O Templo de Alta Feitiçaria foi uma célula interna da (Ordem do Lotus Negro) que esteve operativa entre os anos 2010 e 2013. Na época eu (Helio Monteiro) morava no centro da cidade de Niteroi-RJ onde organizei um grupo para estudos e práticas de Feitiçaria e Artes Mágicas. Nasceu então o Templo de Alta Feitiçaria (T.A.F) que combinava elementos da Magia Brasileira (popular, umbandista etc), do Misticismo Grego-Egípcio, do Shivaísmo Hindu (Culto de Shiva-Kali) com filosofias e práticas da Magia Cerimonial europeia ou Alta Magia. O T.A.F funcionava sob o regime de Clã Mágico, o que envolvia uma iniciação formal e um pacto espiritual entre seus membros.
Alta Feitiçaria é o gênero de Magia cujo objetivo é produzir mudanças na realidade em conformidade com a vontade do feiticeiro. As técnicas de Alta Feitiçaria eram utilizadas principalmente para afetar o ambiente externo, para destruir as forças negativas que nos rodeiam, para abrir o caminho para o sucesso e afastar todos os obstáculos, obliterar aqueles que tentam nos sabotar e impedir o nosso sucesso e organizar os assuntos no mundo a nosso favor.
Nossa filosofia era pragmática e parte dela assumia que pensar positivo simplesmente não é suficiente. Embora existam poderosas forças mentais no universo, meros pensamentos não são suficientemente poderosos para ter um impacto efetivo no ambiente externo (pelo menos a curto prazo). Deve haver uma grande força astral por trás dos pensamentos - ou da vontade. Usar com sucesso esse poder de forma consistente vem de uma compreensão das ciências ocultas.
Um texto que sempre acompanhou e inspirou os alunos envolvidos da T.A.F é disponibilizado abaixo. Ele sempre me acompanhou desde o início de nossos trabalhos e foi sendo aperfeiçoado – as vezes esquecido – desde então. Acredito que seja uma boa ideia divulgar novamente esse texto, faço isso em nome de todas as mulheres sábias e homens astutos amantes da Velha Arte.
O pentagrama é um símbolo formado por cinco letras ou sinais, originando uma figura similar a uma estrela de cinco pontas, a qual se atribuem diversas interpretações ocultistas. Existe duas formas de representar este símbolo, na posição usual com a vértice para cima e o “pentagrama invertido”, com a sua vértice para baixo. Para esotéricos e pagãos, independente da forma que se apresente, o pentagrama representa, acima de tudo, os cinco elementos: a terra, o ar, a água, o fogo e o espírito.
Na figura acima vemos as duas imagens do pentagrama. A primeira imagem foi idealizada por Eliphas Levi e a segunda por Stanislau de Guaita, dois célebres ocultistas do século XIX. Analisando a primeira imagem parece que Levi tomou emprestado a ilustração do “Homem Vitruviano” de Leonardo da Vinci que representa o pentagrama sob uma figura humana, dentro de um círculo, com os braços abertos para representar o espírito que domina os quatro elementos (o domínio do homem espiritual sobre o homem animal). Sendo o pentagrama um símbolo da vontade por excelência ele serve como um "espantalho", e é um alerta às entidades astrais a respeito da vontade e da autoridade que se encontra diante delas. Entretanto sem a autoridade, que depende de sua atitude mental, é provável que não haja obediência por parte das entidades.
“Certas entidades ou larvas do baixo astral, que não obedecem ao símbolo da cruz, cedem imediatamente e fogem espavoridas à presença deste maravilhoso símbolo.” (Vasariah)
Dando continuidade ao estudo da primeira imagem notamos que na vértice do pentagrama está escrito ADAM e abaixo EVE (Adão & Eva), no segundo círculo vemos cinco letras hebraicas do "Pentagrammaton” ou Yeheshuah ( hebraico: יהשוה) o nome dado a Jesus pelos cabalistas cristãos durante o Renascimento. Foi utilizado como a suprema palavra do poder em sua magia e adoração. Eles pretendiam que ela substituísse o Tetragramaton dos judeus. Alguns cristãos modernos também o usam como um nome para Jesus, mas geralmente não entendem sua origem. YHshVH, o Pentagrammaton ou Nome de cinco letras é formado pela adição da letra hebraica Shin (ש), ao centro do Tetragrammaton (YHVH). A letra Shin que no Livro da Formação é atribuída ao Fogo e, por processo matemático (guematria), torna-se associada ao Espírito Santo. “A tradição abona a inserção dessa letra no meio do Nome de quatro letras de Deus, dividindo-o e assim formando YHshVH, o Pentagrammaton ou Nome de cinco letras.” (Israel Regardie)
As palavras Adão (= Adam, homem) e Eva (=Mãe dos viventes) não são nomes próprios e representam o ser humano criado por Deus. Acima de tudo designam a unidade Macho/Fêmea que existe dentro de nós, unidade na diversidade, que existiu antes dos tempos e agora vive como uma lembrança dentro de nossa mente coletiva e individual. Infelizmente em lugar dessa unidade, do abaixo feito igual àquilo que está acima (da Árvore da Vida), nós acabamos construindo imagens distorcidas de nós mesmos, de nossos corpos, sentimentos e sexualidade.
O Pentagrama Invertido
Vamos agora ao estudo da segunda imagem – a de Stanislas de Guaita - onde notamos outro pentagrama, desta vez invertido (vértice para baixo), com a cabeça de um bode onde os dois pontos superiores são os chifres, as pontas laterais são as orelhas e a parte inferior a ponta da barba. Acima está escrito SAMAEL e abaixo LILITH e as letras em redor do círculo soletram Leviatã em hebraico, uma criatura marinha monstruosa. Leviatã é considerada em relação a Lilith e Samael em alguns textos cabalísticos.
Stanislas de Guaita publicou pela primeira vez este pentagrama em La Clef de la Magie Noire (A Chave da Magia Negra), em 1897. É a primeira aparição conhecida do pentagrama com combinação de cabeça de cabra (ou bode) o que nos lembra Baphomet, um símbolo hermético-gnóstico muito popular entre os estudiosos do Ocultismo.
Samael e Lilith
Samael é um anjo caído na tradição judaico-cristã, muitas vezes associado com a serpente tentadora do Éden, bem como com Satanás bíblico. O nome aparece pela primeira vez na conta da teoria dos anjos, no Livro Etíope de Enoque 6, que inclui Samael, embora não no lugar mais importante, na lista dos líderes dos anjos que se rebelaram contra Deus.
O próprio Deus presenteou-o com alguns dons, como a imunidade a venenos por isso Samael significa Veneno (Sama) de Deus (El).
Também é chamado de acusador, sedutor, deus-cego e destruidor.
Samael também tem funções mais nobres na literatura, mas as ligações satânicas são, provavelmente, as que mais chamam a atenção. Dizem que foi Samael, em seu disfarce de serpente enganadora, que seduziu Eva e gerou Caim.
Nas tradições cristãs gnósticas, Samael é um dos nomes atribuídos ao Demiurgo (referindo-se ao maligno deus criador do mundo material) e é descrito como uma serpente com rosto de leão. É filho de Eon Sophia contra quem se revolta.
Por último, segundo as tradições cristãs canónicas, Samael era um anjo que foi elevado à categoria de Arcanjo tendo-lhe, portanto, sido atribuído o nome de Lúcifer que significa “anjo de luz”. Segundo esta versão, Samael quis roubar o trono de Deus para se equiparar a ele. Reuniu um terço dos seus companheiros celestiais e então deu-se uma batalha que culminou na expulsão de Lúcifer e seus aliados do Céu.
A biografia de Lilith é um sincretismo entre lendas mesopotâmicas e israelitas.
No épico babilônico Gilgamesh (2000 a.C.) ela aparece como uma prostituta estéril com aparência zoomórfica, bela e jovem, dotada de pés de coruja e asas de morcego. Os atributos dos seres noctívagos são os signos da afinidade de Lilith com as horas noturnas e, por extensão, com as trevas, a escuridão.
Segundo a tradição judaico-cristã Lilith é a primeira mulher de Adão que se rebela contra a sua autoridade e se torna a mãe dos demônios. De acordo com Alfabeto de Ben Sirá, texto medieval anônimo, composto em hebraico e aramaico no mundo árabe entre os séculos 8 e 11 de nossa era, Lilith tem Samael como um amante depois da sua rebelião no Éden.
A tradição secreta rabínica ensina que Lilith existiu antes de Eva e que foi a primeira mulher de Adão, a quem dava cem filhos por dia que eram “frutos” de suas poluções noturnas. Devido a este associação com um tipo de vampirismo sexual Lilith ficou conhecida como Mãe dos Súccubus, Mãe dos Demônios, Lua Negra (este último, uma relação com a simbologia astrológica).
Lilith era “um monstro da noite” que brigou com Deus e por isso foi transformada em um demônio pelos patriarcas hebreus.
Na verdade, o castigo maior que Ihe impuseram os sacerdotes foi excluí-la dos relatos bíblicos da criação do mundo.
Lilith, sinônimo de "face escura da Lua", não se dava bem com Adão.
Certo dia, cansada de desavenças, Lilith abandonou o marido e foi habitar o deserto, na região do Mar Vermelho. Neste lugar encontrou-se com Samael, o Senhor das Forças do Mal do Sitra Achra (do outro lado), tornaram-se amantes e com Ele teve vários filhos. Dessa união resultou uma descendência demoníaca: Lilith dava à luz (ou melhor, à treva) cem demônios por dia, prole conhecida como Liliotes ou Linilins. Desde então, reza a lenda, Samael e Lilith reinam sobre todos os males que afligem a humanidade.
Segundo outra tradição foi Lilith, e não Eva, a verdadeira Mãe de Caim – o patriarca de todos os bruxos de sangue.
Algumas vezes Lilith é associada com a Deusa grega Hécate, “A mulher escarlate”, uma Deusa que guarda as portas do inferno montada em um enorme cão de três cabeças, Cérbero. Hécate, assim como Lilith, representa na cultura grega a vida noturna e a rebeldia da mulher sobre o homem.
Na tradição rabínica Samael é o “Anjo da Morte”, o ex-chefe do quinto céu e também um dos sete regentes do mundo material servido por milhões de seres celestiais. Como vimos, segundo as tradições cristãs canônicas, Samael era Lúcifer (Portador de Luz), o anjo que estava mais próximo de Deus. Em diferentes lugares Eliphas Lévi identifica Samael tanto como gênio de luz (LUX) branca de Marte, bem como o nome hebraico para uma espécie de força demoníaca.
Os nomes Samael, Seth, Saturno, Satã, Shaitan e Shiva tem suas analogias com a morte, transformação e renascimento. Samuel ou Satã é o nome do “Dragão Vermelho”, a Serpente Sedutora do Gênesis foi um dos primeiros anjos que se rebelaram contra Jeovah. É o Anjo da Morte, pois como diz o Talmut: “o Anjo da Morte e Satã são um só”. Samuel foi morto por Miguel, assim como mais tarde São Jorge matou o Dragão e antes deles Hórus venceu Seth, ou o Dragão Apófis, em uma batalha pela supremacia do Egito.
Aqui o Dragão não é um símbolo da idolatria pagã, como quer fazer acreditar a Igreja, mas sim das forças primais da origem da criação. Segundo Blavatsky: Cosmogonicamente falando todos os Dragões e Serpentes vencidos por seus “Matadores” são em sua origem, os princípios turbulentos e confusos do CAOS, postos em ordem pelos Deuses Solares ou Poderes criadores. (...) No egípcio “Livro dos Mortos”, esses princípios são chamados de “Filhos da Rebelião”.
A Serpente Leviatã e os Reis de Edon
Eliphas Lévi chega a mencionar a deusa Lilith no primeiro símbolo mas é Estanislau de Guaita que incorpora o seu nome para o gráfico junto com o de Samael. A imagem mais conhecida que temos de Lilith é a imagem que nos foi dada pela cultura hebraica, uma vez que esse povo foi aprisionado e reduzido à servidão na Babilônia, onde Lilith era cultuada, é bem provável que vissem Lilith como um símbolo de algo negativo.
Lévi também não faz nenhuma menção do nome Leviatã, mas a imagem de Guaita no Pentagrama Invertido é circulada por este nome em hebraico. Ao descrever o segundo gráfico, Stanislau de Guaita expande Lévi – que não diz nada sobre Samael, Lilith, ou Leviatã.
O Leviatã (do Hebraico liw·ya·thán) é retratado pela primeira vez no Livro de Jó, capítulo 41, como uma Serpente ou Dragão do Mar. Foi considerado pela Igreja Católica durante a Idade Média, como o demônio representante do quinto pecado, a Inveja, também sendo tratado com um dos sete príncipes infernais.
Entretanto não se deve perder de vista que nas diversas descrições no Antigo Testamento ele é caracterizado sob diferentes formas, uma vez que funde-se com outros animais. Formas como a de dragão marinho, serpente e polvo (semelhante ao Krakken) também são bastante comuns. O Salmo 104:26, menciona o Leviatã num contexto que parece ser definitivamente literal, ao afirmar que Deus criou o mar para que inúmeros seres, grandes e pequenos, incluindo o Leviatã, pudessem habitar, ou seja, nesse texto o Leviatã é descrito como sendo uma criatura criada por Deus.
O Leviatã talvez esteja associado ao "Tiamat", uma divindade da saga da Babilônia.
Em nossa tradição ocultista Leviatã está relacionado as profundezas do Mar Cósmico ou Espaço Infinito - um símbolo do inconsciente pessoal e coletivo. Com efeito, Leviatã é associado ao símbolo do Ouroboros, uma criatura mitológica, uma serpente que engole a própria cauda formando um círculo e que simboliza o ciclo da vida, o infinito, a mudança, o tempo, a evolução, a fecundação, o nascimento, a morte, a ressurreição, a criação, a destruição, a renovação. Muitas vezes, esse símbolo antigo está associado à criação do Universo.
O significado da palavra Ouroboros, de origem grega, é “devorador de cauda”. O mesmo resulta da junção das palavras oura, que significa “cauda”, e boros, que significa “comer” ou “devorar”. Uma vez que o nome Ouroboros, significa ele/ela que come a sua própria cauda: a boca seria a “Yoni” o órgão feminino e a cauda seria o “falo” o órgão masculino. A Yoni representando o antigo arquétipo do feminino “como devorador” e o falo representando aquele que é devorado.A cobra que come sua própria cauda; simplesmente, representa a recriação da vida através da morte. As serpentes sendo animais que se desfazem da antiga pele periodicamente de maneira cíclica para se renovarem; fazem sua existência física a analogia perfeita para a vida ser recriada através da morte. Ou seja; para renascer é necessário morrer. Representando assim, "a unidade de tudo". Foi uma das razões, pela qual, os alquimistas consideraram tão importante o simbolismo de Ouroboros.
Nos ritos de Alta Feitiçaria a evocação de Leviatã-Oroboros é uma convocação para que as entidades supranaturais (“deuses” “fantasmas” ou “demônios”) participem do trabalho mágico. O mago então encena o União Mística de Samael e Lilith, formando o andrógino divino Baphomet, e devidamente investido “nos Poderes do Céu” recebe as chaves para abrir os Portais de Leviatã no Oeste.
Sendo a Água o Elemento próprio de Leviatã sua convocação no rito fornecia o acesso aos deuses e atavismo ancestrais da feitiçaria no Oeste, onde fica a entrada para o Salão do Amenti.
Amenti, o submundo dos egípcios, era o Templo Sagrado no Astral onde as almas eram julgadas pelo deus Osíris. A palavra Amen significa “o oculto” e ta significa “terra” ou “morada”. Amenta ou Amenti é, assim, o lugar dos espíritos dos mortos; quer dizer mortos para a mente consciente, mas muito vivos para o subconsciente. Nesse sentido Amenta/ Hades/ Submundo etc. é a nossa mente subconsciente.
“Os “mortos” são nossas imagens esquecidas de nossos passados que respondem ao encantamento e ressurgem na carne do presente”. (Kenneth Grant) *(1)
O cerimonial de Alta Feitiçaria então se inicia no Oeste, lugar de onde vem a escuridão para este mundo, evocando os quatro Grandes Reis (Daemons) dos pontos cardeais - Egyn ou Ariton, Amaimon, Paimon e Oriens.
No Grimório Medieval de Abramelin, considera-se que esses quatro Reis são, na verdade, Príncipes Subalternos que podem revelar ao mago, cada um deles, o espírito familiar que é obrigado a lhe servir desde o dia de seu nascimento.
De forma semelhante nos papiros mágicos gregos (Papyri Graecae Magicae) descobrimos que uma parte essencial do treinamento do Mago consistia em adquirir um paredres, ou seja um “assistente” (demônio). Esta aquisição é um passo importante para se tornar um mago de verdade.
O Deus Astral Baphomet
Baphomet, por vezes denominado “deus dos templários” foi retratado por Eliphas Levi como um ser humano com cabeça de bode e roupagem. Tem longos chifres e uma tocha acesa brilhando no centro de sua cabeça. Seus pés e pernas são de bode, com cascos e pêlos. Tem seios femininos e caduceu encobrindo seu falo ereto.
O braço direito é masculino e aponta para cima; sobre ele está escrito a palavra “solve” (dissolve). O braço esquerdo é feminino e aponta para baixo e sobre ele vemos a palavra “coagula” (densifica).”
As polaridades masculina e feminina tipificadas por Samael e Lilith unem-se no Astral e juntas formam a imagem de Baphomet, o andrógeno, homem-mulher. Hermeticamente falando quando estão unidos astralmente o sacerdote e sua sacerdotisa conduzem o poder da serpente (Kundalini) de volta à morada do Deus Oculto em Kether, que equivale ao Sahasrara Chakra ou Estado Supremo. Visto de uma outra forma, a união do Rei Vermelho (Sol) com a Rainha Branca (Luna) produz a Pedra Filosofal, o mistério central do Hermetismo e Rosa-Crucianismo.
O Grande Rito de Magia na T.A.F é realizado tanto em sua modalidade de Via Seca (simbólico) como de Via Úmida (sexual), parafraseando o jargão da Alquimia Medieval. Alguns dos processos envolvidos nessa teurgia sexual podem, inclusive, serem efetivadas através do intercurso astral com entidades não-humanas – deuses, demônios ou espíritos da natureza - que são diversos aspectos do Pleroma (plenitude) Universal.
Dentro do rito de Alta Feitiçaria a entidade hermético-gnóstica Baphomet representa a totalidade do Astral Terrestre, com predomínio das características involutivas. Dito de outro modo, é a forma teriomórfica do Espírito da Terra. Baphomet nos auxilia na coagulação alquímica da Luz Astral - elemento indispensável tanto para a descida do Mens Angélico nos planos da manifestação, como para ascensão gnóstica aos mundos superiores da Consciência Côsmica. Sob o ponto de vista da Kabbalah, Baphomet promove o aterramento das energias vindas diretamente acima do Abismo. A Kabalah demonstra que a força divina, em sua origem, é não-dual e assexuada, mas se manifesta de forma bipolar nos planos astral e físico. Quando unimos nossa dualidade de forças através da energia sexual (ou bipolar do Cosmos) estamos retomando o caminho da reintegração dos opostos e nos libertando das cadeias inerentes à parte inferior do mundo de Baphomet.
Eliphas Levi também viu Baphomet como a encarnação de uma "luz astral" que ele define como:
“AZOTH, a magnésia universal , o grande agente mágico, a luz astral, a luz de vida, fecundada pela força anímica, pela energia intelectual, que eles comparam ao enxofre por causa das suas afinidades com o fogo divino. (337)”
Nesse sentido, Baphomet serve como símbolo ou força primitiva para expressar a vontade ou intenção do mago em um ritual mágico - uma força praticamente idêntica a Azoth, a "luz astral", o "solvente universal" ou o "elemento mercurial" dos alquimistas - como resultado final da síntese de opostos.
Os Reis de Edon
Alguns ocultistas desconfiam que Samael e Lilith pertenciam à realeza da Terra de Edon, um mundo astral de seres espectrais que serviu de molde para a Terra física.
Os habitantes de Edon foram a primeira raça a evoluir neste Planeta, há milhões de anos atrás. Desenvolveu-se no Plano Astral, pois nesta época ainda não havia condições de habitabilidade no Plano Físico. Por esse motivo é chamada também de “a raça das sombras” e tidos como potências da Terra Interior. Por ser uma raça de Seres Etéreos não deixou marcas nem vestígios no Plano Físico.
Seus governantes ficaram conhecidos na Bíblia como “Reis de Edon” e dominaram a Terra “antes de existir um Rei em Israel”.
“(...) a maioria das antigas tradições ocultas afirmam que não somos nem os primeiros nem os únicos a povoar a terra; os Veneráveis Antigos e os Deuses Antigos encontram ecos nos mitos e lendas de todos os povos.” (Kenneth Grant)
Sob o ponto de vista psicológico a “Terra de Edon” representa os aspectos não-equilibrados da Mente profunda, as Águas do Caos (e portanto de Leviatã) que precisam passar por um processo de equilíbrio e serem colocados sob o comando de Adonai ou nosso Santo Anjo da Guarda, o Augoeides, aquela parte mais nobre de nossa consciência que é real. Uma teoria ocultista sugere que “a raça das sombras” foram os “Pais” e progenitores da raça humana pois, ao retornarem ao plano de onde vieram, deixaram suas Châyas (Sombras, Duplos Astrais) que serviram de veículo para que as Mônadas encarnarem na Terra e evoluíssem através dos reinos da Natureza. A Mônada Humana (unidade de consciência) passa pelos vários Reinos da Natureza de forma que existe Mônadas minerais, vegetais, animais, elementais e humanas.
O ocultismo ensina que a Mônada Humana, ou Centelha Divina, tem sua morada no Plano Divino e, na verdade, não encarna na matéria, ou seja não penetra no campo físico mas um reflexo de sua energia, que chamamos de Eu Superior, sim. Com essa descida a Mônada passa por todos os outros planos ou níveis de densidade inferiores ao seu, atraindo matéria cada vez mais densa até chegar ao plano físico. Entretanto seu plano original é o Pleroma Divino, onde têm os poderes e onisciência semelhantes.
Simbolismo Oculto do Pentagrama Invertido
Ao contrário do pentagrama tradicional o pentagrama invertido é visto por muitos ocultistas como representação do lado negro, e um símbolo do mal para os cristãos fundamentalistas. Por ter as duas pontas viradas para cima é geralmente considerado o símbolo do satanismo onde parece ser o homem dominado pela matéria com os quatro elementos menores acima da quintessência ou espírito. No entanto, essas são associações recentes e o pentagrama invertido é o símbolo da iniciação Gardneriana do segundo grau, representando a necessidade do bruxo aprender a enfrentar a face da escuridão para que mais tarde ele possa ascender e tomar o controle.
Outras escolas esotéricas entendem que o pentagrama invertido longe de ser um símbolo decadente apenas representa as correntes astrais inversas ou "telúricas" e não tem nada a ver com o dualismo judaico-cristão de “bem x mal”. Esta também é a opinião do autor desse artigo, mas tenho que reconhecer que infelizmente este símbolo (pentagrama invertido) tem sido associado a rituais satânicos ou de magia negra onde seus adeptos vêem nele o próprio diabo com chifres. Isso apenas denota uma total ignorância sobre o assunto, além de atrair para aqueles que assim acreditam uma carga nefasta de energias involutivas que automaticamente se manifesta em processos cármicos dolorosos.
Em se tratando de Alta Magia “positivo e negativo” não tem nenhum conceito moral, é apenas uma questão de polaridade. As correntes astrais obedecem a fluxos magnéticos que atuam em ambas as polaridades positivas e negativas (Yin e Yang), assim uma completa a outra. Todos nós sabemos que a eletricidade obedece ao mesmo princípio magnético (vide lei das polaridades no Caibalion), ou seja, para que haja produção de energia você necessita de ambas as polaridades.
O pentagrama invertido tem o seu simbolismo mágico nos chifres (as duas pontas para cima) que para os antigos pagãos era sinal da sabedoria. Antigamente era visto como o Deus Pan, símbolo de força espiritual, que a Igreja associou ao Diabo em seu longo processo de demonização da Magia e difamação do paganismo. Entretanto, o pentagrama invertido está simplesmente direcionando a energia para baixo, ou para dentro da Terra (o submundo ctónico), e não tem nada a ver com Satanismo ou Magia Negra. No sistema de Alta Magia do Lotus Negro o uso do pentagrama invertido está indiretamente relacionado com a corrente elemental ou dionisíaca, uma corrente de força para-elétrica (infra-magnética) própria da superfície terrestre tipificada por Dionísio, equivalente ao romano Baco.
Esse tipo de energia etérica, ou fluido magnético da Terra, é também descrita pelo escritor rosacruz Edward Bulwer-Lytton (1871) como Vrill, uma força de natureza eminentemente telúrica que é praticamente o mesmo que o Magnetismo Animal de Mesmer ou a força ódica do Baron Reichenbach. Esta corrente oculta dá lugar a um circuito, como um circuito magnético subterrâneo. Há analogia entre os dois. Constituem o sistema nervoso do globo terrestre. Os antigos davam o nome de “rios infernais” a essas correntes subterrâneas que em lugares precisos (menhirs) jorram do subsolo e se dissipam em invisíveis gêiseres. Dizem que por osmose as serpentes absorvem o telurismo e haurem dele o seu poder de hipnotização. E os bruxos antigos as imitaram, pelo fato de que os “chakras” inferiores do tronco e aqueles das pernas podem eventualmente aspirar a força infernal, incorporá-la e transformá-la.
Essa corrente não tem absolutamente nada com o despertar direto da Kundalini, entretanto ela contêm o segredo sobre o mecanismo interior por meio do qual surge a iluminação, pelo contato com as Forças Elementais. Dionísio era o Deus dos ciclos vitais da Natureza.
Tudo que acontece no Universo (mudanças das estações, negócios financeiros, saúde e relacionamentos amorosos ou comerciais etc. são regidos e influenciado pelas "marés tatwicas", as correntes elementais. Aqui também chegamos a teoria do mana-tatwa: a crença em que existe uma força sobrenatural que permeia a atmosfera e que é personificada como uma força dentro de todos os homens ( “ki” no Japão, “chi” na China). Algumas das práticas energéticas e cerimoniais da Alta Magia do Lótus Negro tratam da influência dionisíaca ou elemental sobre os iniciados e ensina o mecanismo interior por meio do qual surge a iluminação, pelo contato com as Forças Elementais da Kundalini Terrestre. Nesse sentido o “correto” entendimento do simbolismo do Pentagrama Invertidos torna-se justificado.
Entretanto no caso de iniciantes é aconselhável lidar com o Pentagrama em sua posição usual (com as pontas para cima) até obter um domínio suficiente dos Reinos Elementais. Digo isso também porque o treino para se tornar um mago ritualístico é um processo longo e difícil. Requer a aceitação de uma série de crenças que sejam capazes de anular as inibições culturais de se trabalhar efetivamente com a magia real. As novas estruturas mentais adotadas pelo magista devem ser aceitas com suficiente entusiasmo para que ele possa liberá-las com total poder emocional durante o ritual. Para que o ato de magia tenha sucesso, a força subconsciente do operador deve ser aplicada na direção da vontade do mago. Essa força deve ser capaz de ignorar qualquer inibição ou resistência interna na aplicação da força astral completa do operador no trabalho em andamento.
Por exemplo, se o iniciado (magista) acreditar que o símbolo do pentagrama invertido está relacionada ao conceito de involução ou de mal moral, devido aos seus condicionamentos religiosos ou ocultistas equivocados, ele vai pode atrair uma força contrária que pode trazer-lhe prejuízos. Ele simplesmente pode auto-sabotar seu ritual mágico abrindo inadvertidamente um portal para o astral inferior, atraindo espíritos trevosos ou simplesmente perdidos dessa dimensão.
O iniciado tem que entender que se no mundo físico as cargas opostas se atraem (homem e mulher, próton e elétron, etc.) no astral as leis são diferentes, o semelhante atrai o semelhante. Isso significa, por exemplo, que se o iniciado adotar crenças que afirmem que um ritual que se utilize de quatro pentagramas invertidos nos quadrantes ele abre os “portais do inferno” e associa isso ao inferno cristão e seus demônios - e não as forças psíquicas do seu subconsciente – ele pode de fato atrair para junto de si uma legião de entidades tenebrosas, fazendo sua vida parecer um “inferno na terra”. Na melhor das hipóteses ele pode atrair Elementais negativos.
Muitos Elementais são hostis aos seres humanos, e podem iludi-lo como no “canto das sereias” levando-o para longe de seus objetivos. Para entrar no Reino Élfico, o Mundo Verde de Elphame, um reino encantado intermediário entre este domínio fenomenal e o mundo espiritual e divino, e que é simbolicamente chamado de “entre”, “atrás” ou “sob” a superfície do mundo das aparências, torna-se imprescindível obter o conhecimento de certos sinais de passe, senhas, “portais” e de seus guardiões.
*(1) É evidente que nessa passagem o autor sugere os níveis atávicos de nosso ser, que parecem inscritos na memória celular ou biograma.
A “ressurreição dos mortos” equivaleria ao despertar das entidades supranaturais, chamando a vida (evocando) atavismos ancestrais ligados a nossa origem e eternidade. O Submundo doa antigos pagãos não é um lugar de tormento, castigo ou de punição, mas um lugar de cura, poder e de nossos ancestrais (não deve ser confundido com o Umbral dos espíritas kardecistas).