domingo, 16 de janeiro de 2022

O BETAÍSMO

Betaísmo é o segundo estágio dos ensinamentos tântricos do Santuário, sendo continuação do grau Alfa por ser de natureza masturbatória. Desta maneira, é imperativo ter dominado o grau Alfa antes de proceder mais profundamente no Santuário.

         O núcleo central das técnicas delineadas dentro do Arcano Beta é a habilidade de moldar o corpo astral através do orgasmo intensificado. O corpo astral, como um campo semifísico, eletromagnético, é influenciado tanto pelas atividades do organismo físico quanto do mental. Isto está ilustrado na mudança de sua forma, tamanho e cor de acordo com as variações na saúde e na emoção. Portanto, o uso da imaginação bem treinada e pensamento claro podem realizar mudanças no corpo astral e o uso da mente pode manipular completamente e influenciar o corpo astral para atingir uma ampla variedade de resultados.


         Este processo de manipulação é dividido em três formas do Arcano Beta.


Manipulação Interna

         Esta forma de Betaísmo é onde o corpo astral é manipulado para refletir uma forma Divina escolhida e para despertar energia de dentro do organismo. As técnicas usadas nesta fórmula incluem Assunção de Formas de Deuses auxiliada pela masturbação, Magia com Máscaras e em seus estágios avançados, Mutação da Forma (licantropia ou shapeshifting).


Manipulação Externa

         Esta forma de Betaísmo é onde o corpo astral é manipulado de tal maneira que uma forma semi-separada é criada através do excesso de energia. esta forma então é usada tanto para “vagar por aí”, como na Baixa Magia, ou personificar um Íncubo ou Súcubo para uma forma específica de Magia Sexual. Em muitas escolas de magia medievais esta técnica era estendida, podendo assim incluir várias formas astrais de sexo, onde o congresso era alcançado com um grande número de deuses, demônios, anjos e até mesmo personagens históricos.


Manipulação Externa-Interna

         Esta forma de Betaísmo combina ambas técnicas acima e é baseada na Lei de Correspondência e trabalha pela formação de uma forma semi-externa em relação direta com a “forma externa” que o mago deseja trabalhar. A forma astral semi-externa trabalha como um mediador e direciona a energia desejada para o organismo. Devido à delicada natureza deste trabalho, ele deve ser realizado com grande cuidado, podendo ser descrito como o sistema tântrico de invocação e evocação.

         Quando usada como uma forma de evocação, às vezes é combinada com uma máscara e forma de animal e até mesmo, sob circunstâncias especiais, Mutação de Forma. A partir daí podemos chegar a uma compreensão do mecanismo pelo qual opera este grau, agora vamos examinar os vários aspectos práticos destes teoremas.


Assunção Sexual de Formas Divinas

         A assunção sexual de formas de deuses é uma técnica baseada no uso do orgasmo para moldar o corpo astral na forma do ser sendo invocado. Utiliza a técnica não sexual básica com algumas modificações, o importante nesta técnica é prolongar a masturbação e sentir o corpo astral tornando-se fluido, até que, no orgasmo, ele se transforme totalmente na forma do Deus invocado e se solidifica. Normalmente uma forma divina deste porte não precisa ser banida, produzindo na mente as associações que a forma divina pode trazer consigo.

         Se um banimento for necessário, um Rubi Estrela normal ou equivalente irá atingir o fim desejado.

         A técnica em si é a seguinte. A preparação deve ser uso de incenso, algum tipo de banimento e invocações preliminares do Deus(a) envolvido.


A Fórmula para Assunção Sexual de Formas Divinas


1. Fique em pé ou sente-se na posição do Deus(a) envolvido.

         Isto pode ser modificado para uma posição mais confortável, se necessário.

2. Vibre o nome do Deus(a).

         Assegure-se que você traga o nome para o corpo através das narinas e sinta-o movendo-se através do corpo pelos pulmões ao coração, então no plexo solar e assentando-se nos órgãos sexuais.

3. Visualize a forma divina.

         Fixe-a na tela mental enquanto inicia a atividade sexual, conforme o estímulo aumenta, sinta o corpo astral tornando-se mais e mais líquido.

4. No orgasmo.

         Sinta o organismo astral solidificar-se na forma divina escolhida, sinta o corpo inundar-se de luz e uma transformação da consciência afim com a forma envolvida.

5. Este processo pode ser feito de dois modos.

         A. Uma sensação da forma pode ser integrada à consciência e uma dada mudança na consciência será notada em relação direta à forma escolhida ou

         B. O processo pode ser levado até um estado de intoxicação pela forma seja atingido e oráculos surgem daí. Isto só deve ser realizado na companhia de outros magos e dentro dos confins de uma ambiente magikamente controlado.


Formas Animais

         As formas animais são importantes em qualquer sistema de magia por representarem os vários estágios primitivosde consciência pré-humana. No Xamanismo tradicional elas são de grande uso e corretamente, pois elas são a fonte do qual muito poder flui para o que entendemos como “homem civilizado”. O uso de formas animais é uma tradição complexa dentro da Magia Ocidental e como tal merece muito estudo. Envolve o uso de imagens de animais e formas de insetospara evocar energias Qlipphóticas e acessar as facetas mais profundas do incosnciente pessoal e coletivo.

         Sendo que as formas animais representam estados pré-humanos de consciência seu despertar na “consciência racional” é normalmente dinâmico e poderoso, deve ser realizado apenas num ‘espaço seguro’ e é melhor trabalhado com um grupo de magos do que sozinho.

         Os procedimentos usados podem variar de uma técnica similar à assunção de forma divina até uma aproximação mais Xamânica ou Vodunista. Sentimos que uma combinação tanto de invocação quanto de possessão é a mais eficaz. Usando o procedimento de trabalho acima até que o estágio quatro tenha sido atingido com sucesso, quando o corpo é “travado” na forma animal, sinta a consciência daquele animal tomando o organismo. O estado resultante será uma manifestação do animal na consciência.

        Pode então seguir-se uma técnica para acelerar os efeitos da forma animal, baseada em tradições xamânicas. O mago deve ver-se dividido em dois aspectos distintos, podendo ser vistos como o intelecto e os instintos ou melhor ainda, como o caçador e o animal. Ele então deve correr ao redordo círculo como se perseguisse e possuísse um animal, ele, o caçador. Conforme a corrida chega a um clímax (e ele está perto da exaustão), ele deve jogar-se em frenesi e o caçador e o animal fundem-se tornam-se um. Neste estágio ele deve experienciar a plena força da forma animal sendo invocada.

         A importância da experiência de animais e insetos dentro de uma fórmula ritual é que eles são representativos dos estágios primários da evolução cósmica e podem ser percebidos e experienciados como um retorno do poder pessoal destes estágios.

         Quanto mais alto na escada da evolução esperamos chegar, mais baixo será o rincão do qual devemos chamar nosso poder.


O Uso de Máscaras

         O uso de máscaras é uma faceta tradicional das mais primitivas formas de magia. Seu uso é portanto imperativo quando se trabalha com os níveis mais baixos de consciência pré-humana como exemplificado nas formas de animais e de insetos. Nos trabalhos de formas divinas as máscaras também podem ser de uso primário na sustentação da identificação pessoal com uma dada forma e numa fórmula ritual envolvendo um número de pessoas onde p número de formas assumidas demanda alguma maneira de aumentar a eficácia das imagens relacionadas. Em relação a formas animais as correspondências devem surgir pessoalmente, embora existam algumas associações como encontradas no Culto de Maat, entre outros. Estes estão especificamente relacionados com interpretações das imagens de animais totalmente dirigidas pela orientação de um tipo específico de trabalho. Além destes, associações pessoais são o único método válido.

         Por exemplo, a forma do Leão. Se usamos as associações cabalísticas tradicionais podemos colocá-lo em Tiphereth em relação ao signo de Leão. Mas ainda assim poderia ser atribuído ao signo de Leão por causa do calor sexual (como nas atribições do Antigo Egito) e portanto formando uma ligação com Sekhmet , colocada em Yesod.


Totens

         Todas formas animais devem ser formadas através da experiência pessoal. A psicologia podem também nos dar algumas pistas interessantes sobre a razão por trás da constante reaparição de um animal dentro das visualizações. Estes animais são conhecidos como ‘Totem’ e tendem a ser externalizações de nossas fontes internas de poder. Eles devem ser explorados e aceitos como glifos pessoais, muito parecido com assumir um mote ou sigilo pessoal. Eles também podem ser fortalecidos e usados nas técnicas de manipulação, aplicados especificamente no uso de Íncubos e Súcubos.


Íncubos e Súcubos (Incubus et Sucubus)

         De acordo com a demonologia um íncubo é um pesadelo vivente que se alimenta de energias sexuais drenando a vida daqueles por quem se atrai. A variação do sexo foi levada em conta na variação do nome.

         De acordo com o Tantrismo moderno o íncubo (usamos este termos para se referir a ambos os sexos e ambos termos) é uma forma específica de ser astral formado através da energia sexual. Tem muitos usos e apenas torna-se um problema quando é permitida uma perda de controle. O íncubo é criado através da externalização de uma forma astral por um período extenso usando as técnicas Beta. Primeiro a forma é um organismo humano nebuloso sem sexo ou características distintas. Conforme é externalizado toma energia do organismo e assume forma distinta. O organismo pode também usá-lo para coletar energia e portanto o íncubo e o mago trabalham em união simbólica.

         Após a forma tenha sido externalizada pode então ser usada numa grande variedade de práticas mágikas. O primeiro estágio é moldar este ser numa forma que você deseja trabalhar, por exemplo, você pode querer atingir uma experiência de Hórus, portanto formando o ser numa forma com cabeça de falcão com a qual você pode realizar um intercurso sexual. Obviamente as variações do encontro são muitas e você poderia provavelmente dividir este arcano em subgraus se você quiser, isto é, Beta-Beta, Beta-Gamma, Beta-Delta, etc. de acordo com a forma de congresso utilizada.

         Estas técnicas podem ser aprofundadas e desenvolverem-se numa forma de trabalho pessoal usando uma variedade de cruzamentos entre Deuses, demônios, anjos e até mesmo personagens históricos para ilustrar a natureza dos trabalhos e atingir a experiência requerida. A origem desta técnica está provavelmente localizada no antigo Tantra da Tartária, enquanto que muito do seu desenvolvimento técnico é encontrado nos trabalhos de dois magos medievais, Vintras e Boullan.

         Em 1859, Vintras e Boullan encontraram a Sociedade para Reparo das Almas, uma descrição de suas técnicas delineia os procedimentos básicos como ensinados dentro de sua ordem interna, que era conhecida como a “Igreja de Carmel”.

         “Documentos sobrevivem mostrando que Boullan e seus seguidores engajaram-se numa cópula com anjos, querubins, serafins e espíritos de figuras históricas como Cleópatra e Alexandre, o Grande. As técnicas usadas eram masturbação, com o operador fortemente imaginando que ele ou ela estava em coito com o anjo desejado ou o intercurso sexual espiritual e real no qual cada participante identificava o outro com o ser apropriado desencorporado.” Sexualidade, Magia e Perversão (Sexuality, Magic e Perversion),              de Francis King.

         O exerto acima delineia a técnica Beta básica para criar e usar uma forma astral externalizada. O segundo estrato desta técnica margeia as do Gammaísmo ou Epsilonismo em seu uso de parceiro sexual físico, mas que é abarcada no Arcano devido à sua interrelação com a técnica básica de projeção Beta. O caminho de trabalho sexual deve evoluir da experiência e um conhecimento do Tarot, Qabbalah e técnicas de jornada astral.

         A sua experiência será sempre intensamente pessoal e levará o mago a estados de êxtase e poder pessoal além dos confins dos caminhos de trabalho definidos.


Baixa Magia

         Uma variação da técnica do íncubo permite o alcance das metas da baixa magia nos reinos físico, mental e espiritual através das técnicas delineadas acima. O mago pode criar um elemental artificial ou criatura que pode ser mandada realizar certas tarefas. Os limites desta técnica são encontrados no fato de que a criatura deve ser programada para se dissolver ao completar a tarefa e não se manter como um familiar contínuo. A única exceção aqui é onde o mago está completamente confiante em sua habilidade mágika para manter a criação sob total controle. Houve muitos casos na história do ocultismo onde um elemental artificial, criado e sustentado por meios sexuais, atingiu um grau de independência de seu criador devido à negligência ou excesso de confiança e então drenava a energia de seu criador e até mesmo atrapalhava seu trabalho oculto e vida diária.

         Portanto, a chave para criar um Familiar é total controle sobre a criação e programação repetida numa base regular, coordenada com a técnica Beta repetida para que o familiar seja mantido alinhado com os requerimentos do mago. A maioria dos elementais artificiais ou familiares são programados para se dissolverem de volta ao corpo astral tanto ao alcançarem o êxito em sua missão quanto após determinado período de tempo. Este é de longe o melhor método a menos que o mago tenha uma razão específica para desejar um familiar de maior duração.


Magia com Bonecos

         Uma técnica interessante para a criação de um familiar é baseada no uso de um boneco. Varia desde a técnica do Vodu tão popular nas histórias de terror de segunda categoria, no qual o boneco não é usado como um símbolo da pessoa que você deseja influenciar mas como uma extensão tangível do corpo astral do mago. Pode estar relacionado à idéia do duende ou manequim. O boneco é criado para representar um familiar que o mago deseja usar, é impregnado com os fluidos vitais numa sucessão de ritos e a cada orgasmo o corpo astral é sentido como se estendendo e envolvendo o molde do boneco numa ‘forma viva’ refletindo o mago. Um aspecto importante deste trabalho é que o boneco é usado como um canal de influência pelo qual o mago pode influenciar a realidade e explorar os reinos astrais.

         Não se deve operar de maneira oposta, pois se cair nas mãos erradas pode ser facilmente desconectado, se programado corretamente e, se a ligação foi programada erroneamente, então poderá ser usado para influenciar o próprio mago.

         O fator importante, portanto, é a criação do boneco como uma conexão externalizada do corpo astral, não um aspecto interno do organismo astral. Os usos destes bonecos são ilimitados, no nível físico pode ser facilmente usado para atingir uma ampla variedade de tarefas afins às de um elemental artificial ou familiar. Contudo, as mesmas considerações dadas para um elemental duradouro também se aplicam ao Boneco Familiar. Nos planos astrais pode ser usado para explorar os vários mundos, como uma forma astral extremamente poderosa moldada para refletir tanto o totem pessoal do mago ou um certo Deus ou força animal. É uma excelente forma pela qual o mago pode conscientemente explorar os vários mundos e dimensões.


Conclusões

         Dentro de todo o trabalho tomado no Arcano Beta a importância está na habilidade de usar o estímulo sexual para transformar a aparência do organismo astral para refletir os requerimentos do mago. Pode apenas ser alcançado com sucesso se a imagem do Deus, animal, inseto ou o que seja, fique fixa claramente na tela mental e por um período prolongado de tempo durante o ritual Beta. Não há limite para as variações dentro do Arcano, nem em seu potencial. Esta técnica oferece uma larga amplitude de possibilidades de baixa magia bem como oferece potencial para experienciar as várias Sephiroth, Caminhos, mundos, dimensões e por aí vai, de uma maneira direta e dinâmica através do fórmula de congresso sexual do íncubo.  

A Natureza dos Kalas

 

“Kalas. Tempo, essência, raio, divisão, dígito. Um termo usado no Tantra para denotar a essência ou fragrância do Suvasini. Em seu sentido de tempo, nossa palavra ‘calendário’ deriva de Kala, em seu sentido de essência ou vibração, nossa palavra ‘cor’. Portanto, as flores da Deusa são seus Kalas.” Outside the Circles of Time (Fora dos Círculos do Tempo), Kenneth Grant (Muller, 1980)


         O termo Kala é usado no vocabulário da magia sexual de duas maneiras distintas. Macrocosmicamente, os Kalas são as emanações de Kali-Ain na forma de Aeons e ciclos de evolução. Microcosmicamente, eles são as secreções produzidas pelos órgãos sexuais do macho e da fêmea durante rituais sexuais esotéricos (estes rituais podem ser ‘solo’ ou com parceiros de ambos os sexos).

         Estas secreções são as flores do organismo, tradicionalmente, o termo Suvasini ou Dama de Cheiro Doce tem sido usado para designar a Sacerdotisa dos Kalas. Contudo, este termo insinua preconceito para com Shakti ou a Sacerdotisa encontrado em derivados do Tantra na Índia. O Tantrismo verdadeiro é baseado no uso tanto das secreções masculinas quanto femininas, ambas produzindo os Kalas ou flores da essência. O termo Kala é encontrado em muitas culturas, de muitas formas, sua larga amplitude de significado insinua o poder esotérico de sua natureza. Na África e no Egito o termo Ka significava a Sacerdotisa iniciada, derivando disto o termo Khu, significando essência ou poder mágiko. Khu significando especificamente o alto, Qoph significando Magia Lunar e em inglês Q, onde o O é a abertura e o \ é o falo.


A Natureza dos Kalas


         Os kalas são, em termos simples, as secreções sexuais do mago, macho e fêmea, destiladas durante os ritos de intenção tântrica. Estas secreções são raios ou flores emanando de Nox ou Matriz de Ain encontrada no Sahasrara chakra e fluindo através dos vários chakras manifestando-se através das genitálias. Esta energia dentro do corpo é conhecida como Ojas, contudo, quando manifesta através da saída genital é conhecida como Kalas ou flores da essência. 

         Os Kalas são quatorze no não iniciado e dezesseis no iniciado, quando corretamente ativados. Na sexologia, quatorze destas secreções foram isoladas nos sumos vaginais e muitos nos fluidos masculinos, contudo, os outros dois ainda estão a serem descobertos. Os Kalas são a representação microcósmica de forças macrocósmicas da Árvore da Vida, cujos Kalas ou Caminhos e Sephiroth irradiam-se de Kali ou Ain. No tantrismo Kali é vista como aquela cuja natureza divide o tempo em Kalas ou vibrações, o fluxo e refluxo do universo é portanto encontrado dentro bem como fora do organismo, todas as coisas sendo parte de um fluxo ou onda primal.

         Na mitologia primitiva, o pavão e o arco-íris eram vistos como imagens dos Kalas, as diversas variações de cor (cor sendo a forma de Kalas no português) representando as vibrações de Nox.

         Em alguns derivados tântricos, a fêmea era adorada como originadora das forças de Kali. Entretanto, o mito tântrico mais antigo e autoritivo, o baseado em cultos tártaros, afirma que os Kalas são encontrados em ambos os sexos e a Suvasini é a alta sacerdotisaque foi androginizada pelo uso dos fluidos sexuais ou Kalas.


Tempo e Kalas

         O circuito psico-sexual representa o ciclo de Kalas, num círculo (360º) e mais 5 graus restantes representando os cinco dias negativos dentro de cada lua ou mês. Isto pode relacionar-se ao ciclo periódico de menstruação. É um segredo bem guardado que o macho também tem estes ciclos e que em combinação estes dois ciclos podem produzir imenso poder oculto.

         O período do ciclo Lunar de lua cheia até a nova era o ciclo da Lua Negra, o da lua nova para a cheia era o ciclo da Lua Brilhante. Estes eram divididos em quinze setores que se relacionam com o fluxo das forças lunares, os movimentos dos Kalas do espaço (Aeons) e o fluxo de secreções dentro do mago. O décimo quinto Kala é o tempo, portanto, é de localização atemporal, enquanto que o décimo sexto Kala é aquele que vai além do tempo, é o Kala de Nu e pode ser atribuído à própria Kali, sendo uma combinação de todos os quinze Kalas anteriores.


O Décimo Sexto Kala

         “Eu sou a serpente enrolada a ponto e saltar, no meu enrolar há alegria. Se eu levanto minha cabeça, eu e Nuit somos uma. Se eu abaixo minha cabeça e atiro veneno, então há êxtase da terra, e eu e a terra somos uma. Há grande perigo em mim.” Livro da Lei, II:26

         O mistério do décimo sexto Kala é insinuado no verso acima do Grimório do Novo Aeon. Estes são dois aspectos do uso correto dos Kalas combinados no décimo sexto.

         O primeiro é Néctar, o segundo é Veneno. O Néctar é simbolizado por Aquário, que é a décima primeira casa do zodíaco e transmite as influências de Set ou Saturno. Representa o uso dos fluidos carregados por invocações e usos de formas de energia elevadiças. Isto cria uma porta através da qual comunicação e contato com seres de rincões mais elevados da árvore evolutiva é possível.

         O Veneno é simbolizado por Escorpião, a força da serpente, que é formado com o uso de evocações e fluxos de forças telúricas. Abre uma porta com os mundos dos Qlipphoth e forças dos elementais e atavismos dos rincões mais baixos dos ciclos evolutivos.

         Aquário representa os puros Kalas invocados e despertos nos períodos da Lua Brilhante, então produzidos são representados pelo signo de Aquário e as duas ondas, que sugerem os Kalas masculinos e femininos.

         Escorpião representa os Kalas negros evocados nos ciclos lunares escuros, então produzidos são representados por Escorpião, que simboliza a semente misturada. Estes podem ser produzidos pela combinação de qualquer sexo.

         A Magia polarizada marca o ciclo de luz, a apolar, o escuro, obviamente, as formas mais altas de trabalhos de Aquário devem ser heterossexuais, enquanto que as mais obscuras dos trabalhos de Escorpião, homossexuais. O arcano mais antigo dos mistérios afirma que tanto Aquário e Escorpião são formas da letra caldeu primitiva M e seus derivados mais recentes no Egípcio, Grego e Hebraico.

         A letra M representa as águas da vida e em sânscrito era conhecida como Emkara, que como uma letra simboliza o ciclo completo de manifestação, sustentação e dissolução.


I.’. A.’. O.’.  como uma Fórmula dos Kalas 


         A fórmula IAO tão familiar para muitos estudantes de magia, tem também uma relevância especial em relação à natureza dos Kalas e insinua a divisão trina das formas de Kalas.

         I ou Yod é o Eremita do Tarot, sua é a semente solitária e é portanto atribuído a Virgem.

         A ou Apophis é a serpente ou Escorpião. Representa o grande ato sexual que, por desejo, é transformado na magia da luxúria.

         O ou Capricórnio é o poder de Ayin ou olho. É o último ciclo pelo qual a luxúria desperta os Kalas e cria o Veneno ou o Néctar.

         Escondidos dentro desta fórmula estão também os três estágios da Magia Sexual, mais uma vez estes foram esquematizados sob a guisa do Shaktismo e são portanto orientados para a Sacerdotisa, mas eles se aplicam igualmente a ambos os sexos. I como a Virgem, A como a prostituta enquanto O é a Deusa desperta. Crowley circundava esta fórmula adicionando a ela um F em cada ponta, para significar a letra grega Diggama, denotando o fato de que o sucesso nesta prática esotérica é apenas possível se começar e terminar com o Eu Verdadeiro (Tipheret). Isto também sugere que a natureza do Novo Aeon de Escorpião-Aquário liga Hórus e Set.  


As Três Classes de Kalas


         Em ensinamentos antigos a respeito dos Kalas encontramos uma distinção de três tipos. Isso reflete, em alguma extensão, a fórmula IAO em ação, apenas que na atribuição dos três graus do Livro da Lei, o Ermitão é visto como o andrógino ou Baphomet e portanto deve ser diferenciado do Eremita de Yod, a semente solitária.

         “Quem nos chamar de Thelemitas não estará errado, se ele olhar a palavra bem de perto. Pois ali há três graus : O Ermitão e o Amante e o Homem da Terra…” Livro da Lei, I:40

         O número deste verso é 40 e relaciona-se a Mem (Escorpião-Aquário), o número do sangue e das secreções e portanto é a chave para seu entendimento. Os Kalas estão divididos em três grupos de cinco e são classificados como segue.


Tamas

Símbolo Alquímico : Sal

         O Homem da Terra representa a Lava Negra dos Qlipphoth, as emanações da serpente ou Veneno que é produzido sob a influência de Sol. Na fórmula IAO é o I, não como o início do processo mas como uma primeira manifestação do resultado.


Rajas

Símbolo Alquímico : Enxofre

         O Amante representa o Pó Vermelho ou fogo do vermelho-rubro. São as secreções Kalas que estão entre as secreções dos Qlipphoth e do Néctar.

É atribuído ao A dentro do simbolismo de resultados, Apophis como Fogo.


Sattva

Símbolo Alquímico : Mercúrio

         O Eremita como Andrógino representa o puro vinho da Lua. A força de calmo e frio Néctar, portanto é atribuída ao Eremita Andrógino e ao O como Capricórnio.

         Estas três classes podem se aplicar para combinações de secreções masculinas e/ou femininas. As cores são simbólicas e na verdade representam as cores dos chakras dentro do processo e, secundariamente, segmentos do ciclo lunar. Este ciclo lunar como atribuído à fêmea forma parte de um ciclo maior de quinze que atinge seu clímax no décimo sexto, o verdadeiro poder do intercurso como visto em Tamas. Os primeiros dias menstruais são escuros e portanto são Tamas, o Rajas é o período de dois ou três dias depois e Sattva é o néctar emanado no final do ciclo de retorno, isto é, períodos Negro e Brilhante da Lua. Um reverso deste ciclo é a escura emanação lunar de Tamas, onde o vinho lunar é de uma natureza mais escura e representa o Graal da Escuridão.

         Juntas, estas três divisões formam o Tribundu ou semente tripla de Shanti, Shakti e Shambdu ou Paz, Poder e Plenitude.


Os Ensinamentos Esotéricos Kala-Chakra

         Estes são ensinamentos esotéricos a respeito dos chakras que devem ser considerados sob a luz de como entendemos os kalas e os ciclos lunares. Estas atribuições são baseadas no antigo arcano tântrico e portanto afastam muitos sistemas de atribuição modernos. O sistema é baseado na dualidade do Sol e da Lua, onde os planetas são atribuídos conforme esta dualidade. Portanto, as atribuições são as seguintes :


         “Pois ele é sempre um Sol, ela sempre uma Lua.”


                                      Livro da Lei


Ajna                     Mercúrio e Plutão                    Terceiro Olho e Cérebro

Visuddha             Júpiter e Saturno                     Língua e Garganta

Anahata               Lua                                         Coração

Manipura             Sol                                          Plexo Solar

Svadhistana          Vênus e Urano                        Ânus e esfíncter

Muladhara            Marte e Netuno                       Kanda e órgãos sexuais


         Acompanhando a atribuição acima está a associação esotérica glandular. O primeiro planeta é Solar, o segundo, Lunar. Então encontramos Mercúrio dominado pelo Sol e controlando a fala, pensamento e genialidade, enquanto Plutão é dominado pela Lua e controla a escuridão, silêncio e máscaras. Desta maneira se vêem os outros planetas.

         Além disto, podemos querer os planetas avaliados nos ciclos Lunar e Sazonal, e portanto criamos uma ligação entre os Kalas, Chakras e Planetas. Plutão é misterioso como a Lua Nova, Marte é quente como o Verão, Vênus, a ‘estrela’ do novo amor é como o Outono, Júpiter é como o Inverno, Netuno é como a Lua Crescente, Urano como a Lua Cheia, Saturno como a Lua Minguante e por aí vai. Além da informação esotérica dada acima podemos também examinar os três sub-chakras no organismo masculino e feminino, sendo estes relacionados à fórmula IAO, após algum estudo e meditação em seu uso. Eles emanam do Muladahara chakra, têm localidades e cores atribuídas.


Macho


1. Lótus Anal                          Carmim; Marrom com reflexos dourados

2. Lótus da Próstata               Branco, Diamante.

3. Glande                       Púrpura, lilás e vermelho.


Fêmea


1. Lótus Anal                          Carmim; marrom c/ reflexos dourados

2. Entre a Uretra e o cérvix uterino              Laranja

3. Clitóris                                Verde


         Novamente, chegamos a um sistema de atribuição alternativo, sendo possível polarizar as Sephiroth nos chakras. Por exemplo, Binah e Chokmah podem trabalhar juntos no Ajna chakra, contudo, é igualmente possível criar uma correlação dos setes maiores e dos três sub-chakras com Malkuth, Yesod e Hod como os sub-chakras sexuais que se estendem do Muladhara  até Netzach, Tiphereth como o genital, Geburah como o plexo solar, Chesed como o Coração, Chokmah como a garganta, Binah como Ajna e Kether como o Sahasrara. Todas estas correspondências provêm algumas possibilidades interessantes, oferecendo uma avenida pronta para ser explorada pelo mago empreendedor.


Tabelas de Kalas

         Nas páginas seguintes estão as tabelas de Kalas, delineando os quinze kalas básicos e o décimo sexto como sua síntese. A natureza destes pode ser conhecida de maneira mais avançada notando-se que são 16 + 16 e portanto formam uma completa Árvore da Vida e têm correspondências cabalísticas. As associações tradicionais em textos tântricos hindus antigos incluem nome, o chakra que governa aquele kala, divisão tripla e Nuitya ou designação hindu.


OS KALAS


Nome                   Chakra               Astrologia           Nuitya

Máscara               Ajna                     Plutão                  Nilapataka 

Ocultador             Visuddha             Saturno                Vijaya

Frio                      Anahata               Lua                      Nuitya                          

Controlador          Svadhisthana        Urano                   Sarvamanga

Sedutora               Muladhara           Netuno                 Jvalamalini

Limpo                  Ajna                     Ar                        Bherunda

Molhado              Visuddha             Terra                    Nityaklinna

Misturado                   —                  Éter                      Citra

Vagina                 Svadhisthana        Água                    Vhagamalini

Voluptuoso          Muladhara           Fogo                    Kameshvari

Agitador               Ajna                     Mercúrio              Tvarita

Dador                   Visuddha             Júpiter                  Sivaduti

Brilho                            Manipura             Sol                       Kulasundari

Amante                Svadhisthana        Vênus                  Vajreshvari

Chama                 Muladhara           Marte                   Vahivasini


Tamas rege de Nilapakata a Nityaklinna

Sattvas rege de Citra a Sivaduti

Rajas rege de Kulasundari a Vahivasini


KALAS E OS ELEMENTOS DE TAROT


Nome                            Tarot                            Astrologia / Qabbalah

Máscara                         Nil                                          Kether / Chokmah

Ocultador                      Diabo/Estrela/                Capricórnio/Aquário

Universo   

Frio                               Sacerdotisa/Carro                    Câncer

Controlador                   Nil                                          Binah / Chesed

Sedutora                        Nil                                          Geburah / Tipheret

Limpo                           Louco                                               Nil

Molhado                        Nil                                          Yesod / Malkuth

Misturado                      Nil                                          Netzach / Hod

Vagina                           Enforcado                               Nil

Voluptuoso                    Aeon                                       Nil

Agitador                        Magus/Amantes/Ermitão         Gêmeos / Virgem

Dador                            Roda/Arte/Lua                        Sagitário / Peixes

Brilho                                     Sol / Luxúria/Emperatriz/                  Leão

                                               Hierofante

Amante                         Ajuste                                     Touro / Libra                          

Chama                           Torre/Morte/Emperatriz           Escorpião / Áries


Novamente, estas atribuições são feitas a partir dos planetas e seu governo astrológico, a partir destes um sistema de Tarot e Qabbalah pode ser desenvolvido. As modificações são deixadas para seu engenho pessoal.


Os Kalas e o Tarot

         Entendemos os kalas formando-se a partir do esotérico e microcósmico fluxo e refluxo do universo, mas nos diversos estudos dos Kalas nunca foi esquematizada uma possível relação entre os Kalas e o Tarot. Antes, fizemos um estudo da interpretação tântrica dos caminhos como secreções, agora, na tabela da página anterior você pode ver a correlação entre os Kalas, Caminhos e o Tarot.

         Esta é uma lista experimental e está baseada nas atribuições planetárias tradicionais para os Kalas e seu governo astrológico, não foi oferecida aqui como uma solução final mas como uma possível correlação para os Kalas e a Árvore que se encaixa na informação disponível. A informação a respeito das atribuições é especificamente baseada nos dados astrológicos encontrados no grimório conhecido como Grimório Vinte e Sete.

         As primeiras coisas que podemos fazer com este sistema de atribuição é entender a natureza do sistema. Embora haja 32 potenciais dentro do sistema (os Kalas de ambos os sexos), suas naturezas também estão refletidas em cada organismo, sendo que cada série de 16 contém a chave para a informação de 32. Esquematiza-se isto da seguinte maneira.

         As cinco atribuições acima são Plutão, Netuno, Urano, Terra e Éter são as chaves para os arcanos e para as sefiras, cada uma regendo duas seções, isto é, Plutão rege Kether e Chokmah, Netuno rege Binah e Chesed, Urano, Geburah e Tipheret, Éter, Netzach e Hod, e Terra, Yesod e Malkuth. Cada uma cobre as possibilidades destas Sephiroth e arcanos menores nos quatro mundos (Paus, Espada, Ouros e Copas). Estas foram colocadas em conjunto com outras atribuições como códigos para manter estas revelações longe dos destreinados. Os naipes são atribuídos como Reis-Plutão, Rainhas-Netuno, Valetes-Urano e Terra-Cavaleiros (ou Princesas). O Éter não é atribuído a naipes.

         Utilizando-se de tal sistema de atribuição temos 10 kalas sobrando, sendo estes atribuídos como acima, os Kalas elementais governam as atribuições elementais : Ar-Louco, Água-Enforcado, Fogo-Aeon, os sete restantes provêm a chave para atribuirmos o resto do Tarot. Os sete planetas são atribuídos aos arcanos restantes, bem como a regência astrológica às 12 chaves do Tarot. Portanto, o sistema de atribuição é este esquematizado. A regência pode ser decifrada por um conhecimento elementar dos planetas e dos signos do  zodíaco que eles regem, disponíveis em qualquer texto básico de astrologia.


Ciclos dos Kalas

         Ao trazer estas atribuições em perspectiva, vamos examinar as ligações entre os Kalas e o Universo, nossos corpos e os Sistemas Estelares.

         Se aceitamos que Sirius é o nosso sol secreto, então devemos basear nosso entendimento no padrão de Sirius de sessenta batidas por minuto. Isto também pode ser aplicado nos ciclos respiratórios de acordo com a compreensão de que uma respiração completa deve levar quatro segundos (inalação e exalação). Num período de vinte minutos deveria haver 360 respirações, em vinte e quatro horas, 21.600 respirações. Se ligarmos isto com os 360 graus do zodíaco, encontramos 1.800 respirações para cada constelação e sessenta para cada grau para cada minuto. Resulta disto que quinze respirações, que se relacionam com os quinze kalas ou ciclos iguais a um grau do zodíaco. Encontramos então uma relação direta entre o homem e o Universo.

A Magia Sexual restaura no humano o ritmo da natureza e o movimento do universo, restaura seu corpo e sua mente para seus lugares corretos como veículos da manifestação do Eu e transmissores de Ojas de dimensões externas e internas. A Magia Sexual traz para o Mago a realização que ele ou ela é a ligação entre os Universos objetivo e subjetivo e que o Humano Superior não apenas forma um novo estágio na evolução humana, mas uma compreensão totalmente nova da vida. Este despertar era conhecido pelos antigos como “A Visão do Deus Pan”…

O ALFAÍSMO

Alfa forma o primeiro grau da tradição tântrica do Santuário, sendo baseado no uso da masturbação para atingir uma ampla variedade de resultados. Para ser plenamente bem sucedido nesta série de técnicas, várias considerações devem ser trazidas à tona.

         Primeiro, em qualquer ato de Magia Masturbatória o orgasmo deve ser forte e portanto, se possível, prolongado.

         A ejaculação não é sinal de orgasmo forte, o estímulo deve ser prolongado através de através de uma masturbação contínua e controlada até que um estado semi-extático seja alcançado. Então o orgasmo pode ser usado para propelir a imagem concentrada no inconsciente.

         Segundo, em qualquer ato de Magia Alfa a concentração é de importância suprema. Uma imagem a ser usada em qualquer trabalho Alfa deve ser claramente visualizada na tela mental e fixada numa visão clara durante o orgasmo. Isto é imperativo para que se propague a imagem para as profundezas do inconsciente e irá requerer alguma prática.

         Terceiro, em qualquer ato de Magia Alfa o ato deve ser esquecido após completado. Isto parece incomum mas é importante pois permite à imagem aprofundar-se no inconsciente e alcançar sua programação. Apenas permitindo o sigilo do rito afundar lentamente nas profundezas pode o ritual funcionar, qualquer pensamento consciente sobre sua natureza irá claramente impedir o processo.

         O último estágio do processo é ilustrado num antigo conto alquímico onde, no estágio final de um processo alquímico maior, o mago disse a seu aprendiz “Não pense em Verde” e é claro, tudo que ele pensou foi verde e o experimento falhou. A chave aqui, mais uma vez, é permitir ao símbolo incubar-se no inconsciente e atingir sua tarefa sem interferência consciente.


Preliminares do Trabalho Alfa

         Antes de embarcarmos no verdadeiro caminho da Magia Alfa sugerimos que o mago passe por exercícios preliminares para alcançar o sucesso nos trabalhos básicos da Magia Sexual Alfa.

         Os primeiros trabalhos devem ser para prolongar e aumentar a potência do orgasmo, isto deve ser praticado até que um forte estado de frenesi orgásmico possa ser induzido. Em muitos casos o celibato, por um curto período de tempo anterior ao trabalho, aumentará o potencial orgásmico.

         Os trabalhos seguintes devem ser baseados na fixação de uma imagem na mente durante o procedimento Alfa. Isto será dificultoso para muitos porque a mente pode tender a relacionar imagens de cunho sexual. A resposta aqui é praticar a manipulação associada com um símbolo não sexual para que o corpo acostume-se a trabalhar por si só. Também é possível combinar imagens sexuais com o procedimento, concentrando na imagem apenas no momento do orgasmo. Esta técnica tende a baixar o poder do rito, mas é um ótimo ponto de partida dentro das práticas Alfa. 

         Após estas duas técnicas serem dominadas, o mago deve praticá-las em conjunto usando símbolos Geométricos e Cabalísticos básicos. Após certa medida de sucesso tenha sido conseguida, você então pode proceder com técnicas posteriores.


Procedimentos Alfa para Viagem Espiritual

         Este procedimento pode ser usado com qualquer sigilo ou símbolo representando um dado Cminho, Kala, Sephiroth ou algo fora dos limites normais de consciência. O primeiro passo é tornar-se totalmente familiarizado com o símbolo : examine sua forma, tamanho, cor, todos os detalhes, visualizando-o cada vez mais claro na tela mental até que você possa vê-lo com precisão sem qualquer estímulo externo. Quando isto for atingido, você pode se preparar para o trabalho : queime um incenso apropriado, faça algum tipo de banimento e entre num estado de profundo relaxamento, traga a imagem para a mente e fixe-a claramente. Comece a masturbação, vagarosamente dirigindo-se a um estado de estímulo. Assegure-se que a imagem ainda esteja mantida claramente em foco enquanto você aumenta o estímulo, leve-o a um pico. No orgasmo você se vê atravessando o símbolo como um portal e inicia a exploração da realidade alternativa.

         Um vasta amplitude de símbolos podem ser usados neste processo incluindo : Tattwas, símbolos do I Ching, glifos astrológicos e elementais e por aí vai, até mesmo formas Geomânticas podem ser exploradas desta maneira.


Consagração Usando Técnicas Alfa

         A consagração utilizando procedimentos Alfa é uma das mais poderosas. Pode ser usada com grande sucesso para carregar Talismãs, Sigilos e imagens. Novamente, nesta forma de trabalho, a imagem concentrada do sigilo usado, fixa na tela mental, é de longe o componente mais importante do processo. O primeiro estágio do procedimento da consagração Alfa é preparar seu espaço ritualístico de acordo com os procedimentos mágikos normais, isto é, banimentos, etc. entrando num estado de relaxação e tal. O mago deve então meditar no símbolo que irá ser usado na consagração, já purificado ritualísticamente.

Se o item é uma ferramenta ritual, a meditação deve estar em seu papel e correspondência ocultos. Se for uma imagem talismânica, a meditação deve estar na sua ação ou seu simbolismo, dependendo do resultado desejado. Conforme começa a masturbação, o mago deve sentir a energia movendo-se pelos chakras a partir do Sahasrara, sendo que a cada chakra deve-se visualizar a imagem sendo usada com a cor de fundo correspondente ao chakra que se está trabalhando. Alacançando-se o chakra básico, uma sensação de orgasmo por todo o corpo deve ser sentida até que um clímax seja conseguido e a imagem é sentida emanando para o item a ser consagrado através das secreções (deve-se ejacular ou verter a ejaculação sobre o objeto sendo consagrado).

Um rito completo para este propósito é conhecido como “Criação de Vórtice pelo Alfaísmo” e está esquematizado no final deste capítulo.


Controle Onírico através do Alfaísmo

         O estado de sonho é um continuum complexo da consciência que, na realidade, cobre uma amplitude de estados desde o Sushupti ou livre pensamento até aquele estado que reflete as atividades do corpo, conhecido como Jugrat. Swapna ou consciência onírica é um estado fronteiriço entre as possibilidades astrais e mentais. Este estado varia durante todo o período do sono, em algum estágio irá refletir as ocorrências do passadoe portanto reside em reinos mentais, enquanto que em outros períodos, a consciência vagará pelos reinos astrais, entrando em estados além das limitações mentais. Nas técnicas de Controle Onírico o mago aprende a dominar esta vibração no padrão do sono através das técnicas Alfa e usa a flutuação astral-mental para “Sonhar de Verdade” e influenciar sua experiência da realidade.

O conceito de sonhar de verdade é encontrado em muitos dos grandes sistemas de magia moderna. Nos trabalhos de Dion Fortune, particularmente suas novelas, encontramos um sistema de sonho diurno controlado que influencia a experiência da realidade e a busca iniciática.

Nos trabalhos de Austin Osman Spare, também encontramos um sistema de controle onírico, baseado no uso de sigilos e letras.

         No sistema tântrico de Controle Onírico usamos o período de transição entre a vigília e o sono e as técnicas Alfa para disparar um estado onde o mago pode moldar o sonho que ele experiencia e efetuar sua experiência de realidade via reprogramação da consciência. Esta técnica tende a ser mais efetiva do que “Sonho Criativo” de Dion Fortune, por permitir a influência do mago a trabalhar mais profundamente dentro dos reinos do inconsciente.

         A técnica de Controle Onírico é bem simples. Logo antes do sono, relaxe profundamente e permita-se cair num estado ‘fronteiriço’ de consciência (entre o sono inconsciente e a vigília). Neste estágio, masturbe-se até que um estado de excitação seja alcançado mas deixe-o amainar. Não atinja o orgasmo ou ejacule.

         Repita isto um número de vezes até que um estado fronteiriço de sono-excitação seja alcançado, então permita-se cair no sono. Neste estágio duas coisas podem acontecer : a primeira é que você pode entrar num estado de sono profundo e neste estado experimentará sonhos vívidos, a segunda é que você pode imediatamente começar a experimentar um estado de sonho vívido. Em qualquer destas ocorrências você deverá começar o segundo estágio da técnica de Controle Onírico.

         O segundo estágio desta técnica levará pouco tempo para se dominar e envolve um certo ‘truque’. O mago deve ver-se no sonho e influenciar o modo como ocorre o sonho. Primeiro, o mago deve simplesmente explorar a experiência, mais tarde ele deve começar de verdade a modificar o que está ocorrendo. Após você começar a influenciar o sonho, você pode entrar neste estado com algum elemento de programação. Isto pode ser alcançado, durante o estado fronteiriço, pelo mago fixando em sua mente um símbolo ou cântico silencioso de um mantra baseado no que ele deseja experienciar ou aprender. Permitindo estes programas afundarem no inconsciente ou entrar no estado de sonho é possível condicionar o ambiente resultante do sonho. 

         Conforme sua eficiência nestes procedimentos aumentar você se achará apto a realizar trabalhos no estado de sonho. Usando sigilos e mantras você pode criar o sonho desejado e tomar uma variedade de atividades rituais em muitos níveis diferentes. Você pode até mesmo não se lembrar da experiência, mas simplesmente acordar com a sensação de que algum resultado foi ganho.

         Esta faceta do trabalho Alfa é muito importante e pode tomar muitos meses de prática antes de dominá-la.


Sigilização

         “No geral parece que a maioria dos mantras são compostos de uma série de sílabas que perderam seu significado etimológico ou que nunca tiveram significado etimológico. Vasubandha diz em seu Bodhisattvabhumi que esta absoluta falta de significado é a real significância dos mantras. Um Sadhaka medita nestes mantras como algo absolutamente sem significado esta meditação constante irá gradualmente levá-lo a um estado mental onde lhe será muito fácil meditar sobre a natureza final dos Dharmas como absolutamente sem significado. Esta falta de significado é a natureza vazia dos Dharmas e portanto a meditação dos mantras gradualmente levará um Sadhaka a perceber a natureza vazia dos Dharmas.” Introduction to Tantric Buddhism (Introdução ao Budismo Tântrico), S.B. Dasgupta

         No exerto acima vemos a natureza dos Mantras de uma perspectiva esotérica. Em sua essência, todas as coisas são vazias, então um mantra é uma frase sem sentido que é constantemente repetida. Isto afunda no inconsciente que, esperando apenas informação com significado, explora a frase ou palavra procurando algum sentido. O resultado final é a percepção de que não há significado algum, a não ser no estado de Ain ou Vazio.

         Quando trabalhando com técnicas práticas de sigilização isto deve ser mantido na mente, pois é a chave do sucesso do trabalho com sigilos. Se uma quantidade de informação com sentido é reduzida a combinações de letras sem significado, isto enganará o “Censor” da mente consciente mais baixa  e adentrar o inconsciente e alcançar seu desejo sem ser molestada. O Censor é o aspecto da mente consciente que reduz toda informação para aspectos adequados ao preenchimento, e também, por causa de sua natureza, remove o significado programado de uma informação e arquiva apenas facetas inatas. Portanto, apenas (aparentemente) um mantra ou sigilo sem significado pode transmitir às regiões mais profundas do inconsciente um programa com sucesso. 

         “A mente subconsciente é o depósito de todas imagens, todas idéias, todos conceitos. A comunicação com ela só é possível através de símbolos, e para fazê-los trafegar, uma linguagem simbólica é necessária.

         Os únicos símbolos efetivamente mágikos são aqueles carregados com a vitalidade peculiar do subconsciente. Sendo assim, o desejo deve ser formulado em termos simbólicos e projetado no submundo, também deve desviar-se do censor endopsíquico. Um desejo conscientemente formulado alcança sua satisfação gradualmente e é normalmente realizado quando o desejo cessou. Este tipo deve ser evitado como uma dissipação de tempo e energia, sendo que evidentemente não é uma perte essencial da Vontade Verdadeira ou ‘sonho inerente’.” Aleister Crowley e o Deus Oculto, Kenneth Grant, Muller, 1978

         É importante enfatizar o uso dos mantras sem qualquer significado, inato ou óbvio, para induzir estados de êxtase e experimentação do Vazio. É igualmente importante perceber que se um mantra tem um significado inato por trás da aparente falta de sentido, então uma programação do subconsciente pode ocorrer e desejos podem se manifestar alinhados com a Vontade Verdadeira (ao invés de estarem alinhados com os meandros da mente consciente).

         O procedimento para criar um sigilo para alcançar este propósito é simples e mesmo assim, trabalhoso. O primeiro estágio é escolher a frase específica do que você deseja atingir. Por exemplo, ‘Eu quero a força de um tigre’. Então você junta tudo numa só seqüência para formar, neste caso, EUQUEROAFORÇADEUMTIGRE. A partir daí, as letras que se repetem devem ser removidas, resultando em EUQROAFÇDMTIG. Então estas letras podem ser usadas para formar um sigilo.  

         O primeiro desenho pode resultar numa simples combinação de letras, enquanto que com mais refinação o resultado poderia ser um sigilo artístico que contenha a essência do sigilo sem a forma externa. Em seguida deve-se esquecer o significado do sigilo imediatamente após o procedimento ritual.

         O verdadeiro procedimento ritual para a Sigilização pode ser de duas formas, ativo ou passivo.


         A Forma Ativa é o uso do procedimento de consagração normal. 

         A Forma Passiva é a da Magia de Controle Onírico.


         Em ambos procedimentos é imperativo deixar o sigilo no incosciente e fazer algum trabalho oculto posterior, esquecendo de seu desejo e deixando o programa fazer o seu trabalho. Será muito interessante se antes de colocar o sigilo em ação se fizer uma exploração de suas reações mentais ao sigilo e suas possibilidades através tanto do controle de sonhos ou viagem espiritual. Isto é algumas vezes uma experiência iluminadora e revela os motivos reais antes de que o tempo seja desperdiçado num desejo ou pedido inadequado.


Variações

         Há uma enorme amplitude de variações possíveis com estas técnicas Alfa, podendo ser exploradas pelo mago até que um espectro de técnicas particulares seja formado de acordo com as necessidades e habilidades pessoais. Algumas possibilidades interessantes são encontradas dentro do trabalho de Austin Osman Spare, embora seu sistema seja inteiramente pessoal e idiossincrático, uma de suas ofertas mais acessíveis é “Urn Magick” (Magia da Urna).

         A urna é usada para simbolizar o inconsciente e a similaridade entre esta e Urnas primitivas encontradas na África e no Egito que eram enterradas com os mortos não deve se perder. Estas urnas não eram simples presentes ao falecido mas símbolos do útero que incubava os desejos dos que haviam morrido.  

         A verdadeira técnica da Urna é baseada em fixar o desejo claro na mente enquanto se impregna o sigilo com as secreções e os sela numa urna simbolizando o útero do inconsciente. Então é enterrada para representar a sua descida para as profundezas da psique e todos os pensamentos do processo são enterrados com ele. O programa então atinge sua finalidade da mesma maneira que a Sigilização descrita antes, mas com a ajuda adicional do ritual que os antigos usavam para concentrar suas energias e que muitos magos ainda hoje acharão de grande valia.

         Outras variações incluem o uso do “sonhar de verdade” para curar e moldar a estrutura física do organismo. Em todos os aspectos de Magia Sexual é imperativo para o mago explorar as possibilidades disponíveis e se necessário, criar novas para si mesmo. 

         Como a Magia Sexual é a arte e a ciência do corpo e como o corpo varia infinitamente, tanto as técnicas quanto as possibilidades variam infinitamente na mesma proporção.


Conclusões

         Os procedimentos Alfa são baseados no fato de que o orgasmo pode ser usado como uma força impulsionadora para atingir uma variedade enorme de resultados. O corpo é usado como um mecanismo para criar um estado alterado pelo qual sigilos e símbolos são projetados nas profundezas do inconsciente. Evitar o censor através do uso de combinações incomuns e imagens sem sentido, sigilos e símbolos são semeados e crescem em direção aos resultados que desejamos.

         Os dois elementos aqui são a imaginação e o Orgasmo, ou nas imagens de Austin O. Spare, o Olho e a Mão. Sua interação cria a interação da Vontade e da Crença (paradigma) e através destes alinhamentos sagrados o processo da Magia Sexual é alcançado.

         Para terminar este capítulo oferecemos uma tradução da evocação usada por Austin Spare em seu Livro da Palavra Viva de Zos (Book of the Living Word of Zos), no qual ele delineia o processo da Sigilização. É dedicado a Rehctaw, a palavra ‘Watcher’ ao contrário, para sugerir a descida às regiões profundas do incosnciente … a jornada retroativa além da mente consciente.

         Em português, traduzimos ‘Watcher’ como Sentinela, e sua inversão como Alenitnes.


         “Ó poderosos Alenitnes !

         Tu que existe em tudo que é erógeno,

         Nós te evocamos !

         Pelo poder dos significados surgindo destas formas que eu faço

         Nós te evocamos !

         Pelos Talismãs que falam do motivo secreto do desejo

         Nós te evocamos !

         Pelos sacrifícios, abstinências e avaliações que fazemos

         Nós te evocamos !

         Pelos conceitos do sagrado intervalo

         Dê-nos a carne !

         Pela Quadriga Sexualis,

         De-nos desejo invariável !

         Pela conquista da fadiga,

         Pela mais sagrada palavra do Céu,

Dê-nos ressurgência eterna !

         Nós te invocamos !”


RITUAL DE VÓRTICE ALFA


Exigências : Sigilo do desejo, incenso solar, pequena chama.

Pré-Requisitos : Meditação sobre o objetivo do ritual, realizar um banimento de algum tipo e tomar um banho de purificação antes do rito.


O Rito

         O Alto(a) Sacerdote/isa entra no templo e realiza o Rubi Estrela ou alguma forma de banimento ritual (de preferência que não seja o Banimento Menor do Pentagrama da Golden Dawn ou porcaria equivalente) e sente-se dentro de um círculo de velas acesas.


         O sacerdote/isa encara o altar e afirma “Do what thou wilt shall be the whole of the Law”.


         Os magos respondem “Love is the Law. Love under Will.”


         O sacerdote/isa encara o altar e afirma “Quando todos os fantasmas tenham desaparecido, tu verás o fogo sem forma, aquele fogo que crepita e relampeja através das profundezas ocultas do Universo…Escuta tu a voz do Fogo.”

         Seguem-se então Invocações dos Quatro Elementos, acompanhadas pelo desenho do pentagrama invertido em cada quadrante…


ORO IBAH AOZPI


         Pelos nomes e letras do Grande Quadrângulo do Leste, eu vos invoco, espíritos da Torre de Vigília do Leste.


         MOR DIAL HECTEGA


         Pelos nomes e letras do Grande Quadrângulo do Norte, eu vos invoco, espíritos da Torre de Vigília do Norte.


         EMPEH ARSEL GAIOL

         Pelos nomes e letras do Grande Quadrângulo do Oeste, eu vos invoco, espíritos da Torre de Vigília do Oeste.


         OIP TEAA PIDOC

         Pelos nomes e letras do Grande Quadrângulo do Sul, eu vos invoco, espíritos da Torre de Vigília do Sul.

         O Alto(a) Sacerdote/isa retorna para o centro e encarando o altar, invoca os quatro nomes da Tábua da União :


         EXARP, BITOM, NANTA, HCOMA

         Pelos nomes e letras da Tábua da União, eu vos invoco, forças do fluxo e refluxo da vida e da morte.

         Segue-se então uma invocação de Hadit, que deve ser entendida como a essência de cada indivíduo …


         “Sagrado És Tu, Senhor do Universo.

         Sagrado És Tu, Não formado pela Natureza.

         Sagrado És Tu, Vasto e Poderoso.

         Sagrado És Tu, Senhor da Luz e das Trevas.”


         Segue-se uma benção quíntupla. O sacerdote/isa beija e então unge os cinco pontos dos Pés, Joelhos, Genitais, Peito e o Terceiro Olho de cada mago, dando um explicação de cada ponto como relacionado à Grande Obra.


         Pés – O Caminho Espiritual

         Joelhos – Devoção à Vontade Verdadeira

         Genitais -Uso correto dos instintos

         Peito(Coração) – Autoconhecimento Espiritual

         Terceiro Olho – Sabedoria Espiritual


         Após isto se completar, um mago escolhido dá o beijo quíntuplo no sacerdote/isa sem a explicação e lê o epílogo do Prólogo do Não-Nascido (Liber Liberi vel Lapidid Lazvli, Sub Figura VII)


         “À minha solidão vem


O som duma flauta em bosquedos sombrios que assobram os maiores morros.


         Mesmo do rio bravio eles ensinam o limite da selvageria


                                                          e eu contemplo Pan.


         As neves são eternas acima, acima –

         E seus perfumes sobem até as narinas das estrelas.

         Mas o que tenho eu a ver com isso ?

         Para mim na flauta distante, a visão estarrecedora de Pan.

         Em todos os lados Pan para o olho, para o ouvido…


O perfume de Pan permeando, o seu sabor preenchendo


[ absolutamente minha boca, fazendo a língua deslanchar numa [ fala bizarra e monstruosa.


         O abraço dele intneso em cada centro de dor e prazer.

         O sexto sentido interior incendeia-se com o Eu mais interno dele.

         Eu mesmo jogado no precipício do ser.

         Mesmo ao abismo, aniquilação,

         Um fim à solidão, bem como a tudo.


         PAN ! PAN !

         IO PAN ! IO PAN !


         Conforme começar a última frase da invocação, os magos e o sacerdote/isa cantam IO PAN num cântico contínuo, cada um começando uma dança espiral no sentido antihorário, girando cada vez mais rápido com o canto aumentando e diminuindo, cada um com sua mente focalizada na imagem talismânica sendo usada, os olhos fechados até que cheguem a um frenesi rodopiante e caiam ao chão.


         Todos se recuperam, o trabalho Alfa começa.      


         Conforme ele começa, o sacerdote/isa faz a primeira invocação, sendo seguido pelos magos, repetindo-se o processo a cada linha.


         “Luxúria da minha alma, luxúria do meu anjo.

         Ó Meu anjo

         Verta-te em minha alma.

         O olho, Daiomonos Folianates, meu Senhor,

         A luxúria do Bode,

         Meu Anjo, meu iniciador.”


         Conforme o trabalho se desenvolve, a segunda invocação é realizada pelo mesmo processo :


         “Tu Bode exaltado sobre a Terra em luxúria

         Tu Serpente exaltada sobre a Terra em Vida

         Erga tu em mim, fluindo livremente

         Salte, tu me devoras.

         (Repita um número de vezes.)

         Tu me devora

         Salta

         Tu me devoras….”


         No clímax, a imagem do que se quer deve ser firmemente projetada nos fluidos da ejaculação em cima do Talismã com a seguinte invocação, cada mago repetindo ao atingir o próprio clímax.


         Tu me exaltastes   

         Salta ! Isto ! Salta !

         Vê, o estouro das sementes da imortalidade.


         Os magos e o sacerdote/isa devem dar-se as mãos num círculo, o Talismã deve então ser visualizado crescendo e espargindo-se pelos reinos astrais. É então queimado na chama, sendo sua tarefa visualizada como completada.

         Após ser fachado o círculo, o rito deve ser esquecido e o Talismã é deixado a realizar seu propósito.


Notas

         Enquanto o Talismã estiver queimando, é uma boa idéia visualizá-lo como uma força viva e conforme ele queima todos movem suas mãos e em conjunto com sua respiração, cantam “ele cresce, ele respira”.

         Também é possível usar um talismã de metal ou madeira e dá-lo à pessoa envolvida, se a pessoa é o objetivo do ritual. Contudo, isto tende a reduzir o efeito do rito pois o talismã astral tende a manifestar-se melhor sem a necessidade de um ponto de foco físico.

         O uso de percussão, música e o cântico IO PAN podem aumentar em muito o efeito do ritual.

         O termo Alto Sacerdote refere-se a ambos os sexos.