sexta-feira, 1 de julho de 2022

Neuropsicologia

A neuropsicologia é uma interface ou aplicação da psicologia e da neurologia, que estuda as relações entre o cérebro e o comportamento humano. Sua principal área de atuação é na compreensão de como lesões, malformações, alterações genéticas ou qualquer agravo que afete o sistema nervoso causam déficits (alterações) em diversas áreas do comportamento e da cognição humana. Em outras palavras, a neuropsicologia atua mais frequentemente no estudo das funções mentais superiores, sem deixar de estudar áreas como sexualidade, emoção e agressividade, que tradicionalmente são investigadas por abordagens fisiológicas e biológicas (neurobiologia, neurofisiologia, psicofisiologia, psicobiologia). Desse modo a neuropsicologia compõe fortemente o campo das neurociências, com ênfase na neurociência cognitiva. Atribui-se tanto ao psicólogo Donald Olding Hebb (1904-1985) como ao médico William Osler (1849-1919) a proposição do termo neuropsicologia.

Como área de interface, sua história confunde-se com a história da psicologia e a da medicina. Já eram conhecidos desde a antiguidade que pessoas que sofriam traumatismos cranianos e, muitas vezes, passavam a ter alterações em suas funções mentais, tais como a linguagem, o pensamento e a memória, chegando mesmo a provocar alterações profundas e duradouras no seu comportamento (alterações de personalidade). Há indícios de sobrevivência após trepanação em crânios encontrados desde a pré história em regiões das antigas civilizações. O papiro de Edwin Smith, que descrevem conhecimentos e procedimentos médicos do Antigo Egito (3000 AEC) e atribuídos a Imhotep, arquiteto, alto sacerdote e médico do antigo Egito, retratando alterações comportamentais e cognitivas em pacientes com traumatismos cranianos e outras patologias do sistema nervoso.

Outros povos da idade antiga também possuíam conhecimento de que havia uma relação entre o corpo e o comportamento, embora houvesse divergência de qual órgão seria a sede da alma. Os hebreus, por exemplo, defendiam a hipótese cardíaca, de que a alma residiria no coração. Aristóteles, entre os gregos, era também partidário desta tese, e caberia ao cérebro a função de refrigerar o sangue. Entretanto, já havia os que postulavam que o cérebro seria a sede do pensamento. Alcmeão de Crotona, em 500 AEC, defendeu uma relação importante entre o cérebro e os processos mentais. Cláudio Galeno, médico de centuriões, ao estudar os ferimentos de batalha identificou que lesões no crânio eram capazes de provocar danos de comportamento, linguagem, memória e na inteligência. A Igreja Católica, na idade média, aceitava a tese de que o cérebro pudesse ser a sede da alma, e destinava aos ventrículos cerebrais a nobre função de abrigar o espírito.

Estudos mais recentes, de Franz Gall e Paul Broca, no século XIX AEC, associavam regiões do cérebro como responsáveis por determinadas funções mentais; havendo algum dano, haveria algum tipo de sintomatologia. Um caso histórico emblemático das relações entre lesão cerebral e a alteração das funções cognitivas foi o de Phineas P. Gage. Aos 25 anos de idade, era funcionário de construção de ferrovias da Rutland & Burlington. Um acidente com explosivos, que tinha tudo para tê-lo matado, lançou uma barra de ferro que atravessou seu crânio na região frontal, deixando-o cego do olho esquerdo, mas vivo. Sempre dedicado, bom trabalhador e capaz, Gage teve severas alterações de comportamento após este acidente. Tornou-se displicente, arruaceiro e briguento, passando a ter um comportamento totalmente diferente. A literatura sugere que ele passou a ter estas alterações duradouras em seu comportamento devido às lesões, que alteraram o funcionamento do seu cérebro. O caso de Gage é emblemático na neuropsicologia, pois mostra as relações entre lesão cerebral e as funções cognitivas e motoras. A mudança do comportamento de Gage é atribuído à extensa lesão no lobo frontal, uma das regiões que regulam o controle dos impulsos. Lesões nesta área podem levar a um comportamento egoísta e anti-social.


O cérebro e a localização das funções mentais

No processo de desvendamento do cérebro, houve várias teorias sobre como ele deveria funcionar. Muitas destas teorias eram concorrentes. Dentre elas, ocupa destaque na história da neuropsicologia a disputa entre o localizacionismo versus o holismo ou globalismo.

Os globalistas defendiam que as funções mentais estariam distribuídas na massa encefálica, sem estar situada especificamente numa ou noutra região. Elas seriam o resultado do funcionamento do cérebro como um todo. Alguns dados de pesquisa apoiavam esta tese, visto que a remoção de grande massa encefálica causava mais prejuízo nas funções mentais, enquanto que a remoção de massas menores, causaria danos menores ou parcialmente identificáveis. Por sua vez, os localizacionistas apostavam que as funções mentais seriam o resultado do trabalho de neurônios localizados em áreas específicas do cérebro; lesões nestas áreas causariam dano em habilidades específicas. Os trabalhos de Paul Broca (1824-1880) identificaram uma área específica do cérebro que processa a capacidade de comunicação verbal, que em sua homenagem foi chamada de área de Broca. Atualmente, está prevalecendo a tese de que o cérebro possui áreas especializadas, embora estudos mais recentes apontem que uma delimitação absoluta de regiões cerebrais seja uma utopia.

A neuropsicologia se embasa no conhecimento do funcionamento das diferentes áreas cerebrais, buscando correlacionar na medida do possível a função à região. Essa associação permite ao profissional compreender, por exemplo, qual pode ser a extensão da lesão e, ao analisar uma tomografia, estimar quais funções executivas podem estar sendo prejudicadas.


Avaliação neuropsicológica

A avaliação neuropsicológica consiste na utilização de exame clínico, aliado a outras ferramentas diagnósticas (exames de neuroimagem, tais como tomografia computadorizada, ressonância magnética, SPECT (sigla para do inglês Single Photon Emission Computed Tomography, em português do Brasil: tomografia computadorizada por emissão de fóton único), observação do comportamento, relatos da família do paciente e a instrumentos psicológicos, como inventários e outros testes. É um processo complexo, que precisa ser conduzido caso a caso, escolhendo as técnicas mais adequadas à situação real apresentada. A avaliação neuropsicológica é o primeiro passo para a futura reabilitação neurológica, pois irá identificar as áreas cognitivas com maior dano e, a partir disso, será elaborado o plano de tratamento.

Como em qualquer passo de avaliação, é fundamental que o profissional conheça aspectos relevantes da vida do paciente, pregressa ao aparecimento dos sintomas, bem como os dados que fundamentem a formulação de hipóteses de trabalho para, em seguida, selecionar as estratégias adequadas para a avaliação. Usualmente são avaliadas as funções de percepção, armazenamento da informação (memória), pensamento (cognição propriamente dita) e execução (funções executivas).

Essencialmente, a avaliação psicológica não difere dos métodos desenvolvidos pela psicometria desde as origens da psicologia ou psicologia cognitiva a não ser quanto a especificidade de seu objeto (as funções executivas), e por estabelecer conexões entre as funções avaliadas e a neurofisiologia. A proposição é, portanto, avaliar, identificar e detectar a integridade das funções mentais superiores: atenção, consciência, memória, linguagem e inteligência (principalmente através do exame de processos lógicos e linguagem). No passado, havia um forte esforço para tentar associar, pela avaliação neuropsicológica, um determinado déficit com uma área encefálica lesionada, mas atualmente esta busca está em segundo plano, sendo prioridade a avaliação das funções propriamente ditas (mesmo a questão da localização cerebral de forma fixa está sendo questionada por Miguel Nicolelis e outros neurocientistas, como apontado acima).


Reabilitação neuropsicológica

O processo de reabilitação após a ocorrência de perda ou prejuízo nas funções cognitivas é fundamental, e é orientado pelos resultados derivados da avaliação neuropsicológica. Foi após a II Guerra Mundial que o campo da reabilitação neuropsicológica passou a ser reconhecido, haja vista o elevado número de soldados que tiveram lesão cerebral[9]. A reabilitação pode ocorrer visando as diversas funções executivas lesadas, através do uso de exercícios como palavras cruzadas, desenhos, jogos de memória e outros. Pode-se dizer que a reabilitação é um processo multidisciplinar, envolvendo vários profissionais tais como psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e fisioterapeutas, além do médico.

A reabilitação é possível graças a um fenômeno chamado de plasticidade cerebral. O cérebro possui uma capacidade de se autoregenerar, embora em escala modesta. Até o início do século XIX, a maioria dos pesquisadores não acreditavam na possibilidade de regeneração do tecido nervoso, especialmente no encéfalo; isto ocorria porque não havia sido identificado nenhum fenômeno de mitose no tecido cerebral, e por causa da citoarquitetura dos axônios, ligando-se de forma estável em rede com outros neurônios. Atualmente, já se identificam estruturas encefálicas como o hipocampo e giro denteado relacionadas com a neurogênese. Da mesma forma, condições que afetam o hipocampo, como por exemplo transtornos afetivos (depressão, transtorno afetivo bipolar e outros) e o transtorno de estresse pós-traumático, parecem prejudicar a capacidade de produção de novos neurônios.

Após uma lesão cerebral (por exemplo, acidente vascular cerebral - AVC), existe a formação de neurônios que migram para a área lesionada, recuperando parte dos neurônios que morreram. Além da formação de novos neurônios, existe a constante remodelagem da ligação dos axônios: o processo de aprendizagem e as experiências contínuas às quais os organismos estão expostos produzem alterações na quantidade e direção das sinapses. Esta alteração permite aquilo que chamamos de aprendizagem, pois oportuniza uma comunicação diferenciada entre os neurônios, gerando assim mais canais de comunicação.

O processo de reabilitação neuropsicológica envolve estratégias múltiplas, visando facilitar a neurogênese e a reogranização sináptica entre os neurônios. Na perspectiva da reabilitação neuropsicológica, uma lesão cerebral, além das consequências do tipo cognitiva pode resultar em alterações comportamentais, emocionais e psicossociais. Dieta adequada e exercícios físicos orientados, aliados a um uso das funções executivas (pensamento, memória, atenção, linguagem, etc.) facilitam a reorganização neuronal, recuperando parcial ou totalmente (dependendo da extensão da lesão) a função prejudicada. Da mesma forma, comportamentos que prejudicam o funcionamento do sistema nervoso, como uso abusivo de álcool e drogas, dificultam o processo de regeneração neuronal, e obviamente devem ser ativamente evitados no processo de reabilitação e posteriormente.

Observe-se que muitas vezes cabe ao psicólogo re-estruturar relações afetivo-familiares ou institucionais e reorganizar hábitos que se inserem nas demandas de sobrevivência do paciente (portador de sequelas, caracterizadas como processo degenerativo, deficiências ou necessidades especiais) que depende de seu cuidador.


Funções Executivas

Funções superiores ou executivas referem-se a um conjunto de funções mentais responsáveis pelo processamento humano da informação. Integradas, dão as condições de interpretação, comportamento, comunicação e relacionamento com si mesmo, o mundo e com as outras pessoas. Podem ser definidas como as habilidades de solução de problemas cotidianos, de forma geral. Prejuízos nestas funções geram alterações de comportamento.

A expressão "atividade nervosa superior" foi utilizada pelo fisiologista russo Ivan Pavlov, no começo do século XX, para designar o que ele designava como atividade psíquica entre funções do córtex compreendido como um conjunto de analisadores entre os quais os correspondentes à linguagem e atividade lógica racional na espécie humana. Com o avanço da Neurofisiologia aos pouco veio se descobrindo que muitas das funções requeridas para a atividade racional não dependiam exclusivamente desta região e sim da integração de áreas distintas ou do funcionamento do cérebro compreendido como um todo, não podendo, portanto limitar-se à ação específica e localizada de alguns conjuntos de células como por exemplo da retina e alguns neurônios do córtex visual próprios para percepção da luz. Contudo, pode ser mais apropriado o termo funções executivas do que função mental superior, pois esta última implicaria em contraponto com funções mentais inferiores.

A existência das funções superiores deve-se primordialmente à ocorrência dos neurônios de associação (também chamados de interneurônios ou neurônios internunciais). Estes neurônios de associação, juntamente com os neurônios sensitivos (que levam ao SNC os estímulos derivados do ambiente e/ou do próprio organismo) e os neurônios eferentes (responsáveis pelo envio, para músculos e órgãos, de sinais oriundos no SNC) compõem o conjunto de neurônios do sistema nervoso dos animais. São os neurônios de associação que permitem o processamento da informação, pois comunicam-se entre si e "decidem" a informação a ser enviada para outra região. Nos vertebrados, estes neurônios estão presentes principalmente no encéfalo.

Alexander Luria, um importante neurofisiologista da Universidade de Moscou que deu continuidade aos trabalhos de Pavlov à luz das novas descobertas da anatomia e neurofisiologia cerebral, identificou três sistemas ou unidades funcionais relacionados às funções executivas:


Unidade para regular o sono e vigília (funções básicas);

Unidade obter processar e armazenar informações (englobando funções como memória, pensamento e linguagem);

Unidade para programar, regular e verificar a atividade mental (esta última considerada metacognição).


Estes sistemas funcionam de maneira integrada, pois é a intercomunicação deste conjunto de funções (que incluem o coma, o sono e a consciência humana), tanto quanto às funções executivas, que permite que cérebro desempenhe adequadamente suas funções com o próprio organismo e com o exterior.

A execução das funções mentais depende da existência e funcionamento de determinadas regiões do cérebro. Por exemplo, a atenção e a memória estão vinculadas intimamente com o sistema reticular ativador e o hipocampo, sem mencionar a própria córtex frontal (relacionada com o controle dos impulsos e comportamento social), córtex sensorial e demais engines.

A inteligência é outro tópico discutido fartamente na literatura, embora careça de uma definição precisa. A relação entre características específicas da inteligência e pensamento se deve historicamente à frenologia de Franz Gall, revista por Paul Broca (que estabeleceu em 1861 uma relação entre a linguagem e uma área específica do cérebro, chamada de área de Broca).

A literatura aponta a existência de um fator "g" e "fatores" específicos ("engines") concebidos como módulos responsáveis por habilidades gerais de processamento de informação, tanto quanto sugere a existência de inteligências múltiplas.


Lateralização dos hemisférios cerebrais

Segundo Lent, uma grande explosão de conhecimento sobre a especialização dos hemisférios surgiu a partir da década de 60, com pesquisas que conduziram o psicólogo americano Roger Sperry a merecer o Prêmio Nobel de medicina e fisiologia por seus estudos sobre a especialização hemisférica e as comissuras cerebrais (comissura anterior, corpo caloso e comissura posterior)

Os hemisférios cerebrais possuem certo nível de especialização. Enquanto que o hemisfério esquerdo é usualmente o dominante e está associado com as habilidades linguísticas, análise racional, memória verbal e linguagem, o hemisfério direito controla primordialmente a atenção, percepção, memória espacial, esquema corporal, relacionamento social, habilidades artísticas (música) e reconhecimento de faces.


Atenção

A atenção é a capacidade para direcionar a consciência, por um período maior ou menor de tempo, para determinado objeto ou evento. Assim, está intimamente relacionada com a consciência.

Considera-se a atenção como uma função mental que permite o funcionamento de outras, como por exemplo a memória e a sensopercepção. Sem a atenção, outras funções mentais que dependem diretamente do input (entrada de informação do ambiente), como a memória, acabam ficando mais ou menos comprometidas. Sem a atenção para focar em determinada informação, a capacidade de retenção da informação fica prejudicada.

Funcionalmente, a atenção está na dependência do sistema reticular ativador, considerado uma unidade neurológica responsável por regular o sono e a vigília e os estados mentais, e da córtex pré-frontal lateral. Instrumentos de avaliação psicológica e  neuropsicológica tradicionalmente avaliam a consciência como uma das funções superiores, tendo em vista sua relevância e interação com outros processos mentais.


Consciência

A consciência é a capacidade para manter um organismo em estado de vigília, estando assim apto a desempenhar comportamentos motores, de comunicação e outros de forma voluntária. A consciência, neste sentido, é compreendida como a capacidade ou estado de "acordado", vigil, e não como uma instância moral de julgamento.

A consciência está associada ao sono. O sono é considerado uma fase normal do funcionamento do cérebro, associado à consolidação das memórias do dia anterior e necessário ao restabelecimento do funcionamento cerebral.

O sono possui vários estágios, mas os dois principais consistem no sono REM, onde ocorrem os sonhos, e o sono não-REM, onde o padrão de ondas cerebrais é diferente do sono REM. A sigla REM significa 'rapid eye moviments', pois nesta fase os olhos apresentam movimentos rápidos.

O coma é um estado de inconsciência. Pode ocorrer devido a vários fatores, tais como em virtude de acidentes ou em patologias que afetam o cérebro. A Escala Glasgow considera os seguintes níveis:


Estupor - obnubilação;

Coma Leve;

Coma Moderado;

Coma Profundo.


Memória

A memória é a capacidade para reter e evocar informações. Por muitos anos considerada como um bloco, um sistema unitário, estudos conduzidos na segunda metade do século XX apontaram que existem vários tipos de memória, tais como operacional ou de curto prazo, memória de longo prazo, declarativa ou consciente, não-declarativa ou inconsciente, anterógrada, retrógrada, visual, facial, auditiva (inclui verbal e musical), corporal ou cinestésica, dentre outras.

Segundo Luria, à memória cabe a função de receber, analisar e armazenar informações. Entretanto, nem todos os autores concordam com a memória analisando a informação, cabendo a análise a outra função mental, o pensamento.

Segundo Kandel e Kupfermann.  vários estudos têm mostrado que existem diferentes tipos de processos de memória. A memória explícita inclui o aprendizado sobre pessoas lugares e coisas passiveis de serem descritas verbalmente, daí também ser denominada memória declarativa, uma aprendizagem que exige um conhecimento consciente. A memória implícita, que parece depender de circuitos neuronais distintos, inclui forma de aprendizagem perceptivo e motor, não exige o conhecimento consciente e dependem do cerebelo e da amígdala ou para as formas simples de aprendizagem, dos sistemas sensoriais e motores específicos a tarefa em questão. O armazenamento e recuperação de informação da memória explícita dependem do sistema do lobo temporal. Estudos indicam que alterações ou lesões neste lobo e no hipocampo tendem a prejudicar a memória de forma importante.


Linguagem

A linguagem refere-se à capacidade de comunicação, especialmente na neuropsicologia e na psicologia cognitiva, a comunicação verbal. Possui diversos componentes que podem ser estudados, tais como o processamento fonológico, sintaxe e semântica e mesmo a capacidade de articulação das palavras. As alterações da linguagem, genericamente chamadas de afasias, são produtos de lesões cerebrais em áreas relacionadas com a linguagem.


Alterações do Hemisfério Esquerdo


No hemisfério esquerdo situa-se as zonas da linguagem (90% dos casos) Lobos Temporal - Parietal (sensorial)

Para Luria, a unidade de receber analisar e armazenar informações (córtex ocipital, auditivo e linguagem).

Na criança avaliar relação: Linguagem - Pensamento a partir das habilidades e aquisições psicomotoras.


Fases da aquisição:


1 ano - choro diferenciado;

2 anos - balbucio, frases 1 palavra;

3 - 4 anos - palavras combinadas, conceitos básicos;

5 - anos extensão do vocabulário;domínio dos sons da fala;

7 anos - inclusão em classes operações concretas; desenvolvimento das noções de tempo; acaso; moral, identidade racial.

12 anos - desenvolvimento da lógica formal e pensamento abstrato.


Avalia-se ainda como critério de integridade funcional do cérebro, hemisfério esquerdo ou hemisfério dominante para linguagem e inteligência, sobretudo lógico-verbal utilizando-se a anamnese clínica e testes específicos de avaliação da linguagem, identificando o perfil do sujeito e registrando-se desvios de:

coerência no uso de regras gramaticais, sintaxe, concordância, pronomes, representações do sujeito, orientação em tempo espaço; coerência biográfica com seu nível educacional (básico, médio ou superior no Brasil) inclusive associando-se sua responsabilidade social e capacidade para exercer direitos civis do modo como é conhecido por relatos de sua história de vida;

fluência e extensão verbal;

integridade das estruturas lógico gramaticais (grau de alfabetização/ capacidades básicas);

"conhecimento" - extensão do vocabulário.

A utilização das clássicas técnicas da análise sintática, através de textos escritos implicam na avaliação das complexas relações neurofuncionais de leitura e escrita, sujeitas inclusive à danos específicos como a conhecida dislexia e outros, além das variantes de condicionamento social,

Alterações psicopatológicas e neuro sensoriais: logorreia / mutismo; deficits de compreensão verbal - decodificação da fala (autismo; Foco temporal EEG) Deficites de compreensão escrita - compatíveis com grau de alfabetização - uso gramatical - aprendizagem de idiomas, língua de sinais.

Alterações semânticas tipo psicóticas (conteúdo de delírio); incapacidades p/ uso de metáforas ; mussitação - fala sussurrada e sons; cantos; estereotipias; verbigeração; afonias.

Alterações sintáticas (afasia de compreensão – Afasia de Wernicke/ demências); incapacidade p/ uso de conceitos básicos = deficiência mental (sem aquisição) incapacidade para uso de conceitos concreto/abstratos & amnésia = demências (perda) lapsos repetidos - tics; coprolalia (deficiência mental e demências) repetição anormal (resistente à lógica) = distingue-se do transtorno obsessivo-compulsivo e perversão por relação de contexto e associação com outros sintomas

Fala: Identificam-se alterações processo de aquisição, no autismo (ritmos de canto - sons longos substituem o balbucio; início aos 12 anos) atraso (de 2, 3 anos na deficiência mental moderada), a língua hipotônica, frequente na Síndrome de Down concorre com alterações de fala. Distúrbios específicos da fala como dislalia; ecolalia, tartamudez (gagueira) galicismo, inversão/troca fonemas; afonia; estão relacionados sobretudo com ansiedade e distúrbio de conduta / socialização. A perda do ritmo da fala é sinal preditor de ataque AVC e outros danos cerebrais. Afasias de expressão; disartrias são sequelas comuns a lesão parietal - pré - frontal (Área de Broca)

Falar envolve uma coordenação altamente complexa e hábil de processar e requerimentos do banco de dados armazenados na memória. Oradores têm que planejar o que dizer e temporariamente armazenar os planos prontos até os executar como palavras, frases, e orações. A qualquer imediato, os indivíduos podem estar planejando o que dizer logo enquanto executando o que foi planejado momentos mais cedo simultaneamente. Daneman (1991) assinala que a capacidade de funcionamento da memória é uma fonte importante de diferenças individuais em fluência verbal. Ela descobriu que uma medida construída para quantificar o processo e armazenamento funciona da memória durante a execução de uma oração (SSP - Speaking Span Test, Teste de Extensão da fala) correlatou estas com medidas de fluência verbal (por exemplo, número de palavras faladas por minuto).


Alterações acima diagnosticam:


Afasias: afasia amnésica - evocação; afasia temporal completa;

Afasia temporo - occipital (Área de Wernicke) - leitura, compreensão sintática;

Afasia temporo - parietal decodificação auditiva;

Anosognomia - desintegração semântica (afetivo);

Demência abúlica;

Dislexia - Alterações do campo visual (Lobos Temporo ocipital);

Psicoses;

Deficiência mental.

Alterações do Hemisfério direito


Lobos Parietal - Temporal - Ocipital Coordenação viso – motora Destreza visual motora - rapidez exatidão da atenção visual percepção espaço temporal - localização visualização espacial ritmo / força * - inteligência corporal cinestésica

* excluindo danos das apraxias, hemiplegias, paresias (parestesias)

Percepção / organização musical discriminação/ elaboração - tom discriminação/ elaboração - ritmo/ harmonia

Segundo Pliszka lesões no hemisfério direito podem estar associadas à: Transtorno matemático; Transtorno de aprendizagem não verbal (TANV) e Transtorno de Asperger.


Alterações nos Lobos frontais


Unidade para programar, regular e verificar atividade. Capacidade de planejamento - Integridade Funcional.


Essencial para funções da inteligência / raciocínio:


raciocínio de senso comum (capacidade para resolver problemas);

raciocínio científico / lógico categorial - abstrato (formulação hipóteses, teste);

Avalia-se a rapidez exatidão de cálculo;

Identifica-se ainda alterações de comportamento:

introspeção hábitos auto cuidados higiene saúde (intrapessoal);

comportamento psicossocial - humor, afetividade sexualidade (interpessoal);

interespecífico - exploração ambiente (comportamento adaptativo à ciclos sazonais e/ou ao ambiente de trabalho / escola).


Neurônios-espelho

Existe uma classe de neurônios, espalhados pelo cérebro de primatas, que possuem a capacidade de se ativar em resposta a um evento do mundo exterior, "reproduzindo" do ponto de vista neurológico aquilo que está percebendo. Estudos identificaram, em macacos e em humanos, que quando um sujeito vê outro (seja da sua espécie ou de outra) efetuando um comportamento, como por exemplo pegar um copo d'água, grupos de neurônios são ativados na mesma região que seria utilizada quando o próprio sujeito efetuasse o comportamento. Assim, são conhecidos como neurônios-espelho estes neurônios que "refletem" pela sua ativação grupos similares de neurônios que disparam no cérebro de quem estão observando.

Os neurônios-espelho são distintos dos demais neurônios, pois não disparam quando estão na presença de outros estímulos, como uma cadeira, comida ou outros objetos. Segundo Destro et al., eles possuem uma função essencial em comportamentos como a imitação, a compreensão da intenção do outro e mesmo a empatia. Pode-se pensar também que eles estão envolvidos na evolução da linguagem, e prejuízos em seu funcionamento podem estar relacionados com transtornos invasivos do comportamento como o autismo.

Embora localizados em várias regiões da córtex cerebral, os neurônios-espelho em macacos localizam-se especialmente na área pré-motora (lobo frontal) e no lobo parietal inferior, na região motora, que recebe muitos inputs de regiões motoras como o sulco temporal superior.


Exemplos de testes de avaliação que podem ser usados no contexto da neuropsicologia

Avaliação Neuropsicológica do Desenvolvimento - NEPSY II;

Bateria MEMO;

Bateria de Avaliação da Memória de Trabalho (BAMT-UFMG) 

IOWA Gambling Task/ Children Gambling Task;

D2 - Atenção Concentrada, de 9 a 52 anos; 

Escala de Avaliação de Demência (Dementia Rating Scale - DRS); 

Escala de maturidade mental Colúmbia (CMMS) – de 3 anos e 6 meses a 9 anos e 11 meses, aplicação individual; 

Figuras Complexas de Rey, de 4 a 7 anos, aplicação individual (Obs. Uso permitido somente para pesquisa);

Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve - Neupsilin;

Matching Familiar Figures Test 20 (MFFT-20); 

Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve - NEUPSILIN

Questionário de Memória Prospectiva e Retrospectiva (PRMG); 

Teste da Torre de Londres (TOL); 

Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT);

Teste de Atenção Visual (TAVIS-3); 

Teste de Avaliação da Habilidade Visuoespacial (TAHLVES); 

Teste de Inteligência Geral não Verbal – TIG - NV - de 10 a 79 anos, aplicação individual ou coletiva;

Teste de Organização Visual Hooper; 

Teste Gestáltico - Visomotor - Bender; 

Teste Wisconsin de Classificação de Cartas, de 6 anos e meio a 18 anos, aplicação individual;

TI- BAFEC - Tartaruga da Ilha - Bateria de Avaliação das Funções Executivas em Crianças;

Token Test;

Teste da Torre de Hanói; 

WAIS - III - Escala de Inteligência Wechsler para Adultos, de 16 a 89 anos, aplicação individual;

WISC - III - Escala de Inteligência Wechsler para Crianças, de 6 a 16 anos, aplicação individual;

Relação de Testes Neuropsicológicos (Neuropsychological test) (en.).


O neuropsicólogo na legislação brasileira

No Brasil, o título de Neuropsicólogo pode ser atribuído a psicólogos que tenham comprovada formação na área e no tema, a partir de verificações de testes (como prova) ou cursos de especialização reconhecidos pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), e àqueles profissionais de outras graduações (fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, pedagogos, biólogos, enfermeiros, entre outros) que possuam formação específica, como cursos reconhecidos de especialização em Neuropsicologia; porém, diferentemente do que ocorre em outros países, no Brasil profissionais graduados em outras áreas, mas com especialização em Neuropsicologia, têm restrição no acesso e aplicação a alguns dos testes de avaliação neuropsicológica.

Através da resolução nº 013/2007, o CFP passou a reconhecer a especialidade em Neuropsicologia para psicólogos que preencham os requisitos necessários, devendo ficar claro que isso não significa que somente os psicólogos possam ser especialistas em Neuropsicologia. Outros profissionais de saúde mental podem se especializar na área e apresentar a competência para avaliar, acompanhar, tratar e realizar pesquisa da cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque da relação entre estes aspectos e o funcionamento cerebral, baseado em conhecimentos validados das neurociências e pela prática clínica. Entre eles, além do psicólogo, tem-se médicos, psicoterapeutas (assim como nos demais países, no Brasil o exercício da psicoterapia é exclusividade de graduados em Psicologia, fato reconhecido pelo próprio CFP), porém a psicanalise, assim como a Neuropsicologia, pode ser exercida por outros profissionais, psicanalistas, pedagogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, neurobiólogos, entre outros.

Embora a neuropsicologia esteja intimamente relacionada à avaliação psicológica, que é especialidade da psicologia, não está restrita a ela. O neuropsicólogo necessita de conhecimentos fundamentais em neurologia, neurociência, biologia, psicologia clínica, avaliação psicológica e estatística para avaliar o paciente, conhecimentos estes que podem ser construídos tanto pelo psicólogo como por outros profissionais, especialmente nivelados por uma especialização em Neuropsicologia ou outras formações reconhecidas. Ao final do processo de avaliação neuropsicológica, os resultados da avaliação são apresentados usualmente em forma de um laudo ou parecer ao paciente ou ao profissional que o encaminhou para avaliação. A partir destes resultados, pode-se estabelecer as necessidades do plano de tratamento do paciente.

Geralmente o neuropsicólogo trabalha de forma integrada com outros profissionais, como fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, médicos, neurocientistas clínicos ou outros, pois como as alterações do sistema nervoso possuem efeitos amplos, a abordagem singular usualmente não é suficiente para abordar os aspectos afetados por uma patologia cerebral. Por outro lado, os especialistas em Neuropsicologia com formação de graduação em outra área não diretamente relacionada à Psicologia, certamente trabalharão integrados a psicólogos.


Psicologia Cognitiva

A psicologia cognitiva estuda a cognição, os processos mentais que estão por detrás do comportamento. É uma das disciplinas da ciência cognitiva. Esta área de investigação cobre diversos domínios, examinando questões sobre a memória, atenção, percepção, representação de conhecimento, raciocínio, criatividade e resolução de problemas. Pode-se definir cognição como a capacidade para armazenar, transformar e aplicar o conhecimento, sendo um amplo leque de processos mentais.

Ao longo da história, filósofos, matemáticos, biólogos e outros pesquisadores se interessaram pelas capacidades mentais que os seres humanos possuem, constituindo várias teorias a respeito de porquê elas existem e como elas funcionam. Platão e Aristóteles, por exemplo, já teorizavam sobre o pensamento e a memória, partindo de sua base empírica. Assim, o problema do conhecimento humano sempre esteve intimamente relacionado com os temas estudados pela psicologia cognitiva.

A psicologia cognitiva é um dos mais recentes ramos da investigação em psicologia, tendo se desenvolvido como uma área separada desde os fins dos anos 1950 e princípios dos anos 1960. Pode-se dizer, entretanto, que foi desde a segunda metade do século XIX que as funções mentais humanas deixaram o terreno da filosofia e começaram a se tornar objeto legítimo de investigação científica. O termo começou a ser usado com a publicação do livro Cognitive Psychology de Ulrich Neisser em 1967. No entanto a abordagem cognitiva foi divulgada por Donald Broadbent no seu livro Perception and Communication em 1958. Desde então o paradigma dominante na área foi o do processamento de informação, modelo defendido por Broadbent. Neste quadro de pensamento, considera-se que os processos mentais são comparáveis a software a ser executado num computador que neste caso seria o cérebro. As teorias do processamento de informação têm como base noções como: entrada; representação; computação ou processamento e saídas.

Uma das mais relevantes correntes em termos de estruturação da psicologia enquanto ciência, a psicologia cognitiva ascendeu em oposição à teoria comportamental e sua lógica de naturalização da ciência psicológica. Desse modo, a abordagem passou a conter novas perspectivas de estudo do comportamento, avançando paulatinamente em direção à subjetividade e discutindo questões relacionadas à percepção, memória, inteligência, emoção e cognição.

Nesse contexto, os conceitos passaram a buscar estabelecer conexões entre o comportamento e os aspectos por ele desencadeados, sendo a singularidade cognitiva do indivíduo não só amplamente considerada, como também concebida como a causa pela qual um ser estrutura o mundo à sua maneira. Em outras palavras, a teoria cognitiva passou a legitimar que a forma como cada indivíduo estrutura e percebe o mundo está totalmente arraigada a seus processos mentais e cognitivos. Na psicologia cognitiva, o conceito behaviorista do S-R (estímulo-resposta) agora tem um novo elemento: as crenças do individuo. Fatores externos ainda causam uma resposta no individuo, mas, antes, passam por variáveis ligadas a como ele interpreta e vê a si mesmo, o outro e o mundo em que vive, seguindo um modelo S-O-R, onde O são as crenças.

O estudo dos processos mentais tinha já sido abordado de uma forma geral pela psicologia, especialmente pelos pioneiros Wilhelm Wundt, Gustav Teodor Fechner, Ernst Heinrich Weber e Francis Galton. Encontramos teorias cognitivas na psicologia social, personalidade, psicopatologia e na psicologia do desenvolvimento. Aplicações de teorias cognitivas na psicologia comparada conduziram a muito estudos recentes sobre a cognição animal.

No século XX, a psicologia cognitiva recebeu um grande impulso através de estudos sobre inteligência artificial, que permite relacionar e comparar, em certa medida, o processamento humano e animal da informação com processos eletrônicos, como o computador. Como teoria do comportamento humano, a psicologia cognitiva surgiu como uma alternativa. A fisiologia não alcançava os níveis superiores do comportamento, e o behaviorismo não colocava sob foco de sua análise os processos cognitivos, visto que estes eram apenas um comportamento dentre vários.


Grandes áreas de investigação em psicologia cognitiva

Percepção


A percepção refere-se às funções que permitem captar os estímulos do ambiente, para posterior processamento de informação.

Os órgãos dos sentidos são responsáveis pela captação das informações do ambiente, que podem ser de natureza visual, olfativa, tátil, gustativa, auditiva e cinestésica (equilíbrio e movimento do corpo). O processamento cerebral depende bastante das informações fornecidas pelas estruturas sensoriais, sendo estas a base de nossa compreensão do mundo.

Existe uma grande quantidade de pesquisas sobre os processos perceptivos na psicologia cognitiva que são utilizadas para compreender o comportamento. Um exemplo disso são os estudos sobre as ilusões, especialmente as ilusões de óptica.

A atenção também é tópico de estudo relacionado ao processo cognitivo, embora vários autores a considerem função derivada da consciência. Através da atenção é possível que a mente selecione os estímulos recebidos, dando prioridade a uns enquanto outros são minimizados ou mesmo excluídos do processamento. Exemplos de estudos sobre a atenção incluem alguns controversos, como os de estímulos subliminares. Portanto, embora a atenção possa ser estudada no tópico da percepção, ela seria considerada um nível inicial de processamento dos estímulos.

Da mesma forma, o reconhecimento de padrões depende de um nível básico de processamento de informação. Os vários estímulos sensoriais recebidos do ambiente são organizados de maneira ativa por vários sistemas perceptivos do cérebro, de maneira a constituir um "padrão que faça sentido". Assim, muitas vezes aquilo que chamamos de percepção não é o que os órgãos sensoriais identificaram inicialmente, mas é uma organização, um arranjo que passa a fazer um sentido para o cérebro.

Mais do que estudar a maneira como captamos os estímulos visuais, a psicologia cognitiva se interessa em conhecer como o cérebro organiza as informações captadas pela visão e permite que reconheçamos o ambiente. Existem vários modelos explicativos para este processo. David Marr coloca três fases no processo de interpretação dos estímulos visuais:


1. Esboço primário: é o primeiro nível de organização perceptiva visual. Aqui são organizados os estímulos como luz e sombra, que permitem identificar dados como textura e as bordas da figura, que são os elementos que dão as características básicas do objeto percebido. O esboço primário contém, segundo este modelo, somente informações bidimensionais.

2. Esboço 2½D (bi-e meio-dimensional): segundo nível de organização. Aqui é "montada" uma imagem que contém dados referentes à profundidade do objeto ou cena, e dados mais complexos, como concavidades e saliências, através da combinação de dados do esboço primário.

3. Modelo em 3D (tridimensional): consiste na construção de um modelo estável, que permite "rotações mentais" da figura. Nestas rotações, as informações do objeto percebido não variam conforme o observador vai se deslocando, porque é construída a imagem mental do objeto percebido, que pode ser manipulada mentalmente.

Como exemplo, a percepção de um cubo poderia ser dada da seguinte maneira: primeiro, são captadas e organizadas as informações sobre a direção da luz e a sombra que o cubo projeta, bem como a textura de sua superfície (esboço primário). Em seguida, são observadas como as bordas, ângulos e outros elementos estão posicionados, dando a forma da figura (esboço 2½D). Finalmente, há a elaboração da representação do cubo, que pode ser visualizada e rodada mentalmente (modelo em 3D).


Memória

A memória é a capacidade de registrar, armazenar e evocar as informações recebidas e processadas pelo organismo. Ela é provavelmente uma das funções mentais mais estudadas pela psicologia cognitiva, juntamente com a linguagem e a inteligência. Talvez isso se deva ao fato de que é relativamente simples solicitar a memorização e recordação de informações através das experiências. Contudo, existe um número expressivo de modelos de memória, categorizando-as de várias formas.


Resumidamente, a memória pode ser dividida em três processos:


Codificação: processo de entrada e registro inicial da informação. A codificação diz respeito à capacidade que o aparato cognitivo possui de captar a informação e mantê-la ativa por tempo suficiente para que ocorra o processo de armazenamento, segunda etapa da memória.

Armazenamento: capacidade de manter a informação pelo tempo necessário para que, posteriormente, ela possa ser recuperada e utilizada

Evocação ou reprodução: capacidade de recuperar a informação registrada e armazenada, para posterior utilização por outros processos cognitivos (pensamento, linguagem, afeto, etc.).


Abaixo estão algumas das possibilidades de classificação da memória:


Memória de curto prazo e memória de longo prazo

Memória autobiográfica

Memória episódica

Memória sensorial


A perda ou dificuldade de armazenar e/ou recuperar a informação é chamada de amnésia. É uma situação clínica relativamente comum em casos de lesão cerebral, seja por patologias ou por traumas de diversas espécies.


Representação de conhecimento

Imagem Mental

Codificação preposicional

Modelos mentais

Linguagem


A linguagem refere-se à capacidade de receber, interpretar e emitir informações para o ambiente. Dentre os temas estudados pela psicologia cognitiva, a linguagem é um dos mais pesquisados, junto com a memória e a inteligência, porque é área de interesse de várias ciências, como a antropologia, a sociologia, a filosofia e a comunicação.

Dentre as habilidades que caracterizam a espécie humana, a linguagem tem sido aquela mais apontada pela maioria dos autores. Através da linguagem, conseguimos manipular de forma abstrata os símbolos linguísticos, permitindo desta forma a troca de informações entre as pessoas. A linguagem reflete, em boa medida, a capacidade de pensamento e abstração, embora seja uma função mental distinta do pensamento: uma pessoa pode ter transtornos na linguagem (por exemplo, uma afasia) e manter a função do pensamento preservada, mas se tiver um transtorno de pensamento (como pode ocorrer, por exemplo na esquizofrenia), a linguagem será mais ou menos prejudicada.

A habilidade linguística é desenvolvida de forma integrada com os processos cognitivos. À medida que as funções mentais vão se desenvolvendo e tornando-se mais complexas, a linguagem vai ampliando seus recursos.


Gramática e Linguística

fonética e fonologia

aquisição de linguagem

Pensamento


O pensamento é a capacidade de compreender, formar e organizar conceitos, representando-os na mente. Diz respeito à habilidade em manipular conceitos mentalmente, estabelecendo relações entre eles ligando-os e confrontando-os com elementos oriundos de outras funções mentais (percepção, memória, linguagem, afeto, atenção, etc.) e criando outras representações (novos pensamentos).

Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, o pensamento não é uma habilidade cognitiva exclusiva da espécie humana. Pode-se dizer que os animais, como um todo (exceção feita aos que não possuem sistema nervoso como as esponjas e, talvez, dos cnidários), possuem algum tipo de estruturação de pensamento (compreendido no sentido lato, ou seja, a capacidade de processar informação através de um sistema nervoso organizado), mas obviamente sem ter o nível de complexidade alcançado pelos seres humanos.

O pensamento está geralmente associado com a resolução de problemas, tomadas de decisões e julgamentos.


Lógica e raciocínio formal ou natural

Formação de conceitos

Resolução de problemas

Julgamento e tomada de decisão


Terapia Cognitiva

A Terapia Cognitiva foi fundada por Aaron Beck, psiquiatra estadunidense, na década de 60. O professor da Universidade da Pensilvânia propôs, inicialmente, um “modelo cognitivo da depressão” e que posteriormente evoluiu para a compreensão e tratamento de outros transtornos.

Embasada nos conceitos da psicologia cognitiva, a terapia cognitiva tem por princípio fundamental que a maneira como os indivíduos percebem e processam a realidade influencia a maneira como eles se sentem e se comportam. Como, segundo Beck, os pensamentos, sentimentos e comportamento estão conectados, os indivíduos podem superar certas dificuldades identificando e alterando fatores indesejáveis ou prejudiciais, buscando produzir uma forma mais realista de percepção do ambiente e gerando esquemas de comportamento que sejam mais bem adaptados.

É muito comum o uso de técnicas derivadas de outras áreas do conhecimento, como a dialética, técnica da seta descendente, registro de pensamentos disfuncionais e outras técnicas psicológicas especialmente desenvolvidas para esse fim.

A Terapia cognitiva se destina tanto ao tratamento dos diferentes transtornos psicológicos e emocionais como a depressão, ansiedade, transtornos psicossomáticos, transtornos alimentares, fobias, traumas, dependência química, entre outros.

Além disso, a Terapia Cognitiva comportamental auxilia nas diversas questões que envolvem nossa vida como um todo, como: dificuldades nos relacionamentos, escolhas profissionais, luto, separações, perdas, estresse, dificuldades de aprendizagem, desenvolvimento pessoal e muitos outros.

Sabendo que o objetivo principal da Terapia Cognitivo Comportamental é mudar os sistemas de significados dos pacientes para alterar suas emoções e comportamentos com relação às situações, o primeiro passo da terapia é entender esses sistemas. Para isso, durante as sessões, o psicólogo vai identificando sentimentos, pensamentos e comportamentos de determinadas situações descritas pelo paciente. A partir disso, alguns padrões vão sendo identificados. São esses padrões que determinam crenças e percepções para cada experiência vivida. Diante dos padrões mal adaptativos ou disfuncionais de pensamentos, cabe ao terapeuta auxiliar o paciente a encontrar novas possibilidades de pensamentos alternativos e mais funcionais que possibilitem uma boa adaptação à sua realidade social. Isso é feito a partir da determinação de um foco e de metas para que, com o tempo, o paciente adquira sua autonomia e possa lidar com as questões por conta própria. Esta é a reestruturação cognitiva e comportamental que dá nome à abordagem.

Cognição

Cognição é uma função psicológica individual ou coletiva filosoficamente conservadora actuante na aquisição do conhecimento e se dá através de alguns processos, como a percepção, a atenção, associação, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. A palavra Cognitione tem origem nos escritos de Platão e Aristóteles.

É o conjunto de processos psicológicos usados no pensamento que realizam o reconhecimento, a organização e a compreensão das informações provenientes dos sentidos, para que posteriormente o julgamento através do raciocínio os disponibilize ao aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas.

De uma maneira mais simples, podemos dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos, bem como as informações que são disponibilizadas pelo armazenamento da memória, isto é, a cognição processa as informações sensoriais que vem dos estímulos do ambiente que estamos e também processa o conteúdo que retemos em relação às nossas experiências vividas.

Mas a cognição é mais do que simplesmente a aquisição de conhecimento e consequentemente, a nossa melhor adaptação ao meio - é também um mecanismo de conversão do que é captado para o nosso modo de ser interno. Ela é um processo pelo qual o ser humano interage com os seus semelhantes e com o meio em que vive, sem perder a sua identidade existencial. Ela começa com a captação dos sentidos e logo em seguida ocorre a percepção. É, portanto, um processo de conhecimento, que tem como material a informação do meio em que vivemos e o que já está registrado na nossa memória.


Psicologia

Assim surge a psicologia cognitiva que estuda esses aspectos, os processos de aprendizagem e comportamentais para a aquisição de conhecimento.

Atualmente é um ramo da psicologia dividido em inúmeras linhas de diferentes pesquisas e algumas vezes discordantes entre si.


Perda auditiva e envelhecimento

Com o avanço da idade, alguns sinais comportamentais relacionados ao declínio cognitivo são observados, dentre eles: o esquecimento, a diminuição da capacidade de manter o foco e diminuição da capacidade de resolução de problemas. Tais sinais tem sido relacionados a diminuição da capacidade da memória de trabalho e da atenção.

O declínio da memória, é o sinal de alerta mais relevante associado ao déficit de pelo menos outra função, seja ela motora, linguística, praxias ou gnoses, sendo assim considerada como uma forte evidência de pré-estágio da demência.

Foi demonstrado que em idosos com mais de 65 anos de idade, o tempo médio de desenvolvimento de demência foi de 10,3 anos naqueles com perda auditiva, contra 11,9 anos em idosos com audição normal. Por meio de uma análise entre a relação do grau da perda auditiva, piora das funções cognitivas e incidência de demência, constatou-se que em graus maiores de perda auditiva (moderado e severo) o risco é de 3 a 5 vezes maior para o desenvolvimento dessas condições.

O resultado da associação entre o declínio cognitivo e a perda auditiva periférica ainda não está claro, assim como ainda não se estabeleceu se o uso de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI), pode impedir ou retardar o aparecimento de demência. Contudo, o risco da perda auditiva para o desenvolvimento dessa condição se sobrepõe individualmente a outros fatores de risco, uma vez que ela é altamente prevalente entre as pessoas com mais de 55 anos (32%).


Existem quatro teorias concorrentes sobre a associação da perda auditiva (declínio sensorial) e o declínio cognitivo. Essas teorias não são mutuamente exclusivas e uma vez que múltiplos processos estão envolvidos, o declínio de um pode afetar o outro. São elas:


A hipótese de causa comum: sugere um fator subjacente comum que leva ao declínio relacionado aos dois sistemas ; 

A hipótese de privação sensorial: apenas longos períodos crônicos de privação sensorial induzem ao declínio cognitivo; declínio perceptivo causa declínio cognitivo permanente;

Hipótese de degradação da informação: pressupõe que o declínio sensorial antecede o declínio cognitivo e sugere efeitos imediatos, potencialmente remediáveis;

Hipótese da percepção: afirma que o declínio cognitivo relacionado à idade precede ou conduz ao declínio sensorial;

Um importante passo para entender se a reabilitação auditiva poderia ajudar a minimizar essa condição, é estabelecer a relação entre o declínio cognitivo e a presença de perda auditiva. A magnitude dessas associações é clinicamente significativa em indivíduos com perda auditiva, demonstrando uma taxa acelerada de declínio cognitivo de 30% a 40% e um risco 24% maior de incidentes cognitivos durante um período de 6 anos em comparação a indivíduos que apresentam a audição dentro dos padrões de normalidade.

Cognitivismo

Em psicologia, cognitivismo é uma abordagem teórica para o entendimento da mente. O movimento foi uma resposta ao behaviorismo, que, segundo os cognitivistas, negligencia a cognição. A psicologia cognitiva deriva seu nome do latim cognoscere ('conhecer') e é, em parte, derivada de antigas tradições de investigação acerca do pensamento e de processos de resolução de problemas. Os behavioristas reconhecem a existência do pensamento mas este é identificado como um comportamento. Os cognitivistas argumentam que o modo como as pessoas pensam tem impactos sobre seu comportamento; portanto, o modo de pensar não pode ser um comportamento em si. Posteriormente, os cognitivistas defenderam que o pensamento é tão essencial à psicologia que o estudo do pensamento seria o seu próprio campo de estudo.

Para entender a mente, a abordagem cognitivista emprega métodos quantitativos científicos que descrevem as funções mentais como modelos de processamento de informação. Também incorpora elementos da teoria dos sistemas, das ciências da computação, da cibernética, da teoria da informação e da robótica. Todos essas novas abordagens e avanços tecnológicos, além da insatisfação com o behaviorismo, impulsionaram o surgimento do cognitivismo e sua abordagem do processamento da informação. Os psicólogos cognitivistas que adotam essa abordagem geralmente analisam a maneira como as pessoas solucionam difíceis tarefas mentais e constroem modelos para essas explicações. Esses modelos podem tomar a forma de programas de computador, de gráficos ou outras esquematizações do fluxo de processamento cognitivo durante a realização de tarefas.

A Ciência Cognitiva

A ciência cognitiva ou a ciência da cognição ou as ciências cognitivas designam normalmente o estudo científico da mente ou da inteligência.

Até há pouco tempo, poucos cientistas acreditavam que se pudesse empreender seriamente o estudo da mente humana, e o assunto constituía, em grande medida, uma área reservada aos filósofos. Nos últimos anos, porém, várias linhas de investigação - que partiram da filosofia (especialmente da filosofia da mente, da filosofia da matemática e da filosofia da ciência), da psicologia (especialmente através da psicologia cognitiva), da neurociência, da linguística, da ciência da computação e da inteligência artificial (em particular do ramo de redes neurais) - convergiram, dando origem a este novo campo altamente interdisciplinar.

A ciência cognitiva é normalmente vista como sendo compatível e interdependente das ciências físicas e fazer uso frequente do método científico, assim como da simulação/modelação, comparando as saídas de modelos com aspectos do comportamento humano. Existe, no entanto, muita controvérsia acerca da exacta relação entre a ciência cognitiva e outros campos e a sua natureza interdisciplinar é ainda frágil e circunscripta.

Cognitivismo teve início com o August Jung.

A ciência cognitiva já alcançou alguns feitos. Gerou modelos do desvio cognitivo e da percepção de risco, tem sido muito influente nos desenvolvimentos da finança comportamental no âmbito da economia. Desenvolveu uma nova teoria da filosofia da matemática e várias teorias sobre inteligência artificial, persuasão e coerção. Tomou presenção na filosofia da linguagem e na epistemologia.

O objetivo da ciência cognitiva é compreender a estrutura e o funcionamento da mente humana; para tanto, ela lança mão de uma variedade de abordagens que vai desde o debate filosófico até a criação de modelos computacionais para a visão, passando pelo estudo da aquisição da linguagem. Um tema recorrente nesse campo é a modularidade da mente, a ideia de que a mente não é um todo sem emendas, mas é, ao contrário, uma coleção de componentes mais ou menos especializados, entre os quais há fortes conexões.


Princípios

Abordagens


Existem diversas abordagens no estudo da ciência cognitiva. Podemos classificá-las em três categorias: Simbólica, conexionista e sistemas dinâmicos.


Simbólico - Considera que a cognição pode ser explicada através de operações sobre símbolos. Estas operações são teorias computacionais e modelos de mente (excluindo-se os modelos cerebrais). Processos mentais são análogos a procedimentos realizados por computadores;

Conexionista - A cognição só pode ser modelada e explicada por um modelo que leve em conta a estrutura física/biológica do cérebro. A classe principal destes modelos são as redes neurais artificiais;

Sistemas híbridos - Considera a cognição como um sistema híbrido do conexionista e o simbólico. (veja Sun and Bookman 1994);

Sistemas dinâmicos - Considera que a cognição só pode ser explicada através de um sistema dinâmico contínuo. Onde todos os elementos que o compõe estão inter-relacionados.


A Ciência cognitiva é um largo campo de investigação. Cobre todos os tópicos em cognição. Entretanto, deveria ser reconhecido que a ciência cognitiva não é igualmente concentrada com cada tópico que estão contidos na natureza e operação da mente ou inteligência. Fatores sociais e culturais, emoção, consciência, cognição animal, abordagens comparativas e evolucionárias (em geral as que possuem algum conflitos filosóficos ou incoerência científica) são frequentemente desmerecidas ou deixadas de lado. Outro importante assunto relacionado a mente que a ciência cognitiva limita-se a abordar é a existência de qualia. Esta discussão é ainda um problema filosófico aberto. Alguns cientistas cognitivos mantém pesquisa neste tema, considerando a qualia um tópico de vital importância.

Em qualquer episódio, a questão essencial da ciência cognitiva acaba sendo: "O que é inteligência? E como é possível modelá-la computacionalmente?"


Entre alguns tópicos que a Ciência cognitiva está concentrada, temos:


Inteligência artificial;

Atenção;

Aprendizagem e Desenvolvimento;

Memória;

Percepção e ação;

Mente inconsciente;

Linguagem e Processamento de Linguagem;

Pesquisadores notáveis

Alguns dos mais reconhecidos nomes da ciência cognitiva são usualmente os mais controvérsos ou os mais citados.


Dos filósofos incluem Daniel Dennett, por seus textos sobre perspectiva de sistemas computacionais. John Searle, abordou sobre o paradoxo do quarto chinês. Jerry Fodor, advogou sobre o funcionalismo e Douglas Hofstadter, famoso por escrever Gödel, Escher, Bach sobre questões da natureza das palavras e pensamento, sendo diretor da Fluid Analogies Research Group do centro de pesquisas sobre cognição em Indiana University.


No campo da linguística, Noam Chomsky e George Lakoff são as influências.

Em Inteligência artificial, Marvin Minsky e Kevin Warwick.

E psicologia incluem-se James McClelland, Steven Pinker e Howard Gardner.

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Albanum Maleficarum

El Albanum Maleficarum es un antiquísimo grimorio (libro mágico) de magia ritual o ceremonial, que enseña a practicar un tipo de brujería llamada artes cápricas. Son un conjunto de prácticas andalusíes extintas que tuvieron su florecimiento en la zona de Jerez de la Frontera y Sanlúcar de Barrameda durante la época de Al-Andalus. Posteriormente, los pueblos gitanos promovieron la aparición de unas creencias supersticiosas en Viena (Austria), basadas en las Artes Cápricas y bautizadas como "sacrocaprismo". Esta pseudociencia esotérica, tuvo especial influencia en Andalucía Occidental, pero actualmente parece ser que no cuenta con muchos seguidores.


Capricúo

Según el libro, Capricúo (en latín, Capricuum) fue un mago que vivió hace muchos siglos en la zona sur de Hispania, y que recibió la Sabiduría Suprema por intercesión divina y logró descubrir el arte de la magia y dominarla descubriendo así esta ciencia oculta. Escribió amplios tratados de hechicería, ciencia, alquimia y conjuración en una lengua secreta inventada por él mismo. Según el grimorio, Capricúo se transformó accidentalmente en cabra. Todos estos hechos acaecieron según los estudiosos, antes de la primera venida de Cristo, al parecer durante la dominación romana. La leyenda de la cabra del Montesabio, circula aún hoy por entre los hombres de campo que habitan en Estella del Marqués (Cádiz).


Autor de la obra

En el año 997, Capricúo tradujo sus escritos al hebreo y se los dio a un morisco de Sherish, cuya identidad no aparece en el libro.

Este morisco tradujo los escritos al árabe hispano y además incluyó sus propios testimonios como mago y varios consejos, además narra apariciones de entidades sobrenaturales y experiencias propias. El libro fue fruto de sus investigaciones sobre las Artes Cápricas y además, la filosofía del sacrocaprismo, además de otras creencias supersticiosas. Aunque al final el autor aclara que el libro lo ha escrito por inspiración de Capricúo.

En el año 1601 se redescubrió dicho libro en Sanlúcar de Barrameda, donde había permanecido oculto, y se tradujo del árabe al latín. Se llamó “El Libro del Blanco Amuleto”. Se publicó en Valencia, Aquisgrán, Lyon y Venecia, pero la mayoría de las ediciones dicen proceder de Basilea, para burlar a los clérigos. Se llegaron a hacer 25 ediciones en un periodo de 110 años, por lo que serían un total de 30.000 ejemplares. Ahí fue cuando su fama se extendió por toda Europa llegando a ser un manual imprescindible para cualquier mago, alquimista, brujo, hechicero, vidente o filósofo.

Quizá no haya habido nunca un libro más deseado y valioso, ni que despertase más pasiones y ganas de poseerlo, hasta el punto de que muchas personas enloquecieron, enfermaron o se arruinaron, solo por intentar conseguir un ejemplar del mismo, o por poner en práctica los maravillosos rituales que en él se contenían.


Desaparición

Ya en el siglo XVIII la Santa Inquisición Española, comenzó a condenar a personas por poseer dicho libro que fue considerado demoníaco. Tengamos en cuenta que en aquella época cualquier obra que contuviese símbolos extraños e ilustraciones surrealistas era mal vista. Es por esto que solicitaron a la Santa Sede su prohibición, y así se hizo en 1711, cuando fue incluido en el Index Librorum Prohibitorum. Tras esto el libro se dejó de publicar y de vender. Además, la gran mayoría de sus ejemplares fueron destruidos o quemados, y por tanto desaparecieron.


Reaparición

En 1879, se halla casualmente un ejemplar en latín que había sido emparedado en el muro de una antigua casa sevillana que estaba siendo demolida. Un transeúnte lo recogió, e interesado lo tradujo al castellano. Desde entonces su familia se encarga de custodiar la traducción, que es de una colección particular.

Hoy en día es imposible conseguir una edición del libro, pues sólo se conserva el ejemplar español de 1879 y una copia del mismo. Al parecer no se conserva ningún ejemplar anterior a estas fechas, pero ciertos rumores afirman que la Biblioteca del Vaticano custodia con recelo un ejemplar en latín, encadenado para que ningún incauto lo abra y lo lea, o para que el libro no salga de allí. Circulan rumores de que en Jerez de la Frontera se llegó a ocultar el libro durante siglos, hasta que supuestamente la Santa Sede lo reclamó mediante una bula papal. Incluso se dice que el libro permanece envuelto constantemente en unas llamas inapagables que no queman al que las toca. Estas habladurías sin fundamento forman parte de la leyenda y el misticismo que hoy en día rodea al grimorio, cuya fama hace ya años que se extinguió, y su recuerdo desapareció con el paso del tiempo.


Contenido

Por las diversas traducciones y demás autores que han dejado huella en el grimorio, se hace notar la presencia de diversos estilos en la forma del libro. Cada tratado difiere en algún modo del siguiente, en el estilo, así como en la forma de expresar los conceptos o de relatar las historias. El grimorio se halla divido en nueve capítulos que son llamados "tratados". También se pueden distinguir tres partes.


Primera Parte

Tras un breve íncipit y una historia sobre el origen del libro, la primera parte introduce al lector a la magia. Describe con detenimiento como ha de ser el buen mago, como ha de aprender, como ha de vestir, dónde puede invocar a los espíritus y como tiene que ejercer los "experimentos". Además nos lista todos los objetos encantados que se han de usar o que pueden ser útiles para la magia, y de como hay que fabricarlos y en que momento.


Segunda Parte

En la segunda parte el autor nos explica con detenimiento y exactitud todo lo relacionado con Capricúo, la Cabra del Montesabio, y dónde habita, cómo se comporta y en qué forma nos debemos de dirigir a ella. Nos explica también cómo hay que llamarla y de qué formas se nos presenta.


Tercera Parte

La tercera y última parte contiene todos los conjuros, hechizamientos, sortilegios y encantamientos de las Artes Cápricas. Cómo hallar el amor, el modo de maldecir, aprender a volar, visitar la oscura morada de Capricúo, hallar tesoros, minas y reliquias escondidas, ganar a la lotería, invocar entidades sobrenaturales al servicio de la Cabra, someter demonios, o de cómo fabricar talismanes. También contiene un apéndice llamado "Pseudomonarchia Satyri" que contiene más de cuarenta mandatarios del Montesabio al servicio de su Emperador Capricúo y que se presentan en forma de faunos y sátiros.


El poder del libro

A lo largo de los siglos se le han atribuido cualidades mágicas, y la capacidad de otorgar el conocimiento sobre todo lo creado al que lo leyese entero, además de grandes poderes y virtudes. Aunque el mismo libro advierte en su prólogo que el lector podría hasta enloquecer al acabar la lectura. Su contenido se ha considerado de suma valía, por lo que se sabe que numerosos amanuenses y editores se dedicaron a extraer conjuros del libro y copiarlos para luego venderlos a precios desorbitados, o bien usarlos para propio beneficio, o bien para copiarlos en otros grimorios. También proliferaron ediciones falsas del libro, malas traducciones, e incluso se vendieron conjuros con el falso pretexto de que pertenecían al codiciado grimorio, tan sólo para poder lucrarse con el engaño.


Crítica Actual

El bibliotecario Bernardo Barreiro (descubridor del Libro de San Cipriano en 1885) opina que es probable que el Albanum sea una farsa del s. XVII, ya que el libro se haya claramente cristianizado, con el fin de suavizar el contenido. Además considera a Capricúo como un invento para sustituir la influencia del Demonio en las prácticas mágicas con el fin de que la Inquisición pasara estas prácticas por alto. Otros más escépticos consideran que el libro no existe como tal y que se trata de todo un invento del s. XVIII, cuando el interés por la brujería estaba mermando, por la Revolución Científica de la época.

El Albanum Maleficarum


ALBANUM MALEFICARUM, EL GRAN GRIMORIO DE PUERTO LUCIFER (SANLUCAR DE BARRAMEDA)

El Albanum Maleficarum es un grimorio de magia ritual o ceremonial, que enseña a practicar un tipo de brujería llamada “artes cápricas”. 

Las “artes cápricas” son un conjunto de prácticas mágicas, que florecieron en la época de Al-Andalus en el entorno de Sanlúcar de Barrameda, también conocida como Puerto Lucero o Puerto Lucifer, población que ya en época romana poseía un templo dedicado a Phosphoros “el portador de la luz”

Las “artes cápricas”, también conocidas como "sacrocaprismo" basadas en el concepto de macho cabrío como mascara del Adversario y símbolo de fertilidad, en caso de las “artes cápricas”, los practicantes llegan a poder adoptar la forma de caprino, lo que une las “artes cápricas” con los grados más altos del culto al dios Pan, en los que aparece la Panolepsia: el dios Pan poseia en el cuerpo del iniciado arrebatándole su autonomía de actuación y generándole ataques repentinos de locura o alegría, risa descontrolada, melancolía inexplicable, arrebatos de deseo sexual, convulsiones…

Según la tradición el autor del Albanum Maleficarum, fue un nigromante conocido como Capricúo (en latín, Capricuum) y que vivirían en el entorno de Sanlucar de Barrameda entorno al siglo X de nuestra era,  en el mismo texto se recoge que Capricúo se transformó accidentalmente en cabra, lo que evidencia un acto de Panolepsia, en la zona pervive la leyenda de la cabra del Montesabio, un caprino dotado de gran sabiduría y con el poder de hablar. 

Durante siglo el texto se perdió, pero en 1601 apareció una copia en Sanlúcar de Barrameda se tradujo del árabe al latín, pasando a conocerse como “El Libro del Blanco Amuleto”, publicado en Valencia, Aquisgrán, Lyon y Venecia, pero la mayoría de las ediciones dicen proceder de Basilea, para burlar a la Inquisicion, en 1711 se incluyó en Index Librorum Prohibitorum, se llegaron a imprimir un total de 30.000 ejemplares, extendiéndose su fama por toda Europa., arreciendo también su persecución, la tenencia de un ejemplar podía significar la muerte en la hoguera, lo que provoco que muchos ejemplares se perdieran. 

A finales del siglo XIX apareció un ejemplar en Sevilla, que desde entonces descansa en una colección particular, al parecer hay otras copias en la Biblioteca Vaticana y en un edificio católico en Jerez de la Frontera. 

El libro se divide en nueve capítulos que son llamados "tratados", que pueden agruparse en  tres partes

En la Primera Parte, que comienza con una advertencia en su prólogo que el lector podría hasta enloquecer al acabar la lectura, se describe el origen del libro e instruye al lector en los requisitos para iniciarse en las artes mágicas y en los instrumentos que precisara, como fabricarlos y en qué momento para encarar la Gran Obra. 

En la Segunda Parte, Capricúo su autor expone los fundamentos de las “artes cápricas” y  cómo comportarse con el macho cabrío que en la versión en latín aparece como la Cabra del Montesabio

En la Tercera Parte desarrolla las “artes cápricas” que incluye desde la construcción de talismanes a la realización de hechizos, invocar entidades que están al servicio del Gran Macho Cabrio. También contiene un apéndice llamado "Pseudomonarchia Satyri" que contiene más de cuarenta entidades que en forma de faunos y sátiros  forman el ejercito del Gran Macho Cabrio.