Ponto Onipresente, conhecido como Hadit. Nota-se que esse equilíbrio de polaridades evitará preferencialismos e conflitos desnecessários. Parece que, finalmente, a balança de Maät esteja em equilíbrio. Doravante, a balança maatiana do fogo criativo deve se combinar harmoniosamente com as qualidades femininas da delicadeza, sintonizado com sua intuição e receptividade.

Crowley esforçou-se para publicar suas descobertas e compreensões iniciáticas em uma forma moderna. Isso criou muito caos, pois perturbava e assustava as pessoas que estavam adormecidas pelas crenças e superstições do Velho Aeon. Ele foi “satanizado” e perseguido durante toda a sua vida e isto porque falava para o eu verdadeiro do indíviduo, adotando uma linguagem iniciática. Indubitavelmente, seu discurso era inquietante para os que não estavam preparados. É interessante notar que o S.A.G. (Sagrado Anjo Guardião) dele era Shaitan-Aiwass, uma forma de Seth como iniciador. Seth é o Senhor da Iniciação e Saturno é o planeta do karma. A iniciação ocorre pela destruição dos bloqueios indesejáveis ao nosso progresso. O caos causado pela demolição de tais bloqueios é parte essencial do processo para que nossa Verdadeira Vontade possa ser realizada sem restrições.

Como vimos, a trajetória da Tradição Draconiana pode ser traçada historicamente. Mas o mais importante é ressaltá-la como um caminho mágico e que se sustenta, sobretudo, pela forma parampara. Significa dizer que houve e há intercâmbios extra e intraterrestres que iluminaram e iluminam a consciência humana ao longe de diferentes estágios. Essas reverberações, quando devidamente canalizadas, atuam como uma fonte criativa e poderosa de vibrações que, ocultamente, influenciam as religiões e o desenvolvimento científico da humanidade. Assim, a Tradição Draconiana pode assumir formas distintas de expressão. No entanto, seu espírito visionário permanece intacto e se perpetua.

Antes de encerrarmos este tópico, cabe fazer uma ressalva para os termos Draconianos e Tifonianos que, às vezes, são considerados sinônimos mas que, do ponto de vista estritamente histórico, comportam diferenciações. Sobre isso Fernando Liguori nos informa no Informativo Sothis, número 2:

A Tradição Tifoniana foi o Culto Draconiano “sistematizado” no Antigo Egito. Quando o Culto Draconiano saiu da África Primal, ele atingiu sua apoteose nas Dinastias pré-monumentais do Antigo Egito, se tornando, ali, a Tradição Tifoniana. Entretanto, o Culto Draconiano é o substrato primevo de todas as grandes religiões fálicas e seus traços mais marcantes são encontrados no Vodu, no Tantra Hindu, no sistema Kahuna e nos Cultos Xamânicos Sul-Americanos e Asiáticos.

A partir desta colocação, percebemos que a Tradição Draconiana é anterior à Tradição Tifoniana, poderíamos até mesmo falar de uma Tradição Draco-Tifoniana, pois percebemos em uma, a continuidade natural da outra, a exemplo de uma nascente que corre, passa pelo rio e deságua no oceano. Mas, por preferencialismo, usaremos somente o termo Draconiano que é mais abrangente.


A  M E T Á F O R A  D O  D R A G Ã O


Sou metal – raio, relâmpago e trovão. Sou metal, eu sou o ouro em seu brasão. Sou metal: me sabe o sopro do dragão.


No horóscopo chinês, o Dragão é considerado como sendo o melhor signo daquele zodíaco. É dito que os que nascem sob o signo do Dragão são enérgicos, entusiastas, tenazes, intuitivos, inteligentes, perfeccionistas, perspicazes, influentes, generosos, cativantes, independentes e a sorte está do lado deles. É, aliás, na Tradição Chinesa e em sua antiga lenda do Dragão Alado (veja apêndice) que a mais elevada concepção a respeito do Adepto é encontrada.

Na verdade, a Tradição do Dragão e o seu extenso simbolismo tem ecos em todos os recantos do mundo, tanto nas civilizações mais adiantadas e naquelas mais rudimentares. A origem de sua lenda perdeu-se no tempo e não podemos precisar sua origem. Os dragões eram considerados, por toda a Antiguidade, símbolo da Imortalidade, Sabedoria, Eternidade e Conhecimento Oculto. No Egito, na Babilônia e na Índia, os hierofantes denominavam-se de “Filhos do Dragão” ou de “Filhos da Serpente”. Este simbolismo também aparece na Caldéia, no México e entre os sacerdotes Assírios e Druidas, dentre outros. No caso específico dos Druidas, sabemos que é uma constante nesta tradição e eles consideravam a serpente e/ou o dragão símbolos de seus mais altos mistérios e ensinos. Nos textos celtas, se nos referirmos à arqueologia da Serpente Gaulesa, vem a lembraça a Cocatrix, a fabulosa serpente colocada a serviço do rei Artur na Guerra. As relações entre Merlin e Artur são cheias de fabulosos dragões. Também se encontra referência ao dragão nos Mabinogios. A lenda de Lhud e de Lhevelys nos mostra que o dragão do país estava em luta com o dragão estrangeiro.

Mas por que os adeptos escolheriam esse ser como representação de si mesmos?

Como vimos antes, o dragão é uma entidade mitológica que existiu em todas as eras e culturas. Pode também ser comparado à serpente alada. Do ponto de vista histórico, a serpente é símbolo da terra e do submundo. A águia (e pássaros em geral) são símbolos celestes. O dragão une perfeitamente esses dois princípios (Céu – Terra) que também pode ser traduzido pelo grande axioma: O que está em cima é como o que está em baixo. Na China, o dragão representa o Tao, aquilo que está além das palavras e das polaridades (Yin e Yang), mas é a força por trás de tudo o que existe. Simboliza o desconhecido, a energia oculta presente na natureza e no ser humano. O termo dragão vem do grego dragon que significa “ver”. Um ‘dragão’ deve ter um olhar claro que saiba ver as coisas sob um novo ângulo e perspectiva, procurando enxergar o que as coisas são de fato e não sua mera aparência exterior. Devido à sua capacidade de ver além dos véus de maya, ele é tido como símbolo de poder e sabedoria nas lendas. Sua sabedoria é simbolizada pelos tesouros que guarda. No filme Coração de Dragão, vemos o dragão guardar toda sua sabedoria e poder no interior de uma caverna. Lá é seu habitat natural. Para encontrarmos a sabedoria e conhecimento do dragão, um Draconiano precisa mergulhar em sua própria caverna, isto é, em seu próprio ser. No Yoga, o dragão é chamado de Serpente de Fogo, a Kundalini, a força oculta no interior do ser.

Considerando a natureza de um dragão, percebemos que ele unifica, em si mesmo, todos os Elementos ou Princípios: pode voar (Ar), cospe fogo (Fogo), habita em cavernas (Terra) e é capaz de nadar (Água). Assim, um dragão que habita uma caverna e guarda seu ouro, pode ser visto como uma metáfora para seu papel de guardião e senhor da energias elementais. Tanto o dragão, quanto à serpente, são seres cuja pele é totalmente renovada de tempos em tempos, indicando a capacidade de renovação, renascimento e regeneração do adepto.

A magia sexual também se encontra no símbolo do dragão, uma vez que seus chifres são considerados afrodisíacos quando se tornam pó e também é capaz de curar todos os venenos. E por que será nos mitos as virgens eram oferecidas em sacrifício aos dragões?

No Egito, o animal compatível com o dragão era o crocodilo, uma espécie de dragão egípcio. Ele era um símbolo dual, representando céu e terra, Sol e Lua e tornou-se sagrado a Osíris e Ísis, em função de sua natureza anfíbia. Os egípcios representavam o Sol em uma barca que era transportada por um crocodilo, insinuando o movimento do Sol no espaço.

Com a degeneração dos mistérios, o que era alegórico tornou-se fatual. O nome serpente ou dragão designava aqueles que eram os Sábios, os Iniciados de todas as épocas. Com o passar do tempo e a perda cada vez mais crescente do verdadeiro significado dos mistérios, o símbolo do dragão virou alvo de especulações. O dragão passou a ser representado astronômica, concreta e abstratamente. Ele se tornou o Dragão Polar e a Cruz do Sul, a Alfa Draconis da Pirâmide. Tornou-se, ainda, o temido Dragão Budista que poderia engolir o Sol durante um eclipse.

É curioso o fato dos dragões e das serpentes da antiguidade terem 7 cabeças. Isso representa os 7 princípios que perpassam o homem e a natureza. O sete que se relaciona com os ciclos da vida e com a ideia do tempo. Pelas ideias que o número 7 comporta, podemos entender porque os antigos iniciados eram chamados de “dragões” ou “serpentes” nas dinastias egípcias.

Em síntese, o dragão é símbolo da Força Primordial que o Draconiano pode e deve despertar através da iniciação para que possa realmente manifestar o divino. Aliás, a Iniciação Draconiana visa, primordialmente, tornar essa Poderosa Força inconsciente em conhecimento e poder conscientes. Acima de tudo, o Draconiano vê o Dragão como a face de Tudo Aquilo Que É, desde a mais densa até a mais sutil das energias: todas são facetas do Dragão que evolui e emerge em Si mesmo.


E S P E C I F I D A D E S  D R A C O N I A N A S:

O que a diferencia a O.T.O. Draconiana de outros caminhos iniciáticos


A Tradição Draconiana postula que há níveis diferentes de realidade, insuspeitados pelos profanos e que o adepto pode explorar. Essa exploração se dá através da iniciação cuja meta é desvelar o oculto que está por detrás da aparência de cada fenômeno. Pelas técnicas iniciáticas penetramos no lado oculto das religiões e dos mitos e obtemos o conhecimento sobre as verdades neles veladas. Os Ordálios dos dois primeiros graus tem essa finalidade. A partir deste conhecimento, o adepto aprende como controlar o mecanismo da existência e pode influenciá-lo de acordo com sua vontade. O Draconiano aprende a contornar as limitações da existência e a superar as reações condicionadas nele pela cultura, família e sociedade, usando sua liberdade e vontade para poder criar sua realidade.

A O.T.O. Draconiana é única: apresenta um sistema a ser percorrido com técnicas específicas que levam o postulante do trabalho com o lado luminoso ao trabalho com as forças caóticas e obscuras. Devido a essa peculiaridade, esse caminho não é bem visto pelas outras vertentes do Ocultismo e, frequentemente, é alvo de interpretações equivocadas e difamações. Sumariamente, é possível estabelecer a existência de três níveis de conhecimento: o científico (mundano); o esotérico das escolas da mão direita (Tradição das Luzes) e o esotérico das escolas da mão esquerda (Tradição das Sombras). A Tradição das Sombras é mais rara, uma vez que conduz ao reino do caos e poucos são aqueles que estão aptos ou dispostos a trilhar tal via. É uma vertente severa, forte, rigorosa, mas que pode conduzir à beleza e ao poder. Enquanto as Tradições das Luzes levam o iniciado a se fundir com um Deus particular, o Caminho das Sombras levam o adepto ao encontro da grande Tiamat e dos deuses primais que existem muito antes dos deuses da luz terem sido criados.

A Tradição Draconiana promove a Lei de Thelema e se volta também para a exploração das inteligências alienígenas tais como as formas de vida extraterrenas e os demônios e os aspectos negros da metafísica da existência. Do ponto de vista psicológico, o trabalho com o lado negro tem sua razão de ser. Sabemos que usamos apenas uma pequena fração de nossa capacidade. Experienciamos uma ínfima parte da realidade. A maior parte esta oculta a nós. A parte oculta do homem pertence a áreas da psique que não estão desenvolvidas. Mas também podem ser faculdades utilizadas que pertenceram ao homem primitivo e que hoje estão latentes na forma de atavismos. Essas energias latentes podem se atualizar e se tornarem conscientes se com ela entrarmos em contato. Aí então, nós as confrontaremos com as obscuridades e partes reprimidas do nosso ser (agressões, medos, instintos...). A esse respeito, Jung afirma: “a iluminação não é alcançada pela visualização da luz mas pela exploração da escuridão.” É, ainda, no reino oculto da mente humana que iremos encontrarmos os chamados siddhis ou poderes psíquicos.

Nesta direção, a escuridão é a luz do Draconiano e ele examina igualmente os lados luminosos e sombrios das energias em todas as suas diferentes formas de expressão. A meta é a apotheosis (ou união com o divino) sempre somando e não subtraindo; isto é, levando-se em consideração a aparente dualidade própria da criação.

Para percorrer esse caminho uma dedicação focalizada e exclusiva é necessária. Cinco pontos precisam ser observados para nos integrarmos a ela e a experienciarmos em plenitude:

1) Dedicação (comprometimento, imersão com sua vivência Draconiana);
2) Pratica (aplicação dos conhecimentos recebidos);
3) Descondicionar (coragem para ousar e abrir-se a novas possibilidades);
4) Consciência multidimensional (ser capaz de se comunicar com outros níveis de consciência);
5) Realizar em si a Grande Obra Alquímica (unir Shiva e Shakti em seu ser).

A Tradição Draconiana se caracteriza por sua tradição oral, calcada na relação entre orientador e orientando; na utilização da sexualidade sagrada como passaporte para expansão de consciência e contatos interplanetários; advoga uma iniciação espirada, em detrimento das iniciações verticalizadas do aeon anterior, apostando no Silêncio como viabilizador de tal iniciação. A culminância desse processo está na desvelação paulatina dos véus de Isis (phISIS, geneSIS) e na aquisição da Sabedoria.

Não é uma escola uniforme, na qual há um única instrução para todos. Pelo contrário, é um caminho de exclusividade no qual cada estudante é tratado e instruído de acordo com suas próprias necessidades. O que a torna uma via muita especial.

É uma via sem dogmas, uma filosofia de vida, na qual a mulher está em igualdade com o homem. É uma coletânea das práticas mais significativas do Oriente e do Ocidente, fusionadas de forma que permita a seus adeptos desenvolver suas potencialidades e a atingirem, mais completamente, sua missão terrena (o auto-conhecimento). Para tal, possui uma disciplina, um método e um sistema que engloba o físico, o psicológico e o espiritual.

A iniciação não é conduzida cerimonialmente ou dramaticamente como ocorre com outras tradições. Ao contrário, a iniciação deve ocorrer internamente como retorno do investimento de cada praticante. Tal ocorre à medida que o iniciado é capaz de sair do nível de reação das condições e fatos exteriores e passa a governar sua vida de acordo com os ditames de sua Verdadeira Vontade.

A iniciação Draconiana se dá em 11 níveis ou graus, galgados um a um. Na verdade, é uma espiral que vai ampliando suas voltas e elevando-nos cada vez mais alto. Baseada na estrutura da Árvore Sephirótica, o candidato vai se elevando pela frente da Árvore, mas não deixa de sofrer também os impactos de seu lado reverso.

Uma característica muito interessante da Tradição Draconiana é seu caráter experimental. Ela se caracteriza por um espírito investigativo e experimental, objetivando ter um sistema esquematizado e científico de suas praticas. Kenneth Grant, Aleister Crowley, Achad, Fernando Liguori, dentre outros vem contribuindo para o florescimento de uma tradição científica no ocultismo, a partir da coleção, análise e comparação de dados.

Um exemplo deste caráter experimental, por exemplo, pode ser vislumbrado em relação ao Tarot. Desde a primeira publicação do Nightside of Eden, em 1977, tem havido diversas tentativas em se criar um Tarot que retrata o lado sombrio ou uma espécie de Nightside Tarot como sugerido pelo livro. Sabemos que vários grupos ligados à corrente Draconiana têm feito tentativas neste sentido. A meta é revestir o Tarot com um novo simbolismo que seja complementar ao atual, restaurando a gnose primordial em sua forma mais pura e em consonância com a perspectiva Draconiana de unidade pela dualidade. O que faz do Draconiano um não-dualista – ele a reconhece mas não como oposição e sim como complementaridade: nem bom, nem mal, nada é perfeito ou imperfeito, mas todas as coisas estão perfeitas em seu vir a ser, no momento presente para poderem evoluir para seu próximo nível de ser.

A pratica nuclear desta via é a sublimação, entendida como a consagração (tornar sagrado) de todos os desejos. Precisamos ter liberação nos relacionamentos e aprender a olhar para vermos claramente as coisas sem as nossas projeções, expectativas e frustrações. Não é fácil desenvolver essa “mente neutra”. Devemos começar pelo amor personalizado para chegarmos até o amor impessoal, até que o amor concentrado incondicional seja nosso amor personalizado. Assim, os relacionamentos ao invés de serem um “obstáculo ao progresso espiritual” se tornam um caminho de liberação porque eles nos ensinam muito. Esse é um processo automático quando nos encontramos no estado desperto. Nesta esfera da sublimação, a sexualidade e o sexo tem um papel fundamental.

A Corrente Ofidiana (Draconiana) usa a energia sexual para provocar mudanças internas e externas (ou místicas e mágicas). Essa alquimia é o ponto central do sistema Draconiano de iniciação. O objetivo é produzir o Elixir da Vida Eterna (a Pedra Negra ou o Diamante Negro). Curioso o fato de que a palavra Khem signifique negro e era o nome do Antigo Egito. Assim, a Magia Draconiana é uma Magia Negra no sentido de ser uma alquimia. Khem é também o nome do deus da Alquimia. O deus negro Seth é também ligado à Alquimia e à pedra negra. Na tradição grega, Khem foi representado por Pã e Seth por Tifon. Assim, a alquimia Draconiana pode ser traçada até o Antigo Egito, bem como nas tradições hermetistas e gregas cujo objetivo corresponde ao Caminho da Mão Esquerda. Na O.T.O. Draconiana, o processo de transmutação alquímica ocorre passo a passo através do processo de iniciação junto aos Graus da Ordem.

A Tradição Draconina nos ensina que os Mistérios Maiores estão contidos em nosso próprio corpo. Gerald Massey, Aleister Crowley, Austin Spare, Dion Fortune demonstraram, cada um à sua maneira, as bases bio-químicas dos Mistérios. O mesmo foi detectado por Wilhelm Reich em suas pesquisas. Ainda, os ‘símbolos sensientes’ e o ‘alfabeto do desejo’, de Spare, correlatos como são aos marmas do corpo com os princípios sexuais, anteciparam, de muitas maneiras, o trabalho de Reich, que descobriu – entre 1936 e 1939 – o veículo da energia psico-sexual, a qual ele nomeou orgone. A contribuição singular de Reich à psicologia e, incidentalmente, ao ocultismo ocidental, encontra-se no fato de que ele isolou com sucesso a libido e demonstrou a sua existência como energia tangível, biológica. Esta energia, a verdadeira substância dos conceitos puramente hipotéticos de Freud – libido e id – foi mensurada por Reich, tirada da categoria de hipótese e reificada. Entretanto, ele estava equivocado ao supor que o orgone era a energia final. Na verdade, ela é um dos mais importantes kalas, mas não o Kala Supremo (Mahakala), embora possa tornar-se isto pela virtude de um processo que não é desconhecido aos tântricos do Varma Marga. O próprio O Livro da Lei, que é um Tantra moderno, também descreve a utilização sábia das correntes sexuais.

‘O melhor sangue é o da lua’ (AL III: 24); ‘pois ele é sempre um sol e ela uma lua. Mas para ele é a alada serpente e para ela a radiante luz estelar.’ (AL I: 16).

A substância vermelha da mulher é o primeiro menstruum de energia mágica. A fórmula do Novo Aeon (418) é a de Cheth, a Carruagem. É a formula do IR. O homem é branco e a mulher vermelha (Mulher Escarlate). O homem pode obter a iniciação, mas não pode manifestar seu poder sem ela. A fórmula e a função da Mulher Escarlate inicia-se com as zonas ocultas de energia intimamente relacionadas às redes de nervos e plexos associadas com as glândulas endócrinas. A Kundalini afeta os chakras no corpo dela e suas vibrações influenciam a composição química das secreções glandulares.

Tais ‘fragrâncias’ são consumidas pelo Sacerdote e transformadas em energia mágica. Quatorze secreções vaginais são reconhecidas pela ciência ocidental e, supostamente, há mais duas. Esses Kalas só podem ser evocados se os chakras envolvidos tiverem sido devidamente preparados.

‘Eu sou a secreta serpente enrolado a ponto de pular: em meu enrolar existe alegria. Se eu ergo minha cabeça, eu e minha Nuit somos um. Se eu a abaixo e ejaculo veneno, há a raptura da terra, e eu e ela somos um’ (AL II: 26).

Consumir os kalas assim carregados e direcionando as correntes para cima (néctar), transforma a consciência e ela se torna apta a contatar e a comunicar com entidades transcendentais. Se as correntes são direcionadas para baixo (veneno), elas são carregadas com vibrações envenenadas que são utilizadas para trabalhos de materialização e dissolução.

Para a mulher erguer a Kundalini, ela visualiza a Serpente na forma fálica em seu muladhara-chakra e se inflama até o ponto de atingir o orgasmo. Antes do orgasmo, ela deve mover a imagem ao ajna-chakra e manter a imagem até que a consumação ocorra. O homem identifica a Kundalini com Hadit e o centro cerebral com Nuit. A força de Hadit é ativada e sob pela coluna vertebral até o cérebro. Desta maneira, o homem é a Palavra e a Mulher é a Ação. A Criança é a Palavra feita carne pela Ação.

A mente se concentra na Criança que é corpo que sustenta o Ato da Criação Mágica. É a Maquinaria Mágica que cria a imagem. O corpo dá expressão e projeta a para a esfera material. É um caminho de amor. Lida com o crescimento do e no amor, a recepção do amor, fazer amor e criar com amor para unir-se Àquilo que em tudo está presente.

Assim, a postura do Draconiano frente à sexualidade é de sacralidade por saber do imenso poder que ela é portadora e ele mesmo é desprovido de preconceitos quanto a ela e suas formas de expressão. A esse respeito, Gerald Massey, em The Natural Genesis, escreveu:

[...] este é o segredo da esfinge: ela é masculina na frente e feminina atrás. Assim, é a imagem de Set-Tifon, um tipo de chifre e rabo, masculino na frente e feminino atrás. Assim, também eram os faraós que usavam rabos de leão ou vaca, eram masculinos na frente e femininos atrás.

Já Lise Manniche, em seu livro, A Vida Sexual no Antigo Egito, nos fala das inclinações bisexuais de Seth. Assim, percebemos que os antigos Draconianos, assim como os deuses, incluíam a dualidade do ser em suas vidas. O Draconiano se conscientiza que seu corpo e sua vida são o grande laboratório alquímico, principalmente seu corpo é considerado o Templo do Sagrado Espírito.

Um aspecto da Tradição Draconiana é sua Corrente Evolucionária expressa através da forma do Opositor, o Veículo da Perpétua Revolução que vai além dos limites impostos ou estabelecidos, e que são transcendidos pela Verdadeira Vontade. A perspectiva Draconiana é ampliar a consciência humana para além dos limites conhecidos. Somos limitados por uma determinada banda frequêncial. Como Magistas Draconianos, buscamos a ampliação desta banda frequêncial e a expansão da consciência para além daquilo que é previamente considerado como humano. Não se aceita os limites impostos a nós mesmos e lutamos contra o estado de conformidade com eles. Como Tradição dinâmica, o Dragão pode destruir as falsas ideias e perspectivas nos levando a voos mais elevados na expansão da consciência.

A filosofia Draconiana se volta para o panteísmo, no qual a divindade é percebida na natureza, no homem, enfim, em tudo aquilo que existe; em detrimento da visão monosteísta na qual deus é tido como algo a parte de sua criação. Respeita e privilegia a individualidade, não acreditando num modelo pronto e acabado das coisas. Almeja ir além do estabelecido e das limitações impostas ao homem por diversos meios. Apesar disso, essa assertiva não pode ser encarada, como normalmente ocorre, como sendo uma carta branca à licenciosidade e um sim a todos os instintos. É uma perspectiva therioncêntrica, na qual a besta e o divino se unem, procurando a síntese e a compreensão de certos conceitos abstratos em torno do que seja o bem e o mal, o certo e o errado, de uma perspectiva maior, cósmica e não limitada pelas indulgências sociais ou externas. É também uma postura crítica diante de certas intelectualizações que não permitem o ser se expressar livremente. A razão analítica vê as coisas de forma separada, desconectada. Ao invés de ver o todo, se contenta com as partes. Perde-se o paradigma holográfico (o todo está nas partes e vice-versa). Aliado a isso, a sensação de separação das coisas e o materialismo exacerbado conduzem-nos a um hedonismo sem fim, onde somente a satisfação imediata é a lei, e a busca pelo divino, pelo autêntico, por valores que possam elevar não tem mais espaço. O Draconiano sai da consciência grupal, coletiva e busca desenvolver-se integralmente quanto ser humano.

A visão de mundo é cíclica conforme a natureza nos ensina e também o símbolo da serpente que morde a própria cauda, o Ouroboros (ilustrando os ciclos do tempo e da natureza).

O caminho da mão esquerda contesta, com inteligência, a modernidade e o progresso quando não passam pelo crivo da razão e seu custo–benefício não é devidamente considerado. A filosofia Draconiana inclui a luz e as sombras, o masculino e o feminino, ao contrário das filosofias da luz que se baseiam na dualidade de ou luz ou trevas, ou masculino ou feminino. Em resumo, é o caminho da Vontade no qual precisamos descobrir o que é mais atrativo para nós na vida, pois isso nos levará a exploração plena de sua beleza. Ao mesmo tempo, nos dirigimos, como efeito reverso, ao conhecimento cada vez maior da Deusa que nos seduz e nos atraí e que está oculta em toda matéria. Mas devido a seu caráter mutável, veloz e transformador, precisamos estar bem centrados para não sermos levados pelos redemoinhos de Tifon. Equilíbrio é uma palavra chave, bem como a pureza da aspiração que conduz e prepara para o contato com os poderes da consciência. Trabalhando com a alquimia da Vontade e da Ação, a magia do guerreiro e a união da besta com o deus, levando a personalidade a se identificar com a individualidade interna, o “olho do dragão” se abre e se vê com clareza. Desta forma, o adepto é capaz de ir além e de mergulhar no Universo B, de penetrar no Grande Diamante Negro e invocar os espíritos esquecidos, os deuses antigos, os seres da natureza e os ancestrais para reencantar esse mundo com a magia que fora perdida.

A P Ê N D I C E

A lenda Chinesa do Dragão Alado

A lenda descreve o Dragão como um animal alado, de grande porte, com o corpo de serpente, todo coberto por escamas, com patas em forma de garras e podendo viver tanto na água, sobre a terra ou no ar. Este Dragão vivia no Rio Amarelo, mas decidiu sair dele e esta saída foi marcada por 06 etapas. Sobre as escamas de seu corpo, estavam desenhados círculos de cores claras e escuras e que, ao longo de seu corpo onduloso, suas escamas eram convertidas em figuras sagradas. Afirma-se que isso foi para o Fo-Hi a revelação dos trigramas do I Ching, imagem perfeita da natureza que se desnuda diante do Sábio, ou Iniciado, quando este se torna merecedor desta desvelação. Podemos inferir que o conhecimento adquirido pelo Fo-Hi, via os trigramas, lhe foi transmitido por um verdadeiro Adepto, representado, simbolicamente, pelo Dragão.

Alegoricamente, as seis etapas da jornada do ser humano até atingir a maestria pessoal ou o domínio da vida são retratadas por esta lenda. Cada fase desta iniciação recebe um nome:

O Dragão Oculto: É o Dragão oculto no fundo do rio. Representa o homem interior oculto na matéria e que ainda não tem o desejo de subir à superfície, de sair de sua condição atual, de evoluir. Há uma preocupação exclusiva de satisfazer apenas os desejos de sua natureza terrena.

O Dragão no Arrozal: Nesta fase, o Dragão saiu das águas. Toma consciência de um outro mundo. Ele está na terra, mas ela é lamacenta e afunda com seu peso. Representa o primeiro despertar da consciência para algo que transcende o mundo físico. Mas é um despertar momentâneo e especulativo, movido pela curiosidade e não tem a força necessária para elevar o Dragão.

O Dragão Visível: Segundo a lenda, nesta etapa o rio transborda, elevando o Dragão até a superfície. O Dragão é arrancado da terra pelas mesmas águas que o tinham preso à terra e ele pode nadar, por um mometo, em sua superfície em vez de deslisar no fundo. Representa a consciência que se faz ciente da existência do mundo espiritual, que sabe que sua existência é necessária e reconhece a Divindade, mas ainda lhe falta a Vontade para elevar-se até Ela.

O Dragão Saltitante: Nesta 4a fase, o Dragão encontra-se em terra firme que lhe permite levantar. Sabe que terá que caminhar, mas não percebeu que é capaz de voar, dá apenas saltos que recaem novamente no mundo material. A luta que mantém é penosa e feliz é aquele que não a renuncia, pois a vitória exige continuidade de esforço. É a fase mais crítica da caminhada, pois surgem duas bifurcações:

A do espírito: após muitas tentativas sem sucesso, o Dragão percebe repentinamente suas asas, abre-as e consegue voar, libertando-se de todas as coisas materiais. O espírito triunfa sobre os apegos, prazeres, esperanças e temores.

A da matéria: cansado de dar saltos, o Dragão não tenta abrir suas asas, desce para a lama, entra na água em que habitava e renuncia ao mundo superior. É o momento da dúvida que, se não for vencida, arrasta o buscador, retirando-lhe a possibilidade de ascensão espiritual. Esta situação recebeu nomes simbólicos no ocultismo ocidental tais como o Terror do Umbral e a Noite Sombria da Alma.

O Dragão Volante: O Dragão encontrou o caminho e é capaz de voar e planar nas alturas celestes. É capaz de transitar entre o divino e o mundano, e vive em harmonia com os ritmos cósmicos. É um verdadeiro iniciado.

O Dragão Planador: É o estágio derradeiro. O iniciado venceu todas as provas e sua missão não é mais no plano físico. Tem plena consciência de que a multiplicidade é apenas aparente, um reflexo da Unidade. Atingiu união completa com a Divindade e vive o nirvana, a Paz Profunda a cada instante.

O Adepto conhece todos os segredos dos Planos Físico e Espiritual podendo viver, sem maiores dificuldades, nos Planos Superiores, Intermediários e Inferiores. Aquele que atingiu tal condição torna-se uno com o Todo e nada no Universo lhe é estranho ou desconhecido. Ele conhece todos os níveis e estados de consciência e está apto a ajudar a humanidade em quaisquer circunstâncias.

Meditemos sobre essa lenda e nos avaliemos quanto à nossa real e sincera disposição de seguirmos rumo à Grande Obra. Alçar o voo do Dragão requer viparita, a reversão não só dos sentidos mas de mudanças profundas em nossos valores, palavras e atitudes que devem tender para a compreensão, para ideias e ideais nobres e sentimentos sublimes. Que a chama do Dragão brilhe eternamente em nossos “cor-ações”.


Notas

1. Este texto foi escrito por volta de 2004-5, época de atividades da Ordo Templi Orientis Draconiis ou Ordo Draco-Thelemae, também conhecida como O.T.O. Draconiana.

2. I.e. como mencionado em Magia em Teoria & Prática.

3. Bruxaria & Magia Negra, p. 180.

4. “Eu sou oito, e um em oito”. (AL II: 15).

5. A Estrela-Cão.

6. AL II: 21.

7. Kenneth Grant, Culto das Sombras, Capítulo 3. Tradução Particular de Fernando Liguori.

8. Crowley, Magia em Teoria & Prática, Capítulo 5. Tradução Particular de Fernando Liguori.

9. Kenneth Grant.

10. A Revista Sothis foi uma publicação semestral da O.T.O. Draconiana durante os anos de 2004 a 2007.

11. Renato Russo – Metal contra as nuvens.


Obras Consultadas


A Doutrina Secreta, Vol III. Helena Blavatsky.
Typhonian Tradition. Simon Hinton e Michael Staley.
Revista Sothis – números: 1 e 2.
Lectures from Gerald Massey. Gerald Massey.
O Renascer da Magia, Aleister Crowley & o Deus Oculto e Culto das Sombras. Kenneth Grant.
O Livro dos Prazeres. Austin Osman Spare.
A Vida Sexual no Antigo Egito. Lise Manniche.
Ordo Dragon Rouge – site: http://www.dragonrouge.net/
SFSE: Manuscrito

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Oração aos Antepassados – Uma Invocação Luciferiana da Nona Direção



“Por tudo o que é valioso,O sangue em minhas mãos:É o sangue de divindades”
Quando teu sangue sussurrar ao teu ouvido, com uma voz que te lembrará do som do rastejar de uma serpente;
Quando o vento lhe trouxer tais sussurros como se os trouxesse do Abismo;
Quando sentires que esse Abismo, seja qual for tua máscara, reside em teu sangue e espírito pelo antigo pacto;
Quando aceitares a ideia de que o teu sangue é o mesmo dos Deuses Antigos e das forças caóticas e primitivas anteriores aos mesmos;
E finalmente, quando for capaz de sentir, sem precisar emitir palavra alguma, que o silêncio e o poder, assim como tua maldição e tua sabedoria, são tua herança e tua Marca na linhagem de Qayin e dos Anjos Caídos;
Será o dia em que teu mundo irá ruir e, teu entendimento, mesmo trazendo a sua vista todas as mentiras, lhe trará a visão da face da Luz, das Trevas e dos Caminhos.
Será quando entenderá tua origem e teus mistérios.
E será quando estará mais próximo da Chama das Eras que brilha entre os chifres sagrados de Azazel.
Chame pelos teus ancestrais com o orgulho de todos os seus feitos que adormecem em teu próprio sangue e espírito.

Oração aos Antepassados

Das Profundezas de meu ser,
Eu invoco a fagulha do fogo primordial,
A Chama das Eras que brilha entre os chifres sagrados de Azazel!
Eu invoco aquele que é desconhecido!
A sombra obscura, a metade sombria.
O que possui o rosto ocultado pela escuridão da noite
e a imagem refletida pela luz do dia.
Aquele cuja Luz brilha na escuridão mais profunda.
O Ferreiro divino e infernal,
O fogo negro sob a alcunha de Tubal-Qayin!
Cuja descendência forjou o prego que nunca esfria!
Eu chamo pelos pais do fogo e sangue!
Cuja chama ardente e indomável vive eternamente!
A serpente flamejante que adormece em minhas veias!
O beijo lascivo da mãe que açoita!
Aquela da casa de Samael!
Pois Eu sou Ele! E Eu sou Ela!
A máscara das possibilidades,
E o véu que esconde o segredo!
Aquele cuja palavra não pode ser escrita.
Eu sou a forja e o metal retorcido de TUBALO-LÚCIFER,
Aquele que pelo fogo vive em eterna transformação!
Eu sou a foice purificadora de QAYIN!
Aquele que alimenta a terra com o verdadeiro sacrifício!
Eu sou o sangue ancestral e de poder implacável de NAAMAH-LILITH!
A Serpente-Dragão que a tudo devora!
Pois eu invoco e evoco a mim mesmo!
Pois eu sou aqueles que já se foram!
E toda sua glória e seu poder também pertencem a mim!
Pois Eu sou a Luz e Eu sou as Trevas!
Eu sou tudo o que ha entre eles!
Eu sou Ele, e Eu sou Ela!
Portador da Luz, Portador da Noite, Portador dos caminhos,
Aquele que é fogo e transgressão!
Que minha alma ascenda como a Chama das Eras que brilha entre os
chifres sagrados de Azazel!

LUCIFER! NOCTIFER! CRUCIFER!

O Mito da descida ao PanDaemonAeon



"Eu irei descer aos altares de PanDaemonAeon"

É chegado o tempo de fazermos a descida ao PanDaemonAeon através da Espiral do Tempo. PanDaemonAeon é o ponto central dessa espiral, que é também o abismo infernal q na tradição cabalista tem o nome de Daath (Conhecimento). Esse abismo é o caminho que todos os Adeptos que almejam alcançar a Cidade das Piramides deverão passar. Adentrando a esse reino infernal e caminhando em espiral podemos alcançar o PanDaemonAeon, a capital desse reino infernal. O PanDaemonAeon representa a total desestruturação do sistema de crenças, necessário para que o Adepto supere as dualidades e se torne um Magister Templi .

O Mito de descida ao PanDaemonAeon é o caminho que irá levar as pessoas a caminhar nessa espiral rumo ao PanDaemonAeon coletivo que ocorrerá em 2012, data profetizada pelos Maias como o fim de um grande ciclo (13 baktuns) e o inicio de outro. Esse paradigma se reflete em diversas culturas, dizendo-nos q deverá haver uma expiação necessária para que uma nova era muito melhor possa surgir. No calendário da paz estruturado por José Arguelles (Valum Votan), a expiação é deixar de lado o uso do falho calendário gregoriano, baseado na estrutura 12:60 (12 meses do ano/horas e 60 segundos/minutos do relógio) e adotar o uso do calendário da paz, estruturado na frequência de tempo 13:20 (13 tons e 20 selos). Isso faz com que deixemos de lado uma estrutura artificial de tempo que provoca uma desordenação mental e nos convida a seguir o fluxo de harmonia da natureza, sincronizando a nossa mente com os ciclos do sol-lua-galáxia, ocasionando uma reordenação mental. Essa proposta de harmonizar-se com o fluxo da natureza existe em diversas tradições que seguem um calendário lunar, o q permite haver sincronicidades ocorrendo. Entre essas tradições existe a Bruxaria que segue a roda do ano com 8 comemorações chamadas sabás e comemorações na lua nova ou cheia, chamados esbás.

Recentemente, dentro da Loja Belarion surgiu a ideia do desenvolvimento de práticas thelemicas, utilizando o modelo mágicko e iniciático da Bruxaria ao invés da utilização do sistema iniciático maçônico da OTO. A esse sistema mágicko e iniciático experimental, eu dei o nome de Bruxaria Thelemica. A Bruxaria Thelemica é a utilização de técnicas de Bruxaria na egregora da Dupla-Corrente de Horus-Maat. A Dupla-Corrente foi codificada por Nema por volta da década de 70 e harmoniza o trabalho diversas linhas como a Wicca, a tradição tantrika dos Adi-Nath, Zos Kia Kultus, entre outros, e incorpora essas técnicas a corrente thelemica, formando a Dupla-Corrente.

Ela e mais alguns adeptos fundaram a Loja Horus-Maat, uma Loja dedicada ao desenvolvimento da Dupla-Corrente. Esse trabalho de desenvolvimento tem ocorrido principalmente através do Trabalho da estrela de 11 pontas. Esse trabalho faz com que os participantes desenvolvam rituais durante 1 ano relacionado a uma esfera (sephira) da Árvore da Vida, escolhida p/ser o trono do magista durante esse período  Esses trabalhos são executados globalmente toda Lua Nova. Eu entrei p/a Loja Horus-Maat por volta do ano de 2001 (apesar de já praticar magia de maat anteriormente) e entrei p/o Trabalho da estrela de 11 pontas assumindo o Trono de Netzah, cuja divindade correspondente nesses trabalhos é Babalon. De lá pra cá, eu executei uma série de rituais relacionados a Babalon e foi então que comecei a estruturar a Loja Belarion e Bruxaria Thelemica do jeito que estão se manifestando nesse ano de 2003ev. Essa manifestação vêem ocorrendo definitivamente desde que resolvi assumir o Trono de Malkuth em outubro de 2002ev e está atingindo seu ápice nesse ano de 2003ev, profetizado por mim como o ano em que muitos vão despertar para a falsa estrutura linear do Tempo e vão começar a caminhada em espiral rumo ao PanDaemonAeon Coletivo de 2012ev. Esse é o momento que os Maias chamam de Encruzilhada da sua Árvore Sagrada. Essa encruzilhada ainda é chamada de "Caminho do Submundo" ou "Caminho obscuro", considerado ser o "Ventre da Grande Mãe" do qual nasceu o universo. Retransmitindo isso em termos thelemicos, nós vemos que isso é uma referencia clara ao ventre de Nossa Senhora de Babalon, que carrega em seu ventre o Bebê do Abismo, nome dado aos adeptos que se recusam a servir a Chorozon (a figura do adversário em thelema, representando o falso ego) e doam até sua ultima gota de sangue a taça de Babalon. O Livro de Babalon (Liber 49), canalizado por Jack Parsons (Belarion) é uma das primeiras canalizações envolvendo o cumprimento da fórmula do TETRAGRAMMATON na sucessão de Aeons. Segundo o Livro de Babalon, essa é a parte que faltava para completar o Tetragrammaton, o HE final representando a filha. Mais tarde Frater Achad identificou essa filha como sendo Maat e declarou que seu aeon (Ma-Ion) já havia se manifestado (MA-nifestat-ION). Depois esses conceitos são harmonizados através dos trabalhos de Kenneth Grant, Nema e outros q nos elucida sobre a sucessão de aeons, nos informando que eles não agem de forma linear.

Dando prosseguimento a isso, Orryelle Bascule-Defenestrate nos apresenta no ano de 1998ev, a formula do PENTAGRAMMATON, através do seu texto Zuvuya, um estudo dos Aeons. Lá ele trata desse processo de mudança de paradigma que está ocorrendo até 2012ev. Dentro desse processo está a substituição da fórmula Tetragrammaton (YHVH) pelo Pentagrammaton (YHShVH), na sucessão dos Aeons, expondo a quintessencia dos elementos que a tudo (Pan) permeia. Cada uma das letras do Tetragrammaton é correspondente a um elemento: Fogo, Água, Ar e Terra. A esses nós devemos adicionar o elemento espírito, o quinto elemento ou quinta-essência. Esse elemento chamado espírito, também conhecido como éter, está oculto no Tetragrammaton na forma de Yod e está exposto no Pentagrammaton na letra Shin (Sh). A letra Shin no Tarot é ligada ao Arcano XX, o Julgamento ou o Aeon, no Tarot de Thoth. Essa carta representa a ligação entre o plano espiritual (Shin) e material (Teth) formando assim a síntese entre eles representada por Set (ShT). Mostra a transmutação através do fogo alquímico do inferior p/o superior. Indica também que a consciência individual é uma parcela da consciência cósmica. Relacionado ao mito de descida ao PanDaemonAeon, demonstra uma continuação das Profecias, em especial, aquelas ligadas aos Aeons futuros.

Assim já temos definido o ponto de partida e o ponto de chegada do nosso mito. O ponto de partida se dá em 2003ev, representando Malkuth e vai ascendendo a Árvore da Vida, através do caminho conhecido como Serpente da Sabedoria, até chegarmos em Kether em 2012ev. Quando estivermos alcançado esse ponto teremos alinhado toda a nossa Árvore da Vida individual e a Árvore da Vida do Universo, nos preparando assim para o grande Ordálio de cruzar o abismo. Para aqueles que obtiverem sucesso nessa operação uma nova terra, lhes será dada. Essa terra é conhecida pelos thelemitas como Cidade das Piramides e na Bíblia ela é descrita no Livro das Revelações (Apocalipse) como a Nova Jerusalém  Estando nessa condição, a comunicação com entidades transplutonianas será uma constante fazendo com que a evolução do planeta Terra acelere, rumo as dimensões mais elevadas. Isso está velado nos mitos de Cthulhu e outros Grandes Antigos, escritos pelo profeta inconsciente H.P. Lovecraft. Esses mitos nos falam da vinda de Cthulhu e outros Grandes Antigos, que governaram a terra antigamente e foram presos em outra dimensão, fazendo com que seus poderes fossem negados. Fazem também uma revelação profética que quando as estrelas estiverem alinhadas eles voltarão, destruindo assim o nosso mundo. Na Magia de Maat os Grandes Antigos são conhecidos pelo nome de esquecidos e são representados pelos poderes negados ou adormecidos que residem nos nossos chakras. Os chakras também podem ser um reflexo dessas estrelas, pois eles estando alinhados, eles farão que os Grandes Antigos/Esquecidos sejam despertos e destruam o universo como o magista conhecia até então. Uma nova interpretação da realidade será dada e com isso um novo universo deverá surgir das cinzas do outro.

Voltando ao ponto de partida veremos que isso está sendo desenvolvido em minhas experiências no Trabalho da estrela de 11 pontas, as quais eu relato na lista [horus-maat]. O meu objetivo é juntar pessoas interessadas nessa exploração de descida ao PanDaemonAeon e juntos irmos decifrando profecias, estabelecer conexões mágickas e desenvolvendo-nos individualmente e coletivamente. Cada vez mais, estarei manifestando meios pelos quais esse mito poderá ser trabalhado e os interessados poderão ir se alinhando conforme a sua Vontade.

Notas:
1 - A Cidade das Piramides se trata de uma referencia a tríade superior da Árvore da Vida cabalística  constituída por Kether, Chockmah e Binah.
2 - Magister Templi é o latim para Mestre do Templo e se refere aos adeptos que conseguiram cruzar o abismo de Daath com sucesso.

O Caminho do Amante Secreto: Magia Sexual, Tantra & Tarot



Eu sou o Coração; e a Cobra está entrelaçada 
Sobre o invisível núcleo da mente. 
Ascenda, Ó minha cobra! 
É agora a hora da escondida e sagrada flor inefável. 
Ascenda, Ó minha cobra, para a luminosidade da flor 
No cadáver de Osíris flutuando no sepulcro! 
Ó coração de minha mãe, minha irmã, meu próprio, 
tu estas entregue ao Nilo, para o aterrorizante Tifão 
Ah eu! Mas a glória da tempestade voraz 
Enfaixa a ti e envolve a ti no frenesi da forma 
Seja ainda, Ó minha alma! Que o feitiço possa dissolver 
Ao se erguerem as varinhas, e se revolverem os aions 
Contemple! Na minha beleza como Tu és alegre, 
Ó cobra que carece da coroa do meu coração! 
Contemple! Nós somos um, e a agitação dos anos 
Vai até o anoitecer, e o Besouro surge, 
Ó Besouro! O zumbido da Tua nota dolorosa 
Seja sempre o transe desta trêmula garganta! 
Eu aguardo o despertar! 
A convocação do elevado Do Senhor Adonai, do Senhor Adonai! 
- V.V.V.V.V. Invocação da Kundalini 

No diagrama cabalístico da Árvore da Vida a experiência de união com o Amante Secreto tem lugar na sexta Sephirah, Tiphareth. Esta Sephirah corresponde diretamente ao Chakra Anahata, o Chakra do coração. No hinduísmo, o Conhecimento e Diálogo com o Santo Anjo Guardião é a energia Kundalini subindo ao Chakra do Coração. Não é mera coincidência que o culto tanto à Cristo como à Krishna encoraja você a “entregar seu coração” aos seus deuses respectivos ou se refere a divindade como vivendo dentro, abrindo acima ou vindo na direção dos corações dos devotos.

Como aprendemos no capítulo sobre a Cabala, a fórmula YHVH (Yod Heh Vau Heh) revela tanto o segredo do Espírito descendendo na Matéria como o segredo da humanidade retornando à Divindade.

Cada um de nós é o Heh (final), a Filha/Princesa dessa família Cabalística. Para descobrir nossa natureza Divina original, nós temos que primeiro nos tornar unos com:

Vau, o Filho/Príncipe que é ao mesmo tempo irmão e amante da Princesa. 

[Aqui é desnecessário teorizarmos sobre a natureza de Heh, a Mãe, e Yod, o Pai, pois até não estarmos unos com Vau não teremos capacidade suficiente de compreender a natureza dessas Supremacias.] 

Heh tem o valor numérico Cinco e é simbolizado pelo Pentagrama. Os cinco pontos do Pentagrama representam os quatro elementos governados pelo quinto elemento, Espírito. Cinco representa o Microcosmo, “o pequeno mundo”, cuja última expressão é o Homem.

Vau tem o valor numérico Seis e é simbolizado pelo Hexagrama. Os seis pontos do hexagrama representam os seis Planetas dos antigos circundantes do Sol, que se encontra no centro do hexagrama. Seis representa o Macrocosmo, “o grande mundo”, que é a última expressão de Deus. Vau também é o símbolo especial do Santo Anjo Guardião.
A Grande Obra é a União do Cinco (Você) com o Seis (Seu Santo Anjo Guardião). 

A lógica diz que tudo no universo está conectado, que não há, de fato, nenhuma separação entre estes dois mundos. E é verdade. A divisão é uma ilusão. Conhecimento e Diálogo com o Santo Anjo Guardião é alcançado quando o mundo individual do Cinco se harmoniza e se alinha perfeitamente com o mundo do Seis. Conseqüentemente, o primeiro passo a ser dado na Grande Obra é aperfeiçoar seu mundo de Cinco através do equilíbrio do corpo, da mente, dos sentidos e das emoções. Muito disso pode ser cumprido através dos exercícios e meditações semelhantes aos citados no Capítulo Nove. 

Isto soa bastante trabalhoso. Você pode sentir que dominar o seu Eu e o seu ambiente antes de começar a Grande Obra é quase como dizer “para superar seus problemas primeiro você deve superar seus problemas”. E em algum aspecto é exatamente isso que nós estamos dizendo. Mas mesmo que a prática e a disciplina sejam sempre necessárias para te preparar como um recipiente satisfatório para o seu Anjo, o contato com Ele só será realizado através do processo de concentração devocional e, quando a própria oportunidade mágicka se apresentar, da rendição completa.
Devoção religiosa não parece ser tão fácil para os Ocidentais como é para os nossos irmãos e irmãs Orientais. Os evangélicos semi-alfabetizados de TV que aterrorizam os seus rebanhos em “rendição” espiritual nos mostram somente o “lado negro” da devoção, ao definirem a rigorosa natureza do seu deus e, em seguida, exigindo que fielmente joguem o intelecto e o senso comum descarga abaixo. Isto é “rendição” na mira de uma arma.
É de se admirar porque no Ocidente tantos buscadores inteligentes abandonam suas esperanças em seguir o caminho Ocidental da devoção e acabam se voltando para as religiões Orientais para alimentar suas fomes espirituais?
Os Hindus chamam a ciência espiritual de devoção e rendição Bhakti Yoga, e têm concebido inúmeras técnicas para trazer o devoto ao contato direto com a deidade. Cantar o nome de deus, (a técnica do movimento Hare Krishna), é um método. Peregrinações para o santuário e a cidade santa de deus, ou realizar atos e sacrifícios que são tradicionalmente prazerosos a deidade, são outros. 

Para amar com todo o seu coração, primeiro o coração deve ser aberto. É aí que o encontro tem lugar, a misteriosa união entre o Homem e Deus. Em algumas tradições místicas, há expectativas de rejeição do homem abaixo do cinturão. Esta atitude não é encontrada somente no misticismo Cristão, mas também entre os Jainistas. Israel Regardie, além disso, observou uma divisão semelhante entre os seguidores da Golden Dawn. Ele descobriu que eles excedem em expressar a sua sexualidade e agressão, ou reprimem-nas completamente. Ambos os extremos produzem tanta doença quanto promovem facilidades. O mais sério crítico dessa cisão, como eu vejo isto, é uma falsa visão do homem. O homem não é um/ou, é ambos. Nem Deus nem besta nós não somos, mas ambos; nem sozinhos nem separados, mas um; encontre isso no seu coração na forma do seu Santo Anjo Guardião.
Com a experiência do Conhecimento e Diálogo o centro do nosso foco muda. Um interruptor é acionado; nós somos preenchidos com luz branca que explode ao longo da eterna escuridão. As nuvens desaparecem, e quando nós novamente reaparecemos só podemos ter uma pequena noção. A mente é consertada no coração, onde o encontro de Deus com o homem tem lugar. Não há nenhum outro espaço para qualquer outra coisa. A taça está transbordando e a água fértil traz à vida o dinâmico intercâmbio entre Amor e Vontade. Eu não quero sugerir com isso que uma vez que isto ocorre vive-se continuamente em total bem-aventurança. Nossa mortalidade é tal, que nós sempre acabamos caindo de volta em doenças e discordâncias. Nós precisamos disto para evoluir mais rápido. Uma vez que a união profunda acontece, contudo, há uma mudança fundamental de atitude, e isto pelo menos a memória pode se lembrar no meio do desespero e da solidão. Nós podemos, assim, pela memória, embarcar uma vez mais na procura por aquela benção da união que, uma vez experimentada, nunca se perde.
Há ilimitadas formas de alcançar o fim desejado, no que se refere aos atos externos. O segredo completo, contudo, pode ser resumido pelas palavras de Abraão, o Judeu: “Inflama-te em Oração”.

Retirado de “O Caminho do Amante Secreto: Magia Sexual Tantra & Tarot.” Escrito por Christopher S. Hyatt e Lon Milo DuQuette

O Aeon da ascensão de Cthulhu


"Também não é para se pensar... que o homem é o mais velho ou o último dos mestres da Terra, nem que a massa comum de vida e substância caminha sozinha. Os Antigos foram, os Antigos são e os Antigos serão. Não nos espaços que conhecemos, mas entre eles, caminham serenos e primitivos, sem dimensões e invisíveis para nós. Yog-Sothoth conhece o portal. Yog-Sothoth é o portal. Yog-Sothoth é a chave e o guardião do portal. Passado, presente e futuro, todos são um em Yog-Sothoth. Ele sabe por onde os Antigos entraram outrora e por onde Eles entrarão novamente..."
H.P. Lovecraft, O Horror de Dunwich (como sendo do `Necronomicon')

O século em que nós vivemos testemunhou o nascimento de um Novo Aeon; ou ainda, o retorno de energias e entidades, através de vastos abismos de tempo e espaço, de eras primitivas que antecedem por milênios o aparecimento da humanidade na Terra. Em seu principal conto de mitos, O Chamado de Cthulhu, Lovecraft esboçou os primeiros presságios de seu retorno, as bordas externas de cuja pericosis (intercessão) com nosso próprio continuum é detectado pela "antena" de poetas, escritores e artistas sensitivos e incrivelmente sutis - mais especificamente estes que já são alinhados com o conceito de "exterioridade" através de suas próprias explorações de assuntos alienígenas, exóticos, bizarros. E de fato,  é através do trabalho de tais artistas que as primeiras alusões e descrições dessas forças e entidades encontram expressão.

Esse "Novo Aeon" atualmente é conhecido por uma variedade de nomes por diferentes cultos: a "Era de Aquário" astrológica; O "Aeon de Hórus" Thelemico, inaugurado pelo avatar Aiwaz, em 1904 e.v.; O "Aeon de Maat" de Frater Achad, a Era da Verdade e Justiça; e por aí vai. Para o corpo particular de magistas, artistas, escritores, e outros visionários do mito de Cthulhu que constituem a Ordem Esotérica de Dagon (E.O.D.), a era emergente é reconhecida como o Aeon da ascensão de Cthulhu, com referencia ao trabalho de ficção profético de H.P. Lovecraft, como delineado acima. Como a sua descrição da onda inicial de energia Aeonica (que tem efeitos drásticos no sonhos de indivíduos "sensitivos" ao redor do mundo) coincide com a ascensão da ilha de R´lyeh em 28 de fevereiro de 1925 e.v., a E.O.D. enumera este evento como Ano Um, A.C.

Entretanto, antes que o influxo completo dessas forças ancestrais no nosso continuum de espaço-tempo presente possam ser facilitadas, os portais primordiais e secretos devem ser localizados, e abertos, para permitir acesso dos que estão "fora dos círculos dos tempos". Esse portal foi descrito por Lovecraft como um dos próprios Grandes Antigos - "O nocivo Yog-Sothoth que espuma como lodo primordial em caos nuclear em seu posto avançado localizado na mais profunda inferioridade de espaço e tempo." Como guardião do portal, ele é sinônimo com Choronzon. Este próprio "posto avançado localizado na mais profunda inferioridade" seria uma abertura ou janela para a dimensionalidade dos Grandes Antigos (Universo B), é a estrela Sothis, ou Sirius.
Por sua vez, o portal de forças do Novo Aeon (Yog_Sothoth) é identificado com a "não-Sephiroth", Daath, na Árvore da Vida qabalistica. Como explica Kenneth Grant:

"Agora é possível ver o fluxo continuo e evoluções de Aeons ocorrendo simultaneamente e passando pelo mundo da anti-matéria. O Yog (ou Yug... um aeon ou era...) de Sothoth é o contraponto - como o Aeon de Set-Thoth, ou Daath - de seu gémeo, o Yug-Hoor, ou Aeon de Hórus. Yog-Sothoth é o portal através dos aeons para a estrela-fonte além de Yuggoth, o Yug ou Aeon de Goth."
Fora dos Círculos do Tempo (Outside the Circles of Time, p. 214)

Portanto, o conhecimento e a formula pelo qual este portal pode ser reaberto, só pode ser percebido através do vórtex negativo de Daath. No caso, do próprio Lovecraft, que na sua vida desperta negou veemente a real natureza do material que ele estava lidando, o processo de apropriação foi quase que completamente subconsciente, ocorrendo através  da experiências nos sonhos.  Como seria esperado, as visitas de tais revelações ultra-cósmicas e inumanas tomaram a forma dos pesadelos mais horrorosos. 

Pela mesma razão, esses iniciados da E.O.D. que estão trabalhando para a abertura do portal de Yog-Sothoth devem estar preparados para realizar essa descida mais perigosa ao abismo de Daath (o assim chamado "falso conhecimento") afim de ativar essa formula efetivamente. Esse processo envolve a projeção de parte de si-próprio nesses espaços "intermediários", do quais Lovecraft faz repetidas referencias, e que constituem a existencialidade dos próprios Grandes Antigos. É aqui que esse "falso conhecimento" (descrito por Lovecraft como um grimoire, Necronomicon) pode ser descoberto e recuperado, trazido novamente através do vórtex de Daath, e finalmente dado uma manifestação externa concreta e real.

Por Tenebrous
Tradução: AShTarot Cognatus. 
Colaboração: Daath Orion

A Corrente 23


Durante a ultima década, as pesquisas realizadas por vários membros da Esoteric Order of Dagon sugeriram que estão chegando duas "correntes mágickas" ou "zeitgests" nos tempos atuais. Essas podem ser expressas como a "Corrente 93" e a "Corrente 23". Até agora, foi a primeira que recebeu mais atenção, ambos em termos de análise acadêmica e atividade cerimonial. Os elementos básicos de sua força mágicka extraterrestre podem ser listadas como se segue:

Profeta: Aleister Crowley
Interpretador: Kenneth Grant
Organização: Ordo Templi Orientis
Sistema Mágicko: Sexual
Livro: Liber Al vel Legis/O Livro da Lei

A corrente 93 também pode ser descrita como sendo a mais visível, ou física, na sua manifestação. Como Kenneth Grant deixou claro em sua "Trilogia Tifoniana", os mistérios reais da corrente 93 são realizados via mecanismos psicosexuais do organismo humano.

Em paralelo direto, os elementos chaves da corrente 23 podem ser traçados como se segue:

Deidade Aeonica: Cthulhu
Avatar: Nyarlathotep
Sacerdote: Nephren-Ka
Profeta: H.P. Lovecraft
Interpretador: Randolph Carter
Organização: The Esoteric Order of Dagon (A Ordem Esotérica de Dagon)
Sistema Mágicko: Onirica
Livro: Necronomicon/O Livro dos Nomes Mortos

A corrente 23 é portanto uma contraparte sutil da 93, sua manifestação tomando a forma do "sonho realizado" e o sabá astral (veja "Sonhos na casa da bruxa"). O amplamente difundido corpo de iniciados conhecidos como E.´.O.´.D.´. constituem uma antena gigante, sensitiva de ressonâncias rarefeitas e capazes de comunicar a informação recebida via criatividade mágicka ("A chave de prata"). Essas "mensagens" geralmente tomam a forma de experiencias de sonhos em locais específicos, e envolvendo seres estranhos e artefatos. Como era de se esperar, muita das iconografias desses sonhos é compartilhada por membros individuais, mesmo entre aqueles que não tem nenhum contato mundano com seus sonhadores prévios.

O tempo dos abissais (deep ones) é iminente, e os sonhos de R´lyeh assombram a mente dos escolhidos. Ia! Cthulhu fhtagn!

Escrito por Peter Smith
Tradução: AShTarot Cognatus e Daath Orion

Fonte: The infernal texts Nox & Liber Koth

Vampirismo Narayana


Uma das mais velhas e mais completas filosofias e épicos da criação existe nos escritos sagrados da Índia, chamado os 'Vedas'( literalmente 'Conhecimento'). O mais importante desses sendo o Mahabharata, que é principalmente um épico histórico – e depois o Bhagavad Gita, que é chamado a “jóia” do conhecimento espiritual da Índia. Eles chamam o Bhagavad Gita um 'jóia' por boa razão, pois em nas paginas do Bhagavad Gita está uma grande quantidade de conhecimento espiritual. Ele existe até hoje como um dos mais minuciosos e completos textos religiosos antigos já transcritos.

Surpreendentemente, entre aqueles que percorrem os Caminhos Sinistros, tenho visto que há muito pouco estudo publicado relativo ao Bhagavad-Gita e Vaisnavismo-o Culto que surgiu a partir de seu texto (dentro de sua forma original Sinistra, que persiste até hoje) . Desta maneira, vou procurar explorar apenas alguns dos arquétipos sinistros dentro da tradição védica, e em específico, os Vaisnavas. Vamos agora começar a explorar a origem vampírica da linha de pensamento Védico. Vaisnavas são muito mais rigorosos, e monoteístas nas maneiras que um hindu regular. A bhakti-yogi Vaisnava (aquele que pratica bhakti-yoga, a ciência suprema de relacionamento com a Divindade, como ensinada dentro do mundo Védico) iria ver como um desperdício de tempo na maioria dos casos oferecer reverencias perante os semideuses, quando se poderia ao invez ter comunhão com Krishna - que seria visto paralelo dentro Vampirismo como o sangue original que forjou o universo. Dentro do Vaisnavismo, Krishna é considerado o ser supremo. Ele é a Suprema Personalidade de Deus, e de seu corpo emana todo o universo. O Bhagavad-Gita diz que na verdade existem vários universos dentro do corpo de Krishna. Quando nós, enquanto aqueles de uma inclinação instintiva começarmos a interpretar o Bhagavad-Gita através de Krishna representando o nosso próprio eu-deus, temos um vislumbre claro sobre a natureza do estado escuro interior de nossos seres além de nossa própria mundana percepção física. No entendimento dessa conexão, é importante saber que a manifestação etérea de nossas ações não é a origem das próprias ações. Quando se tenta interpretar antigos ensinamentos em uma modernizada linha de pensamento Oculta, e então começa a interpretação do eu superior como um deus exterior (pensando que as verdades do self são produtos do ego), então muita confusão entra em jogo. Nosso tratado sobre a natureza vampírica do Vaisnavismo baseia-se no Vampirismo, e nada mais. Vampirismo realisticamente em todos os sentidos é derivada das antigas Suméria e Babilônia. Antes do caminho da mão direita e esquerda surgirem, houve Vampirismo. Antes de o símbolo Helênico de Satan, houve o Vampiro também. É um conhecimento básico que deve ser entendida que o vampirismo é um caminho mais antigo do que o que é largamente popular hoje, por isso o cúmulo da loucura sistematicamente subestimar a natureza do Vampirismo através de uma obsessiva consciência mortal. Procuramos voltar ao funcionamento primitivo do eu, para restabelecer a ligação perdida com o que é a Divindade e além.

Krishna (como a Superalma) pode ser visto como o ser do Sombrio. O Sombrio é um termo usado em práticas vampíricas superiores - designando a consciência interior, o ser caótico original e mente astral que se manifesta no estado desperto do vampiro. O Sombrio dentro do Reino Sombrio é a primeira de três independentes partes de funcionamento do ser do Vampiro. Dentro destas três partes do ser, há três realidades - cada uma dessas realidades nomeadas por um dos três reinos da existência. Na realidade exterior do Reino Sombrio (o primeiro reino), o Sombrio terá uma forma visível. Este tem sido descrito como "uma existência sombra" dentro ensinamentos da SDS. Krishna é uma designação da forma do Sombrio dentro da realidade exterior do Reino Sombrio. Como o ser caótico original, ele tem sido referido nos textos védicos como a Superalma. A Superalma é a parte dos indivíduos que está alinhada com o ser universal. Essa Superalma se manifesta (visualmente) dentro do Culto Vaisnava como Sri Vishnu. Sri Vishnu na maioria das vezes se manifesta como um lindo macho de cor azulada, com quatro braços. Em suas varias mãos ele segura (entre outras coisas) flores, bem como uma clava para combater demônios (mais sobre o conceito védico de 'demônios' virá depois). Vendo a essência caótica que fez nascer o indivíduo como um arquétipo tal como Krishna é somente uma interpretação. É nos níveis de consciência e percepção que se pode perceber essas coisas, não se pode guardar um furacão em uma caixa. A verdade da condição Vampírica e estado desperto existe em agir através dos mandatos do ser divino interior. Se alcança o poder quando não há contradições internas, é o melhor experimentar o Sombrio por ação, não por especulação.

Há um paralelo entre a manifestação visual da Superalma (dentro de Cultos Vaisnavas) e a manifestação visual da realidade exterior da mente astral do vampiro {a verdadeira forma não tem substância visível aos olhos treinados, sendo o estado astral original e puro do ser individual). Os ensinamentos vampíricos citados aqui são aqueles que estão sendo colhidos a partir dos ensinamentos da antiga Babilônia. A mais qualificada organização sobre Vampirismo que eu encontrei que é baseada na manifestação original (terrena) do Vampirismo na Suméria, Babilônia, e países antigos em volta é a Sociedade do Sol Negro. Aqueles que estão interessados neste grupo podem consultar em seus escritórios, os quais eu dei o endereço no final deste artigo.

Vamos agora dar uma olhada nas Vaisnavas, o culto Hare Krishna. Nós podemos ver a manifestação de vampirismo e o caminho alquímico, buscando a evolução espiritual individual é o principal objetivo do Hare Krishna. Eles se sustentam através do alimento espiritual, chamado prasadam. Prasadam é o alimento que é oferecido primeiramente na frente das deidades. Todos os Vaisnavas dedicados oferecem toda a sua comida perante as estátuas das deidades (o mais comum são as de Krishna e Radha, que estão dentro do Templo em si) ou a uma imagem de Krishna dentro de suas casas. Os lugares que a semente do vaisnavismo vai melhor frutificar para a maioria das pessoas, são os templos Vaisnavas ou comunidades. Estes estabelecimentos são os mesmos que Mosteiros dentro da religião cristã em muitos aspectos, no entanto, eles geralmente apresentam uma atmosfera mais interessante para o ascendente Magicko/Vampiro Negro. Vaisnavismo é uma muito velha e antiga tradição. Esta tradição foi revivida pelo Senhor Caitanya em Bengala, durante o período de 1500. Isto é quando o movimento Sankirtan se originou, Sankirtan é o canto do mantra (ou chamado 'Mahamantra' dentro do sânscrito, literalmente "grande mantra"), que é: Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare . Devemos notar a ingestão de alimentos somente se primeiro oferecidos para Krishna dentro da religião Vaisnava. É ensinado nos textos antigos dos Vedas que este alimento é cozido apenas para Krishna, e que os devotos podem comer apenas os restos da comida. A comida se torna literalmente espiritualizada, e injeta a pessoa que come em "Consciência de Krishna". Nós, que somos vampiros realizados, reconhecemos isso como um fluxo de sangue literal do sangue coletivo do culto Vaisnava, chefiada pelo Vampiro Narayana (existem diversos significados para esta afirmação), para a pessoa que consome o alimento. Nós, que somos vampiros acreditamos que o sangue é a forma consciente por trás de toda a existência, esta é a substância que nós nos alimentamos e subsistimos nosso trabalho mágico, este é o material que causa a Divindade, em primeiro lugar. Substância de sangue físico para nos é útil, mas na verdade é o resultado do sangue astral fluindo em substância caótico (causando substancia material). Por desenvolver nossos reais sentidos astrais e consciência, vampiros realmente começam a participar deste alimento espiritual diretamente. Isto é referido brevemente em muitas tradições, e é realmente a "arte secreta" de sucesso no caminho evolutivo. (A peça aparentemente não relacionada aqui, mas útil, sublinhando o meu ponto sobre a importante natureza astral de alimentação de sangue. Aqui do "Confessions of Aleister Crowley" página 525 e 526, capítulo 59 sobre a iniciação de Crowley nos “Secret Chiefs of the Third Order). "Ainda depois, por um forte esforço de vontade, eu bani minha garganta inflamada e meus arredores, e subi para meu corpo de luz. Cheguei numa sala em que uma mesa cruciforme foi espalhada, um homem nu que está sendo pregado a mesma. Muitos homens veneráveis sentados em volta, deleitando-se em carne viva e bebendo seu sangue quente em grandes goles. Estes (me disseram) eram os adeptos, a quem eu possa um dia se juntar. Isso eu entendi significar que eu deveria obter o poder de tomar apenas espiritual alimento, mas provavelmente isso significa muito mais que isso. "

O Sinistro Senhor Nrsimhadeva

Na canção ao Senhor Nrsimhadeva (que é cantado todas as manhãs nos templos Hare Krishna em todo o globo), a forma humanóide com cabeça de leão do Senhor Krishna aparece para o Demônio Hiranyakasipor para matá-lo. Demônio não é visto dentro de Hare Krishna como os povos ocidentais identificam demônios, mas sim como homens ímpios que são ignorantes e ignoram a sabedoria Védica. Portanto, neste sentido, estamos falando sobre nossas pessoas comuns. Eles são ignorantes que impediriam o iluminado. É um significante passo acima na escada para longe do cristianismo, mesmo com algumas das conotações aparentemente moralistas deste culto. Não há realmente "bom" e "mal" no sentido regular, mas sim "sabedoria" e "ignorância" (ou "verdade" e "ilusão"). No Bhagavad-Gita, há explicações explícitas dos modos da natureza material, o fato de que o emaranhamento/confusão material deriva de estar aterrado pela cintilante potência externa de Krishna. Isto tem importantes laços com o Vampirismo. É uma verdade dentro de vampirismo que se o vampiro perde contato com sua natureza interna caótica, sua existência será desintegrada. Aqueles que perdem o toque com a sua caótica essência interior (OSombrio, Krishna) certamente serão "sacrifício" para as forças consumidoras do mundo Causal. O mortal é cego para as funções do reino astral, as experiências dentro de sua natureza etérea cega-os à consciência adicional. Vampirismo é assustador, porque ele é baseado em uma ação de própria criação. Separação e funcionamento em ambos os reinos, crescendo através de impregnar o Vampiro com essência sanguínea, criando realidades perpétuas dentro dos estados astrais e etéreos de consciência. Essas coisas são produtos do Sombrio, o ser no Abismo de puro sangue do Vampiro.

O Bhagavad-Gita contém uma mina de conhecimento espiritual e não deve ser negligenciado. Quando começamos a interpretar Bhagavad-Gita de acordo com sua origem Vampírica, começamos a ver que uma verdade sobre o estado interior em relação ao estado exterior é revelado. A linguagem poética e conteúdo aprofundado geral do Bhagavad-Gita fornece muito insight para o Vampiro e um credo impecável para os religiosos. Aqui está uma fórmula real para a entrada no estado interior sombrio do Gita. "Quando o ser vivo encarnado controla sua natureza e mentalmente renuncia todas as ações, ele reside feliz na cidade de nove portais (o corpo material), sem trabalhar nem causar danos. O espírito encarnado, dono da cidade de seu corpo , não cria atividades, nem induz as pessoas a agir, ou ele criar os frutos da ação. Tudo isso é decretado pelos modos da natureza material. Nem o Senhor Supremo aceita as atividades pecaminosas ou piedosas de ninguém. Seres encarnados, no entanto , são confusos por causa da ignorância que cobre o seu conhecimento real. " O estado interior, através da força do sangue e da vontade, move a natureza etérea em ser. A partir desse ponto de origem vem a força que age, mas a força em si não é participante ativo. Krishna como o estado interior, é o "diretor" das atividades da natureza material do vampiro. Suspensão das atividades físicas, fornece uma porta de entrada até os poderes do astral. Silenciando o fluxo interminável de pensamentos na mente enquanto nos estados físicos, fortalece os desejos do vampiro e desta forma fortalece em ambas as naturezas etéreas e astral de uma forma reciproca, apoderada pela essência sanguínea pura do universo.

Krishna em sua forma de Nrsimhadeva, como outros arquétipos Sinistros, possui uma lenda em torno do prudente cuidado nas relações com esta forma. A visão que nós na maioria das vezes vemos Nrsimhadeva nestes dias é a sua forma de Ugra-Nrsimhadeva (ou seja: sua forma violenta). Vaisnavas identificam especificamente Nrsimhadeva enquanto uma forma de Krishna como 'o ponto de origem "da existência de seres sencientes. É bastante interessante que a forma mais violenta de Krishna significa também a sua manifestação como a origem. Uma criação da vontade a partir do caos dá origem ao ser consciente. Há apenas uma estátua da divindade em tamanho natural de Nrsimhadeva que é conhecido sobre a terra, que está localizado em Mayapur, Índia. Durante os primeiros anos da Sociedade Internacional para Consciência de Krishna, o culto Vaisnava mais organizado e influente, eles procuraram por toda a Índia para encontrar alguém para construir uma estátua de Nrsimhadeva em sua forma violenta de Ugra-Nrsimhadeva. Eles finalmente encontraram uma pessoa para fazer isso.

De acordo com a tradição daqueles que constroem estátuas de deidades, a última parte a ser adicionado à estátua são os olhos. Os olhos são considerados como realmente contendo o "espírito" da estátua, e uma vez que os olhos são construídos na estátua, substância física que é impregnada com a energia do Deus para o qual foi construído. A estátua de Nrsimhadeva foi construída em um grande galpão atrás da residência do artista. Finalmente, a estátua foi concluída. O artista saiu para executar algumas tarefas, e quando ele voltou, ficou horrorizado ao descobrir que o galpão inteiro tinha queimado até o chão. Mas estando no meio, entre as ruínas fumegantes, estava a estátua sorridente de Nrsimhadeva, que saiu ilesa. O artista rapidamente ligou para os devotos Hare Krishna e insistiu com eles para que por favor levassem a estátua, ela estava perturbando ele mentalmente e tinha destruído sua oficina.

Nrsimhadeva aparece em particular mais feroz do que qualquer das outras figuras que eu conheço de dentro da cosmologia Védica. Como uma verdadeira forma de Krishna, há muitas implicações. Mesmo as raças mais ferozes de seres malignos, aqueles seres cuja função é a punição dos seres humanos (estes são referidos como o "Yamas" e são liderados por Yamaraja, que é mencionado como sendo um grande devoto de Krishna, embora a maioria de suas atividades são avaliadas como "pecaminosas"), são parte de Krishna. Chegamos a uma compreensão de uma implícita verdade alquímica. A alquimia, é a ”arte da transmutação", é um processo de evolução sobre o eu (o fato de que a criatura evoluída influencia seu ambiente é secundário, uma ação natural). Conectando-se com esta verdade do eu interior é o objetivo do Vaisnava e yogi {yoga é muito mais do que exercícios físicos, é uma ciência e função continua de quem a pratica}.

Para alguém digerir os ensinamentos de Narayana em uma perspectiva prática e viável, é preciso mudar a sua própria consciência e reunir uma maior consciência para perceber. Não olhe uma vez, não olhe duas vezes, olhe várias vezes sobre qualquer coisa que você pode ler ou estudar. Não só isso, você deve também manter os ensinamentos que foram revelados a você em sua mente e aplicar e testá-los em situações reais e através de experiências reais. Assim como todos os textos antigos, os segredos permanecem fechados para aqueles que não têm ouvidos para ouvir. Até mesmo alguns que pensam que ouvem, podem interpretar tudo em um sentido distorcido. A partir desta loucura vem o produto interminável de religiões e caminhos místicos, cada um tão igualmente iludido quanto o outro mas cada um chegando em direção de uma verdade em comum. Haverá sempre aqueles que estão na consciência mortal, pois deve haver alimento para os seres superiores do universo. O vampiro não deve ser confundido ou cegado pela fome sem fim da humanidade, chegou a hora de você se levantar como predador e deixar de ser presa. Afirme: eu sou um Vampiro, eu sou Deus, e daquele ensinamento comece a procurar as verdades alquímicas. Domine o controle do eu, seja adepto da magicka interna, e o caminho vai levar para o domínio sobre outras coisas.