terça-feira, 8 de outubro de 2024

Thelema - Liber O vel Manus et Sagittæ

 

Instruções básicas para o estudo da Cabala, Assunção de formas de Deuses, vibração de Nomes Divinos, os Rituais do Pentagrama e do Hexagrama, um método para obter visões astrais e uma instrução sobre a prática chamada de Ascensão nos Planos.


Publicação da A∴A∴

em Classe B


Emitida por ordem de:


D.D.S. 7○=4□ Præmonstrator

O.S.V. 6○=5□ Imperator

N.S.F. 5○=6□ Cancellarius


1. Terra: o deus Set lutando.

2. Ar: O deus Shu apoiando o céu.

3. Água: a deusa Auramoth.

4. Fogo: a deusa Thoum-aesh-neith

5, 6. Espírito: o abrir e fechar do véu.

7-10. Os sinais de L V X.

7. ✚ Osíris morto – a cruz.

8. L Isis de luto – a suástica.

9. V Tifão – o Tridente.

10. X Osíris ressuscitado – o Pentagrama.


Os Sinais dos Graus

I

1. É muito fácil interpretar mal este livro; pede-se que os leitores usem o mais minucioso cuidado crítico em seu estudo, assim como fizemos em sua preparação.


2. Neste livro fala-se das Sephiroth e dos Caminhos; de Espíritos e Conjurações; de Deuses, Esferas, Planos e muitas outras coisas que podem ou não existir.


É irrelevante se elas existem ou não. Ao fazer certas coisas certos resultados seguirão; os estudantes são seriamente advertidos a evitar a atribuição de realidade objetiva ou validade filosófica a qualquer uma delas.


3. As principais vantagens a serem obtidas dessas coisas são as seguintes:


(a) Uma ampliação do horizonte da mente.


(b) Um aperfeiçoamento do controle da mente.


4. O estudante, se atingir qualquer sucesso nas práticas a seguir, se verá confrontado por coisas (ideias ou seres) deslumbrantes ou terríveis demais para serem descritas. É essencial que ele permaneça o mestre de tudo o que vê, ouve ou concebe; doutra forma será escravo da ilusão e presa da loucura.


Antes de começar com qualquer uma dessas práticas, o estudante deverá estar com boa saúde e ter obtido algum domínio em Āsana, Prāṇāyāma e Dhāraṇā.


5. Há pouco risco de que qualquer estudante, por mais estúpido ou negligente que seja, deixará de obter algum resultado; mas há um grande perigo de que ele seja levado ao erro, obcecado e dominado por seus resultados, mesmo que seja por aqueles que é necessário que ele atinja. Além disso, muitas vezes ele confunde o primeiro ponto de repouso com o objetivo, e retira sua armadura como se fosse vitorioso antes que a luta tenha realmente começado.


É desejável que o estudante nunca atribua a qualquer resultado a importância que à primeira vista ele pareça ter.


6. Primeiro, então, consideremos o Livro 777 e seu uso; a preparação do Local; o uso das Cerimônias Mágicas; e, finalmente, os métodos que se seguem no Capítulo V, “Viator in Regnis Arboris” e no Capítulo VI, “Sagitta trans Lunam”.


(Em outro livro será tratado da Expansão e Contração da Consciência; progresso pela destruição dos Cakkrâms; progresso pela destruição dos Pares de Opostos; os métodos de Sabhāpati Svāmī, etc., etc.)


II

1. O estudante deve primeiramente obter um conhecimento profundo do Livro 777, especialmente das colunas i., ii., iii., v., vi., vii., ix., xi., xii., xiv., xv., xvi., xvii., xviii., xix., xxxiv., xxxv., xxxviii., xxxix., xl., xli., xlii., xlv., liv., lv., lix., lx., lxi., lxiii., lxx., lxxv., lxxvii., lxxviii., lxxix., lxxx., lxxxi., lxxxiii., xcvii., xcviii., xcix., c., ci., cxvii., cxviii., cxxxvii., cxxxviii., cxxxix., clxxv., clxxvi., clxxvii., clxxxii.


Quando estas forem memorizadas, ele começará a compreender a natureza dessas correspondências. (Consulte as Ilustrações em The Temple of Solomon the King neste número. Referências cruzadas são dadas.)


2. Se seguirmos um exemplo, a utilização da tabela se tornará clara.


Vamos supor que você deseja obter o conhecimento de alguma ciência obscura.


Na coluna xlv., linha 12, você encontrará “Conhecimento de Ciências”.


Agora procurando pela linha 12 nas outras colunas, você descobrirá que o Planeta correspondente é Mercúrio, seu número é oito, suas figuras lineares o octógono e o octagrama. O Deus que rege esse planeta é Thoth, ou em simbolismo hebraico Tetragrammaton Adonai e Elohim Tzabaoth, seu Arcanjo é Raphael, seu Coro de Anjos é Beni Elohim, sua inteligência é Tiriel, seu espírito é Taphtatharath, suas cores são o Laranja (pois Mercúrio é a Esfera da Sephira Hod, 8), Amarelo, Roxo, Cinza e Índigo raiado de Violeta; sua Arma Mágica é a Baqueta ou o Caduceu, seus Perfumes são o Mástique e outros, suas plantas sagradas são a Verbena e outras, a sua joia a Opala ou Ágata; seu animal sagrado a Serpente, etc., etc.


3. Então você prepararia seu Local de Trabalho de acordo. Num círculo laranja, você desenharia uma estrela de oito pontas amarela, em cujas pontas você colocaria oito lâmpadas. Você desenharia o Sigilo do Espírito (que pode ser encontrada nos livros de Cornélio Agripa e outros) nas quatro cores com outros meios que sua experiência pode sugerir.


4. E assim por diante. Não podemos nos aprofundar aqui em todos os preparativos necessários; e o estudante os encontrará totalmente explicados nos livros apropriados, dentre os quais o Goetia talvez seja o melhor exemplo.


Esses rituais não deverão ser simplesmente imitados; pelo contrário, o estudante não deverá fazer nada que não entenda; além disso, se ele for capacitado, ele achará os seus próprios rituais rudimentares mais eficazes do que rituais altamente polidos de outras pessoas.


O propósito geral de toda essa preparação é o seguinte:


5. Uma vez que o estudante é um homem cercado de objetos materiais, se desejar dominar uma ideia em particular, ele deve fazer todo objeto material ao seu redor sugerir diretamente aquela ideia. Assim, no ritual citado, se o seu olhar recai sobre as luzes, seu número sugere Mercúrio; ele sente os perfumes, e novamente Mercúrio é trazido à sua mente. Em outras palavras, todo o ritual e o aparato mágico são um sistema mnemônico complexo.


(A importância dos objetos reside principalmente no fato de que determinados conjuntos de imagens que o estudante pode encontrar em suas viagens corresponde a determinadas figuras lineares, nomes divinos, etc. e são controlados por elas. Quanto à possibilidade de produzir resultados externos à mente do observador (objetivos, no sentido comum aceito do termo) nós aqui nos calamos.)


6. Existem três práticas importantes conectadas com todas as formas de cerimônias (e com os dois Métodos que discutiremos posteriormente).


Estas são:


(1) Assunção de Formas de Deuses.


(2) Vibração de Nomes Divinos.


(3) Rituais de “Banimento” e “Invocação”.


Estes, pelo menos, devem ser completamente dominados antes que os perigosos Métodos dos Capítulos V e VI sejam experimentados.


III

1. Deve-se estar completamente familiarizado com as Imagens Mágicas dos Deuses do Egito. Isso pode ser feito estudando-as em qualquer museu público ou nos livros que estiverem disponíveis ao estudante. Então elas devem ser cuidadosamente pintadas por ele, tanto a partir do modelo quanto de memória.


2. Então o estudante, sentado na posição de “Deus” ou na atitude característica do Deus desejado, deverá imaginar a imagem Dele como se coincidisse com o seu próprio corpo, ou como se o envolvesse. Isso deve ser praticado até que atinja o domínio da imagem, e até que experimente uma identificação com ela e com o Deus.


É de grande pesar que não haja um teste simples e certo do sucesso nesta prática.


3. A vibração de Nomes de Deuses. Como mais uma maneira de identificar a consciência humana com a sua porção pura que o homem chama pelo nome de algum Deus, que ele faça o seguinte:


4. (a) Fique de pé com os braços esticados. (Veja a ilustração.)


(b) Inspire profundamente pelas narinas, imaginando o nome do Deus desejado entrando com a respiração.


(c) Que o nome desça lentamente dos pulmões até o coração, até o plexo solar, até o umbigo, até os órgãos reprodutores, e assim por diante até os pés.


(d) No momento em que o nome parece tocar os pés, avance rapidamente o pé esquerdo cerca de 12 polegadas, atire o corpo para frente, e que as mãos (puxadas para trás ao lado dos olhos) se lancem para fora, de modo que você esteja de pé na posição típica do Deus Hórus1, e ao mesmo tempo, imagine o Nome como se estivesse correndo para cima e através do corpo, enquanto você expira através das narinas o ar que até então foi retido nos pulmões. Tudo isso deve ser feito com toda a força que lhe for possível.


(e) Então recolha o pé esquerdo e coloque o dedo indicador direito sobre os lábios, de modo que você fique na posição característica do Deus Harpócrates2.


5. É um sinal de que o estudante está executando isso corretamente quando uma única “Vibração” esgota completamente sua força física. Isso deve fazer com que ele fique todo quente, ou que transpire violentamente, e deverá enfraquece-lhe tanto que ele achará difícil manter-se de pé.


6. Embora isso seja percebido apenas pelo próprio estudante, é um sinal de sucesso quando ele ouve o nome do Deus veementemente rugindo em volta, como se pela junção de dez mil trovões; e deve parecer para ele como se essa Grande Voz viesse do Universo, e não de si mesmo.


Em ambas as práticas acima, toda consciência de qualquer coisa além da Forma Deus e do nome deve ser absolutamente apagada; e quanto mais tempo levar para a percepção normal voltar, melhor.


IV

I. Os Rituais do Pentagrama e do Hexagrama devem ser memorizados; eles são como segue:


O Ritual Menor do Pentagrama

(i) Tocando a testa, diga Ateh (A Ti).


(ii) Tocando o peito, diga Malkuth (O Reino).


(iii) Tocando o ombro direito, diga ve-Geburah (e o Poder).


(iv) Tocando o ombro esquerdo, diga ve-Gedulah (e a Glória).


(v) Juntando as mãos sobre o peito, diga le-Olahm, Amen (Para Sempre, Amém).


(vi) Virando-se para o Leste, faça um pentagrama (o da Terra) com a arma apropriada (normalmente a Baqueta). Diga (ou seja, vibre) IHVH


(vii) Virando-se para o Sul, o mesmo, mas diga ADNI.


(viii) Virando-se para o Oeste, o mesmo, mas diga AHIH.


(ix) Virando-se para o Norte, o mesmo, mas diga AGLA.


Pronuncie: Ye-ho-wau, Adónai, Eheieh, Agla.


(x) Estendendo os braços na forma de uma Cruz diga:


(xi) Diante de mim Raphael;


(xii) Atrás de mim Gabriel;


(xiii) À minha direita, Michael.


(xiv) À minha esquerda, Auriel;


(xv) Pois ao meu redor flameja o Pentagrama,


(xvi) E na Coluna está a Estrela de seis raios.


(xvii-xxi) Repita (i) a (v), a “Cruz Cabalística”.


O Ritual Maior do Pentagrama

Os Pentagramas são traçados no ar com a espada ou outra arma, os nomes ditos em voz alta, e os sinais usados conforme ilustrado.


Os Pentagramas do Espírito

s Sinais do Portal (ver Ilustrações): Estenda as mãos à sua frente, palmas para fora, separe-as como se estivesse abrindo um véu ou cortina (ativos), depois junte-as como se fechasse novamente e deixe-as cair para o lado (passivo).


(O Grau do “Portal” é particularmente atribuído ao elemento do Espírito; refere-se ao Sol; os Caminhos de ס,e נ e ע, são atribuídos a esse grau. Consulte o 777 linhas 6 e 31 bis).

Os sinais de 4○=7□: Levante os braços acima da cabeça e junte as mãos, de modo que as pontas dos dedos e dos polegares se encontrem, formando um triângulo. (Veja a ilustração).


(O Grau de 4○=7□ é particularmente atribuído ao elemento Fogo; se refere ao planeta Vênus; os Caminhos de ק,eצ e פ são atribuídos a esse grau. Para outras atribuições, consulte o 777, linhas 7 e 31).


Os Pentagramas da Água

Pentagramas da Água


Os sinais de 3○=8□: Levante os braços até que os cotovelos estejam alinhados com os ombros, traga as mãos à frente do peito, tocando os polegares e pontas dos dedos, de modo a formar um triângulo com a ponta para baixo. (Veja a ilustração).


(O Grau de 3○=8□ é particularmente atribuído ao elemento Água; refere-se ao planeta Mercúrio, os Caminhos de ר e ש são atribuídos a esse grau. Para outras atribuições, consulte o 777, linhas 8 e 23).


Os Pentagramas do Ar

Pentagramas do Ar


Os sinais de 2○=9□: Estique os braços para cima e para fora, os cotovelos dobrados em ângulo reto, as mãos dobradas para trás, as palmas para cima, como se suportasse um peso. (Veja a ilustração).


(O Grau de 2○=9□ é particularmente atribuído ao elemento Ar; refere-se à Lua; o Caminho de ת é atribuído a esse grau. Para outras atribuições, consulte o 777, linhas 9 e 11).


Os Pentagramas da Terra

Pentagramas da Terra


O Sinal de 1○=10□: Avance o pé direito, estique a mão direita para cima e para a frente, a mão esquerda para baixo e para trás, as palmas abertas.


(O Grau de 1○=10□ é particularmente atribuído ao elemento Terra, consulte o 777, linhas 10 e 32 bis).


O Ritual Menor do Hexagrama

Este ritual deve ser realizado após o “Ritual Menor do Pentagrama”.


(i) Fique de pé, com os pés juntos, braço esquerdo ao lado, braço direito cruzando o corpo, segurando a baqueta ou outra arma na posição vertical na linha mediana. Então volte-se para o Leste e diga:


(ii) I. N. R. I.


Yod. Nun. Resh. Yod.


Virgem, Isis, Mãe Poderosa.


Escorpião, Apófis, Destruidor.


Sol, Osíris, Morto e Ressuscitado.


Isis, Apófis, Osíris, IAO.


(iii) Estenda os braços na forma de uma cruz, e diga: “O Sinal de Osíris Assassinado”. (Vide Ilustração).


(iv) Levante o braço direito apontando para cima, mantendo o cotovelo reto, e abaixe o braço esquerdo para apontar para baixo, mantendo o cotovelo reto, enquanto vira a cabeça sobre o ombro esquerdo olhando para baixo, de modo que os olhos sigam o antebraço esquerdo, e diga: “O Sinal do Luto de Isis”. (Vide Ilustração).


(v) Levante os braços formando um ângulo de sessenta graus entre eles, acima da cabeça, que é jogada para trás, e diga: “O Sinal de Apófis e Tifão”. (Vide Ilustração).


(vi) Cruze os braços sobre o peito, saudando com a cabeça e diga: “O Sinal de Osíris Ressuscitado”. (Vide Ilustração).


(vii) Estenda os braços novamente como em (iii) e cruze-os novamente como em (vi) dizendo: “L.V.X, Lux, a Luz da Cruz”.


(viii) Com a Arma Mágica trace o Hexagrama do Fogo no Leste, dizendo: “ARARITA” (אראריתא).


Hexagrama do Fogo


Essa Palavra consiste das iniciais de uma frase que significa “Um é Seu Princípio: Uma é Sua Individualidade: Sua Permutação é Uma”.


Este hexagrama consiste de dois triângulos equiláteros, ambos os ápices apontando para cima. Comece na parte superior do triângulo de cima e trace-o no sentido horário. O topo do triângulo inferior deve coincidir com o ponto central do triângulo superior.


(ix) Trace o Hexagrama da Terra no Sul, dizendo “ARARITA”. Esse Hexagrama tem o ápice do triângulo inferior apontando para baixo e deve ser possível inscrevê-lo dentro de um círculo.


Hexagrama da Terra


(x) Trace o Hexagrama do Ar no Oeste, dizendo “ARARITA”. Este Hexagrama é como o da Terra; mas as bases dos triângulos coincidem, formando um diamante.


Hexagrama do Ar


(xi) Trace o hexagrama da Água no Norte, dizendo “ARARITA”. Este hexagrama tem o triângulo inferior colocado acima do superior, de modo que seus ápices coincidem.


Hexagrama da Água


(xii) Repita (i-vii)


O Ritual de Banimento é idêntico, salvo que as direções dos Hexagramas devem ser invertidas.


O Ritual Maior do Hexagrama

Invocando Banindo



Para invocar ou banir os planetas ou signos do zodíaco.


Somente o Hexagrama da Terra é usado. Desenhe o hexagrama, começando pela ponta que é atribuída ao planeta com o qual você está lidando. (Consulte o 777, col. lxxxiii).


Assim, para invocar Júpiter comece da ponta direita do triângulo inferior, siga no sentido horário e complete; então trace o triângulo superior a partir de sua ponta esquerda e complete.


Trace o sigilo astrológico do planeta no centro do seu hexagrama.


Para o Zodíaco, use o hexagrama do planeta que rege o signo que você requer (777, col. cxxxviii); mas desenhe o sigilo astrológico do signo, ao invés daquele do planeta.


Para Caput e Cauda Draconis use o hexagrama lunar, com o sigilo de Caput Draconis ou Cauda Draconis.


Para banir, inverta o hexagrama.


Em todos os casos, use uma conjuração primeiro com Ararita, e em seguida com o nome do Deus correspondente ao planeta ou signo com o qual você está lidando.


Os hexagramas pertencentes aos planetas são como na figura na página anterior.


2. Esses rituais deverão ser praticados até que as figuras desenhadas apareçam em chamas, em chamas tão próximas de chamas físicas que talvez fossem visíveis aos olhos de um observador, se algum estivesse presente. Alega-se que algumas pessoas alcançaram o poder de realmente acender fogo através destes meios. Real ou não, esse poder não é aquele que se deve almejar.


3. O sucesso em “banimento” é conhecido por uma “sensação de limpeza” na atmosfera; o sucesso em “invocação” por um “sentimento de santidade”. É lamentável que estes termos sejam tão vagos.


Mas, pelo menos, esteja certo de uma coisa: qualquer figura ou ser imaginário obedecerá imediatamente à vontade do estudante, quando ele usar a figura adequada. Em casos de obstinação, a forma do Deus adequada poderá ser assumida.


4. Os rituais de banimento devem ser usados no início de qualquer cerimônia, seja qual for. Em seguida, o estudante deve utilizar uma inovação geral, tal como a “Invocação Preliminar” no Goetia, bem como uma invocação especial de acordo com a natureza do seu trabalho.


5. O sucesso nessas invocações verbais é um assunto tão sutil, e seus graus tão delicadamente resguardados, que deve ser deixado ao bom senso do estudante decidir se ele deve ou não ficar satisfeito com seu resultado.


V

1. Que o estudante repouse em uma de suas posições prescritas, tendo tomado banho e vestido com decoro. Que o local de trabalho esteja livre de toda perturbação, e que as purificações, banimentos e invocações preliminares sejam devidamente cumpridas, e, por fim, que o incenso seja acendido.


2. Que ele imagine a sua própria imagem (preferencialmente vestido com os trajes mágicos adequados e armado com as armas mágicas adequadas) como sela envolvesse seu corpo físico ou estivesse próxima e em frente a ele.


3. Então que ele transfira a sede de sua consciência para a figura imaginada; de modo que lhe pareça que ele está vendo com os olhos dela, e ouvindo com os ouvidos dela.


Essa geralmente será a grande dificuldade da operação.


4. Então que ele faça com que a figura imaginada suba no ar a uma grande altura acima da terra.


5. Então que ele pare e olhe ao seu redor. (Às vezes é difícil abrir os olhos).


6. Provavelmente ele verá figuras se aproximando, ou se tornará consciente de uma paisagem.


Que ele fale com tais figuras, e insista em ser respondido, usando os pentagramas e sinais apropriados, como ensinado anteriormente.


7. Que ele viaje à vontade, com ou sem a orientação de tal figura ou figuras.


8. Além disso, que ele empregue tais invocações especiais que farão aparecer os lugares em particular que ele deseja visitar.


9. Que ele se acautele com os milhares de ataques sutis e enganos que ele irá experimentar, cuidadosamente testando a verdade de todos aqueles com quem ele fala.


Deste modo, se um ser hostil aparece revestido de glória, o pentagrama apropriado o fará murchar ou apodrecer.


10. A prática tornará o estudante infinitamente cauteloso nesses assuntos.


11. Geralmente é muito fácil voltar ao corpo, mas no caso de qualquer dificuldade, a prática (novamente) tornará a imaginação fértil. Por exemplo, pode-se criar em pensamento uma carruagem de fogo com cavalos brancos, e comandar o condutor a dirigir em direção à terra.


Pode ser perigoso ir muito longe, ou ficar muito tempo; pois a fadiga deve ser evitada.


O perigo falado é o do desmaio, ou da obsessão, ou da perda de memória ou de outra faculdade mental.


12. Finalmente, que o estudante faça com que o corpo em que ele supõe ter viajado coincida com o físico, esticando os músculos, respirando, e colocando o dedo indicador nos lábios. Então que ele “desperte” por um ato bem definido de vontade, e registre sobriamente e precisamente suas experiências.


Pode-se acrescentar que esta experiência aparentemente complicada é perfeitamente fácil de executar. É melhor aprender a “viajar” com uma pessoa já experiente no assunto. Dois ou três experimentos serão suficientes para tornar o estudante confiante e até mesmo um perito. Consulte também “The Seer”, pg. 295-333.


VI

1. O experimento anterior possui pouco valor, e leva a poucos resultados importantes. Porém, é suscetível a um desenvolvimento que mescla em uma forma de Dhāraṇā – concentração – e, como tal, pode levar aos objetivos mais altos. O principal uso da prática no capítulo anterior é o de familiarizar o estudante com qualquer tipo de obstáculo e toda espécie de ilusão, de modo que ele possa ter perfeito controle de toda ideia que possa surgir em seu cérebro, para dispensá-la, para transformá-la, para fazer com que obedeça instantaneamente à sua vontade.


2. Então que ele comece exatamente como antes, mas com a mais intensa solenidade e determinação.


3. Que ele seja cuidadoso ao fazer com que seu corpo imaginário suba em uma linha exatamente perpendicular à tangente da terra do ponto onde seu corpo físico está situado (ou explicando de forma mais simples, reto e subindo).


4. Em vez de parar, que ele continue a subir até que a fadiga quase tome conta dele. Se ele achar que parou sem tê-lo desejado, e que figuras aparecem, que a todo custo ele se eleve acima delas.


Sim, mesmo que a sua própria vida trema em seus lábios, que ele force seu caminho para cima e adiante!


5. Que ele continue com isso por tanto tempo quanto haja o sopro de vida dentro dele. Seja qual for a ameaça, o que quer que o seduz, mesmo se fosse Tifão e todos os seus exércitos soltos do abismo e reunidos contra ele, mesmo se viesse uma Voz do Trono do Próprio Deus ordenando-lhe para ficar e se contentar, que ele se esforce para seguir em frente, sempre em frente.


6. Por fim chegará um momento em que todo o seu ser estará imerso em fadiga, vencido por sua própria inércia3.


Que ele afunde (quando não mais puder se esforçar, apesar de sua língua ter sido mordida com o esforço e sangue estiver escorrendo pelas narinas) nas trevas do inconsciente; e, em seguida, ao voltar a si, que ele escreva precisa e sobriamente um registro de tudo que ocorrera, sim um registro de tudo que ocorrera.


1 Veja a Ilustração no Vol. I. No. 1, “Força Cega”.


2 Veja a Ilustração no Vol. I. No. 1, “O Observador Silente”.


3 Isso em caso de falha. Os resultados do sucesso são tantos e tão maravilhoso que nenhum esforço é feito aqui para descrevê-los. Eles são classificados, experimentalmente, no “Herb Dangerous”, Parte II, infra.


Thelema - Liber V vel Reguli

 

Sendo o Ritual da Marca da Besta: um encantamento apropriado para invocar as Energias do Êon de Hórus, adaptado para o uso diário do Magista de qualquer grau.

Publicação da A∴A∴ em Classe D

O Primeiro Gesto
O Juramento do Encantamento, que é chamado de Selo Undécuplo.

(uma cruz tripla descendo de um círculo)

A Consonância com o Êon.

1. Que o Magista, vestido e armado conforme ele achar apropriado, vire-se para Boleskine[1], que é a Casa da Besta 666.

2. Que ele bata 1-3-3-3-1.

3. Que ele coloque o Polegar de sua mão direita entre seu indicador e médio, e faça os gestos que seguem daqui em diante.

O Componente Vertical do Encantamento.

1. Que ele desenhe um círculo em volta de sua cabeça, bradando NUIT!

2. Que ele traga o Dedão verticalmente para baixo, e toque no Cakra Mūlādhāra, bradando HADIT!

3. Que ele, retraçando a linha, toque o centro de seu peito e brade RA-HOOR-KHUIT!

O Componente Horizontal do Encantamento.

1. Que ele toque o Centro de sua Testa, sua boca, e sua laringe, bradando AIWAZ!

2. Que ele traga seu polegar da direita para a esquerda através de seu rosto no nível das narinas.

3. Que ele toque o centro de seu peito, e seu plexo solar, bradando THERION!

4. Que ele traga seu polegar da esquerda para a direita através de seu peito no nível do esterno.

5. Que ele toque os Cakra Svādhiṣṭhāna e Mūlādhāra, bradando BABALON!

6. Que ele traga seu polegar da direita para a esquerda através de seu abdômen, no nível dos quadris.

(Assim ele formulará o Sigilo do Grande Hierofante, mas que depende do Círculo).

A Asseveração dos Encantos.

1. Que o Magista junte suas mãos sobre sua Baqueta, seus dedos e dedões entrelaçados, bradando LAShTAL! ΘΕΛΗΜΑ! ϜΙΑΟϜ! ΑΓΑΠΗ! ΑΥΜΓΝ!

(Assim serão declaradas as Palavras de Poder pelas quais as Energias do Êon de Hórus operam sua vontade no mundo.)

A Proclamação da Realização.

1. Que o Magista bata: 3-5-3, bradando ABRAHADABRA.

 

O Segundo Gesto
1. Que o Magista, ainda de frente para Boleskine, avance até a circunferência de seu círculo.

2. Que ele se vire para a esquerda, e marche com a discrição e rapidez de um tigre nos limites de seu círculo, até que ele complete uma volta do mesmo.

3. Que ele dê o sinal de Hórus (ou O Entrante) conforme ele passa, de forma a projetar a força que irradia de Boleskine diante dele.

4. Que ele marche seu Caminho até que ele chegue no Norte; ali que ele pare, e vire seu rosto para o Norte.

5. Que ele trace com sua Baqueta o Pentagrama Averso apropriado para invocar o Ar (Aquário).

(pentagrama inverso, primeiro traço da esquerda para a direita)

6. Que ele traga a Baqueta ao Centro do Pentagrama e chame NUIT!

7. Que ele faça o sinal chamado Puella, com os pés juntos, cabeça abaixada, a mão esquerda protegendo o Cakra Mūlādhāra, e sua mão direita protegendo seu peito (atitude da Vênus de Médici).

8. Que ele se vire novamente à esquerda, e prossiga o seu Caminho como antes, projetando a Força de Boleskine conforme ele passa; que ele pare da próxima vez em que passar pelo Sul e se vire para fora.

9. Que ele trace o Pentagrama Averso que invoca o Fogo (Leão).

(pentagrama inverso, primeiro traço de baixo para a cima à esquerda)

10. Que ele aponte sua Baqueta para o Centro do Pentagrama, e brade HADIT!

11. Que ele dê o sinal de Puer, ficando com os pés juntos e de cabeça erguida. Que sua mão direita (o polegar estendido em ângulo reto com os dedos) seja erguida, o antebraço na vertical em ângulo reto com o braço, que está estendido horizontalmente na linha que une os ombros. Que sua mão esquerda, o polegar estendido para a frente e os dedos cerrados, repouse na junção das coxas (Atitude dos Deuses Mentu, Khem, etc.).

12. Que ele continue como antes; então no Leste, que ele faça o Pentagrama Averso que invoca a Terra (Touro).


(pentagrama inverso, primeiro traço  de baixo para cima à direita)

13. Que ele aponte sua Baqueta para o Centro do Pentagrama, e brade THERION!

14. Que ele dê o sinal chamado de Vir, os pés estando juntos. As mãos, com os dedos cerrados e os polegares estendidos para a frente, são seguradas nas têmporas; então a cabeça é inclinada e empurrada para fora, como se simbolizasse a cabeçada de uma besta cornuda (atitude de Pã, Baco, etc.). (Frontispício, Equinox I, III).

15. Procedendo como antes, que ele faça no Oeste o Pentagrama Adverso pelo qual a Água é invocada.


(pentagrama inverso, primeiro traço da direita para a esquerda)

16. Apontando a Baqueta para o Centro do Pentagrama, que ele chame BABALON!

17. Que ele dê o sinal de Mulier. Os pés são amplamente separados, e os braços levantados de forma a sugerir uma crescente. A cabeça é atirada para trás (atitude de Baphomet, Ísis dando Boas-vindas, o Microcosmo de Vitruvius). (Ver Livro 4, Parte II).

18. Que ele comece a dança, traçando uma espiral centrípeta anti-horária, enriquecida por revoluções sobre seu eixo, quando passar a cada Quadrante, até que ele chegue ao centro do círculo. Ali que ele pare, de frente para Boleskine.

19. Que ele erga a baqueta, trace a Marca da Besta, e brade AIWAZ!


A Marca da Besta (o Sol e a Lua unidos com duas testemunhas)

20. Que ele trace o Hexagrama de Invocação d’A Besta.

(Hexagrama Unicursal, primeiro traço de cima para baixo à direita)

21. Que ele abaixe a baqueta, batendo com ela na Terra.

22. Que ele dê o sinal de Mater Triumphans. (Os pés ficam juntos, o braço esquerdo é curvado como se ele apoiasse uma criança; o dedo polegar e indicador da mão direita apertam o mamilo do peito esquerdo, como se estivesse o oferecendo a essa criança). Que ele profira a palavra ΘΕΛΗΜΑ!

23. Execute a Dança Espiral, movendo-se no sentido horário e girando no sentido anti-horário.

Toda vez ao passar pelo Oeste estenda a Baqueta para o Quadrante em questão, e saúde:

a. “Diante de mim os poderes de LA!” (para o Oeste).

b. “Atrás de mim os poderes de AL!” (para o Leste).

c. “À minha mão direita os poderes de LA!” (para o Norte).

d. “À minha mão esquerda os poderes de AL!” (para o Sul).

e. “Acima de mim, os poderes de ShT!” (pulando no ar.)

f. “Abaixo de mim os poderes de ShT!” (batendo no chão.)

g. “Dentro de mim os Poderes!” (na posição de Ptá ereto, os pés juntos, as mãos cruzadas sobre a Baqueta vertical.)

h. “Ao meu redor flameja a Face de meu Pai, a Estrela de Força e Fogo!”

i. “E na Coluna seu Esplendor de seis raios!”

(Esta dança pode ser omitida, e o discurso todo cantado na atitude de Ptá.)

O Gesto Final
Este é idêntico ao primeiro gesto.

(Aqui segue uma impressão das ideias implícitas neste Pæan)

Eu também sou uma Estrela no Espaço, única e auto existente, uma essência individual incorruptível; eu também sou uma Alma; eu sou idêntico a Tudo e Nada. Eu estou em Tudo e tudo em Mim; eu sou, além de tudo e senhor de tudo, e um com tudo.

Eu sou Deus, eu vero Deus de vero Deus; eu sigo em meu caminho para fazer a minha vontade; eu fiz matéria e movimento para me servirem de espelho; eu decretei para meu deleite que o Nada se manifestasse em dualidade, a fim de que eu pudesse sonhar uma dança de nomes e naturezas, e usufruir a substância de simplicidade na contemplação das perambulações de minhas sombras. Eu não sou aquilo que não é, eu não sei aquilo que não sabe, eu não amo aquilo que não ama. Pois eu sou Amor, através do qual a divisão morre em deleite; eu sou Conhecimento, através do qual todas as partes, mergulhadas no todo, perecem e passam à perfeição; e eu sou o que sou, o ser onde o Ser se perde em Nada, nem se digna a ser senão por sua Vontade de desdobrar sua natureza, sua necessidade de expressar sua perfeição em todas as possibilidades, cada fase um fantasma parcial, e ainda assim inevitável e absoluto.

Eu sou Onisciente, pois nada existe para mim a menos que eu o conheça. Eu sou Onipotente, pois nada ocorre exceto por Necessidade, a expressão de minha alma pela minha Vontade de ser, de fazer e de sofrer os símbolos de si mesma. Eu sou Onipresente, pois nada existe onde eu não estou, eu que fabriquei o Espaço como uma condição da minha consciência de mim mesmo, eu que sou o centro de tudo, e minha circunferência a estrutura do meu próprio capricho.

Eu sou o Tudo, pois tudo que existe para mim é uma expressão necessária no pensamento de alguma tendência de minha natureza, e todos os meus pensamentos são apenas as letras de meu Nome.

Eu sou o Um, pois tudo o que sou não é o Todo absoluto, e todo o meu todo é meu e não de outro; meu, que concebo a existência de outros semelhantes a mim em essência e verdade, no entanto dessemelhantes de mim em expressão e ilusão.

Eu sou o Nenhum, pois tudo o que sou é a imagem imperfeita do perfeito; cada fantasma parcial deve perecer no abraço de sua contraparte, cada forma realiza-se encontrando seu par oposto, e satisfazendo sua necessidade de ser o Absoluto pela consecução de aniquilação.

A Palavra LAShTAL inclui tudo isso.

LA – Nada.

AL – Dois

L é a “Justiça”, a Kteis satisfeita pelo Phallus, “Nada e Dois”, pois o mais e o menos uniram-se em “amor sob vontade.”

A é “O Louco”, Nada em Pensamento (Parzival), Palavra (Harpócrates) e Ação (Baco). Ele é o ar sem limites, o Espírito errante, mas com “possibilidades”. Ele é o Nada que os Dois fizeram por “amor sob vontade”.

LA representa, portanto, o Êxtase de Nuit e Hadit conjugados, perdidos em amor, e tornando-se assim Nada. O seu filho é gerado e concebido, mas também está em fase de Nada, até agora. Assim LA é o Universo nessa fase, com as suas potencialidades de manifestação.

AL, ao contrário, embora seja essencialmente idêntico a LA, mostra o Louco manifesto através do Equilíbrio dos Contrários. O peso ainda é nada, mas se expressa como se fosse dois pesos iguais em escalas opostas. O indicador ainda aponta para zero.

ShT é igualmente 31 com LA e AL, mas ele exprime a natureza secreta que opera a Magia ou as transmutações.

ShT é a fórmula deste Êon em particular; outro Êon poderia ter outra forma de dizer 31.

Sh é o Fogo como T é a Força; juntos eles expressam Ra-Hoor-Khuit.

“O Anjo” representa a Estela 666, mostrando os Deuses do Êon, enquanto “A Força” é um retrato de Babalon e da Besta, os emissários terrestres dos Deuses.

ShT é o equivalente dinâmico de LA e AL. Sh mostra a Palavra da Lei, sendo triplo, uma vez que 93 é o triplo de 31. T mostra a fórmula da Magia declarada naquela Palavra; o Leão, a Serpente, o Sol, a Coragem e o Amor Sexual são todos indicados pela carta.

Perceba em LA que Saturno ou Satã é exaltado na Casa de Vênus ou Astarte e é um signo do ar. Assim, L é Pai-Mãe, Dois e Nada, e o Espírito (Espírito Santo) do seu Amor também é Nada. Amor é AHBH, 13, que é AChD, Unidade, 1, Aleph, que é O Louco, que é Nada, mas no entanto um Um Individual, que (como tal) não é outro, ainda inconsciente de si mesmo até que sua Unidade se manifeste como uma dualidade.

Qualquer impressão ou ideia é incognoscível em si mesma. Pode significar nada até posta em relação com outras coisas. O primeiro passo é distinguir um pensamento de outro; esta é a condição de reconhecê-lo. Para defini-lo, temos de perceber a sua orientação em relação a todas as nossas outras ideias. A extensão do nosso conhecimento de qualquer coisa, portanto, varia com o número de ideias com as quais podemos compará-lo. Todo fato novo não só se agrega ao nosso universo, como também aumenta o valor daquilo que já possuímos.

Em AL este “O” ou “Deus” arranja que “Face contemple face”, estabelecendo-se como um equilíbrio, A o Um-Nada concebido como L o Dois-Nada. Este L é o Filho-Filha Hórus-Harpócrates assim como o outro L era o Pai-Mãe Set-Ísis. Então aqui está o Tetragrammaton mais uma vez, mas expresso em equações idênticas em que cada termo é perfeito em si mesmo como um modo de Nada.

ShT fornece o último elemento; tornando a Palavra de cinco ou seis letras, de acordo com como considerarmos ShT como uma letra ou duas. Assim a Palavra afirma a Grande Obra realizada: 5○=6□.

ShT é, além disso, uma resolução necessária da aparente oposição de LA e AL; pois dificilmente se poderia passar para o outro sem a ação catalítica de uma terceira expressão idêntica, cuja função deve ser de transmutá-las. Tal termo deve ser em si um modo de Nada, e sua natureza não pode sobrepor-se às perfeições do Não-Ente, LA, ou do Ente, AL. Ela deve ser puramente Nada-Movimento assim como elas são puramente Nada-Matéria, de modo a criar uma Matéria-em-Movimento, que é uma função de “Algo”.

Assim ShT é o movimento em sua fase dupla, uma inércia composta de duas correntes opostas, e cada corrente também é assim polarizada. Sh é o Céu e a Terra, T o Masculino e Feminino; ShT é o Espírito e a Matéria, um é a palavra da Liberdade e do Amor brilhando sua Luz para restaurar a Vida na Terra, o outro é o ato pelo qual a Vida reivindica que o Amor é Luz e Liberdade. E estes são Dois-em-Um, a letra do Silêncio-na-Fala divino cujo símbolo é o Sol nos braços da Lua.

Mas Sh e T são igualmente fórmulas da força em ação como oposta a entidades; não são estados de existência, mas sim modos de movimento. Eles são verbos, não substantivos.

Sh é o Espírito Santo como uma “língua de fogo” manifestado em triplicidade, e é o filho de Set-Ísis como seu Logos ou Palavra pronunciada por seu “Anjo”. A carta é XX, e 20 é o valor do Yod (o Anjo ou Heraldo), expresso em sua totalidade como IVD. Sh é o congresso espiritual do Céu e da Terra.

Mas T é o Espírito Santo em ação como um “leão rugindo” ou como “a antiga Serpente” em vez de um “Anjo de Luz.” Os gêmeos de Set-Ísis, a prostituta e a besta, estão ocupados com esse desejo incestuoso e sodomita que é a fórmula tradicional para a produção de semideuses, como nos casos de Maria e da Pomba, Leda e o Cisne, etc. A carta é a XI, o número da Magia AVD: Aleph o Louco impregnando a mulher de acordo com a Palavra de Yod, o Anjo do Senhor! Sua irmã seduziu seu irmão a Besta, envergonhando o Sol com seu pecado; ela dominou o Leão, e encantou a Serpente. A Natureza é ultrajada pela Magia; o homem é bestializado e a mulher corrompida. A conjunção produz um monstro; ela afirma a regressão dos tipos. Em vez de um homem-Deus concebido do Espírito de Deus por uma virgem em inocência, somos convidados a adorar o bastardo de uma prostituta e um bruto, gerado no mais vergonhoso pecado e nascido na mais blasfema bênção.

Esta é de fato a fórmula de nossa Magia; insistimos que todos os atos devem ser iguais; que a existência assevera o direito de existir; que a não ser que o mal seja um mero termo expressando alguma relação de acidental hostilidade entre forças igualmente auto justificadas, o universo é tão inexplicável e impossível quanto seria ação sem reação; que as orgias de Baco e Pã não são menos sacramentais que as Missas de Jesus; que as cicatrizes da sífilis são tão sagradas e dignas de honra como tal.

Seria desnecessário insistir que as ideias acima se aplicam somente ao Absoluto. A dor de dente ainda é dolorosa, e a enganação humilhante, a um homem, relativamente à sua situação no mundo da ilusão; ele faz sua Vontade os evitando. Mas a existência do “Mal” é fatal para a filosofia desde que se supõe que seja independente das condições; e acostumar a mente a “não fazer nenhuma diferença” entre duas ideias em si é a emancipa-la da servidão do terror.

Afirmamos em nossos altares nossa fé em nós mesmos e em nossas vontades, nosso amor de todos os aspectos do Todo Absoluto.

E nós fazemos o Espírito Shin combinar-se com a Carne Teth numa única letra, cujo valor é 31 assim como os de LA o Nada e AL o Todo, para completar o Não-Ser e o Ser deles com o seu Tornar-se, para mediar entre extremos idênticos como seu meio – o segredo que os rompe e os sela.

Isso declara que todos os algos são igualmente sombras do Nada, e justifica o Nada em sua própria tolice fútil de fingir que algo é estável, fazendo-nos tomar consciência de um método de Magia através de cuja prática podemos participar do prazer do processo.

O Magista deve elaborar para si uma técnica definitiva para destruir o “mal”. A essência de tal prática consistirá no treinamento da mente e do corpo para enfrentar as coisas que causam medo, dor, desgosto[2], vergonha e afins. Ele deve aprender a suportá-las, e então a tornar-se indiferente a elas, e então a analisá-las até que deem prazer e instrução e, finalmente, apreciá-las por si sós, como aspectos da Verdade. Quando isso tiver sido feito, ele deve abandoná-las, se elas realmente são prejudiciais em relação à saúde e ao conforto. Além disso, a nossa seleção de “males” é limitada àqueles que não podem nos prejudicar de forma irreparável. Por exemplo, alguém deve praticar cheirar assa-fétida até que goste, mas não arsênio ou ácido cianídrico. Novamente, pode-se ter um caso com uma mulher feia e velha até que se contemple e ame a estrela que ela é; seria muito perigoso superar a aversão à desonestidade forçando-se a roubar carteiras. Atos que são essencialmente desonrosos não devem ser feitos; eles devem ser justificados apenas pela contemplação calma de sua probidade em casos abstratos.

O amor é uma virtude, ele cresce mais forte e mais puro e menos egoísta aplicando-o ao que ele detesta; mas o roubo é um vício que envolve a ideia-escrava de que seu vizinho é superior a você. É admirável apenas por seu poder de desenvolver certas qualidades morais e mentais em tipos primitivos, de evitar a atrofia das faculdades tais como a nossa própria vigilância, e pelo interesse que ele acrescenta à “tragédia, o Homem”.

Crime, loucura, doença e todos os fenômenos semelhantes devem ser contemplados com total liberdade do medo, aversão ou vergonha. Caso contrário deixaremos de ver com precisão, e interpretar de forma inteligente; caso em que seremos incapazes de ser mais espertos e lutar melhor que eles. Anatomistas e fisiologistas, lutando no escuro com a morte, conquistaram a higiene, a cirurgia, a profilaxia e o restante para a humanidade. Antropólogos, arqueólogos, físicos e outros homens da ciência, arriscando-se à tortura, ao perigo, à infâmia, e ao ostracismo, rasgaram a teia-de-aranha da superstição para retalhar e quebrar em pedaços o ídolo monstruoso da Moralidade, o Moloque assassino que ao longo da história fez da humanidade a sua carne. Cada fragmento do coprólito ela manifesta como uma imagem de alguma luxúria bruta, de alguma estupidez entorpecida, de algum instinto ignorante, ou de algum medo moldado em sua própria mente selvagem.

De fato, o Homem não está totalmente libertado, até mesmo agora. Ele ainda é esmagado sob as patas das mulas pisoteantes que o pesadelo pariu ao seu jumento selvagem, suas forças criativas que não dominou, os fantasmas estéreis que chamou de deuses. O mistério deles ainda assusta os homens; eles temem, eles recuam, eles não ousam enfrentar os fantasmas. Ainda, também, o ídolo caído parece terrível; é assustador para eles que já não haja um ídolo para adorar com hinos, e para apaziguar com a carne de seus primogênitos. Todos se misturam ao lodo sangrento do chão para agarrar alguma sucata como relíquia, para que possa se curvar a ela e servi-la.

Assim, ainda hoje, uma multidão de vermes se aglomera levantando-se sobre a terra putrefata, uma irmandade unidade pela ganância cega pela podridão. A ciência ainda hesita em erguer o Templo de Rimon, embora a cada ano encontra mais de seus filhos impacientes com a prudência de Naamã. O Conselho Privado do Reino da Alma Humana se reuniu em sessão secreta permanente; não ousa declarar o que deve seguir a sua ação na destruição da Moralidade monarca em pedaços de ruínas conglomeradas de preconceitos climáticos, tribais e pessoais, ainda mais corrompidos pela ação da ambição astuta, do impulso insano, da arrogância ignorante, da histeria supersticiosa, do medo formando falsidades sobre a pedra que ele põe sobre o túmulo da Verdade que ele assassinou e enterrou no Limbo da terra negra. A filosofia moral, a psicologia, a sociologia, a antropologia, a patologia mental, a fisiologia, e muitos outros dos filhos da Sabedoria, de quem ela é justificada, bem sabem que as leis da Ética são um caos de convenções confusas, baseadas na melhor das hipóteses sobre os costumes convenientes em certas condições, mais frequentemente na trapaça ou no capricho dos grandes, dos brutos mais selvagens, sem coração, astutos e sedentos de sangue do bando, para garantir o seu poder ou agradar ao seu prazer de crueldade. Não há nenhum princípio, mesmo que falso, que dê coerência ao clamor das proposições éticas. Mesmo assim os próprios homens que destruíram Moloque, e preencheram a terra com escombros informes, empalidecem quando apenas sussurram entre si: “Enquanto Moloque governava todos os homens eram compelidos por uma lei, e pelos oráculos dela, conhecendo a fraude, não temiam, mas eram seus sacerdotes e guardas de seu mistério. E agora? Como pode qualquer um de nós, por mais sábio e forte que seja, como nunca se soube, prevalecer sobre homens que agem em concerto, já que cada um reza à sua própria lasca de Deus, e todavia sabem que todas as outras lascas são lixo inútil, poeira dos sonhos, esterco de macaco, osso de tradição ou – o que não mais?”

Assim, a Ciência começa a perceber que os Iniciados talvez não foram apenas tolos e egoístas em criar sua regra de silêncio, e em proteger a filosofia do profano. Ainda assim ela ainda espera que o mal possa revelar-se como não sendo mortal, e suplica que as coisas possam ir bem como de costume até que a sessão secreta decida sobre algum plano de ação.

Foi sempre fatal quando alguém descobriu demais muito repentinamente. Se John Huss tivesse cacarejado mais como uma galinha, ele poderia ter sobrevivido à Michaelmas, e ter sido respeitado por seus ovos. Os últimos cinquenta anos estabeleceram o machado da análise à raiz de todo axioma; eles são levianos que se contentam com a poda dos ramos floridos de nossas crenças, ou dos ramos de nossos instrumentos intelectuais. Não podemos mais afirmar qualquer proposição simples, a menos que nos guardemos enumerando incontáveis condições que devem ser assumidas.

Esta digressão abusou de sua hospitalidade; ela só foi convidada pela Sabedoria a fim de que ela pudesse alertar a Precipitação dos perigos que envolvem até mesmo a Sinceridade, a Energia e a Inteligência quando ocorre de elas não contribuírem com a Aptidão-em-seu-ambiente.

O Magista deve ser cauteloso quanto ao uso de seus poderes; ele não deve permitir todo ato apenas de acordo com a sua Vontade, mas também com as propriedades de sua posição no momento. Pode ser a minha Vontade chegar ao pé de um penhasco; mas a maneira mais fácil – também a mais veloz, a mais direta, a menos obstruída, a forma de mínimo esforço – seria simplesmente saltar. Eu deveria ter destruído a minha vontade no ato de cumpri-la, ou o que eu erroneamente entendo por ela; pois a verdadeira vontade não tem objetivo; sua natureza sendo Ir. Da mesma forma, uma parábola é limitada por uma lei que fixa as suas relações com duas linhas retas em todos os pontos; ela ainda não tem fim fora da infinidade, e ela muda continuamente de direção. O iniciado que está consciente de Quem ele é sempre pode verificar sua conduta em função das determinantes de sua curva, e calcular o seu passado, seu futuro, suas atitudes, e seu curso adequado a qualquer momento designado; ele pode até mesmo compreender a si mesmo como uma simples ideia. Ele pode alcançar a medida de parábolas-companheiras, elipses que cruzam seu caminho, hipérboles que transpõem todo o espaço com suas asas gêmeas. Talvez ele finalmente venha a conceber, saltando além dos limites de sua própria lei, para conceber aquele ultraje sublimemente estupendo à Razão, o Cone! Totalmente inescrutável para ele, ele ainda está bem consciente de que ele existe na natureza disto, que ele é necessário a isto, que ele é ordenado através disto, e que disto ele brota, dos lombos de um Pai tão atemorizante! Sua infinidade se torna zero em relação ao menor fragmento do sólido. De todo jeito ele dificilmente existe. Trilhões multiplica por trilhões de trilhões assim como tal ele não poderia atravessar até mesmo a fronteira da largura, a ideia que ele veio a supor só porque ele se sentia amarrado por alguma força misteriosa. No entanto, a largura é igualmente um nada na presença do Cone. Sua primeira concepção, evidentemente, deve ser um espasmo frenético, amorfo, louco, que não pode ser classificado como um pensamento articulado. No entanto, se ele desenvolve as faculdades de sua mente, quanto mais sabe disso mais percebe que sua natureza é idêntica à sua própria sempre que uma comparação for possível.

Portanto, a Verdadeira Vontade é determinada por suas equações, e livre porque essas equações são simplesmente o seu próprio nome, escrito por extenso. Seu sentimento de estar sob prisão vem de sua incapacidade de lê-la; o seu sentimento de que o mal existe para impedi-lo surge quando ele começa a aprender a ler, lê errado, e está obstinado de que seu erro é uma melhoria.

Nós só sabemos de uma coisa. Existência absoluta, movimento absoluto, direção absoluta, simultaneidade absoluta, verdade absoluta, toda ideia semelhante: elas não têm, e nunca poderão ter, qualquer significado real. Se um homem em delirium tremens caiu no rio Hudson, ele pode se lembrar do provérbio e agarrar-se a qualquer coisa imaginária em desespero. Palavras como a “verdade” são como essas coisas ao qual ele se agarra. A confusão do pensamento é ocultada, e sua impotência negada, pela invenção. Este parágrafo começou com “Nós só sabemos”: no entanto, questionado, o “nós” se apressa em negar a possibilidade de possuir, ou até mesmo de definir, o saber. O que poderia ser mais certo a um filósofo-parábola do que ele poder ser abordado de duas maneiras, e apenas duas? Realmente seria pouco menos que todo o corpo de seu conhecimento, implícito na teoria de sua definição de si mesmo, e confirmado por cada experiência. Ele poderia receber impressões somente encontrando A, ou sendo pego por B. Ainda assim ele estaria errado de infinitas maneiras. Portanto há Aleph-Zero possibilidades de que a qualquer momento um homem pode encontrar-se totalmente transformado. E pode ser que a nossa presente perplexidade fascinada é devido ao nosso reconhecimento da existência de uma nova dimensão de pensamento, que parece tão “inescrutavelmente infinita” e “absurda” e “imoral”, etc. – porque nós não a estudamos tempo o suficiente para perceber que suas leis são idênticas às nossas, embora estendidas a novas concepções. A descoberta da radiatividade criou um caos momentâneo na química e na física; mas logo levou a uma interpretação mais completa das velhas ideias. Ela dispersou muitas dificuldades, harmonizou muitas discórdias, e – sim, muito mais! Ela demonstrou a substância do Universo como uma simplicidade de Luz e Vida, possuída de liberdade sem limites para aproveitar o Amor pela combinação de suas unidades de diversos modos para compor os átomos, eles próprios capazes de autorrealização mais profunda através de complexidades e organizações renovadas, cada um com seus próprios poderes e prazeres peculiares, cada um buscando o seu caminho através do mundo onde todas as coisas são possíveis. Revelou a onipresença de Hadit, idêntico Consigo Mesmo, ainda que realizando-Se dividindo sua interação com Nuit em episódios, cada forma de sua energia isolada com cada aspecto da receptividade Dela, deleite desenvolvendo deleite continuamente de complexo a complexo. Era a voz da Natureza despertando na aurora do Êon, conforme Aiwaz pronunciava a Palavra da Lei de Thelema.

Assim também aquele que invoca com frequência contemplará o Fogo Informe, com tremores e confusão; mas se ele prolongar sua meditação, o resolverá em símbolos coerentes e inteligíveis, e ouvirá a enunciação eloquente daquele Fogo, interpretará o trovão disto como uma voz calma e baixa em seu coração. E o Fogo revelará aos seus olhos sua própria imagem em sua própria glória verdadeira; e falará em seus ouvidos o Mistério que é seu próprio Nome correto.

Esta então é a virtude da Magia da Besta 666, e o cânone de seu uso adequado; destruir a tendência a fazer diferença entre quaisquer duas coisas em teoria, e na prática perfurar os véus de todos os santuários, avançando para abraçar toda imagem; pois não há nenhuma que não seja a própria Ísis. O Mais Interno é um com o Mais Interno; no entanto a forma de Um não é a forma de outro; intimidade exige aptidão. Portanto, aquele que respira ar, não tente ousadamente respirar água. Mas maestria vem aos poucos: àquele que com trabalho, coragem e prudência dedica a sua vida a entender tudo que o rodeia, e prevalecer sobre aquilo, crescerá. “A palavra de Pecado é Restrição”; procure, portanto, a Retidão, investigando a Iniquidade, e fortifica-te para superá-la.

[1] A Mansão Boleskine está próxima do Lago Ness, há 17 milhas de Inverness, latitude 57,14N, longitude 4,28O.

[2] O povo da Inglaterra fez duas revoluções para libertar-se da fraude papista e da tirania. Eles estão com seus truques de novo, e se nós tivemos que fazer uma Terceira Revolução, destruamos o próprio germe!

Thelema - Liber III vel Jugorum

 

Publicação da A∴A∴
em Classe D

Emitida por ordem de:

D.D.S. 7○=4□ Præmonstrator
O.S.V. 6○=5□ Imperator
N.S.F. 5○=6□ Cancellarius

ARATRUM SECURUM

(Fra —— após uma semana evitando a primeira pessoa.
Sua fidelidade é boa; sua vigilância é ruim.
Não está nem perto de ser bom o suficiente para passar).

[Atenção: esta é uma técnica de controle adversativo que foi publicada originalmente em 1910 no contexto de um sistema religioso. Nós somos expressamente contra a prática de automutilação, e sugerimos um método de punição que não seja danoso e nem permanente, como o uso de um elástico de borracha para provocar dor sem causar ferimentos. Lembramos ainda que o objetivo desta prática não é sentir prazer através da dor, mas sim o controle da fala, ação e pensamentos através de técnicas psicológicas que hoje podem ser consideradas defasadas.]

O
0. Contempla a Canga sobre o pescoço dos Bois! Não é por meio dela que o Campo será arado? A Canga é pesada, mas junta os que estão separados — Glória a Nuit e a Hadit, e Àquele que nos deu o Símbolo da Rosa Cruz!

Glória ao Senhor da Palavra Abrahadabra, e Glória Àquele que nos deu o Símbolo da Ankh, e da Cruz dentro do Círculo!

1. Três são as Bestas com as quais tu deves arar o Campo; o Unicórnio, o Cavalo e o Boi. E estes tu encangarás em uma canga tripla que é governada por Um Açoite.

2. Agora, estas bestas correm selvagemente sobre a terra e não são facilmente obedientes ao Homem.

3. Nada deve ser dito aqui de Cérbero, a grande Besta do Inferno que é cada um destes e todos estes, assim como Atanásio pressagiou. Pois este assunto[1] não é de Tiphareth externo, mas sim de Tiphareth interno.

I
0. O Unicórnio é Fala. Homem, governa tua Fala! De que outra forma tu dominarás o Filho e responderás ao Magista no Portão Direito da Coroa?

1. Eis algumas práticas. Cada uma pode durar uma semana ou mais.

α. Evita usar algumas palavras comuns, como “e”, ou “o” ou “mas”; usa uma paráfrase.

β. Evita usar alguma letra do alfabeto, como “t”, ou “s”, ou “m”; usa uma paráfrase.

γ. Evita usar pronomes e adjetivos da primeira pessoa; usa uma paráfrase.

Conceba outras do teu próprio engenho.

2. Em cada ocasião em que tu fores traído[2] em dizer aquilo que juraste evitar, corta-te de maneira ríspida sobre o pulso ou antebraço com uma navalha; da mesma forma que tu baterias em um cão desobediente. Não teme o Unicórnio as garras e os dentes do Leão?

3. Então teu braço te serve tanto como um aviso quanto como um registro. Tu anotarás o teu progresso diário nestas práticas, até que esteja perfeitamente vigilante o tempo todo sobre qualquer palavra que escapa da tua língua.

Restrinja a ti mesmo assim, e serás livre para sempre.

II
0. O Cavalo é Ação. Homem, governa tua Ação! De que outra forma tu dominarás o Pai e responderás ao Tolo no Portão Esquerdo da Coroa?

1. Eis algumas práticas. Cada uma pode durar uma semana ou mais.

α. Evita levantar o braço esquerdo acima da cintura.

β. Evita cruzar as pernas.

Conceba outras do teu próprio engenho.

2. Em cada ocasião em que tu fores traído em fazer aquilo que juraste evitar, corta-te de maneira ríspida sobre o pulso ou antebraço com uma navalha; da mesma forma que tu baterias em um cão desobediente. Não teme o Cavalo os dentes do Camelo?

3. Então teu braço te serve tanto como um aviso quanto como um registro. Tu anotarás o teu progresso diário nestas práticas, até que esteja perfeitamente vigilante o tempo todo sobre qualquer ação que escapar dos teus dedos.

Restrinja a ti mesmo assim, e serás livre para sempre.

III
0. O Boi é Pensamento. Homem, governa teu Pensamento! De que outra forma tu dominarás o Espírito Santo e responderás à Alta Sacerdotisa no Portão Central da Coroa?

1. Eis algumas práticas. Cada uma pode durar uma semana ou mais.

α. Evita pensar em um assunto definido e todas as coisas relacionadas a ele, e que esse assunto seja um que comumente ocupa grande parte do teu pensamento, sendo frequentemente estimulado pelas percepções dos sentidos ou pela conversa de outros.

β. Por algum dispositivo, como a mudança do teu anel de um dedo para outro, crie duas personalidades em ti, os pensamentos de uma estando dentro de limites completamente diferentes do da outra, sendo o terreno comum as necessidades da vida[3].

Conceba outras do teu próprio engenho.

2. Em cada ocasião em que tu fores traído em pensar aquilo que juraste evitar, corta-te de maneira ríspida sobre o pulso ou antebraço com uma navalha; da mesma forma que tu baterias em um cão desobediente. Não teme o Boi o Aguilhão do Lavrador?

3. Então teu braço te serve tanto como um aviso quanto como um registro. Tu anotarás o teu progresso diário nestas práticas, até que esteja perfeitamente vigilante o tempo todo sobre qualquer pensamento que surgir em teu cérebro.

Restrinja a ti mesmo assim, e serás livre para sempre[4].

[1] (ou seja, a questão de Cérbero).

[2] Esta prática não deve ser evitada; ou seja (1) por falhar em agir no primeiro momento da descoberta, e dar-se crédito (por assim dizer) “farei 10 cortes quando eu tiver cometido 10 deslizes”, ou (2) por dizer “cometerei um deslize devido à necessidade imediata; eu não me importo com a dor de um corte”.

O Objetivo de todo o exercício é criar um sentinela que fique e vigie no limiar da Mente; com isso sempre em mente é possível estudar a psicologia da prática em detalhes e arranjar meios de modo a obter o melhor resultado possível. [Esta nota foi adicionada a uma cópia pessoal do The Equinox I(4) de Crowley, posteriormente transcrita por Yorke.]

[3] Por exemplo, que A seja um homem de fortes paixões, habilidoso na Sagrada Cabala, um vegetariano e um político “reacionário”. Que B seja um pensador frio e ascético, ocupado com negócios e atenção à família, um comedor de carne e um sagaz político progressista. Não permita nenhum pensamento adequado para “A” quando o anel estiver no dedo “B”, e vice-versa.

[4] P.S. An. XV ☉ in ♊. Uma prática excelente é controlar os meios de expressão. Assim, desafie o mundo a te fazer sorrir, como “Sir Edward”, que eu vi na Coney Island neste primeiro dia de junho de 1919. [Esta nota foi adicionada a uma cópia pessoal do The Equinox I(4) de Crowley, posteriormente transcrita por Yorke.]

Thelema - A Mensagem do Mestre Therion

 

Publicação da A∴A∴ em Classe E

“Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.”
“Não há nenhuma lei além de Faze o que tu queres.”
“A palavra da Lei é Θελημα.”
Θελημα – Thelema – significa Vontade.

A Chave desta Mensagem está nesta palavra: Vontade. O primeiro, óbvio significado desta Lei é confirmado por antítese; “A palavra do Pecado é Restrição.”

Novamente: “Tu não tens direito a não ser fazer a tua vontade. Faze aquilo e nenhum outro dirá não. Pois vontade pura, desembaraçada de propósito, livre da ânsia de resultado, é toda via perfeita.”

Considerai isto cuidadosamente; parece insinuar uma teoria de que, se todo homem e toda mulher fizesse a vontade dele ou a vontade dela – a real vontade – não haveria conflito. “Todo homem e toda mulher é uma estrela,” e cada estrela, move-se numa órbita determinada, sem interferência. Existe lugar para todos; é apenas a desordem que causa confusão.

Destas considerações deve tornar-se claro que “Faze o que tu queres” não quer dizer “Faze o que quiseres.” A Lei é a apoteose da Liberdade; mas é também a mais estrita das injunções.

Faze o que tu queres – então faze nada mais. Deixa que nada te desvie daquela tarefa austera e santa. Liberdade para fazer a tua vontade é absoluta, mas procura fazer qualquer outra coisa, e instantaneamente obstáculos devem levantar-se. Todo ato que não está definitivamente no curso daquela órbita única é um ato errático e um empecilho. A vontade não pode ser duas, mas uma.

Nota além disto que essa vontade não deve apenas ser pura, isto é, única, como foi explicado acima; deve também ser “desembaraçada de propósito.” Esta expressão estranha deve fazer-nos pausar. Pode significar que qualquer propósito naquela vontade a embotaria; claramente, a “ânsia de resultado” é uma coisa de que a vontade deve ser livre.

Mas esta expressão também pode ser interpretada como se lesse “com propósito desembaraçado” – isto é, com energia incansável. A concepção é, portanto, de um movimento eterno, infinito e inalterável. Isto é Nirvana, somente dinâmico em vez de parado – o que vem no fim a ser a mesma coisa.

A óbvia tarefa prática do mago é, portanto descobrir qual é realmente a sua vontade, para que ele possa fazer a sua vontade desta forma; isto pode ser conseguido melhor pelas práticas de Liber Thisarb (ver Equinox I (7), pág. 105 ) ou outras tais que sejam ocasionalmente prescritas.

Deveria ser agora perfeitamente simples para todo mundo a essência da Mensagem do Mestre Therion.

Tu deves: (1) Descobrir qual é a tua Vontade. (2) Fazer a tua Vontade com: (a) unidade de propósito; (b) desprendimento; (c) paz.

Então, e somente então, tu estás em harmonia com o Movimento das Coisas, tua vontade parte da, e portanto igual à, Vontade de Deus. E desde que a Vontade não é mais que o aspecto dinâmico do ente, e desde que dois entes diversos não podem possuir vontades idênticas; então, se tua vontade é a vontade de Deus, Tu és Aquilo.

Há apenas uma outra palavra a explicar. Em outra parte está escrito – certamente para nosso grande conforto – “Amor é a lei, amor sob vontade”.

Isso significa que, enquanto a Vontade é a Lei, a natureza dessa Vontade é Amor. Mas este Amor é como que um sub-produto daquela Vontade; não contradiz nem sobrepuja aquela Vontade; e se em qualquer crise uma contradição se erguer, é a Vontade que nos guiará corretamente. Vede, enquanto no Livro da Lei há muito escrito sobre o Amor, não existe nele nada de Sentimentalismo. O Ódio mesmo é quase como o Amor! “Lutai como irmãos!” Todas as raças másculas do mundo compreendem isto. O Amor de Liber Legis é sempre ousado, viril, mesmo orgiástico. Existe delicadeza, mas é a delicadeza da força. Poderoso, terrível e glorioso como é, porém, é apenas a flâmula sobre a sagrada lança da Vontade, a inscrição damascena na lâmina das espadas dos Monges-Cavaleiros de Thelema.

Thelema - Liber B vel Magi

 

Uma descrição do Grau de Magus, também com um breve relance sobre os graus de Magister Templi e Ipsissimus.

Publicação da A∴A∴ em Classe A

Imprimatur:
N. Fra A∴A∴

00. Um é o Magus: duas Suas forças: quatro Suas armas. Estes são os Sete Espíritos da Injustiça; sete abutres do mal. Assim é a arte e o ofício do Magus apenas glamour. Como Ele destruirá a Si?

0. Porém o Magus tem poder sobre a Mãe tanto diretamente quanto através do Amor. E o Magus é Amor, e une Aquilo e Isto em Sua Conjuração.

1. No princípio o Magus fala a Verdade, e envia Ilusão e Falsidade para escravizar a alma. No entanto ali está o Mistério da Redenção.

2. Por sua Sabedoria Ele fez os Mundos; a Palavra que é Deus não é nenhuma outra senão Ele.

3. Então como Ele finalizará Sua fala com Silêncio? Pois Ele é Fala.

4. Ele é o Primeiro e o Último. Como Ele deixará de Se numerar?

5. De um Magus este escrito é anunciado através da mente de um Magister. Um profere claramente, e o outro compreende; embora a Palavra seja falsidade, e o Entendimento escuridão. E essa declaração é De Toda Verdade.

6. Todavia está escrito; pois há tempos de trevas, e neles é como uma lâmpada.

7. Com a Vara Ele cria.

8. Com a Taça Ele preserva.

9. Com a Adaga Ele destrói.

10. Com a Moeda Ele redime.

11. Suas armas completam a roda; e sobre Qual Eixo que gira não é do conhecimento Dele.

12. De todas essas ações Ele deve cessar antes que a maldição de Seu Grau seja removida Dele. Antes que Ele alcance Aquilo que existe sem Forma.

13. E se neste momento Ele se manifestar sobre a terra como um Homem, e por essa razão o presente é escrito, que este seja o Seu método, que a maldição de Seu grau e o fardo de Sua consecução, sejam removidos Dele.

14. Que Ele tome cuidado com a abstinência de ação. Pois a maldição do Seu grau é que Ele deve falar a Verdade, afim de que a Falsidade dela possa escravizar as almas dos homens. Então que Ele profira sem Medo, para que a Lei possa ser cumprida. E de acordo com Sua Natureza Original essa lei será moldada, de tal forma que alguém possa manifestar a gentileza e a quietude, sendo um Hindu; e outro a ferocidade e a servidão, sendo um Judeu; e ainda outro ardor e virilidade, sendo um Árabe. Contudo, este assunto toca o mistério da Encarnação, e não está para ser declarado aqui.

15. Agora o grau de um Magister ensina o Mistério do Sofrimento, e o grau de um Magus o Mistério da Mudança, e o grau de Ipsissimus o Mistério da Abnegação, que também é chamado de o Mistério de Pã.

16. Então que o Magus contemple um de cada vez, erguendo-o ao poder final da Infinidade. No qual o Sofrimento é Alegria, e Mudança é Estabilidade, e Abnegação é Eu. Pois a interação das partes não tem efeito sobre o todo. E esta contemplação não será realizada por uma simples meditação – então quanto menos pela razão? mas pelo método que terá sido dado a Ele em Sua iniciação ao Grau.

17. Seguindo tal método, será fácil para Ele combinar essa trindade a partir de seus elementos, e ainda combinar Sat-Chit-Ananda, e Luz, Amor, Vida, três a três em nove que são um, em que o sucesso da meditação será Aquilo que Lhe foi primeiro esboçado no grau de Practicus (que reflete Mercúrio no mundo mais baixo) em Liber XXVII, “Aqui está o Nada sob suas três Formas”.

18. E esta é a Abertura do Grau de Ipsissimus, e pelos Budistas é chamado de transe Nerodha-Samapatti.

19. E ai, ai, ai, sim ai de, e novamente ai, ai, ai, sete vezes Daquele que não prega a Sua lei aos homens!

20. E ai também Daquele que recusa a maldição do grau de um Magus, e o fardo de sua Consecução.

21. E que na palavra CHAOS o Livro seja selado; sim, que o Livro seja selado.