quarta-feira, 26 de julho de 2023

A Declaração de Azazel


Voltai-vos agora para mim, pois eu sou Azazel, Primeiro Arauto das hostes infernais, e de Lúcifer, Senhor da Luz, Arquidemônio do Inferno, que é exaltado como Satanás, o grande inimigo de Deus. Pois eu falarei de sua própria inspiração e do peso do que recebeste.


Saiba, então, que, quando todo o céu foi abalado com a catástrofe da Segunda Guerra Seráfico, apenas o grande esforço do Arcanjo Masleh pode parar  o ataque do caos que ameaçava engolir tudo. Mas, quando o reino de Deus estava novamente seguro, não havia mais alegria no Céu, pois terrível foi o preço da guerra. quando Masleh levantou seu olhar, seu rosto ficou escuro, pois o grande conflito dizimou um grande número. Legiões de criaturas do Céu pereceram na batalha, e um terço abandonou o Céu para atender ao chamado de Lúcifer. E todo o Céu foi abafado pela dor, a força deste desastre foi grande e o reino de paz foi esmagado.


Finalmente Masleh convocou os arcanjos fiéis, e eles eram Miguel, Gabriel, Rafael e Uriel. E disse-lhes, vencemos Lúcifer, e o Céu esta purificado. Nós mesmos ainda que em menor número e trágica situação não temos a majestade de Deus diminuida por isso. Eis que eu, que triunfou sobre o grande inimigo me torno agora o Messias, o escolhido de Deus. E eles respoderam e ele, tu és Em verdade o Filho de Deus, porque em ti está a Vontade de Deus tornada pessoa.


Em seguida, disse Michael: Messias, Lúcifer foi vencido, mas ele não é passado. Pois ele se aventurou nas trevas exteriores, ainda que exista à parte de Deus. E com o poder de sua Chama Negra ele criado um inferno, onde todas as Vontades existem igualmente, e ele se proclamou Satanás, pois ele nunca deixará de declara sua contestação a lei de Deus.


Messias pensou, e ele respondeu, eu não quero que essa paz que conquistamos a preço tão caro seja perdida para a guerra novamente, pois o próprio conceito de guerra Seráfico é uma aversão a Deus.


Que a minha palavra seja levada a Satanás Eu, o Messias, permito a existência do Inferno, e as bênçãos de Deus nunca entrarão em seus portões. E tu, Satanás, eu o admoesto a nunca retornar ao Céu pois eu novamente lhe jogaria para fora. Mas, se tu te atreveste a tentar a Vontade de Deus e Messias, saiba que na Terra vou ordenar a nova raça de Deus, que será  de meu projeto perfeito e imaculado para tua falha Infernal. Pois tu és o autor de ruína e morte para a nossa ordem Angélica, e nem céu nem inferno serão agora serão eternos salvo através do homem.


Nisso Gabriel, que estava Proclamando o Céu, trouxe esta mensagem para mim, e eu trouxe-a através do grande vazio até Satanás, que disse que o Messias estava propondo trégua entre nós,  pois percebeu que nem o inferno nem o céu poderão exercer a vitória final contra o caos. Mas ele acha intolerável este impasse, e agora quer que esta nova raça dos homens, preservem sem defeito o esquema de Deus. Assim, ele faria os homem conseguirem o que os anjos não conseguiram e limpar todo o livre pensamento do Universo para sempre.


E Satanás se virou para mim e disse: Diga ao Messias que a Terra não será santuário para ele manter inviolável a sua obliteração doentia do Eu. Pois eu dou ao homem uma mente, e de sua própria vontade, ele reconhecerá e rejeitará a morte em vida que Deus lhe oferece. Na verdade, ele deve dominar o Universo, mas ele deve fazê-lo em seu próprio nome e não por Deus.


Em seguida, Messias chamou o Arcanjo Rafael e o mandou para a Terra com um grande exército para proteger o homem contra a vinda de Satanás. E o homem era, então, como um animal simples, pois ele não conhecia os pensamento e sorria com a idiotice de sua inocência. Impulsionado apenas pelo instinto e necessidades físicas e respondia com indiferença as causas e razões.


No inferno foi chamado um grande conselho, e todos se reuniram para ouvir sobre o homem e sua Terra, e sobre seu modo de vida. Eu falei do homem que eu tinha visto, e disse: Esta criatura é agora guardado por Rafael, e pela sua proteção não se pode intervir, pois causaria a destruição da Terra em si. Mas Satanás disse, não será pela força que minha luz chegará ao homem, pois força bruta não é o modo do Inferno. Eu mesmo vou visitar o homem, e os anjos de Rafael não me impedirão. Eles só podem perceber o que Deus permite que eles vejam, e o espírito satânico é de uma essência que é estranha a Deus. Anjos já não seremos eu os chamo Demônios, para o Inferno ensinará ao homem a sua genialidade futura.


E diante de nós Satanás perdeu sua forma e tornou-se novamente na essência de Lúcifer, e vimos um brilho que infundiu todo o inferno e enviou grandes relâmpados de luz prismática no vazio que nos cercava. E o brilho disse, eu sou Lúcifer revelado, sou a Chama Eterna. Eu vou agora para a Terra, para que o homem não seja mais confundido em sua ignorância. E então o brilho tornou-se como um flash de fogo na vastidão do espaço, e nós sabíamos que Satanás tinha partido do Inferno. Mas na Terra, onde o homem vagava em êxtase irracional, o firmamento brilhava com línguas de fogo, e toda a terra foi coberta pela Chama Negra, que não queima, embora atraia o olho para vê-la.


E Rafael e os Anjos seu tutor ficaram consternados, por nada podiam ver o homem ou o espírito que tinha chegado a ele. Em seguida, fez Raphael convocar Michael para atacar a Chama Preto com a força de Deus, mas, mesmo assim, foi a Chama desaparecimento de sua própria vontade. E no primeiro momento parecia que a Terra não foi alterada, mas aos olhos do homem que Raphael ver o primeiro raio de pensamento.


E Rafael virou-se para Michael, que já tinha respondido a sua chamada, e disse que Satanás veio para a Terra, e o homem não é mais pura segundo o olhar do Céu, pois sua Vontade tornou-se  própria. Então eles se levantaram de novo para o Céu, onde contaram Messias o que haviam visto.


Em seguida, Messias respondeu, o homem caiu, mas ele não está perdido, pois sua jovem Vontade não é como a de um anjo, e os poderes que Satanás promete permanecem latentes apenas nos trechos sombrios de seu futuro. Não considerem esta nossa derrota, mas o começo de nossa disputa. A Terra do homem será refeito como microcosmo, e muitas coisas verá o homem, tanto do bem como do mal. E a escolha deve ser colocada antes deles, para sentirem o poder, a dor e o terror do Presente de Satanás, ou para voltar novamente para o paraíso da paz Celestial. O que seria do próprio Satanás se descobrir que o homem rejeitou o seu presente? isso tremeria os alicerces do próprio inferno como a grande guerra fez com os bastiões do céu.


E Messias chamou Uriel, Arcanjo do Terror, a quem ele disse: A Terra deve mudar, e todos os sentidos do homem deve ensinar-lhe repugnância e medo. Ele deve saber aprender que este é o preço de sua nova identidade – que tudo separado de Deus é o mal – e com medo, ele deve abandonar o presente de Satanás e tornar-se mais uma vez um cordeiro de Deus. E Uriel respondeu: Isto será feito, mas como o homem poderá aprender sobre o Céu e o Inferno se ele ainda não pode ver as visões que temos em nosso paraíso celestial?


Messias respondeu: As leis de Deus serão dadas ao conhecimento do homem, pois eu os lhe ensinarei. Entre os homens haverá alguns a quem eu me revelarei, e grandes poder darei a esses profetas, para que as suas palavras possam atingir a Terra inteira.


Então Uriel veio para a Terra, e a história do homem foi escrito com sangue, sofrimento, ódio e guerra. Mas para os homens escolhidos veio Messias, dizendo: Através de Deus toda a miséria será extinta e todos os homens que se curvam a Deus conhecerão as bênçãos do Céu. Pois eis que eu desço entre os homens e lhes mostro os caminhos do Senhor Deus.


Eu ouvi estas palavras pois fui colocado por Satanás para assistir o que ocorria no Céu. E levei-as a Satanás, que voltou em grande ira, foi até Gabriel na barreira entre o Inferno e o Céu, e disse que entregasse esta mensagem para Messias que, assim como ele se esforçou para perverter o seu presente para a maldição do homem, então eu o aviso que o homem o destruírá na Terra e assim será finalmente o fim do próprio Céu. Pois Messias não conhece a força contra a qual esta concorrendo e as leis de Deus serão um dia meros joguetes nas mãos da criatura que agora ele humilha.


E, assim, foi decidido um encontro ente Satanás e Messias na Terra para determinar o futuro do homem.

A Declaração de Abaddon


Eu sou Abaddon, o Destruidor, Demônio da morte temporal e da vida na morte, fui formado em meio a fúria da grande guerra e invocado por Satan para desafiar Uriel na Terra pelo futuro do homem.


Pois Satan olhou com crescente ira para as aflições causadas por Uriel e ele disse a mim que, não mais o homem deve lutar sozinho. Realmente nós devemos causar ao Céu o sofrimento que ele causa na Terra. Parta agora para a Terra e deixe que os cães de Uriel vejam o poder do Inferno sem amarras. Pois muito me chamaram em suas agonias e medo, e eu não os respondi, mas o Messiah ousou andar sobre a Terra então assim também fará a vingança de Satan.


Então os que chamavam por Satan recebiam minha ajuda e eu ataquei os mensageiros de Deus e levei seus templos a ruína. Da mesma forma que nações inteiras foram descartadas pela Vontade deles de merecer um paraíso além do mundo, também eu os atingi com os poderes da Terra. E grandes impérios surgiram entre os homens conforme eles nutriam o poder de sua Vontade e desejo de conquista. Eu os guardei, mas conforme eles se atolavam em superstições, preguiça e medo de Deus, que nunca levantou sua mão fantasmagórica por eles, então os abandonei com suas doenças e de alguns destes impérios nem a lembrança sobrou sobre a Terra.


E mesmo vendo estas coisas eu disse, vejam homens, o Deus em que confiam é apenas a Ira de Messiah, e por ele vossas criações e mente decairiam e apodreceriam, e tu perderias todo o poder da razão. Pois Deus é uma mentira e um impostor e eu derrubo seus maiores monumentos como se fossem feitos de areia, Não há Deus senão este Messiah, e sua devoção a ele os arremessará ao esquecimento. Mas pouco fui ouvido pois amente do homem estava fechada e confusa. Eles não entenderam o sentido de minhas palavras, e disseram, o Senhor Deus triunfará pois isso nos foi dito pelo próprio filho de Deus. E é disso que falarei agora.


Messiah andou na terra como homem enquanto eu testemunhava a glória do florescer de Roma em sue poder e majestade. Mas Azazel disse, Não negligencie sua força contra a pessoa do Messiah, pois Satan em pessoa falará com ele. E novamente do céu brilhou a Chama Negra e, Eu vi que Satan veio a Terra. E assim se deu o primeiro encontro entre Satan e Messiah desde a Grande Guerra.


Com o olhar frio Messiah observou Satan, dizendo, Você me confrontará agora? Será teu Presente tão  fraco contra o poderoso Deus? Mas Satan respondeu, Messiah, o que você se propõe fazer agora – se proclamar Deus entre os homens – não trará a paz que você professa e deseja, mas prolongará a guerra em teu nome. Porque não parte da Terra e deixa o homem perseguir sua escolha livre da influência tanto do Céu como do Inferno?


E o Messiah respondeu, os modos do Céu não são como os do Inferno e por esta razão não reconhecerei seu desejo. Mas saiba que em verdade eu aparecerei ao homem e manifestarei a ele a glória de Deus encarnado em mim, para que ele escolha agora o caminho do Céu e crie para mim uma grande igreja para adorar-me. Pois eu não tenho uma mente para jogar contigo  Satan e esmagarei teus seguidores sem remorso. Seu nome também será revelado aos teus preciosos humanos, e eles o amaldiçoarão, pois eu mostrarei a eles o fruto de teu gênio mal.


Então Satan se voltou ao Messiah com ódio tenebroso e disse, Eu não virei ao homem como um ídolo para ser adorado.  Pois o homem não deve se curvar a mim assim como não me curvo a ninguém. Mas ouça-me bem Messiah, o homem saberá a verdade sobre Lúcifer e o nome de Satan eclipsará o teu próprio. E tenha tu cuidado com os caminhos dos homens se presas o teu tipo, pois ele não receberá tuas palavras com apresso.


Então Satan retornou para o Inferno e Messiah caminhou entre os homens e falou a eles sobre a lei de Deus. E tal era o poder desta pessoa que os homens eram como ovelhas diante dele. Muitas vezes Messiah ignorou sua própria lei, fazendo coisas milagrosas  e permanecendo onde a crueldade era trazida aos homens por Uriel. E eu observei com grande ira dizendo, Deve Messiah cruel atormentador dos homens atribuir a Satan o trabalho de Uriel? E eu Abaddon vim a Roma e a Palestina dizendo pelas bocas dos homens, Messiah tu trouxe ao homem sofrimento imerecido, prove agora de teu próprio fruto. E eu cruxifiquei o Messiah enquanto carne viva e conforme a vida era tirada de sua forma quebrada ele conheceu o desespero dos desamparados e clamou pela agonia de seu Deus. Mas eu disse, Deus não te ouve Messiah, pois você é tudo o que presume ser a divina consciência.


E assim, eu, Abaddon expulsei o Messiah da Terra, mas a semente que Messiah plantou entre os homens cresceu e tornou-se uma poderosa igreja onde toda vida foi esquecida e a morte era adorada e os prazeres do Céu eram prometidos para todos os que esquecessem sua própria Vontade para abraçar a de Deus. E Roma sucumbiu diante desta igreja e eu derrubei a Cidade Eterna em sua lamentável decadência. Mas Azazel veio a mim e disse, não toque nesta igreja de Deus, pois o homem em sua tolice a criou, e deve também a destruir por sua própria decisão.

A Declaração de Asmodeus


Atenção a mim, pois eu sou Asmodeus, que treina a mente em reconhecimento e comparação e sou o Demônio da ciência e do julgamento. Quando Satan inicialmente tocou a mente do homem, ele convocou um concílio no Inferno e disse. O momento é solene, pois eu escolhi passar ao homem nosso conhecimento. Muitas habilidades ensinaremos a ele, cada uma em sua forma, mas três delas ele deve estar bem escolado pois os caminhos do seu futuro reside na síntese destas. Por isso chamo primeiro Asmodeus para guiar o homem em sua percepção da verdade e do erro, pois diante dele existem grande testes, e ele não deve enfrentar as consequências de suas opções levianamente.


E assim eu vim a Terra e testemunhei o homem preso na irracionalidade do barbarismo e nos extremos das emoções primitivas. Ajudei-o então a organizar e direcionar seu pensamento pois a arte de Uriel trouxe a ele fome, e frio e frio, dor e medo e o verme que corroi com o desamparo. Eu o vi atirando seu corpo esmagado nos altares de Deus e renunciando o Presente de Lúcifer, pois foi incapacitado de o compreender com esta maldição sobre ele. E eu o impeli com a urgência de que a primeira fagulha da futura grandiosidade do homem não deveria ser apagada pelo abraço mortal da religião.


Eu dei ao homem a disposição da memória para que ele descobrisse por si mesmo padrões de comportamento. Um presente de valor pois agora o homem podia conceber  o que antes não podia criou para si linguagens e trouxe a existência as primeiras nações da Terra. Mas destas estruturas veio a rudeza e a tirania e eu vi que as habilidades que eu ensinasse seriam espadas de dois gumes, tendo o poder de ser a favor e contra o próprio homem. E fui tomado por confusão e dúvida e solicitei novamente o conselho de Satan.


Justo eu que sou o Demônio do julgamento não pude desfrutar de minha própria arte? Eu disse, o homem pode não saber dos sistemas de ordenação e referência sem deles abusar? Mas Satan respondeu. Poderia Asmodeus amenizar para o homem o desafio que tem diante de si sem assim diminuir a força da Vontade que ele deve obter para subjugar Uriel? Eu não faria isso pois nós faríamos isso para nosso próprio prazer e o homem se tornaria um brinquedo do Inferno como se fosse do Céu. Realmente nós devemos dar as ferramentas ao homem para que ele as conheça, mas ele mesmo deve decidir a direção do uso delas.


Mas isso eu lhes digo – que não apenas em matérias científicas devemos tutorar o homem. Pois se ele tivesse o mecanismo como única marca do seu progresso nunca poderia desafiar Deus em si. No trabalhar da mente do homem devemos transmitir a sensibilidade estética e o afã artístico, e ele não verá suas conquistas sem considerar o refinamento de seus prazeres temporais.


Assim aconselhado eu retornei a Terra, e dei ao homem amostras das maravilhas que foram confiadas a ele. Eu aproveitei os patéticos trabalhos dos alquimistas e lhes sussurei as chaves que um dia dariam curso a grandes avanços. Eu instiguei exploradores até os confins da Terra e arremessei uma maça em Newton quando sua obtusidade me envergonhou. A Democrito eu falei e pude ver a radiação que sai da matéria ser usada para construir e destruir o mundo dos homens. E o homem não negligenciou sua própria estrutura pois em minutos de vida ele encontrou suas próprias pistas e indícios de sua criação original. E eu Asmodeus levei matemáticos e astrônomos as maravilhas do firmamento e acompanhei o pensamento dos acadêmicos por muitas tardes. E mesmo que o homem ainda não atingisse maestria sobre seu ambiente eu falei de governo para Khem e Hellas para as dinastias de Ch’in e Ashanti e Tebochtitlan, e em grandes capitais e habitações semelhantes eu falei da irmandade entre os homens e sua correlação com as forças da Terra e aquelas do Universo além da Terra.


E eu trouxe vida e aventura e conquistas ao homem, mas cada dom era também uma ferramenta de destruição e morte, e mais frequentemente do que o contrário o homem se encheu de terror e guerras, pois Uriel também não cessou seu trabalho e jogava homem contra homem. E eu soube que Asmodeus sozinho não poderia completar o homem, mas forças além da minha deveriam abordar a definição de sua infinitude.

A Declaração de Astaroth


Eu sou Astaroth, Demônio dos Sentidos, que fui chamado por Satanás para complementar as ciências de Asmodeus, pois Satanás disse: Assim como eu dei a consciência do homem, Asmodeus deve ensinar-lhe o conhecimento do seu mundo e do universo. Mas, para de que proveito seria essa consciência e conhecimento sem ser admiração e apreço destas coisas?


Eu disse, em verdade, se os homens não possuíssem ainda nenhuma emoção dentro deles, eles teriam inclinação para os extremos do céu, buscando um mecanismo universal que justificasse a si próprio. Mesmo que fosse o homem conseguir o domínio absoluto sobre a física do Deus-Cosmos, ele não teria meios para compreender a medida ou a importância de sua realização salvo por meio da sensibilidade individual à estética, essa foi a contribuição de Astaroth. Pois o presente satânico desperta o homem, a separação intelectual o capacidade para ver seu progresso e planejar uma base extra-científica para seu prazer emocional.


Por isso vim para a Terra junto de Asmodeus, e assim como ele falou ao intelecto do homem, eu trouxe a meditação e introspecção para os artistas e autores de sensibilidade. E o homem não existe apenas para usar seu poder satânico, mas também para reconhecer o grau de liberdade que lhe foi prometido – a subjugação de todo o comportamento a sua vontade e não a leis naturais ou mecânicas.


Para o homem veio então a fantasia e imaginação, e a valorização de contrastes entre a realidade de suas realizações e as ilusões da impossibilidade circunscrita pela lógica de Deus. E sempre que o homem atingiu um novo patamar de realização material, também enfrentou a barreira da Vontade de Deus, que permitia nenhum desvio de sua lei.


E o homem estava muito satisfeito de medir a si mesmo por este limite, pois ele tornou-se embriagado por sua capacidade de aproveitar as forças do cosmos a seu capricho. O homem aprendeu a domar as leis naturais com a espada que tomou das próprias mãos da natureza. Mas Astaroth disse, não feche teus olhos diante deste pouco progresso, pois, tu superará todos os sistemas de Deus com tua obra, ainda que a tua compreensão seja limitada pelos limites dessas leis e da aceitação da ordem divina como a finalidade de tua raça.


Então, eu confrontei o homem, dizendo: todo o universo que antes só conhecia a Vontade de Deus foi tomado pela oposição perfeita, onde as forças do Anjos do Céu e as dos Demônios do Inferno foram tomados por mútua frustração, servindo por fim apenas para apoiar a grande barreira de Vontade entre a ordem e o caos. E o homem, filho deste desequilíbrio, é que deve resolver o problema entre o Céu e Inferno, e é quem é inigualável por esta antítese racial e deverá transcender a regra da ordem de Deus e estabelecer a liberdade eterna da vontade satânica.


E eu disse: Não é só pelas tuas ciências físicas e filosóficas que conseguirá tal essa coisa, pois tua mente e Vontade devem ser treinadas mais uma vez para desfrutar de sua concepção empírica. O homem deve criar sua própria ordem, independente de toda a imposição externa. E até que ele domine este poder não poderá aspirar ao fim de sua evolução Satânica.E conforme o homem se volta agora para a compreensão e investigação cautelosa desta nova direção da sua vontade, Astaroth conclui sua síntese com Asmodeus. A era de nosso companheirismo com o homem se aproximou do fim e para Terra veio o terceiro grande Demônio que faz a ligação entre o Inferno e o homem e com a presença dele o despontar da Era Satânica é proclamado.

A Declaração de Belial


Salve, homem, que por levará ao fim do Universo a glória da Vontade Satânica! Eu sou Belial, e trago a ti a terceira grande chave do Inferno, com o poder das quais poderá confrontar as leis do Céu e da Terra. Diante de ti o caos sucumbirá, e e tu regeras para si mesmo os grandes mistérios do macrocosmo. Eu falo para vós sobre aquilo que chamam de Magia Negra, pois esta é real cria da Chama Negra que no princípio trouxe tua Vontade a vida eras atrás.


A compania de Satan fui chamado e o Senhor da Luz me disse, Eu tua incumbência, Denônio da Essência, eu lhe dou a essência do meu próprio ser, a Chama Negra cujo poder pode afetar a criação pela força da Vontade. Contra tu que domina a Magia Negra nenhuma lei se oporá e assim eu lhe chamo Belial que é Aquele Sem Mestre, e assim como concedo esta essência para vós, tu deves cuidar para que chegue aos homens que assim superarão qualquer amarra e trarão as Chamas da mudança, que na sua supremacia se tornará Vermelha com a perfeição da Vontade do homem.


E para a terra vim como Belial para ver os ensinamentos de Asmodeus e Astaroth. E eu vi que Satan, quando na companhia dos homens falou muitas vezes sobre a Chama Negra aos primeiros magos entre os homens, testando suas Vontades no controle das forças do Cosmos e independentes das leis de Deus.


E em sua inocência o homem não percebeu a majestade da Chama, usando poderes inferiores para causar alterações finitas e menores com a essência da lei divina na Terra. E como o homem pode desencadear a Chama de uma maneira com a qual não é hábil para dominá-la. Satã disse, Belial, a Chama Negra não deve apenas inclinar as bases da existência ordenada. O homem deve reconhecer o potencial final do meu Presente antes que ele destrua sua própria raça pelo seu abuso. Convoque assim uma Igreja de Satã que zele pela Chama Negra com cuidado e a erga com sabedoria preservando para o homem esta chave da infinita Vontade.


E Eu respondi. assim será, e a Igreja de Satã proclamará as glórias da Era Satânica ao homem. Os dias das igrejas de deus entrarão em pálida decadência e dissolução, e o reino do Messiah sobre a terra terminará em ruínas com a chegada do homem Satânico.


Aqueles que ousarem pela Magia Negra – Saiba que o que aceitam é a própria maestria sobre todas as coisas e tudo aquilo que antes julgava impossível, pela força da Vontade exclusivamente. O mago negro não precisa temer nenhum poder salvo o seu próprio, mas deve conquistar sua própria Vontade para que não cause sua própria destruição por fraqueza ou acaso. Satan não é Deus e o Inferno não oferece salvação para aqueles que abusam do Presente de Satan. Pois o presente é em si algo além do controle do Inferno, uma vez que seja dado, está sujeito apenas a Vontade do mago Negro.


O Inferno legou ao homem sua liberdade perfeita e este é um presente que nunca poderá ser recuperado.


Adeus, humanos, que já foram crianças uma vez e serão pais do Universo! Lembre-se do futuro, que é teu, e saibam, agora e para sempre, que o inferno confa a teus cuidados e tutela da Vontade eterna.

Diabolicon


Diabolicon é o livro que conta a história por trás da Bíblia pelo ponto de vista do diabo. Ele narra a origem e rebelião de Lúcífer, as Guerras dos Anjos e o projeto de “salvação” da humanidade contato por meio dos testemunhos feitas por alguns dos principais demônios envolvidos. Essa obra já foi igualada ao Codex Giga, a famosa ‘bíblia do diabo’ que supostamente surgiu em um mosteiro beneditino medieval quando um monge vendeu sua alma a Lúcifer em troca de conhecimento. Ele teria sido escrito a mão livre pelo próprio Demônio em uma única noite. Mas enquanto o Codex Giga é uma lenda cristã o Diabolicon é um livro real escrito por Michael Aquino no V Anno Satannas, época em que era um dos principais sacerdotes da Igreja de Satã.


Nesta época contudo Aquino era um soldado americano em um dos maiores massacres da história moderna, a guerra do Vietnã. Tomando parte da destruição sem sentindo e da matança indiscriminada de homens, mulheres, crianças, soldados e civis, feita em nome da liberdade e da verdade, Aquino foi tocado por uma “sabedoria antiga” que o atormentou dia e noite, até que passou para o papel o que lhe era ensinado nos momentos em que sua visão se tornava clara e a voz invisível se fazia presente para ele.


Ao terminar de escrever e revisar a a obra Aquino enviou uma cópia a Anton LaVey, fundador e sacerdote maior da Igreja de Satã que respondeu:


“Recebi com segurança a cópia que me enviou do Diabolicon. É realmente uma obra que deixará um impacto duradouro. Feita de uma maneira atemporal e com completa consciência. Tão impressionado fiquei que selecionei algumas passagens para usar em minhas leituras pessoais na cerimônia desta tarde, que presta homenagem as obras dos Mestres Satânicos do passado, como Maquiavel, Nietzsche, Twain, Hobbes, etc… Você tem minha sincera gratidão por este belo presente que graciosamente nos deu, e tenha certeza que ele assumirá um papel importante em nossa Ordem.” 


Este não foi a único ritual a usar trechos deste livro. De fato, a forma como a narração foi escrita a torna bastante adequada para visualizações e propósitos cerimoniais.  O Diabolicon passou a ser um dos documentos internos do grupo e circulava por meio de cópias entre os sacerdotes. Ele só foi revelado aos não membros da Igreja de Satã seis anos depois quando Aquino saiu da organização para fundar o Templo de Set, uma dissidência da Igreja de Satã de cunho mais iniciático.

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Kenneth Grant - O Culto de Ku


A sacerdotisa Lî foi a minha conecção com o curioso Culto de Kû que originou-se no Sul da Ásia Oriental. Seu interesse no presente contexto mora no fato de que o coração do culto possui um sistema análogo ao Vodu Mystére dos 256 venenos, ou kalas, da Deusa.

No Culto os kalas são ostensivamente utilizados para adquirir riquezas e/ou promover vinganças, mas eles também possuem utilizações profundas e mágicas . O hieróglifo Kû comporta muitos significados, o primeiro dos quais é ‘magia negra’, em contraste à variedade branca conhecida como Wû. Como um ideograma Kû tem ao menos a idade de 3.000 anos. Ele denota um princípio mágico gerado por licenciosidade, um princípio que controla os espíritos daqueles tiveram uma morte violenta ou que tenham sido moralmente degenerados através de uma excessiva sensualidade. Ele é em alguns aspectos o equivalente Chinês do Mystére du Zombeeisme.

Seu instrumento mágico é uma bacia, tigela ou vaso d’água, e seu totem zoomórfico são os seguintes: inseto, verme, cobra, sapo, centopéia, etc. Enquanto que o comentário de Tsou Chuan revela: “Vasos e vermes fazem o kû, causado pela licenciosidade. Aqueles que tiveram morte violenta também são kû”.

O conceito básico de Kû é preservado no Yî King onde ele aparece como o décimo oitavo hexagrama. O comentário textual provido por Legge e outros é geralmente obscuro, mas os dois trigramas elementais que formam o hexagrama são aqueles os da terra e do ar, e portanto de acordo com o significado de Kû quando causa uma perda de alma ou sôpro. Isto vai bem de acordo com os antigos textos Chineses onde Kû é identificado com condições atmosféricas malignas tais como aquelas geradas, fisicamente, por regiões subterrâneas sulfurosas e pantanosas, ou psiquicamente, por eflúvios miásmicos de condições cadavéricas. Kû também indica a presença de maus espíritos e as auras insalubres de entidades artificiais criadas por meio de magia negra.

O que é de interesse especial aqui, é o fato de que, conforme alguns textos extremamente antigos, o Kû voa através da noite e aparece “como um meteoro”. Sua luminosidade aumenta e ele projeta uma sombra na forma humana; ele é então conhecido como t’iao-sheng-kû. A sombra pode desenvolver um grau de densidade que capacita-o a copular com mulheres, neste estágio ele é chamado chin-tsan-kû. Ele pode então ir aonde quer que ele deseje e dizem que ele espalha calamidades através da zona-rural. A crença popular encara o Kû como um maligno caçador da escuridão que arrebata as almas dos mortos. Tais crenças deram lugar à consideração de noites calmas oprimidas por pesadas nuvens em que irreconhecíveis objetos eram vistos reluzir e raiar como meteoros sobre o alto dos telhados e voar para o espaço. Tais luzes foram atribuídas ao Kû, e o Kû era capaz de devorar em suas correrias noturnas os cérebros das crianças. Ele também seqüestrava espíritos humanos. Nas famílias de feiticeiros que eram conhecidas como ‘guardiões Kû’, a mulher era sempre seduzida por este espírito.

O meteoro era identificado como o Kû voador ou a serpente Kû, uma referência oblíqua à Corrente Ofídica a qual os iniciados sabiam ter entrado na atmosfera da terá vinda do Exterior. O círculo de feiticeiros que servem a este espírito ‘venenoso’ tornam-se ricos. Esta crença é reminiscente de seu equivalente Vodu na deusa serpente Ayida Oeddo, de quem é dito “minha deusa serpente, quando você vem é como o flash de luz”. O espírito de Ayda Oeddo é “uma grande serpente que aparece apenas quando ela quer beber. Ela então descansa sua cuda sobre a terra e afunda sua cabeça na água. Diz-se que ‘aquele que encontra excrementos desta serpente é rico para sempre’”.

Partindo do fato de que as mulheres e meninas da família (círculo) são ditas serem seduzidas pela serpente, é evidente que a Corrente Ofídica manifesta seus venenos através dos kalas da fêmea. A serpente voa noturnamente “como um meteoro”. Quando ela alcança regiões esparsamente inabitadas ela desce e “come os cérebros de homens”. Tais mortais canibalizados tornam-se zumbis; “cérebros” significa inteligência, que, em troca, é símbolo de princípios vitais.

Um espírito similar ao chin-tsan-kû aparece na forma de um sapo ou rã. Ambas as formas, batráquia e ofídica, são familiares aos feiticeiros como totens do Senhor das Profundezas e do Grande Antigo. É interessante notar aqui que o Kû, como os OVNIs, parecem evitar as áreas populosas.Ele aterrissa ou materializa-se em regiões desertas. Outra similaridade com os relatos de OVNIs é que os ocupantes de tais engenhos algumas vezes fogem com várias partes do corpo humano. Os antigos Chineses foram compelidos a incorporar suas observações em um contexto ‘mágico’ para encontrarem termos para descrever o fenômeno da origem extraterrestre. A insistência sobre o simbolismo dos insetos é altamente significante em vista do som sussurrante credito por ser o arauto da proximidade ou advento do Grande Antigo.

Há ainda outro tipo de Kû. Ele era lendário por excretar ouro e prata e arremessa-los durante a noite, como raios. “Um grande ruído era criado por sua queda”. Também diz-se que OVNIs caem em uma grande rapidez sonora. Além do mais, “ele pode ser uma serpente, um sapo ou qualquer outra espécie de inseto ou réptil”. É mantido por seus adoradores em uma sala secreta, e alimentado pelas mulheres. Entretanto, ele é formado de puro Yin, o qual é uma maneira figurativa de dizer que é ele é um Kû vampiro que vive do sangue menstrual. É dito também que o Kû que devora homens excretará ouro, enquanto que o Kû que devora mulheres excretará prata. A chave para estas palavras deve ser procurada no simbolismo da alquimia Chinesa e interpretada à luz da Gnose Ofídica. Lê-se então: O Kû vampiro (fêmea) que suga a semente masculina (como íncubus), emana o kala criativo ou solar; o Kû vampiro (macho) que absorve o sangue menstrual (como succubus), emana o veneno lunar ou destrutivo. O processo divide-se naturalmente em Magick (sol) e Bruxaria (lua). Mas o kala lunar nem sempre é destrutivo ou corrosivo algo mais do que a corrente solar é invariavelmente criativa. Há gradações infinitas. Os Chineses estavam conscientes de uma sutil perichoresis, ou interpenetração de dimensões, e o Kû era talvez, uma das formas na qual eles simbolizavam-no. Ainda assim em quase todos os casos o processo envolvia um intercâmbio sexual entre mortais e extraterrestres – entre feiticeiros, meteoros ou ‘raios’.

O simbolismo do ‘pires’49 está também implícito no símbolo dual do Kû que inclui a bacia ou vaso, e o verme ou inseto. Os espíritos lunares e solares copulam nas águas contidas no vaso, assim imbuindo o fluído com os kalas vindos do Exterior.

O Yî chien chih pû lista quatro tipos de Kû: Kû serpente, chin-tsan-kû, Kû centopéia e Kû sapo. Eles podem mudar suas formas ou tornarem-se invisíveis. Cada um deles possuem suas consortes co as quais eles copulam a intervalos fixos em um vaso contendo água. Os venenos assim liberados fluem sobre a superfície da água e são coletados com uma agulha. A infusão é conhecida como a respiração ou espírito do Yin e Yang e é então injetado, durante uma visitação noturna nos genitais da vítima. O princípio vital é assim dominado e a vítima torna-se um zumbi, seu fantasma é daqui em diante controlado pelo Kû da mesma forma que o tigre escraviza o ch’ang. Esta explicação foi necessária para explicar os curiosos eventos que ocorreram em um encontro da Loja Nova Ísis quando Lî oficiou em um Rito de Kû interpretado de acordo com as linhas gerais do Nu-Aeon.

O templo da loja estava decorado com seda amarela rajada com malva.55 Lî tomou sua posição sobre um trono esculpido em ébano atapetado com malva. Ela usava um robe de seda negra enfeitado com uma serpente de esmeralda e rodeado com cordas de cetim, também de cor malva. As correias de sua sandália eram da forma de sapos forjadas em jade verde. No lugar do altar usual, estava um grande tanque repleto de um fluido colorido no qual aglomeravam-se muitos aparatos altamente realísticos sugestivos do Grande Antigo. Um grande gongo de bronze era golpeado para marcar os estágios do ritual que sucedeu.

Lî afundou em profundo transe. Seu corpo balançava ritmicamente como um delicado caule de um lótus negro cauterizado contra a brilhante seda amarela. Um sussurro quase inaudível procedeu vindo do capuz através da abertura da qual os olhos de Lî cintilavam vindo de seu sono mágico. Seus dedos estavam excepcionalmente longos e inclinados co brilhante verniz que refletiam raios de irradiações luminosas advindas da lamparina adornada com jóias que pendia, balançando lentamente na escuridão, acima do trono. Ela era uma lanterna de metal forjado de artesanato Árabe, suas janelas alternadas brilhavam com painéis multicoloridos que lançavam pesadas sombras por todo o aposento e dirigia um brilho esmeralda nas profundezas do tanque. Oito figuras encapuzadas rodearam o trono e tocaram a tempo o gongo. Suas reverberações criaram um vácuo que pareceu sugar na sala um curioso lamento, como de insetos dos quais a presença invisível tornava-se inacreditavelmente palpável.

O círculo dos adoradores fechou-se sobre Lî como um mar negro invadindo uma vívida praia amarela. Seu sussurro aumentou de uma baixa e pausada repetição de duas ou três notas a um alto falsete, assemelhando-se ao grito agudo dos guinchos de morcegos. A intensidade hipnótica do gongo, combinada com a concentração crescente do incenso que espiralava de um incensório em forma de dragão, evocou uma atmosfera bizarra, onde o incidente que ocorreria pareceria – aos participantes – como uma vívida realidade.

No clímax do rito Lî desprendeu seu robe e, como uma sombra branca, incrivelmente réptil, escorregou sobre beira do tanque. A medida que ele afundava nas águas, oito tentáculos fálicos alcançaram e prenderam-na.

Eles envolveram-na em um múltiplo maithuna no qual cada um dos tentáculos participava de cada vez. O cabelo de Lî, negro como a noite, formou uma ondulação lentamente arabesca, cada vívido tendão cauterizou-se contra a zona malva com precisão Dalínica.56 O orgasmo óctuplo que finalmente convulsionou-a foi registrado pelos adoradores ao redor do trono. Violentos paroxismos deslocaram os capuzes negros, revelando brilhantes cabeças calvas e os protuberantes olhos dos servos batráquios de Cthullu. Esta transação ocorreu apenas nas profundezas da zona-malva, pois a estática figura de Lî, ainda encapuzada, sentada mergulhada em uma poça como uma piscina de óleo sobre o ponto de escoamento abaixo das pernas do trono.

A medida que a Imagem amontoava intensidade nas mentes dos acólitos, as sombras lançadas pela lanterna assumia sobre o chão uma animação quase tangível e ofídica. Lentamente, as ondulações oleaginosas aproximaramse do tanque e começaram a e escalar suas paredes. A radiância malva resplandecia através delas e fazia de cada uma das formas pululantes uma pesada ampola repleta de líquido, um alongado saco de pus infuso com um veneno peculiar. Quando as sombras alcançaram a parede do tanque elas gotejaram em suas profundezas e fundiram-se com o fluido esverdeado. Ao contato deste novo elemento a forma Kû de Lî emergiu do abraço daquele yab-yum octópode e retornou repentinamente ao trono, descrevendo uma perfeita parábola quando o espírito penetrou a massa flácida sobre o trono e identificando-se uma vez mais com a casca vazia encapuzada. Nesse retorno repentino o Kû revelou-se como um réptil marinho ao meio termo entre uma serpente e um peixe.

A experiência de Lî confirmou algumas, se não todas, das principais descobertas de dois pesquisadores que contribuíram com um artigo sobre Magia Chinesa para o Jornal da Universidade da Pensilvânia, em 1933. A fase mais importante, entretanto, com suas implicações extraterrestres permaneceu inesperada por eles. O resultado do rito conteve alguns elementos que sugeriram que os Chineses possuíam um conhecimento oculto particular que precedeu qualquer evidência científica assim chamada de intervenção extraterrestre nos afazeres da humanidade. A substância sombra que pareceu viva e rastejava dentro do tanque era realmente algum tipo de óleo ectoplásmico secretado dentro do robe de Lî, seu refugo réptil. Isso deixou um depósito sobre o trono e um rastro de limo sobre os muros do tanque que emitiu um ganido lânguido mas alto quando dissolvido em ácido.

Como previamente notado, o Kû foi identificado com o décimo oitavo hexagrama do Yî King. O vaso ou tanque é tipificado pelo trigrama simbolizando o elemento Terra; ele aparece como uma cobertura acima do trigrama do espaço ou ar, assim encerrando, prendendo, ou capturando aquele elemento. Nesta retenção o elemento descarrega sua vitalidade, ou semente, como o verme (corrente ofídica) dentro de um conteúdo. Crowley, que trabalhou por muitos anos com o sistema do Yî King, comparou o hexagrama dezoito com seu reflexo - hexagrama cinqüenta e três – que é composto dos trigramas de Ar-de-Terra. Isto sugere ‘voar’, enquanto que Terra-de-Ar sugere ‘sufocar’. A conclusão posterior sugere sufocação por submersão ou gases pantanosos, e por emanações venenosas advindas de kalas miásmicos tipificados pelos venenos da serpente Kû.


32 Ver The Vision & the Voice (Crowley, 1909), um informe das explorações de Crowley dos espaços ou aethyrs ocultos além do Universo conhecido, primeiro mapeado por Dee and Kelley. O punhal caracterizado ‘acidentalmente’ em outros rituais da Loja Nova Ísis. Ver Parte III, ch. 5, e outros lugares.

33 Compreendendo, assim, ambos brilho e escuridão das metades.

34 Págs. 204 – 206, em particular, e em muitos outros lugares através das trilogias.

35 Em suas cartas ele negou-a; em seus contos ele exultou no conhecimento dela.

36 Ver Magick (edição RKP) p.388, e Liber 777, colunas XV, XVI, XVII e XVIII.

37 Este assunto foi explorado em Outside the Circles of Time e em outras partes; é necessário aqui meramente recordar as implicações.

38 A espécie, não o ‘primeiro’ homem.

39 Ver Números, XXXI, 35; Levítico, XII, 7

0 Veja os escritos de Michael Bertiaux ligados ao Culto da Serpente Negra.

41 A superposição do trigrama da Terra sobre o do Ar sugere sufocação.

42 Representadas pelos trigramas Terra sobre Ar.

43 N.T.: Em inglês = Ophidian Current.

44 N.T.: Em Inglês = Outside.

45 O espírito é o veículo dos venenos ofídicos ou kalas.

46 Ver Cults of the Shadow, p34.

47 Ver as observações de Vallée sobre canibalismo e a morte de gado para a venda, em Messenger of Deception, parte III.

48 Note, nesta conexão, a abelha, que é um zoótipo do Aeon de Maat. N.T.: mantenham em mente que Kenneth Grant e Michael Bertiaux dão crédito à idéia de um Aeon de Maat de Frater Achad (filho mágico de Crowley).

49 N.T.: Pires em inglês é ‘saucer’. Em inglês os discos voadores (OVNIs ou UFOs) são conhecidos como ‘flying saurcers’.

50 Esta é a versão Chinesa da prática do Tantra Hindu da coleta sobre uma folha de bhurpa dos kalas da suvasini.

51 Incubi e succubi.

52 Uma referência à lenda Chinesa concernente ao espírito de uma pessoa devorada por um tigre.

53 N.T.: Não confundir com a Loja Nova Ísis situada no Brasil (i.e. RJ). A Loja referida no texto, é uma Loja da Typhonian O.T.O. da qual Kenneth Grant (o autor) é o O.H.O.. Esta loja chama-se New Isis Lodge.

54 N.T.: Nu-Aeon é análogo à Novo Aeon, posto que a palavra ‘Nu’ é análoga à ‘New’ (Novo) de acordo com as correlações cabalísticas utilizadas por Grant ao longo de todo o livro.

55 N.T.: A palavra malva, aqui, está vinculada à cor, e não à flor.