domingo, 3 de dezembro de 2017

Sangue Menstrual e seus Mistérios

Para todas as mulheres em idade fértil a fase menstrual é um período de grande intuição, criatividade e inspiração, o ápice do poder feminino. A palavra “menstruação” tem origem na raiz grega “men” que significa mês, e “menus”, que significa ao mesmo tempo lua e poder. Nessa fase  as mulheres ficam mais conectadas as energias astrais e aquilo que Jung chamava de inconsciente coletivo.

Embora se encontrem diversos tabus que tratem o sangue menstrual como algo impuro, nem sempre foi assim. Muitas culturas antigas acreditavam que a Lua  menstruava e que era um símbolo apropriado para a Grande Deusa Mãe.


A  evolução do ciclo lunar de vinte e nove dias e meio aproximadamente, tal como o ciclo menstrual das mulheres, podia ser associado as Três Faces da Deusa como Jovem, Mãe e Anciã. Na fase da Lua Crescente a Deusa é jovem e cheia de vigor, já na Lua Cheia a Deusa é Mãe, e na Lua Minguante torna-se a Anciã. A Lua Negra (Lua Nova) corresponde à transformação da Deusa, a sua transição, a passagem pelo mundo dos mortos, para que depois reencarne e renasça como Jovem novamente.

Em tempos remotos o sangue menstrual era utilizado para fertilizar o solo para que seus nutrientes fossem absorvidos pelas plantas. Era desta forma, que as Antigas Sacerdotisas realizavam sua comunhão com Deusa, retribuindo seu sacrifício, que foi dar origem a vida infundindo seu sangue sobre terra. 

Também o sacramento com a ingestão do sangue era antes relacionado ao sangue menstrual da Deusa, por vezes chamado de Leite da Deusa Mãe, que conferia o poder da imortalidade.  No Egito antigo o leite de Ísis era muito utilizado nas procissões. Sua cor era rosada, que remete ao sangue menstrual, carregado dentro de um vaso com forma de vulva, às vezes derramado na terra para torna-la fértil e era famoso por seus poderes curativos.

Eles também tinham a deusa Sekhmet, a Leoa Escarlate, a deusa da guerra e ligada ao ciclo menstrual das mulheres. Sekhmet é a guerreira sem medo, capaz de destruir e espalhar os flagelos, deusa selvagem e terrificante mas que, paradoxalmente, sua energia sanguínea pode curar os doentes assim como destruir os inimigos do Estado. A estátua de Sekhmet protegia as entradas dos templos egípcios e seu culto contribui para a manutenção da ordem cósmica.

Assim para as sacerdotisas que realizam trabalhos magísticos o sangue menstrual (sabiamente utilizado) pode ser fonte de enorme poder de cura assim como de precipitação (materialização) de suas magias. 

Sagrado feminino


A mulher deve reaprender a celebrar a abundância da vida que existe em seu útero e reverenciar a Deusa através do sangue menstrual que flui através do colo uterino. Quando aceitamos a menstruação como algo sagrado, nos tornamos mais conscientes de suas influências e podemos usufruir de forma plena de seus benefícios. Desta forma, restabelecemos a nossa conexão com os Mistérios Femininos.

Segundo  J.J Bachofen, com base em suas pesquisas arqueológicas ele pode afirmar que “A maternidade foi à fonte de todas as sociedades humanas”.

No período Neolítico, décimo milênio A.c, a sociedade humana descobriu a agricultura, saindo da condição de nômades e aderindo a um estilo de vida sedentário. Agora possuindo moradias fixas; desenvolveram métodos de cultivo agrícola e descobriram como armazenar alimentos.

Neste período existe o primeiro indicio de religião, que assumiu a forma de um culto de natureza matrifocal. Foram encontradas em escavações várias estatuas femininas que representavam varias formas da Deusa, a figura maternal era totalmente associada à natureza, pelo seu poder de criar a vida e por sua fertilidade. Inclusive, foram descobertas dentro cavernas conchas com descrições “o portal por aonde a criança vem ao mundo”, feitas em Ocre Vermelho que simbolizava o sangue menstrual.

Na Tradição Sumério-babilônica o sangue menstrual é considerado sagrado, um símbolo que representa a vida, veículo pelo qual a Deusa Mãe Tiamat concebeu a vida, derramando seu sangue sobre a terra.

A passagem da cultura Matrifocal para a Patriarcal pode ser representada pelo mito da morte da Deusa Tiamat por seu inimigo o Deus Marduk. Que divide seu corpo em duas partes e com eles forma o céu e a terra.

Ritual Egípcio Rosacruz



O Ritual Egípcio Rosacruz é um dos rituais internos da Ordem do Lotus Negro. Este ritual tem sua origem nos métodos cerimoniais da extinta Ordem Hermética da Aurora Dourada que incorporou a alquimia em seus ensinamentos ocultistas. A ordem foi fundada em 1887, mas ainda era intensamente ativa nas primeiras duas décadas do século XX e sua influência pode ser percebida em muitas ordens esotéricas atuais. Ela exigia, para aqueles que desejassem prosseguir em seus graus, que estivessem familiarizados com o simbolismo alquímico e, talvez, que tivessem alguma experiência prática da Alquimia Mística cuja fórmula e operação são de natureza espiritual e psicológica. De fato muitos negaram a validade da Alquimia Física ou Artesanal, dizendo que ela é, puramente, o símbolo de uma operação interior que é de natureza espiritual e psicológica. A Alquimia Artesanal é a arte de transformar metais de base em ouro. Entretanto para o para o Alquimista Místico o ouro é o material simbólico de uma realidade espiritual simbolizada pelo Sol de Luz. O ouro é o metal perfeito entre todos os metais – a forma mais exaltada do reino mineral. É, de fato, o alfa e o ômega do reino mineral.

A grande Obra Alquímica é a verdadeira transmutação dos metais onde o alquimista procura remover de todos os metais básicos suas desordenadas imperfeições ou características básicas para trazê-los ao seu estado de essência natural e transmuta-los no perfeito Ouro do Sol. Para os antigos egípcios o Sol era o centro do cosmos e fonte de luz e calor, era também a manifestação natural da própria Fonte Divina do Ser. Ou seja Sol era reconhecido não só pelo seu poder físico, como também como símbolo do Verdadeiro Sol que é a Luz do Mundo, o Sol do Ser que, no Ritual Egípcio Rosacruz, é representado por Osíris.

A ideia da transformação de metais em ouro, acredita-se estar diretamente ligada a uma metáfora de mudança de consciência. O metal seria a mente "ignorante" que é transformada em "Ouro", ou seja, sabedoria. 

(Alta) Magia Cerimonial

O Ritual Egípcio Rosacruz é um trabalho alquímico ritualista ou seja: baseado nos métodos do cerimonial mágico. Nele apreciamos a Magia Cerimonial em seu mais amplo sentido.

“Incluídos nessa expressão (Magia Cerimonial)  estão pelo menos três tipos distintos de trabalho cerimonial, todos, porém, sujeitos a um único conjunto geral de regras ou governados por uma única fórmula principal. A palavra "cerimonial" inclui rituais para iniciação, para invocação dos chamados deuses e para a evocação de espíritos elementares e planetários. Há também a enorme esfera de talismãs, e sua consagração e carga. Cerimonial é provavelmente o mais ideal de todos os métodos para desenvolvimento espiritual, pois envolve a análise e subseqüente estimulação de toda faculdade e poder individuais. Seus resultados são gênio e iluminação espiritual.”
Israel Regardie

O ritual divide-se em três etapas. Na primeira delas ocorre a purificação do mago através dos Quatro Elementos. Em cada estação ou quadrante uma divindade tutelar apropriada é invocada por meio da formulação da forma astral e dos símbolos alquímicos adequados. Em seguida as quatro forças elementais são então evocadas e recebem ordens para fluir através do mago, visando purificar sua personalidade quádrupla, cada uma delas associada a um elemento. A Astrologia (estudo da influência dos Astros na Terra) explica que tal como a Terra, o Ser Humano também é constituído por quatro Elementos: Terra, Água, Ar e Fogo. A Terra e a Água são elementos Yin (femininos), o Ar e o Fogo são elementos Yang (masculinos). Sabemos que os Quatro Elementos estão também no corpo humano e que pela purificação de um objeto dos quatro Elementos nós nos defrontamos com um quinto elemento que chamamos de Akasha, a Quintessência e a Matéria-prima de nossa obra. No homem, este quinto elemento é chamado de Espírito.

Como em todo ritual teúrgico, logo no início da cerimônia todas as forças e todos os seres são cuidadosamente banidos a fim de deixar um espaço limpo e sagrado para a celebração da cerimônia. Mas para esta esfera consagrada são chamadas todas as ordens de elementos, compreendidas na divisão quíntupla das coisas. E é esta poderosa legião, purificando a esfera do mago por consumir os elementos indesejáveis dentro dele, que é consagrada e abençoada pela Eucaristia e pela descida da Luz refulgente.

           No final da purificação ritual o mago assume a injunção de Eliphas Levi:

"Sê alerta e ativo como os Silfos, mas evita frivolidade e capricho. Sê enérgico e forte como as Salamandras, mas evita irritabilidade e ferocidade. Sê flexível e atento às imagens como as Ondinas, mas evita ociosidade e inconstância. Sê laborioso e paciente como os Gnomos, mas evita grosseria e avareza. Deste modo desenvolverás gradualmente os poderes da tua Alma e te capacitarás a comandar os Espíritos e os elementos.”

                                              O Sol do Espírito - Osíris (Ausar)

O ritual passa então para a segunda etapa onde o magista assume a forma astral do deus egípcio Osíris, utilizando o conhecido método de “assunção da forma deus”. Osíris, em simbolismo mágico, é a própria consciência humana, depois de finalmente purificada, exaltada e integrada – o ego humano como se acha em posição equilibrada entre o céu e a terra, reconciliando e unindo ambos. Os antigos egípcios acreditavam que pela repetida mistura com a essência de um deus, a alma do mago é exaltada e sua personalidade elevada e purificada.

Osíris, o deus Sol, ligado à vegetação e a vida no Além, é sem dúvida o deus mais conhecido da mitologia egípcia. Osíris significa muitos-olhos, um significado apropriado para representar os raios do Sol, que veem tudo, tanto a terra quanto o mar. Ele é a deidade apropriada para estabelecer o contado com o mundo divino dentro de nós, simbolizado pela letra hebraica Yod que, neste ritual, corresponde a Osíris, a centelha divina que existe dentro de nós.

Este ritual é um verdadeiro psicodrama onde o operador (o magista) busca identificar-se com o deus Osíris (Ausar em egípcio) que desce ao mundo subterrâneo ou Amenti (Região dos Mortos) e vence a prova dos quatro elementos. O neófito, no Egito, em uma de suas provas, quando ia ao país de Amenti, tinha que vencer inúmeros obstáculos, inclusive os dos “4 elementos”, se saísse vitorioso passava a um grau superior. Iniciar a jornada rumo ao nosso sagrado ser requer o domínio completo dos quatro elementos que compõem a nossa natureza e todo o neófito ou chela que anelasse muito compreender, aprender e estudar sobre os mistérios que transcendem a matéria e o mundo das imperfeições humanas deveriam inevitavelmente passar pelas quatro provas básicas iniciais; se saísse vitorioso poderia então prosseguir seus estudos e cada vez mais se aprofundar nos mistérios insondáveis de Deus; se fosse derrotado não poderia seguir  por este caminho, pois a alma ainda era imatura para ancorar em si as terríveis e divinas provas que se seguiriam mais adiante.

É importante ter em vista que Osíris é o marido de Ísis e pai de Hórus, ele é quem julga os mortos na "Sala das Duas Verdades", onde se procedia à pesagem do coração ou psicostasia. Ao identificar-se com Osíris o magista volta-se para dentro de Si mesmo como se olhasse sua alma refletida no espelho. Ele entra em contato com seu Ser profundo e renova suas forças espirituais. Em um estágio posterior (fusão com a divindade) ele ganha autoridade sobre as forças dos Elementos.

A matéria prima do mago egípcio é a palavra falada (mantra) que, acrescentando-se ao gesto (mudra), produz o ato mágico. Pelas fórmulas tornadas vivas, o mago encanta o céu, a terra, as potências noturnas, as montanhas, as águas, compreende a linguagem dos pássaros e dos répteis. O alvo é considerável: a recitação correta das fórmulas mágicas torna-o capaz de aceder ao cortejo de Osíris e de fazer parte da confraria dos reis do Alto e do Baixo Egito, a sociedade iniciática mas fechada que é possível conceber.

Em um ritual de iniciação da Aurora Dourada, um oficiente, ao mesmo tempo que assume a máscara astral do deus, define a natureza dele afirmando:

"Eu sou Osíris, a alma de aspecto gêmeo, unida ao mais alto por purificação, aperfeiçoada por sofrimento, glorificada através de provação. Vim de onde estão os grandes Deuses, através do Poder do sagrado Nome."

As próprias divindades vêem-se obrigadas a obedecer às palavras de poder do mago:

" O vós, todos os deuses e todas as deusas, voltai para mim o vosso rosto! Sou o vosso mestre, filho de vosso mestre! Vinde a mim e acompanhai-me... sou o vosso pai! Sou um companheiro de Osíris, percorri o céu em todos os sentidos, explorei a terra, atravessei o mundo intermediário seguindo os passos dos Iluminados veneráveis, porque detenho inúmeras fórmulas mágicas."

O mago proclama-se eficaz pela sua boca, glorioso pela sua forma. Tendo cavado o horizonte e percorrido o Cosmo em todas as direções, recolheu o ensinamento dos bem-aventurados.

A Fórmula Y H V H

O Ritual Egípcio Rosacruz é o primeiro de uma série de ritos de imersão na egrégora egípcia através da Fórmula Yod He Vav He que são as quarto letras hebraicas "YHVH" que constituem o Tetragramaton ou o Inefável Nome de Deus a que chamamos Jeová. O Tetragrammaton contém uma fórmula complexa relacionada à união cósmica e à manifestação dos elementos. Só depois de a criação se manifestar completamente que o termo IHVH é empregado para designar "Deus" na Bíblia.

Assim temos que o Tetragramaton YHVH sintetiza os quatro elementos metafísicos: Yod=Fogo, He=Água, Vau=Ar e o He final =Terra nessa ordem.

Os mistérios egípcios davam àquele que chegava a dominar os elementos e, portanto, o corpo de Terra, Água, Ar e Fogo, a possibilidade de se tornar um Veículo de Luz, e como dizem os textos egípcios, "de Vagar na barca de Rá rodeado pelos Seres Luminosos". Na terminologia alquímica a Cruz, com hastes de mesmo comprimento, representa os quatro elementos acrescida de um quinto (o Espírito ou Akasha) em seu centro.

Na versão egípcia do Tetragramaton temos:

Yod – Osíris (Fogo): Está ligado ao Espírito Masculino; princípio criador ativo; o Fogo Espiritual. Corresponde ao Lingan de Shiva , ao bastão ou cetro do Tarô, e a Coluna Jakhin do Templo de Salomão. Em alquimia é o enxofre. Na Kabalah é Chokmah.

HE – Isís (Água): A substância passiva; princípio produtor feminino; a Alma Universal; corresponde a Yoni de Shakti, a Taça do Tarô e pela coluna Boaz do Templo de Salomão. Em alquimia é o Mercúrio. Na Kabalah é Binah.

Vau - Hórus (Ar): A união fecunda dos dois princípios; a copulação divina; o eterno devir; representado pelo caduceu e pela Espada do Tarô. Na Kabalah é Tipharet. Hórus o deus com cabeça de falcão, sempre relacionado com a mente, às vezes é chamado de Senhor da Era de Aquário. É um Ser alado e completo, contendo dentro de si o seu pai Osiris (Sol) e sua Mãe Ísis (Lua). Hórus simboliza o Voo do Pensamento Divino, e também o SAG, “Sagrado Anjo Guardião” ou “Eu superior”.

HE – Seth (Terra): O polo fixo, material, o mundo sensível e a criação concreta, os Ouros do Tarô. Seth equivale ao Satã medieval ligado ao enxofre e ao chumbo. No mito egípcio Osíris, um deus associado a vegetação e a umidade (aspectos essenciais a vida), é assassinato por seu irmão Seth (Thífon em grego) que era associado ao calor e a aridez do deserto. Assim Set representa o papel universal da oposição. Em alquimia é o Sal. Na Kabalah é Malkuth.

Yod He Vau He resumido na fórmula YHVH: as potências masculina e feminina unidas num único nome - Yehovah - e que é impronunciável porque não pode ser falada. Esta é a palavra silente, e seus efeitos são manifestados através de vibração. As quatro sílabas da palavra representam o ternário, resumido na unidade.

Os 9 Corpos Da Tradição Egípcia


Para os egípcios, Aufu significa o corpo físico, que também é um recipiente para a experiência de vida completa. Todos os nove corpos espirituais identificados como parte do organismo vivo crescem continuamente no Aufu. As muitas formas de luz e iluminação que compõem o corpo de Rá foram chamadas de Aufu Rá. Todas as coisas que tinham nomes eram seus aspectos divinos; Eles eram "membros do deus", "sua carne", "seu aufu". Aufu Rá é o senhor de Duat, ele e Osíris, neste aspecto eram semelhantes. No livro "O que está em Duat", identifica com a unificação do espírito envolto na matéria.

O Khaibit, muitas vezes chamado de sombra, não era conhecido no sentido Junguiano. Ele operava mais como um instinto ou como um princípio animador que mantem nossa ligação com o plano físico.

Poder do nome e de sua linguagem. Som e vibrações da alma atribuem a um nome, e com a repetição, as palavras ganham poder. O sekhem é a força vital que anima todo o universo. 

Sekhem literalmente significa "os poderes", e pode ser sentida fisicamente como um canal de energia correndo pelo corpo. A energia Sekhem é a força vital que viaja entre deuses e humanos.

Os quatro corpos mais sutis e espirituais engajados na tarefa de elevar a consciência eram o Ab (o coração), o Ka (duplo espírito), o Ba (alma) e o Khu (eu superior ou inteligência divina).

A integração de todos esses estados espirituais superiores resulta na criação do Sahu, ou Corpo de Luz.

Culto Atlante ao Deus Oculto


O Templo de Auset-Ka é uma sub-ordem da Ordem do Lotus Negro (O.L.N) que se dedica aos estudo e prática da Magia Egípcia Isíaca (ou Lunar ) assim como os Mistérios do Sagrado Feminino com base naquilo que chamamos Gnose Afro-Atlante. Neles a deusa egípcia Neith encarna o Arquétipo de Deusa Primordial.

Neith era chamada “a que abre os caminhos”. É a protetora dos deuses e guardiã das almas dos mortos, a quem ela acompanha rumo à morada definitiva.

Neith como a personificação das águas primordiais da criação, deu origem ao deus Amon, o Sol Oculto que projeta de si mesmo Rá, a Força Solar Criativa e a Luz (LVX) do Mundo. Assim Neith cumpre seu papel como “a Grande Mãe Negra” que carrega em seu ventre a faísca luminosa do Espírito (isto é, Amon).  Aqui é importante lembrar que todos os deuses solares, com seu símbolo, o Sol Visível, são os criadores da natureza física, apenas. O mundo espiritual é obra do Deus Superior - o SOL Oculto, Central e Espiritual, Ele é o pai do “Segundo Deus”, o Demiurgo ou Artífice que também se chama Nous, a Sabedoria Divina de Hermes-Thot, ou razão (Logos).

Neith – A Serpente do Caos Aquático

A mística do Culto de Neith no Templo de Auset-Ka afirma que Amon é a semente masculina ou faísca luminosa (L.U.X) que fecunda o ventre de Neith a Serpente Primordial do Abismo Cósmico, permitindo que ela dê Luz a todas as coisas através de Rá, que é o responsável pela criação do mundo e representa o Sol. Neith muitas vezes foi descrita como a "Grande Vaca que deu à luz Rá".

Segundo Blavastsky (1831- 1891) em seu livro, A Doutrina Secreta – Vol. III, Antropogênese, “(...) como o primeiro dilúvio foi de origem cósmica refere-se a criação primordial ou a formação do céu e da terra, que tiveram origem no Caos, e o abismo aquático significa a Lua a mãe de cujo seio procedem todos os germes da vida. Ela é o receptáculo dos princípios masculinos do Sol ou Amon que a vivifica e fecunda. Neith é uma Deusa Andrógina ela é a outra metade do Deus Amon, o Oculto”

Neith é vinculada com o elemento Água, Amon é vinculado com o elemento Ar. O deus Amon é o espírito, que pairava sobre as águas de Neith conforme a Bíblia hebraica ensina:

“No princípio criou Deus o céu e a terra. A terra, porém, estava vazia e nua; e as trevas cobriam a face do abismo; e o espírito de Deus pairava sobre as águas...”  Gênesis 1:2

As águas primordiais são o inconsciente profundo, já o espírito representa a plena luz da consciência, o mar sendo o símbolo da interação entre esses dois domínios, representando a luz (LUX) que surgiu das trevas (NOX). 

Amon- O Sol Oculto, Central e Espiritual

A luz-incriada original estava contida em Amon, o Sol Oculto que os egípcios identificavam com a estrela Sírius, o Grande Sol Central da Via Láctea, o Sol por detrás do Sol de nosso sistema.  Mas qual é a face verdadeira do Deus Oculto? O deus que se esconde atrás do Sol de nosso sistema? Para tentar responder a essa pergunta temos que contemplar os mistérios esotéricos de Amon, conforme a visão da Ordem do Lotus Negro.

Amon-Rá significa “sol escondido ou oculto”. Ele é o Sol Oculto, o Deus Oculto, invisível, relacionado a Sírius e representado pela fórmula alquímica de Salomão, ou Sol Amom (SOLOMON). Ele é o deus de chifres de carneiro o que nos faz lembrar o Baphomet dos Templários e a Lúcifer-Azazel, o bode expiatório do deserto.

Amon-Rá é Sol que não pode mais ser visto quando desaparece no Oeste, o Sol em Amenti, o Mundo inferior (submundo) dos egípcios. Na Religião Kemética do Egito Antigo, a Estrela Siriús, o Grande Sol Central da Via Láctea, era a morada dos deuses e teria relação com o Logos Galáctico, o verdadeiro Pai ou Deus de nosso Universo. Para entendemos melhor as origens do Culto de Amon, o Deus Oculto, precisamos analisar também o Culto de Neith conforme é ensinado no Templo de Auset-Ka. Este culto é muito mais arcaico que o culto ao Sol e na compreensão de seus iniciados aborda não só os Mistérios da Deusa como Mãe-Terra mas também como Deusa-Lua (Mistérios Lunares) assim como os, mais vastamente antigos, Mistérios Marítimos onde Neith, a Deusa do Abismo Aquático, surge como Mãe de Todos os Deuses.

Ele também foi realizado no continente perdido (Atlantis) onde o culto ao antigo deus marinho, e seu avatar o Touro aquático, remontava a uma antiga forma de adoração onde a Deusa Mãe era representada pelas águas do oceano de onde o Touro emergia trazendo as experiências de nascimento, vida e morte, tudo isso ligado ao Cosmo.

Neste culto as profundezas do oceano primal era o ventre escuro da Deusa, que refletia a imensidão do mar e do espaço negro, onde giram estrelas e galáxias.

Mistérios Marítimos de Atlantis

O culto atlante do mar conectava seus iniciados não apenas ao Logos Solar (o deus de nosso Universo) como além dele, ao Universo cósmico e extra-cósmico. Ao que tudo indica esse culto influenciou outras civilizações marítimas como a dos cretenses onde a Grande Deusa Mãe, Réa, reinou sozinha sem um consorte, como a Grande Mãe Oceano e presidia um grande panteão de divindades. Sem dúvida, ele é muito anterior aos os cultos solares-patriarcais das civilizações mesopotâmicas e egípcias. Entretanto, conforme o esoterismo do lótus negro ensina, ele também inclui o importante papel exercido pelo Deus como esposo e filho da Deusa.

Nos Mistérios Marítimos de Atlantis a Mãe Negra é o Abismo Aquático, o Útero Escuro de onde o Deus surge em sua forma zoomórfica como um Touro, um símbolo que representa o deus fertilizador da terra e que é associado simbolicamente ao Sol, devido a sua atividade e a Lua devido a sua fecundidade.

Acredita-se que o culto do Touro Aquático pertence a primeira fase da civilização atlante.  Em sua segunda fase o Touro era uma animal lunar e em sua terceira e última fase o Touro passou a incluir também os Mistérios Solares.  Em todos suas fases o Deus era adorado em sua forma primitiva como animal ou besta (therion) e como portador da Luz (LVX) original que deu origem a toda vida na Terra. 

O culto do Touro Sagrado faz parte de rituais de fertilidade das religiões indo- mediterrâneas, devido à sua fecundidade infatigável e anárquica de Urano. O deus védico Indra também surge na forma de um Touro e os deuses que ele corresponde no Irã e no Oriente Próximo são, ainda, comparados aos carneiros e aos bodes.

Os antigos egípcios também consideravam o Touro como a expressão mais completa da divindade sob a forma animal. Ele encarnava, ao mesmo tempo, os deuses Osíris e Ptah. O culto do touro Ápis, em Mênfis, existia desde a I dinastia pelo menos. Também em Heliópolis e Hermópolis este animal era venerado desde tempos remotos.

Na civilização cretense, o touro era o símbolo supremo. Ele era representado em murais e esculturas em diversos palácios, principalmente em Cnosos. O culto ao Touro deu origem a figura do Minotauro,  ou “Touro de Minos”, uma criatura com corpo de homem, cabeça e cauda de touro.  

Assim não só no antigo Egito onde o Touro Ápis encarnava ao mesmo tempo os deuses Osíris e Ptah, como também no Irã (Culto de Mitra) e entre os antigos cananeus onde o touro representeou o elevado Deus El, e finalmente nas distantes planícies da Ásia Central. Em todos esses lugares encontramos vestígios do Culto do Touro, um animal consagrado a Poseidon, deus dos oceanos e das tempestades e que nos faz lembrar os Mistérios Atlantes onde o Culto do Touro, ou Bode D’água, que fertiliza a Terra, estava ligado também ao da Deusa Mãe.

Neste ponto podemos notar que os Mistérios da Grande Mãe dizem respeito também aos primitivos mistérios do Deus. Entretanto para nós do Templo de Auset-Ka os Mistérios do Deus não se resumem apenas aos cultos patriarcais-fálicos de origem Solar pois estes são posteriores e dependentes dos Cultos Lunares e aos Cultos Marítimos da Deusa. Estes últimos possivelmente faziam parte de um conhecimento esotérico transmitido aos egípcios pré-dinásticos pelos sobreviventes da pura raça vermelha, isto é, dos atlantes. 

A união de Samael e Lilith e os Portais da Serpente Leviatã


O Templo de Alta Feitiçaria foi uma célula interna da (Ordem do Lotus Negro) que esteve operativa entre os anos 2010 e 2013. Na época eu (Helio Monteiro) morava no centro da cidade de Niteroi-RJ onde organizei um grupo para estudos e práticas de Feitiçaria e Artes Mágicas. Nasceu então o Templo de Alta Feitiçaria (T.A.F) que combinava elementos da Magia Brasileira (popular, umbandista etc), do Misticismo Grego-Egípcio, do Shivaísmo Hindu (Culto de Shiva-Kali) com filosofias e práticas da Magia Cerimonial europeia ou Alta Magia.  O  T.A.F  funcionava sob o regime de Clã Mágico, o que envolvia uma iniciação formal e um pacto espiritual entre seus membros.

Alta Feitiçaria é o gênero de Magia cujo objetivo é produzir mudanças na realidade em conformidade com a vontade do feiticeiro.  As técnicas de Alta Feitiçaria eram utilizadas principalmente para afetar o ambiente externo, para destruir as forças negativas que nos rodeiam, para abrir o caminho para o sucesso e afastar todos os obstáculos, obliterar aqueles que tentam nos sabotar e impedir o nosso sucesso e organizar os assuntos no mundo a nosso favor.

Nossa filosofia era pragmática e parte dela assumia que pensar positivo simplesmente não é suficiente. Embora existam poderosas forças mentais no universo, meros pensamentos não são suficientemente poderosos para ter um impacto efetivo no ambiente externo (pelo menos a curto prazo). Deve haver uma grande força astral por trás dos pensamentos - ou da vontade. Usar com sucesso esse poder de forma consistente vem de uma compreensão das ciências ocultas.

Um texto que sempre acompanhou e inspirou os alunos envolvidos da T.A.F é disponibilizado abaixo. Ele sempre me acompanhou desde o início de nossos trabalhos e foi sendo aperfeiçoado – as vezes esquecido – desde então. Acredito que seja uma boa ideia divulgar novamente esse texto, faço isso em nome de todas as mulheres sábias e homens astutos amantes da Velha Arte.

O pentagrama é um símbolo formado por cinco letras ou sinais, originando uma figura similar a uma estrela de cinco pontas, a qual se atribuem diversas interpretações ocultistas. Existe duas formas de representar este símbolo, na posição usual com a vértice para cima e o “pentagrama invertido”, com a sua vértice para baixo. Para   esotéricos e pagãos, independente da forma que se apresente, o pentagrama representa, acima de tudo, os cinco elementos: a terra, o ar, a água, o fogo e o espírito.

Na figura acima vemos as duas imagens do pentagrama. A primeira imagem foi idealizada por Eliphas Levi e a segunda por Stanislau de Guaita, dois célebres ocultistas do século XIX. Analisando a primeira imagem parece que Levi tomou emprestado a ilustração do “Homem Vitruviano” de Leonardo da Vinci que representa o pentagrama sob uma figura humana, dentro de um círculo, com os braços abertos para representar o espírito que domina os quatro elementos (o domínio do homem espiritual sobre o homem animal). Sendo o pentagrama um símbolo da vontade por excelência ele serve como um "espantalho", e é um alerta às entidades astrais a respeito da vontade e da autoridade que se encontra diante delas. Entretanto sem a autoridade, que depende de sua atitude mental, é provável que não haja obediência por parte das entidades.

“Certas entidades ou larvas do baixo astral, que não obedecem ao símbolo da cruz, cedem imediatamente e fogem espavoridas à presença deste maravilhoso símbolo.” (Vasariah)

Dando continuidade ao estudo da primeira imagem notamos que na vértice do pentagrama está escrito ADAM e abaixo EVE (Adão & Eva), no segundo círculo vemos cinco letras hebraicas do "Pentagrammaton” ou Yeheshuah ( hebraico: יהשוה) o nome dado a Jesus pelos cabalistas cristãos durante o Renascimento. Foi utilizado como a suprema palavra do poder em sua magia e adoração. Eles pretendiam que ela substituísse o Tetragramaton dos judeus.  Alguns cristãos modernos também o usam como um nome para Jesus, mas geralmente não entendem sua origem. YHshVH, o Pentagrammaton ou Nome de cinco letras é formado pela adição da letra hebraica Shin (ש), ao centro do Tetragrammaton (YHVH). A letra Shin que no Livro da Formação é atribuída ao Fogo e, por processo matemático (guematria), torna-se associada ao Espírito Santo. “A tradição abona a inserção dessa letra no meio do Nome de quatro letras de Deus, dividindo-o e assim formando YHshVH, o Pentagrammaton ou Nome de cinco letras.” (Israel Regardie)

As palavras Adão (= Adam, homem) e Eva (=Mãe dos viventes) não são nomes próprios e representam o ser humano criado por Deus. Acima de tudo designam a unidade Macho/Fêmea que existe dentro de nós, unidade na diversidade, que existiu antes dos tempos e agora vive como uma lembrança dentro de nossa mente coletiva e individual. Infelizmente em lugar dessa unidade, do abaixo feito igual àquilo que está acima (da Árvore da Vida), nós acabamos construindo imagens distorcidas de nós mesmos, de nossos corpos, sentimentos e sexualidade.


O Pentagrama Invertido

Vamos agora ao estudo da segunda imagem – a de Stanislas de Guaita - onde notamos outro pentagrama, desta vez invertido (vértice para baixo), com a cabeça de um bode onde os dois pontos superiores são os chifres, as pontas laterais são as orelhas e a parte inferior a ponta da barba. Acima está escrito SAMAEL e abaixo LILITH e as letras em redor do círculo soletram Leviatã em hebraico, uma criatura marinha monstruosa. Leviatã é considerada em relação a Lilith e Samael em alguns textos cabalísticos.

Stanislas de Guaita publicou pela primeira vez este pentagrama em La Clef de la Magie Noire (A Chave da Magia Negra), em 1897. É a primeira aparição conhecida do pentagrama com combinação de cabeça de cabra (ou bode) o que nos lembra Baphomet, um símbolo hermético-gnóstico muito popular entre os estudiosos do Ocultismo.

Samael e Lilith

Samael é um anjo caído na tradição judaico-cristã, muitas vezes associado com a serpente tentadora do Éden, bem como com Satanás bíblico.  O nome aparece pela primeira vez na conta da teoria dos anjos, no Livro Etíope de Enoque 6, que inclui Samael, embora não no lugar mais importante, na lista dos líderes dos anjos que se rebelaram contra Deus. 

O próprio Deus presenteou-o com alguns dons, como a imunidade a venenos por isso Samael significa Veneno (Sama) de Deus (El).

Também é chamado de acusador, sedutor, deus-cego e destruidor. 

Samael também tem funções mais nobres na literatura, mas as ligações satânicas são, provavelmente, as que mais chamam a atenção. Dizem que foi Samael, em seu disfarce de serpente enganadora, que seduziu Eva e gerou Caim.

Nas tradições cristãs gnósticas, Samael é um dos nomes atribuídos ao Demiurgo (referindo-se ao maligno deus criador do mundo material) e é descrito como uma serpente com rosto de leão. É filho de Eon Sophia contra quem se revolta.

Por último, segundo as tradições cristãs canónicas, Samael era um anjo que foi elevado à categoria de Arcanjo tendo-lhe, portanto, sido atribuído o nome de Lúcifer que significa “anjo de luz”. Segundo esta versão, Samael quis roubar o trono de Deus para se equiparar a ele. Reuniu um terço dos seus companheiros celestiais e então deu-se uma batalha que culminou na expulsão de Lúcifer e seus aliados do Céu.

A biografia de Lilith é um sincretismo entre lendas mesopotâmicas e israelitas. 

No épico babilônico Gilgamesh (2000 a.C.) ela aparece como uma prostituta estéril com aparência zoomórfica, bela e jovem, dotada de pés de coruja e asas de morcego. Os atributos dos seres noctívagos são os signos da afinidade de Lilith com as horas noturnas e, por extensão, com as trevas, a escuridão.

Segundo a tradição judaico-cristã Lilith é a primeira mulher de Adão que se rebela contra a sua autoridade e se torna a mãe dos demônios. De acordo com Alfabeto de Ben Sirá, texto medieval anônimo, composto em hebraico e aramaico no mundo árabe entre os séculos 8 e 11 de nossa era, Lilith tem Samael como um amante depois da sua rebelião no Éden.

A tradição secreta rabínica ensina que Lilith existiu antes de Eva e que foi a primeira mulher de Adão, a quem dava cem filhos por dia que eram “frutos” de suas poluções noturnas. Devido a este associação com um tipo de vampirismo sexual Lilith ficou conhecida como Mãe dos Súccubus, Mãe dos Demônios, Lua Negra (este último, uma relação com a simbologia astrológica).

Lilith era “um monstro da noite” que brigou com Deus e por isso foi transformada em um demônio pelos patriarcas hebreus.

Na verdade, o castigo maior que Ihe impuseram os sacerdotes foi excluí-la dos relatos bíblicos da criação do mundo.

Lilith, sinônimo de "face escura da Lua", não se dava bem com Adão.

Certo dia, cansada de desavenças, Lilith abandonou o marido e foi habitar o deserto, na região do Mar Vermelho. Neste lugar encontrou-se com Samael, o Senhor das Forças do Mal do Sitra Achra (do outro lado), tornaram-se amantes e com Ele teve vários filhos. Dessa união resultou uma descendência demoníaca: Lilith dava à luz (ou melhor, à treva) cem demônios por dia, prole conhecida como Liliotes ou Linilins. Desde então, reza a lenda, Samael e Lilith reinam sobre todos os males que afligem a humanidade.

Segundo outra tradição foi Lilith, e não Eva, a verdadeira Mãe de Caim – o patriarca de todos os bruxos de sangue. 

Algumas vezes Lilith é associada com a Deusa grega Hécate, “A mulher escarlate”, uma Deusa que guarda as portas do inferno montada em um enorme cão de três cabeças, Cérbero. Hécate, assim como Lilith, representa na cultura grega a vida noturna e a rebeldia da mulher sobre o homem.

Na tradição rabínica Samael é o “Anjo da Morte”, o ex-chefe do quinto céu e também um dos sete regentes do mundo material servido por milhões de seres celestiais. Como vimos, segundo as tradições cristãs canônicas, Samael era Lúcifer (Portador de Luz), o anjo que estava mais próximo de Deus. Em diferentes lugares Eliphas Lévi identifica Samael tanto como gênio de luz (LUX) branca de Marte, bem como o nome hebraico para uma espécie de força demoníaca.

Os nomes Samael, Seth, Saturno, Satã, Shaitan e Shiva tem suas analogias com a morte, transformação e renascimento. Samuel ou Satã é o nome do “Dragão Vermelho”, a Serpente Sedutora do Gênesis foi um dos primeiros anjos que se rebelaram contra Jeovah. É o Anjo da Morte, pois como diz o Talmut: “o Anjo da Morte e Satã são um só”. Samuel foi morto por Miguel, assim como mais tarde São Jorge matou o Dragão e antes deles Hórus venceu Seth, ou o Dragão Apófis, em uma batalha pela supremacia do Egito.

Aqui o Dragão não é um símbolo da idolatria pagã, como quer fazer acreditar a Igreja, mas sim das forças primais da origem da criação. Segundo Blavatsky: Cosmogonicamente falando todos os Dragões e Serpentes vencidos por seus “Matadores” são em sua origem, os princípios turbulentos e confusos do CAOS, postos em ordem pelos Deuses Solares ou Poderes criadores. (...) No egípcio “Livro dos Mortos”, esses princípios são chamados de “Filhos da Rebelião”.

A Serpente Leviatã e os Reis de Edon

Eliphas Lévi chega a mencionar a deusa Lilith no primeiro símbolo mas é Estanislau de Guaita que incorpora o seu nome para o gráfico junto com o de Samael. A imagem mais conhecida que temos de Lilith é a imagem que nos foi dada pela cultura hebraica, uma vez que esse povo foi aprisionado e reduzido à servidão na Babilônia, onde Lilith era cultuada, é bem provável que vissem Lilith como um símbolo de algo negativo. 

Lévi também não faz nenhuma menção do nome Leviatã, mas a imagem de Guaita no Pentagrama Invertido é circulada por este nome em hebraico. Ao descrever o segundo gráfico, Stanislau de Guaita expande Lévi – que não diz nada sobre Samael, Lilith, ou Leviatã.

O Leviatã (do Hebraico liw·ya·thán) é retratado pela primeira vez no Livro de Jó, capítulo 41, como uma Serpente ou Dragão do Mar. Foi considerado pela Igreja Católica durante a Idade Média, como o demônio representante do quinto pecado, a Inveja, também sendo tratado com um dos sete príncipes infernais.

Entretanto não se deve perder de vista que nas diversas descrições no Antigo Testamento ele é caracterizado sob diferentes formas, uma vez que funde-se com outros animais. Formas como a de dragão marinho, serpente e polvo (semelhante ao Krakken) também são bastante comuns. O Salmo 104:26, menciona o Leviatã num contexto que parece ser definitivamente literal, ao afirmar que Deus criou o mar para que inúmeros seres, grandes e pequenos, incluindo o Leviatã, pudessem habitar, ou seja, nesse texto o Leviatã é descrito como sendo uma criatura criada por Deus.

O Leviatã talvez esteja associado ao "Tiamat", uma divindade da saga da Babilônia. 

Em nossa tradição ocultista Leviatã está relacionado as profundezas do Mar Cósmico ou Espaço Infinito - um símbolo do inconsciente pessoal e coletivo. Com efeito, Leviatã é associado ao símbolo do Ouroboros, uma criatura mitológica, uma serpente que engole a própria cauda formando um círculo e que simboliza o ciclo da vida, o infinito, a mudança, o tempo, a evolução, a fecundação, o nascimento, a morte, a ressurreição, a criação, a destruição, a renovação. Muitas vezes, esse símbolo antigo está associado à criação do Universo.

 O significado da palavra Ouroboros, de origem grega, é “devorador de cauda”. O mesmo resulta da junção das palavras oura, que significa “cauda”, e boros, que significa “comer” ou “devorar”. Uma vez que o nome Ouroboros, significa ele/ela que come a sua própria cauda: a boca seria a “Yoni” o órgão feminino e a cauda seria o “falo” o órgão masculino. A Yoni representando o antigo arquétipo do feminino “como devorador” e o falo representando aquele que é devorado.A cobra que come sua própria cauda; simplesmente, representa a recriação da vida através da morte. As serpentes sendo animais que se desfazem da antiga pele periodicamente de maneira cíclica para se renovarem; fazem sua existência física a analogia perfeita para a vida ser recriada através da morte. Ou seja; para renascer é necessário morrer. Representando assim, "a unidade de tudo". Foi uma das razões, pela qual, os alquimistas consideraram tão importante o simbolismo de Ouroboros.

Nos ritos de Alta Feitiçaria a evocação de Leviatã-Oroboros é uma convocação para que as entidades supranaturais (“deuses” “fantasmas” ou “demônios”) participem do trabalho mágico.  O mago então encena o União Mística de Samael e Lilith, formando o andrógino divino Baphomet, e devidamente investido “nos Poderes do Céu” recebe as chaves para abrir os Portais de Leviatã no Oeste.

Sendo a Água o Elemento próprio de Leviatã sua convocação no rito fornecia o acesso aos deuses e atavismo ancestrais da feitiçaria no Oeste, onde fica a entrada para o Salão do Amenti.

Amenti, o submundo dos egípcios, era o Templo Sagrado no Astral onde as almas eram julgadas pelo deus Osíris. A palavra Amen significa “o oculto” e ta significa “terra” ou “morada”. Amenta ou Amenti é, assim, o lugar dos espíritos dos mortos; quer dizer mortos para a mente consciente, mas muito vivos para o subconsciente. Nesse sentido Amenta/ Hades/ Submundo etc. é a nossa mente subconsciente.

“Os “mortos” são nossas imagens esquecidas de nossos passados que respondem ao encantamento e ressurgem na carne do presente”. (Kenneth Grant) *(1)

O cerimonial de Alta Feitiçaria então se inicia no Oeste, lugar de onde vem a escuridão para este mundo, evocando os quatro Grandes Reis (Daemons) dos pontos cardeais - Egyn ou Ariton, Amaimon, Paimon e Oriens.

No Grimório Medieval de Abramelin, considera-se que esses quatro Reis são, na verdade, Príncipes Subalternos que podem revelar ao mago, cada um deles, o espírito familiar que é obrigado a lhe servir desde o dia de seu nascimento.

De forma semelhante nos papiros mágicos gregos (Papyri Graecae Magicae) descobrimos que uma parte essencial do treinamento do Mago consistia em adquirir um paredres, ou seja um “assistente” (demônio). Esta aquisição é um passo importante para se tornar um mago de verdade.

O Deus Astral Baphomet

Baphomet, por vezes denominado “deus dos templários” foi retratado por Eliphas Levi como um ser humano com cabeça de bode e roupagem. Tem longos chifres e uma tocha acesa brilhando no centro de sua cabeça. Seus pés e pernas são de bode, com cascos e pêlos. Tem seios femininos e caduceu encobrindo seu falo ereto.

O braço direito é masculino e aponta para cima; sobre ele está escrito a palavra “solve” (dissolve). O braço esquerdo é feminino e aponta para baixo e sobre ele vemos a palavra “coagula” (densifica).”

As polaridades masculina e feminina tipificadas por Samael e Lilith unem-se no Astral e juntas formam a imagem de Baphomet, o andrógeno, homem-mulher. Hermeticamente falando quando estão unidos astralmente o sacerdote e sua sacerdotisa conduzem o poder da serpente (Kundalini) de volta à morada do Deus Oculto em Kether, que equivale ao Sahasrara Chakra ou Estado Supremo. Visto de uma outra forma, a união do Rei Vermelho (Sol) com a Rainha Branca (Luna) produz a Pedra Filosofal, o mistério central do Hermetismo e Rosa-Crucianismo.
O Grande Rito de Magia na T.A.F é realizado tanto em sua modalidade de Via Seca (simbólico) como de Via Úmida (sexual), parafraseando o jargão da Alquimia Medieval. Alguns dos processos envolvidos nessa teurgia sexual podem, inclusive, serem efetivadas através do intercurso astral com entidades não-humanas – deuses, demônios ou espíritos da natureza - que são diversos aspectos do Pleroma (plenitude) Universal.  

Dentro do rito de Alta Feitiçaria a entidade hermético-gnóstica Baphomet representa a totalidade do Astral Terrestre, com predomínio das características involutivas. Dito de outro modo, é  a forma teriomórfica do Espírito da Terra.  Baphomet nos auxilia na  coagulação alquímica da Luz Astral - elemento indispensável tanto para a descida do Mens Angélico nos planos da manifestação, como para ascensão gnóstica aos mundos superiores da Consciência Côsmica. Sob o ponto de vista da Kabbalah, Baphomet promove o aterramento das energias vindas diretamente acima do Abismo. A Kabalah demonstra que a força divina, em sua origem, é não-dual e assexuada, mas se manifesta de forma bipolar nos planos astral e físico. Quando unimos nossa dualidade de forças através da energia sexual (ou bipolar do Cosmos) estamos retomando o caminho da reintegração dos opostos e nos libertando das cadeias inerentes à parte inferior do mundo de Baphomet.

Eliphas Levi também viu Baphomet como a encarnação de uma "luz astral" que ele define como:

“AZOTH, a magnésia universal , o grande agente mágico, a luz astral, a luz de vida, fecundada pela força anímica, pela energia intelectual, que eles comparam ao enxofre por causa das suas afinidades com o fogo divino. (337)”

Nesse sentido, Baphomet serve como símbolo ou força primitiva para expressar a vontade ou intenção do mago em um ritual mágico - uma força praticamente idêntica a Azoth, a "luz astral", o "solvente universal" ou o "elemento mercurial" dos alquimistas - como resultado final da síntese de opostos. 

Os Reis de Edon

Alguns ocultistas desconfiam que Samael e Lilith pertenciam à realeza da Terra de Edon, um mundo astral de seres espectrais que serviu de molde para a Terra física.
Os habitantes de Edon foram a primeira raça a evoluir neste Planeta, há milhões de anos atrás.  Desenvolveu-se no Plano Astral, pois nesta época ainda não havia condições de habitabilidade no Plano Físico. Por esse motivo é chamada também de “a raça das sombras” e tidos como potências da Terra Interior. Por ser uma raça de Seres Etéreos não deixou marcas nem vestígios no Plano Físico.

Seus governantes ficaram conhecidos na Bíblia como “Reis de Edon” e dominaram a Terra “antes de existir um Rei em Israel”.  

 “(...) a maioria das antigas tradições ocultas afirmam que não somos nem os primeiros nem os únicos a povoar a terra; os Veneráveis Antigos e os Deuses Antigos encontram ecos nos mitos e lendas de todos os povos.” (Kenneth Grant)

Sob o ponto de vista psicológico a “Terra de Edon” representa os aspectos não-equilibrados da Mente profunda, as Águas do Caos (e portanto de Leviatã) que precisam passar por um processo de equilíbrio e serem colocados sob o comando de Adonai ou nosso Santo Anjo da Guarda, o Augoeides, aquela parte mais nobre de nossa consciência que é real. Uma teoria ocultista sugere que “a raça das sombras” foram os “Pais” e progenitores da raça humana pois, ao retornarem ao plano de onde vieram, deixaram suas Châyas (Sombras, Duplos Astrais) que serviram de veículo para que as Mônadas encarnarem na Terra e evoluíssem através dos reinos da Natureza. A Mônada Humana (unidade de consciência) passa pelos vários Reinos da Natureza de forma que existe Mônadas minerais, vegetais, animais, elementais e humanas.

O ocultismo ensina que a Mônada Humana, ou Centelha Divina, tem sua morada no Plano Divino e, na verdade, não encarna na matéria, ou seja não penetra no campo físico mas um reflexo de sua energia, que chamamos de Eu Superior, sim. Com essa descida a Mônada passa por todos os outros planos ou níveis de densidade inferiores ao seu, atraindo matéria cada vez mais densa até chegar ao plano físico. Entretanto seu plano original é o Pleroma Divino, onde têm os poderes e onisciência semelhantes.


Simbolismo Oculto do Pentagrama Invertido

Ao contrário do pentagrama tradicional o pentagrama invertido é visto por muitos ocultistas como representação do lado negro, e um símbolo do mal para os cristãos fundamentalistas. Por ter as duas pontas viradas para cima é geralmente considerado o símbolo do satanismo onde parece ser o homem dominado pela matéria com os quatro elementos menores acima da quintessência ou espírito. No entanto, essas são associações recentes e o pentagrama invertido é o símbolo da iniciação Gardneriana do segundo grau, representando a necessidade do bruxo aprender a enfrentar a face da escuridão para que mais tarde ele possa ascender e tomar o controle.

Outras escolas esotéricas entendem que o pentagrama invertido longe de ser um símbolo decadente apenas representa as correntes astrais inversas ou "telúricas" e não tem nada a ver com o dualismo judaico-cristão de “bem x mal”. Esta também é a opinião do autor desse artigo, mas tenho que reconhecer que infelizmente este símbolo (pentagrama invertido) tem sido associado a rituais satânicos ou de magia negra onde seus adeptos vêem nele o próprio diabo com chifres. Isso apenas denota uma total ignorância sobre o assunto, além de atrair para aqueles que assim acreditam uma carga nefasta de energias involutivas que automaticamente se manifesta em processos cármicos dolorosos.

Em se tratando de Alta Magia “positivo e negativo” não tem nenhum conceito moral, é apenas uma questão de polaridade.  As correntes astrais obedecem a fluxos magnéticos que atuam em ambas as polaridades positivas e negativas (Yin e Yang), assim uma completa a outra. Todos nós sabemos que a eletricidade obedece ao mesmo princípio magnético (vide lei das polaridades no Caibalion), ou seja, para que haja produção de energia você necessita de ambas as polaridades.

O pentagrama invertido tem o seu simbolismo mágico nos chifres (as duas pontas para cima) que para os antigos pagãos era sinal da sabedoria. Antigamente era visto como o Deus Pan, símbolo de força espiritual, que a Igreja associou ao Diabo em seu longo processo de demonização da Magia e difamação do paganismo. Entretanto, o pentagrama invertido está simplesmente direcionando a energia para baixo, ou para dentro da Terra (o submundo ctónico), e não tem nada a ver com Satanismo ou Magia Negra. No sistema de Alta Magia do Lotus Negro o uso do pentagrama invertido está indiretamente relacionado com a corrente elemental ou dionisíaca, uma corrente de força para-elétrica (infra-magnética) própria da superfície terrestre tipificada por Dionísio, equivalente ao romano Baco.

Esse tipo de energia etérica, ou fluido magnético da Terra, é também descrita pelo escritor rosacruz Edward Bulwer-Lytton (1871) como Vrill, uma força de natureza eminentemente telúrica que é praticamente o mesmo que o Magnetismo Animal de Mesmer ou a força ódica do Baron Reichenbach. Esta corrente oculta dá lugar a um circuito, como um circuito magnético subterrâneo. Há analogia entre os dois. Constituem o sistema nervoso do globo terrestre. Os antigos davam o nome de “rios infernais” a essas correntes subterrâneas que em lugares precisos (menhirs) jorram do subsolo e se dissipam em invisíveis gêiseres. Dizem que por osmose as serpentes absorvem o telurismo e haurem dele o seu poder de hipnotização. E os bruxos antigos as imitaram, pelo fato de que os “chakras” inferiores do tronco e aqueles das pernas podem eventualmente aspirar a força infernal, incorporá-la e transformá-la.

Essa corrente não tem absolutamente nada com o despertar direto da Kundalini, entretanto ela contêm o segredo sobre o mecanismo interior por meio do qual surge a iluminação, pelo contato com as Forças Elementais. Dionísio era o Deus dos ciclos vitais da Natureza.

Tudo que acontece no Universo (mudanças das estações, negócios financeiros, saúde e relacionamentos amorosos ou comerciais etc. são regidos e influenciado pelas "marés tatwicas", as correntes elementais. Aqui também chegamos a teoria do mana-tatwa: a crença em que existe uma força sobrenatural que permeia a atmosfera e que é personificada como uma força dentro de todos os homens ( “ki” no Japão, “chi” na China). Algumas das práticas energéticas e cerimoniais da Alta Magia do Lótus Negro tratam da influência dionisíaca ou elemental sobre os iniciados e ensina o mecanismo interior por meio do qual surge a iluminação, pelo contato com as Forças Elementais da Kundalini Terrestre. Nesse sentido o “correto” entendimento do simbolismo do Pentagrama Invertidos torna-se justificado.

Entretanto no caso de iniciantes  é aconselhável  lidar com o Pentagrama em sua posição usual (com as pontas para cima) até obter um domínio suficiente dos Reinos Elementais.  Digo isso também porque o treino para se tornar um mago ritualístico  é um processo longo e difícil. Requer a aceitação de uma série de crenças que sejam capazes de anular as inibições culturais de se trabalhar efetivamente com a magia real. As novas estruturas mentais adotadas pelo magista devem ser aceitas com suficiente entusiasmo para que ele possa liberá-las com total poder emocional durante o ritual.  Para que o ato de magia tenha sucesso, a força subconsciente do operador deve ser aplicada na direção da vontade do mago. Essa força deve ser capaz de ignorar qualquer inibição ou resistência interna na aplicação da força astral completa do operador no trabalho em andamento.

Por exemplo, se o iniciado (magista) acreditar que o símbolo do pentagrama invertido está relacionada ao conceito de involução ou de mal moral, devido aos seus condicionamentos religiosos ou ocultistas equivocados, ele vai pode atrair uma força contrária que pode trazer-lhe prejuízos. Ele simplesmente pode auto-sabotar seu ritual mágico abrindo inadvertidamente um portal para o astral inferior, atraindo espíritos trevosos ou simplesmente perdidos dessa dimensão.

O iniciado tem que entender que se no mundo físico as cargas opostas se atraem (homem e mulher, próton e elétron, etc.) no astral as leis são diferentes, o semelhante atrai o semelhante. Isso significa, por exemplo, que se o iniciado adotar crenças que afirmem que um ritual que se utilize de quatro pentagramas invertidos nos quadrantes ele abre os “portais do inferno” e associa isso ao inferno cristão e seus demônios - e não as forças psíquicas do seu subconsciente – ele pode de fato atrair para junto de si uma legião de entidades tenebrosas, fazendo sua vida parecer um “inferno na terra”. Na melhor das hipóteses ele pode atrair Elementais negativos.

Muitos Elementais são hostis aos seres humanos, e podem iludi-lo como no “canto das sereias” levando-o para longe de seus objetivos. Para entrar no Reino Élfico, o Mundo Verde de Elphame, um reino encantado intermediário entre este domínio fenomenal e o mundo espiritual e divino, e que é simbolicamente chamado de “entre”, “atrás” ou “sob” a superfície do mundo das aparências, torna-se imprescindível obter o conhecimento de certos sinais de passe, senhas, “portais” e de seus guardiões.

*(1) É evidente que nessa passagem o autor sugere os níveis atávicos de nosso ser, que parecem inscritos na memória celular ou biograma.

A “ressurreição dos mortos” equivaleria ao despertar das entidades supranaturais, chamando a vida (evocando) atavismos ancestrais ligados a nossa origem e eternidade. O Submundo doa antigos pagãos não é um lugar de tormento, castigo ou de punição, mas um lugar de cura, poder e de nossos ancestrais (não deve ser confundido com o Umbral dos espíritas kardecistas).

O Templo do Dragão Negro


"Assim Lúcifer - o espírito da Iluminação Intelectual e da Liberdade do Pensamento - é metaforicamente o farol guia que ajuda o homem a encontrar seu caminho através das rochas e bancos de areia da Vida, já que Lúcifer é o Logos em sua plenitude." Helena Blavatsky, HP - A Doutrina Secreta, v. II, p. 162

O Templo do Dragão Negro é uma sub-ordem da Sociedade do Lótus Negro que trabalha com um ramo de Bruxaria Cerimonial. Nesse artigo parte de sua filosofia luciferiana é esclarecida.

Em seu sentido etimológico a palavra Lúcifer significa porta-luz ou portador da luz. No universo físico, os livros sacros identificam Lúcifer como Vênus, a Estrela Matutina, o prenúncio do Sol. No mundo metafísico Lúcifer é a inteligência, como precursora do Logos ou seja:  a Luz, o Verbo: “No princípio era o Verbo...” ( a Luz, o Logos).

Para além dos simbolismos podemos entender que Lúcifer representa a vida, pensamento, progresso, liberdade, independência. Lúcifer é o Logos, a Serpente da Gnose, o Salvador dentro do Homem.  Ele ensina a humanidade adormecida os meios hábeis necessários para imortalizar o Self tornando o iniciado humano muito mais que humano ao avançar espiritualmente para o estado de Auto-deificação, transformando-se em um Asar-Un-Nepher (“Eu mesmo feito Perfeito"). 

Lúcifer é o Primogênito da criação, o Portador da Luz Divina que desce a Terra como uma energia solar fálica. Lúcifer antes da queda era “ o Anjo da Coroa”  (ou seja:  Kether, a primeira Sephira da Árvore da Vida).  Parece que esse simbolismo explica a lenda da Pedra do Santo Graal que teria sido talhada pelos anjos numa esmeralda caída da fronte de Lúcifer quando de sua queda.

Lúcifer teria nascido na Aurora da Criação ou Maha-Manvantara, como uma estrela brilhante que surge do Caos Primal, ele é, portanto, o  filho primogênito de Apep, a serpente primordial do Caos.

Nós também acreditamos que Satã é a oitava inferior de Lúcifer, sua sombra terrestre, sendo o verdadeiro regente deste mundo, e realmente um Rei deste mundo. Por sua vez Lúcifer é, ao mesmo tempo, a Luz Divina e Terrestre, o Espírito Santo, o Dragão Vermelho, o Portador da Luz que está em nós.

Como primogênito da Criação, Lúcifer é o Logos Spermátikos, isto é a energia criativa, a face dracônica da Kundalini , ou o “poder ígneo” que dá vida a todas as coisas e tudo produz. Lúcifer nunca caiu, ele desceu aos planos inferiores da criação e deu origem à lenda dos Guardiões ou Nephilim, os anjos caídos do pseudo-epigráfico livro de Enoch.

A Mãe Dragão e Lúcifer

Em todas as Cosmogonias antigas a Luz vem da Obscuridade. No Egito, como em todas as nações, a escuridão foi o Princípio de todas as coisas. Daí que o Pensamento Divino saia como a Luz das Trevas. O próprio cosmos nasce da escuridão do caos; as estrelas nascem da escuridão infinita do espaço cósmico e os seres humanos nascem da escuridão do útero de suas mães, e retornam um dia para as trevas de seus túmulos.

Na Alquimia o Negrume ou Nigredo é um estado inicial, sempre presente no início como uma qualidade da Matéria Prima, do Caos ou da Massa Confusa. O conjunto da realidade, incluindo a Humanidade, é criada a partir dessa Matéria Prima não-física (a primeira matéria), o elemento mágico universal, que assume a forma dos elementos terra, fogo, ar e água. Como poeticamente expresso numa antiga oração rosacruz: “Que os esplendores hostis e multicores, pela Luz branca – síntese pacífica das cores – sejam restituídos à homogeneidade daquelas trevas materiais e sagradas, das quais se irradia a Luz Original.”

Sendo o Caos o princípio de todas as coisas, e o inicio da criação do Universo ao qual conhecemos, ele se assemelha à Apep, a serpente primordial do Caos. Do Caos primordial ou Matéria Escura surge o "Fiat Lux"  ou olho dentro do Triângulo, o "Olho que tudo Vé", um símbolo da onisciência divina e cujo simbolismo provém do antigo Egito, onde o Olho do deus Hórus ou "Udyat" significava proteção e poder. Muito antes de Jesus dos cristãos; Hórus o Deus Sol do Egito recebeu o título de "Filho de Deus", a luz do mundo, o salvador da humanidade. Por volta de 3.000 a.C Hórus já era visto como uma espécie de messias solar. ele tinha um "inimigo" chamado Seth, que era a personificação das trevas ou da noite. Sendo Hórus representado pelo Sol todas as manhãs Hórus lutava e ganhava a batalha contra Seth, enquanto que no fim da tarde, Seth conquistava Hórus e o enviava para o mundo das Trevas (ou ventre Escuro da Deusa). Essa dualidade mitológica  "Trevas versus Luz" perdurou por toda a história do Egito antigo e nunca foi motivo de dicotomia moral do tipo "Bem versus Mal" como hoje é entendido pelas Religiões Abraâmicas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo).  Podemos dizer que o simbolismo de Lúcifer incorpora os dois conceitos de Luz e Trevas e mesmo os transcende em prol de uma Percepção Unificada . 

Assim é do ventre escuro da Mãe Negra (Apep, Tiamat, Hékate etc.) que surge Lúcifer – o que traz a luz. Por isso que na Cosmogênese de Blavatsky está escrito:

“(…) O primeiro Arcanjo, que emergiu das profundezas do Caos, foi chamado Lux (Lúcifer), o Filho Luminoso da Manhã (…) A Igreja o transformou em (…) Satã, porque era mais antigo e de mais elevada categoria que Jehovah…”

 Os Portais Amentinos de Leviatã 

Para os cabalistas os demônios habitam o lado reverso da Árvore da Vida. Essa Árvore “negativa”, “sombria” que está atrás da Árvore exterior manifesta, denomina-se mundo dos Qliphoth – o lado caótico, desequilibrado do Universo. Acreditamos que a origem espiritual das “forças qliphóticas” associadas ao panteão daemônico como Lilith, Azazel, Shaitan, Asmodeus etc. retrocedem à gênese do Universo de onde surgem os deuses primordiais, nascidos do Abismo ou Caos Primal e do primeiro ponto (Kether). Eles são considerados por todas as cosmogonias como “terrivelmente divinos”, pois absorvem o Universo projetado por eles mesmos no final de um ciclo cósmico.  São conhecidos como Reis de Edon, Titãns, Assuras, Jotuns etc. conforme a terminologia.

A mitologia de todos os povos afirma que os deuses da Luz procedem dos deuses das Trevas. Também encontramos arquetípos ligados ao panteão daemônico (ou demoníaco) na mitologia da Mãe Terrível, que incorporava os aspectos do mundo inferior, do tártaro, do Caos da Noite do Tempo e que, originalmente, se manifestava sempre como escuridão e mistérios sombrios. Ela é a decrépita, velha ou avó, em resumo, é a primeira Mãe que os Tantras Hindus conhecem como Deusa Kali. 

Na antiga mitologia mesopotâmica a Mãe Negra Universal é Tiamat, o  Dragão Fêmea do Caos original. No Egito pré-dinástico ela é Ta-Urt, uma forma primitiva da deusa céu Nuit. Em sua forma de Nuit ela é a Mãe Cósmica, a Deusa que precede todas as outras formas de Deidade, e que ao anoitecer engolia o deus-sol Rá, a Luz da Manifestação, no oeste e o expelia de seu ventre escuro na manhã seguinte, a leste. Nela estão ocultos os esplendores radiantes de Rá que é o Sol nascente, o seu filho como Logos (ou Hórus) – o Verbo Criador e senhor dos Deuses Excelsos e de seus emissários os Anjos Planetários, os Sete Poderosos Espíritos ante o Trono. 

A deusa egípcia Nuit personifica o Vazio Negro Estelar, o Útero Primal ou Campo Unificado que deu origem as 11 dimensões celestes.  Ela é representada como uma mulher com jarro de água na cabeça, símbolo do que é maternal, fecundo e redentor, Entretanto, Ela também  é a “porca que devora seus porquinhos”, ou seja, absorve todos os corpos e néteres (deidades) em seu próprio ser. A Grande Deusa em sua face terrível é NOX – a escuridão da Noite Cósmica que, como símbolo do inconsciente, absorve em seu útero escuro a luz (LUX) da manifestação universal ou a consciência-ego do iniciado. Aliás, mesmo no Universo, a matéria negra é cinco vezes mais abundante que a matéria estelar comum.

O Logos Cresthos-Lúcifer  

Esse particular Ser Angélico conhecido como Logos, cujo veículo físico é o Sol, está entronizado no centro de nosso universo local. “Ali por todo o Manvântara, Ele está voluntariamente auto-sacrificado, não em agonia e morte e derramando suor e sangue, mas em êxtase criativo e vertendo perpetuamente força e vida” (Geoffrey Hodson). No esoterismo dos Mistérios Angélicos a crucificação do Cristo Cósmico (não confundir com o Cristo Jesus histórico) representa o Logos Solar descendo a matéria regida pelos quatro elementos.

A encarnação de um Logos Solar, ou do Cristo Cósmico, é tida como o mais alto sacrifício. Ele era conhecida como Chrestus-Lúcifer entre algumas seitas de gnósticos que conheciam a verdadeira relação de Cristo com o Sol. Os Logoi Solares, seres cujos envoltórios são sóis, foram representados em todas as religiões antigas como uma força crística redentora (avatares) da humanidade.

Aliás (para quem não sabe) a palavra grega Chrestos existia muito antes de se ouvir falar em Cristandade. Foi usada desde o século quinto A.C por Heródoto, Esquilo e outros. Nos dias de Homero o nome Chrêstos era usado como título durante a celebração dos Mistérios. Christos ou Chrestos era um título que os antigos pagãos davam aos verdadeiros Adeptos e Iniciados nos Mistérios. Os grandes Magos que atingiram a autoconsciência logóica após muito trabalho e provas, e eram considerados como "heróis" como muitos deuses e semideuses da mitologia universal. Os iniciados podiam também serem chamados de Ophis-Christos, a "Serpente Ungida", ou seja: o Dragão-Serpente do Conhecimento (gnosis).