sexta-feira, 22 de setembro de 2017

ONA: Ordem dos 9 Ângulos II – Mythos e Práticas

Ao contrário do que se pensa, a ONA é uma ordem cuja mitologia e panteão possuem formas próprias, não baseando-se em cultos antigos, e rejeitando todos os elementos judaico-cristãos influentes em ordens como o Temple of Black Light (Ou seja, abomina também o conceito de “qliphot”). Ela se relaciona com as emanações primais do Acausal, algumas sem nome e sem forma.


Essas emanações se manifestam dentro do Causal (o nosso plano “material” e ordenado e os planos astrais próximos a essa criação) na forma dos vinte e um Deuses Negros. Cada Deus Negro se relaciona a um caminho da árvore da Wyrd, ligando as 7 esferas planetárias trabalhadas no caminho septenário (Sol, Lua, Venus, Marte, Mercúrio, Jupiter e Saturno).

O trabalho com esses Deuses é feito através dos “Nexions”(“Portais”) de energia existentes nas Estrelas, na natureza, em grupos de pessoas ou mesmo em indivíduos. Os mitos onde eles se expressam são encontrados em Manuscritos de ficção e lendas dentro da própria ONA, que não devem ser levadas ao pé da letra, mas interpretados como mitos devem ser – metáforas para explicar o Acausal de forma que nosso consciente meramente humano possa melhor compreender sua existência.

A saber, os 21 Deuses Negros são: Noctulios, Nythra, Shugara, Aosoth, Azanigin, Shaitan, Nekalah, Ga Wath Am, Binah Ath, Lidagon, Abatu, Karu Samsu, Mactoron, Atazoth, Davcina, Athushir, Kthunae, Budsturga, Gaubni, Sapanur e Darkat. Há ainda o culto a duas figuras reverenciadas como “Nexions” puros do Acausal manifestados em seres humanos, Baphometh (A Senhora da Terra) e Vindex (O “Sagrado Vingador). Essas figuras são de vital importância dentro dos mitos da O9A, liderando e inspirando tribos sinistras na guerra contra o Causal.

Os mythos são utilizados de forma exotérica (para os “mundanos” fora da ordem) e esotérica (para aquilo de compreensão somente dos adeptos) para apressar a passagem deste “Aeon” e para a construção de um próximo “Aeon” voltado a filosofia Satanista. Uma “preparação de território” para que o Causal se encerre, dando lugar a uma nova cultura, sociedade, política, arte e caminho espiritual. Um próximo passo na evolução do homem, elevando o indivíduo a outro nível. A contagem de tempo destes Aeons, de forma esotérica, corresponde aos “Years of Fayen” ou “Years of Fire“, um calendário próprio da ONA, cujo ciclo encerra e recomeça no dia 23 de Abril.

Para que este objetivo seja cumprido, essa mitologia (não irei entrar em detalhes, estes podem ser encontrados nos contos de ficção da O9A, dispostos em Manuscritos distribuídos livremente na internet) direcionam os adeptos a determinadas práticas que levam a evolução.

Práticas

As práticas da ONA não são simples. O Caminho Septenário é um dos mais rigorosos e perigosos que existem, diferenciando-se do “Satanismo” confortável daqueles que colocam máscaras obscuras para realizarem suas fantasias. Ele é um caminho bruto, por muitas vezes perigoso, que força o Adepto a uma Alquimia Negra Interna poderosa. É através da Vivência e Experiência que o adepto passa a se assemelhar aos Deuses e seus mitos, e somente através da ebulição desse Caos Interno que tais Deuses podem ser atraídos e manifestados.

Dentro do conjunto de práticas da ONA, deve-se destacar os manuscritos NAOS e Black Book of Satan. O primeiro é um guia aos que querem iniciar a trilha e tornarem-se adeptos, o segundo é o guia para abertura de templos e fundação de tribos satânicas. Ambos são de leitura obrigatória para ter ciência do caminho septenário.

As ferramentas mais interessantes do caminho septenário são os Cânticos vibrados para atrair os Deuses, o “Star Game” (jogo Estelar), cuja prática causa mudanças alquímicas no raciocínio e o Tarot desenhado por Christos Beest, utilizado nos 21 dias de meditação realizados no grau 2 do NAOS. Todos indispensáveis e não são opcionais, constituindo o fundamento do caminho.

O Caminho Sinistro leva os adeptos ao limite da Moralidade e da Ética, forçando-o a confrontar seus ideais com os dogmas sociais. Muitas vezes herético, marginalizado e arriscado. Não apenas moralmente, mas também fisicamente, tendo em vista os rituais mais avançados que consistem em isolamento social e exercícios físicos prolongados.  Também considera-se parte da prática a vivência da filosofia extremista, o código de Honra das Tribos e os 21 pontos satânicos – uma diretriz de vivência do caminho. Drogas e Alucinógenos são totalmente condenados durante rituais, sendo considerado hábitos de “Mundanos” e “Muletas mágikas” atrasando a evolução pessoal.

As práticas se enquadram em cada grau, tornando-se tarefas mais difíceis conforme a evolução. Os graus vão, em ordem, de Neófito, Iniciado, Adepto Externo, Adepto Interno, Mestre do Templo/Senhora da Terra, Magus/Magistra até Imortal, obtido somente com a transição do satanista do causal para o acausal, através da Morte.

Essa filosofia extrema não pode ser vivida “na internet”. Muitos atualmente dizem ser adeptos do caminho sinistro, tentando com isso almejar alguma forma de “status” dentro da pseudo-cena ocultista atual. A própria ONA rejeita estes falsos adeptos, embora não se importe com eles. Um real adepto vivencia a cada segundo e com intensidade este caminho, sendo reconhecido por outros de forma clara e simples pelo mero contato. É algo que deve ser posto constantemente em prática, diariamente.

Este é um breve RESUMO das práticas satânicas da ONA, de forma totalmente Exotérica. Eu levaria centenas de postagens para me aprofundar em cada tópico, sendo necessário um blog exclusivo apenas para isso, algo inviável no momento devido a falta de disposição de tempo. No entanto este breve resumo já concede as chaves para se conhecer verdadeiramente (ou buscar aprofundar-se, aos interessados) neste caminho. Sem falácias, sem maquiagens e de forma crua, aviso que o caminho septenário não é para “qualquer pessoa”. Pessoalmente não o indicaria a ninguém, a menos que este saiba que é a dificuldade que deseja para si. Mas a fins de real conhecimento sem distorções, encerro com este post a série sobre a Order of Nine Angles, até que seja realmente necessário retornar a este tema.  Espero ter elucidado algumas dúvidas e falácias sobre o tema.

Ha-Shatan pelo Satanismo Tradicional

Satan, do Hebraico (שָטָן) é uma palavra que tem por significado “Competidor, adversário, opositor”. O termo aparece cerca de vinte e sete vezes no antigo testamento, nenhuma destas vezes se referindo a uma “encarnação do mal” propriamente dita, mas em vários contextos diversos. O termo Ha-Shatan (O Adversário, como substantivo próprio) só passa a aparecer no momento coincidente com a encarnação de “Jesus Cristo”, para o estabelecimento de  um maniqueísmo dentro do contexto cristão, não existente até aí.  O termo pode ter derivado do grego “διάβολος” – “separador, caluniador” e mais tarde latinizado para “Diabolvs”, de mesmo significado.


O termo que era usado inicialmente pra metáfora de seres que testavam a humanidade e pessoas hereges em relação a doutrina dominante na época, passou a ser utilizado para denominar uma suposta entidade que rivalizaria com o Deus YHWH dentro da doutrina cristã. Assim eles teriam um punidor, um ente tão poderoso quanto seu Deus colocando obstáculos no caminho dos fiéis, que deveriam então implorar pela clemência deste em livra-los das tribulações do “ho archón toû kósmou toútou” (o príncipe deste mundo) e senhor de todo mal – reforçando assim a necessidade de prostração diante da Igreja e do “deus dos deuses”.

Portanto, essa visão de que Satan é o “príncipe do mal”, “senhor da mentira” entre outros é uma visão puramente cristã, recente e maniqueísta sobre um título/nome, assim como Lúcifer. Dentro do Satanismo Tradicional, não há espaço para este tipo de pensamento, portanto o conceito de Satan é totalmente diferente e precede até a jovem religião do Nazareno.

Para um Satanista, Ha-Satan não é uma entidade a ser idolatrada cegamente, reverenciada, “realizadora de pactos”. Nenhum satanista é o “grande escolhido”, nem nasceu superior a qualquer outro. Pelo contrário é somente através da força de vontade e da auto-superação que um Satanista evoluí. Nenhuma energia Acausal concede nada de graça, sem esforço e merecimento para obtenção. O que importa é a prática real ao longo de anos, até décadas de rituais e estudos levados a sério.

Da figura de Satan dentro do Satanismo, podemos dizer que ele é um dos muitos arquétipos representantes do Caos dentro do Causal, manifestado dentro da doutrina judaica e da cristã. No entanto, não é esta figura maléfica utilizada como ponto de coerção pela Igreja católica (entre outras) que é utilizado no satanismo tradicional. Como já foi dito aqui, não se trata de cristianismo invertido, mas de toda uma doutrina própria.

Satan é então um dos muitos nomes exotéricos de um ser sem nome, feito totalmente de Energia Acausal. Foi um dos primeiros Deuses Negros a se manifestarem dentro do mundo causal, sob a forma de princípio de mudança, heresia, oposição e Caos, através de algum Nexion natural aberto no passado.

Sendo uma entidade de uma das raças Acausais, Satan não possuí forma definida, sendo o Dragão Negro um dos símbolos que se aproxima dele em significado, mas não corresponde a forma exata na qual ele se manifestará. “Satan” é também um sigilo em forma de palavra, não correspondendo a seu real nome, sendo este conhecido apenas pelos reais adeptos desta doutrina atualmente denominada “Satanismo Tradicional”.

Existindo inúmeros outros entes, não é este que diz a “palavra final” a um Satanista. Mesmo sendo seres impossíveis de serem controlados – mas canalizados, não é diante deles que nos ajoelhamos. Satan é manifestado através da figura do líder das tribos sinistras, líderes de templos satânicos e grupos – portanto seus representantes não podem ser meros escravos controlados, mas seres humanos livres de amarras cósmicas/morais/culturais para poderem se mover com esta mesma liberdade até o próximo nível de evolução.

Ha-Shatan é de polaridade masculina(independente de sua manifestação judaica, cristã, hinduísta…) , sendo sua energia complementar relacionada a Lilith, Shakti, ou a Deusa Negra Baphometh (não confundir com o anjo-bode divulgado popularmente), e quando unidos através de sua atração acausal, formam uma energia ainda mais poderosa, manifestada como a “Lapis Philosophicus”, pedra filosofal ou Diamante Negro dentro do Causal.

Uma entidade conceituada de forma muito errônea e muito relacionada a doutrina cristã, novamente temos aqui o Caos se apresentando não como algo maligno, mas como contraposição a estagnação, um princípio evolutivo necessário para a movimentação Universal através da energia Acausal que flui pelos Nexions e acelera a vinda de um novo Aeon e extermínio desta era vulgar a qual vivenciamos.

O Satanismo Tradicional

Esta postagem foi escrita originalmente em resposta após um debate no site Teoria da Consiração, neste tópico:

http://www.deldebbio.com.br/2012/09/05/nao-existe-almoco-gratis/

    O mesmo se tratando de um debate sobre uma suposta utilização do NAOS em rituais envolvendo pessoas leigas. Antes que pedras sejam atiradas, não,um satanista não deve a mínima satisfação a ninguém e eu não estou aqui para justificar nada ou “converter/pregar” ninguém ou nenhuma crença. Apenas estou expondo o assunto com a seriedade com a qual ele deve ser tratado, e direcionando a um público alvo que leve tal estudo com a mesma seriedade, e nada além disso.


Recordo-me de quando eu tinha dezesseis anos e estava na época de escola. Foi neste tempo que comecei a estudar o ocultismo de modo geral. A influência dos meus familiares católicos e umbandistas e suas opiniões a respeito da “magia negra” e do Satanismo ainda eram marcantes em mim. Em minha cabeça, a figura de um satanista era o exato aspecto “hollywoodiano” do grupo com capuzes negros sacrificando jovens virgens em seus ritos macabros.

Certa vez, o pai de um amigo foi buscar o mesmo na escola onde estudávamos. Era um senhor com cabelo grisalho, bem arrumado e simpático. Este senhor cumprimentou a nossa turma e levou seu filho até o carro. Um colega de classe, que sabia de meus interesses sobre ocultismo me confidenciou naquele momento que o pai de nosso amigo era um Satanista, e falava do assunto sem nenhum problema. Obviamente, me senti curioso (e ao mesmo tempo assustado) pelo assunto. Decidi conversar com meu amigo no dia seguinte.

E este foi o início da quebra de um estereótipo que circula até hoje no meio ocultista. O que é, afinal de contas, um Satanista?

Em primeiro lugar, para falarmos deste tema, é necessário nos situar muito bem dentro do mesmo, erro que normalmente é cometido pelos que se dizem entendidos no assunto. O Satanismo não é uma crença única, muito pelo contrário. Ele possui inúmeras variações e correntes filosóficas diferentes.  A mais famosa delas, o Satanismo Moderno, foi fundado por Anton Lavey em 1969, e trata de uma forma de Antropocentrismo. Segundo esta filosofia, o sobrenatural deve ser deixado de lado, e o material deve ser vivido aqui e agora. Os Demônios e entidades seriam apenas aspectos psicológicos internos, exteriorizados para obter-se maior compreensão dos mesmos. Lavey popularizou o Satanismo, mas ao contrário do que se pensa, ele não foi o primeiro a organizar um grupo coeso e suas características não devem ser misturadas as de outras formas de crenças satânicas. O Satanismo Tradicional É mais antigo que o “moderno” e foi organizado e difundido por algumas organizações bem antes de Lavey se rebelar contra a hipocrisia da sociedade.

No outro extremo das vertentes, existe o chamado Satanismo Tradicional, e é deste que irei tratar aqui. Ao contrário da crença de Lavey – que é considerada pobre em espírito, já que ignora o desenvolvimento e evolução do Homem como um Todo – o Satanismo tradicional/ teísta crê nas entidades, deuses e demônios como seres independentes do ser humano. Estas deidades são utilizadas dentro do satanismo como auxiliares da Evolução do Adepto, e não como ídolos para mera adoração cega e submissão doentia, como normalmente se retrata.

     A Mão Esquerda

Os termos “mão direita” e “mão esquerda” vieram do Tantra, mas passaram a ser utilizados para designar o caminho ocultista com base nas “árvores” da Cabalah. O caminho da mão esquerda seria aquele em que o ocultista se foca em sua própria evolução acima de tudo, sendo correspondente ao ideal satânico de evolução própria. Devido a isso, o Satanismo está contido no caminho da mão esquerda. Mas não é necessário ser um Satanista para ser um praticante do LHP (Left Hand Path).

Por ser muitas vezes uma evolução dolorosa e sinistra, este caminho é evitado ou até mesmo criticado e posto de lado pela maioria dos Ocultistas. Também é uma corrente vítima de constantes distorções, onde “satanistas” tentam fazê-lo parecer mais fácil de ser trilhado, ou algo mais brando.

Não, não é. A dificuldade, os problemas e a dor levam a superação e a única e real evolução. Ninguém evolui sentado em uma cadeira.

     Da Figura do Satanista

Um real adepto do Satanismo Tradicional, não será uma piada caricata diante da sociedade e não se valerá de meros “teatros” psicológicos em sua Mágicka. A figura de mantos negros e jóias exageradas existe apenas em seu mundo particular, durante seus rituais. Em seu dia-a-dia ele deve ser uma pessoa normal. Ser um satanista não significa perder o senso de educação, prestatividade e em especial, honra. Aqueles que não souberem entender e canalizar a sua Chama Interior, serão consumidos em sua ira – e não passarão de animais selvagens sem direção. Não é necessário negar e esconder seu caminho espiritual, tampouco estampá-lo na sua testa.

     O Ideal Satânico

Cada corrente possui sua própria ideologia. A evolução do adepto é um ponto comum a todas. O despertar da Chama Negra interior, introduzido na humanidade por Samael, é o maior destes objetivos. Ser semelhante a Caim (a chama negra) ao executar simbolicamente Abel (o homem de barro) para se tornar um Deus em carne. O contato com o Demônio Guardião equivale ao despertar desta chama negra acausal, é o acordar do interior subconsciente. É a maior arma de um Satanista (adversário) contra a ordem causal e vigente.

      Os Demônios

Derivado da palavra grega Daemon ou daimon (grego δαίμων, transliteração dáimon) que pode ser traduzida como “espírito” ou “divindade”, o tipo de entidades que eram nomeadas dessa forma passaram a ganhar fama de maléficos com o cristianismo, e a fama permanece até hoje, mesmo entre aqueles que não se consideram cristãos, de tal forma que está enraizada esta cultura na sociedade. O Satanista sabe que nem todos os demônios são maléficos e nem todos são bondosos, sendo aconselhável a relação com eles apenas após um bom tempo de prática. Cada um é único em essência, e podem fornecer o conhecimento necessário para o adepto evoluir. São uma gama de entidades difíceis de se trabalhar, o que envolve tempo e dedicação da parte do adepto.

As entidades demoníacas não devem ser confundidas com vermes astrais, eguns ou kiumbas. Demônios conseguem a energia com a qual trabalham através de oferendas e adoração, enquanto os vermes astrais são meros vampiros instintivos. Os vermes astrais podem muitas vezes se passar por outra entidade através da alteração de sua  de sua forma de manifestação para se passarem por outros tipos de entidades (sejam demônios ou não). Isto torna uma exigência a aptidão do adepto para identificar e diferenciar impostores de seus “guias” ao trabalhar com eles. Entre estas formas de identificação, está a sensação percebida pela presença da entidade, que deve corresponder a frequência energética da mesma.

Este é um fato válido tanto para os praticantes do Satanismo quanto os de outras artes que lidem com entidades, e é algo geralmente negligenciado, e que culmina em erros graves.

       Os Sacrifícios e Honrarias

Um Satanista é um ser orgulhoso de si, e que visa sua evolução. Desta forma, ele não se prostra diante de nenhum ser, a não ser a si mesmo. Os cânticos, oferendas, sacrifícios e honrarias concedidas as entidades são para exaltação e agradecimento as mesmas. Não existe devoção cega dentro do Satanismo. Não há “servir de alimento” para entidades. Não há pactos, e Demônio algum lhe dará nada em troca de sua “alma”. Aliás, se você não consegue se esforçar por algo e precisa pedir que caia do céu, sua alma já não valerá nada. Os Sacrifícios, apesar de serem um ponto polêmico,  são realizados como oferendas e agradecimentos. Objetos consagrados, confecção de imagens, incensos, velas, e até mesmo alimentos no caso de algumas entidades. Se a idéia não lhe agrada, você não serve para este caminho.

     Goétia e Satanismo

Outro mito do satanismo tradicional é a goétia. Deve-se ter consciência de que a goétia é apenas um dos muitos sistemas e formas de evocação que existem para se contatar entidades. Como todo sistema evocatório, ela deve ser adaptada à crença do praticante. Existe, portanto, alguns livros voltados para a prática da “goétia satânica”. Mas isto é apenas um passo na evolução do adepto, e não uma obrigatoriedade para um satanista e muito menos uma exclusividade, tendo em vista que o sistema original é judaico-cristão. Há muito que se discursar sobre este assunto.

Deidades Satânicas

       Recentemente vi alguns leigos no Satanismo citando que o mesmo fazia uma “confusão com Deuses”. A realidade é bem diferente de uma confusão. As vertentes teístas do Satanismo realizam um resgate dos Deuses das Eras anteriores para utilizar na era atual. Os Deuses ancestrais não são esquecidos, mas adorados e sua energia utilizada em diversos trabalhos mágickos.

Para os Luciferianistas, não apenas os deuses “negros” sofrem este “resgate” ou esta “adaptação”, mas também os deuses considerados “luminosos” devido a seus aspectos semelhantes aos de Lúcifer. A assimilação destas deidades segue a máxima de que um Adepto deve absorver aquilo que lhe torna mais forte, e expurgar o que lhe torna fraco, para que o mesmo seja digno de alcançar a sua Chama interna.

Algumas vertentes ainda, possuem a sua própria doutrina em relação a deuses.

Sobre os “Estereótipos”

É uma moda atualmente, que todo Satanista seja obrigado a ouvir “black metal” e derivados, andar sempre de preto e estar sempre mal encarado. Isto não poderia estar mais longe da verdade. Gostos pessoais não influem em uma crença, muito menos as roupas. E por sua vez, a crença não é desculpa para agir como um adolescente revoltado, faltando com respeito a tudo e todos. Deve-se ter o senso de postura e saber os meios certos de lutar contra a ordem vigente.

Os exemplos dados pelo Marcelo Del Debbio em sua postagem “Ordens Satanistas da Vida” é um grande exemplo do que um verdadeiro adepto NÃO é. Ele não fará ameaças que não pode cumprir e nem se valerá levianamente das entidades que o auxiliam em sua alquimia mental. As atitudes ali demonstradas são dignas apenas dos “estereótipos”, os jovens que acabam se apoderando de material presente na internet, e retirando de contexto e distorcendo informações, sem a mínima noção ou instrução – resultando no que foi aqui demonstrado.
Estes, não devem ser comparados aos praticantes sérios desta senda, que buscam a verdadeira evolução e possuem seus próprios objetivos, não se limitando a adoração cega e a serem “bateriais de entidades” (como foi denominado por alguns leitores), mas trilham um caminho difícil com seriedade para atingirem seus próprios objetivos, livres de amarras de qualquer espécie.

Este é apenas um resumo daquilo que eu estou trilhando, do que eu estudei e ainda estudo. Espero que sirva para quebrar alguns paradigmas e mudar alguns conceitos acerca desta senda espiritual, que é tão válida quanto qualquer outra, e que merece ser reconhecida pela sua funcionalidade e não por aqueles que mancham seu nome.

      O Satanismo é um caminho para os Fortes, bem como o LHP. Não se espera que seja compreendido ou muito menos “socialmente aceito” pela grande massa social. Apenas os poucos dignos de caminharem pelos campos ardentes conseguem seguir em frente…

Ba nãm i âharman

A Alquimia Negra



“Escuro e nebuloso é o início de todas as coisas, mas não o seu fim.”
Kalil Gibran

A Alquimia é uma antiga arte, combinando aspectos da química, filosofia, física, matemática, astrologia/astronomia/ e espiritualidade. Na época onde ciência e religião não se contrariavam, pelo contrário, se complementavam – o homem iniciou uma busca pelo conhecimento interno e externo que nos deu as bases para a ciência moderna. Com o tempo e de certa forma a “regressão” espiritual do coletivo humano, ciência e religiosidade foram se segregando, chegando mesmo ao cúmulo de se oporem nos tempos modernos.


Como já foi dito no texto “Comentários sobre o Caminho Sinistro”, a Mão Esquerda não é uma trilha ligada a ignorância, mas sim ao conhecimento. A raiz “FHM” (FHAM – FHEM) do árabe servem tanto as palavras “Escuridão” quanto a “Conhecimento/Sabedoria”. A Alquimia Negra é, portanto, a Alquimia ligada ao Conhecimento Interno/Externo do Adepto. Dentro do conhecimento externo, não há somente (mas também há, como dever) os conhecimentos “mundanos” mínimos necessários, absorvidos através de livros – escolas – professores normais do dia a dia, mas também através da experiência e vivência da vida em si.

Não se aprende nada sabendo apenas a teoria. A prática é parte intrínseca do caminho e isso é válido não apenas pra rituais, mas também para si mesmo. Vivenciar o amor e o ódio, a tristeza e a alegria, acumular experiências terrenas. Viajar sozinho pelo mundo, entrar numa briga – e perder! Ouvir uma música nova, criar algo, ser um artista – ou destruir algo totalmente. Conhecer novas pessoas e odiá-las ou não. Cada momento, cada segundo de vivência é parte da mágicka obscura, onde o desconhecido é trazido a Luz e absorvido pela Anima Acausal, que se torna mais forte e desenvolvida.

A “physis”, o corpo físico do adepto também deve ser exercitado. Exercícios, artes marciais, brigas na rua, trilhas, tanto faz. O importante é treinar e se tornar mais resistente que a média humana normal, para fins de defesa. Aprender a atirar, usar facas ou armas brancas. Saber onde mirar um golpe para derrubar alguém maior. Também faz parte da evolução alquímica.

Do caráter Interno, há a Introspecção. Olhar para dentro de si mesmo, mergulhar em seu próprio Abismo – obter um código de conduta e segui-lo. Eleger um objetivo e cumpri-lo, ou falhar e buscar outra meta. Conhecer-se e conhecer seus limites. É a Lapidação da Alma para a evolução.

  Dentro da Alquimia Negra (ou Sinistra), os três elementos Alquímicos utilizados são, conforme os símbolos apresentados acima, o Enxofre, o Sal e o Mercúrio.  O Sal sendo o primitivo, representa o Subconsciente. Os símbolos exotéricos (largamente utilizados na Alquimia), as meditações, o Tarot, a Physis… todos atuam para a lapidação do Sal e sua transformação em Mercúrio. Do Mercúrio, temos a vivência, experiência, seguir o modo de vida Sinistro, e a prática em si dos rituais e das Artes Negras. E por fim, nos aspectos do Enxofre, temos a longa vivência, a experiência através dos Anos. A Sabedoria da Vida e o Conhecimento obtido pelos estudos, elevando o Homem a um novo estágio. O Homo Gálata, ou o “Ubermensch” de Nietzche.

Os rituais de passagem de grau em uma ordem adepta do caminho sinistro são pontos de transição entre estes elementos, que são uma metáfora para a condição humana. Entre estes momentos de transição estão a “Decomposição” (“Morte” metafórica do Adepto, experiência da passagem), a “Calcinação” (solidificação da Vontade), entre outros.

Há também os processos pelo qual o “elemento” (no caso o adepto) passa: do Nigredo (putrefactio – a passagem), o Albedo (Purificação do “elemento”), o Citrinnitas (ou operação Dourada – trabalhando a energia dos metais) e por fim o Rubedo, onde culmina a Alquimia na criação da “Lapis Philosophicus” através da Sagrada União.

Dentro do Satanismo Tradicional, tudo pode ser resumido a uma grande metáfora para a Alquimia Sinistra. Os ritos de passagem, os oráculos, os mitos são metáforas pra este desenvolvimento humano através das energias Acausais – e formas de manifestar este Acausal da Anima humana em seu potencial Máximo, para que o resultado final seja a obtenção de um Deus Negro em todo seu poder real.

É interessante o ponto dos Mitos. Como tratei nos posts anteriores, a “trindade” satanista é uma grande expressão dessa Alquimia. Da União Sexual entre a polaridade masculina (Satan) e feminina (Lilith) é gerada a “Lapis Philosophicus”, a Pedra Filosofal da existência eterna – o segredo daqueles que subjugam o tempo, assim como Caim, o filho. Um dos objetivos dos alquimistas do passado, exposto de forma esotérica. A “Imortalidade”, a subjugação de Kronos, para adentrar a morada dos Deuses Negros.

Diz-se que com o tempo, a tendência a Introspecção é aumentar. Conforme o Adepto avança na trilha Alquímica Sombria, ele busca por sua própria Luz Interna. Então a Magicka exotérica é deixada de lado, bem como as influências externas ao Universo, e passa a se focar somente no seu “Eu”. Evoluindo o “Eu” até seu potencial máximo, até mesmo a mágicka exotérica deixa de ser necessária, e o adepto se torna Uno com sua centelha Interna Acausal ( O Demônio Guardião/ Chama Negra Interna).

Consiste na Alquimia Negra, um dos caminhos esotéricos para destruir as ilusões e alcançar a verdadeira Luz.

O Princípio Feminino Opositor



“Nada é mais bonito que o homem: e mais bonito do
que tudo é a mulher.” – Livro Negro de Satã, Order of Nine Angles.

É um fato frequentemente omitido que a mulher, dentro do Satanismo Tradicional exerce um papel fundamental – tanto quanto o homem. Isso elimina qualquer forma de sexismo dentro da doutrina, onde masculino e feminino não estão competindo por nada, nem almejando direitos/deveres uns sobre os outros. Tais competições fúteis pertencem somente a existência mundana e serão totalmente ignoradas aqui, pois sequer deveriam existir.


Um Satanista deve começar tendo em mente que a distinção sexual é física e energética – mas causal. A essência, a Anima de todos os seres é estritamente Acausal, portanto não depende de gênero ou opção sexual o seu potencial para estagnar ou vir a tornar-se futuramente um ser superior. É a forma como você usa ou não a energia interna que afeta o seu destino final.

Diz-se que a energia Acausal denominada Satan, ao adentrar no plano Causal sofreu uma cisão. Desprendeu-se em si mesmo, gerando outra energia com polaridade oposta, mas diametralmente semelhante. Como entes conscientes, mas separados, Satan e sua consorte viram um no outro sua própria escuridão interna, a Chama Negra ardente – e apaixonaram-se. Através de seus Nexions e manifestações dentro do Causal, eles se uniram, formando novamente a energia Caótica Primal, uma energia mais poderosa que Satan, capaz de atrair outros Deuses Negros ainda mais poderosos e causar mudanças de forma ainda mais forte. Essa energia foi denominada na Alquimia Negra de “Pedra Filosofal” ou Lapis Philosophicus. O Diamante Negro da Sabedoria.

A fórmula desta união se manifesta no plano físico através dos fluídos sexuais e suas combinações, e dentro das diversas culturas espalhadas pela terra como os pares de deidades “Shiva-Shakti”, Ahriman – Az Jeh, Samael-Lilith, Hades-Perséfone, Satan – Baphometh entre muitos outros. O princípio feminino não se limita, ao contrário do que se pensa atualmente no meio “LHP” , a presença de Lilith.  Na verdade ela seria somente o princípio caótico anti-vida, o aborto, rebeldia feminina e predação vampírica/ noturna, aspecto fortemente presente nas origens dos mitos de “Lilitu/Ardat Lilith” na suméria e como mãe dos Demônios (Lilins) nos textos judaicos.

A mulher e os aspectos femininos opositores a ordem são aqueles que completam a energia masculina. Força sem direção é força desperdiçada e somente de mãos dadas ambos conseguem focar-se em tornarem-se algo além. Daí a importância de ter-se domínio sobre a magia sexual e alinhamento de energia com alguém do sexo oposto (que pode envolver magicka sem envolver sexo, apenas alinhando-se com a pessoa).

O feminino no Satanismo é a água, cujo útero (no sentido de energia geradora, não necessariamente literal) é simbolizado pela taça/recipiente. É o princípio passivo que é estimulado pelo fogo ativo do homem. É o momento onde a Espada toca o fundo da Taça (seja isso uma alegoria ao sexo ou um simbolismo ritualístico), provocando o Caos nas Águas geradoras, cujo turbilhão gerou os Deuses, como por exemplo no mito de Tiamat – onde ela e seu marido emergem das águas turbulentas do Caos, portando ainda estes princípios consigo.

O princípio satânico feminino é também influenciado pela Terra, o corpo Carnal. A sacerdotisa é a mestra da Carne, enquanto o aspecto masculino é o Ar que a fecunda. A união dos quatro resulta no quinto, o Espírito Acausal. A quinta ponta do pentagrama invertido, voltada para baixo, fora da Causalidade.

A energia Acausal se manifestando no princípio feminino é a Lua, a menstruação (o dom concedido por Ahriman no Zoroastrismo), a Hékate que rege a magia e direciona as energias pelos caminhos Qliphóticos e o útero do conceito manifestado como “Lilith” dentro da Cabalah Qliphotica, a porta para fora da causalidade, chamada dentro da doutrina da árvore da Morte de “Sitra Ahra”.  É a porta que o princípio masculino abre e sem ele nada poderá ser feito.

É válido lembrar também que todo ser é dual, pois é manifestação Acausal dentro da matéria. Ou seja, quando me refiro ao opositor feminino, não me refiro somente ao gênero feminino, mas também a carga feminina que existe dentro do masculino (assim como o contrário também é existente). Portanto, antes de conhecer uma parceira para rituais sexuais, e por em prática a União Sagrada entre as energias opositoras é necessário entender como esta energia se aplica em você mesmo primeiro. Lembrando que “princípio de gênero” não influi em sexualidade, deixando as ideias “mundanas” de lado. Falamos aqui de polaridades energéticas.

Algo que vale a pena ser considerado antes de ler os textos relacionados a “magicka sexual” presentes neste blog ou estudar sobre a mesma a fundo para por em prática.

O Acausal e os Nexions



O Acausal

O termo Acausal  se refere a tudo aquilo que está fora do “plano causal”. Nós identificamos o plano causal como aquele percebido pelos sentidos do corpo físico e justificado pelas ciências “causais”, como a geometria, física e química. Através da empatia e das sensações geradas fora da racionalidade “comum” que a ciência convencional não explica, nós somos levados a conhecer um plano fora deste “causal”, constituído do tempo-espaço acausal.

A ciência biológica pode explicar como um corpo vive, mas não explica sua racionalidade. A mera observância das liberações/interações bio-químicas não são suficientes para justificar a existência e o comportamento da vida, muito menos do ser humano complexo e caótico. Portanto, passa a haver a teoria de que a Vida em si seria internamente composta de energia Acausal, e que um plano feito somente desta energia existiria fora daquilo que conhecemos como “criação”, habitado por seres totalmente livre da “causalidade”.

E o que seria esta “Causalidade”? Não haveria tempo da forma linear a qual concebemos, nem espaço geométrico, nem relações diretas de causa-efeito, sendo impossível descrevê-lo dentro das três dimensões físicas e da dimensão temporal. Tudo que haveria seria a energia infinita (e Acausal), possibilidades infinitas e a liberdade infinita do Cosmos e do Caos, sem nenhum aprisionamento ou limitação.

Impossível de definir matematicamente, o Acausal seria ainda constituído de infinitas dimensões, linhas temporais, planos manifestando-se simultâneamente e não se manifestando ao mesmo tempo. Os símbolos encontrados para representar o Acausal são o tetraedro, a árvore da Wyrd e os Nove Ângulos. No entanto são símbolos limitados em duas dimensões, melhorados quando feitos em três dimensões, aproximados quando os encontramos na quarta dimensão (fluindo através da magia aeonica) mas somente totalmente compreendidos através dos Nexions (veja abaixo) e do Star Game/Jogo Estelar – absorvendo seus significados e praticando-o constantemente para entendê-lo.

Somente assim pode-se compreender estas “pentadimensões”, difíceis de explicar em palavras e matemática “comum”, mas possível de ser experiênciada através do Caminho Setenário de forma intensa, através da “Empatia” e – quando essas energias manifestam-se no Causal, mesmo através de sensações físicas.

E dentro das infinitas possibilidades do Caos Primordial, temos a existência de seres Acausais, denominados Deuses Negros. Estes seres, feitos de pura energia, realizariam de tempos em tempos incursões dentro do Causal que conhecemos, causando Caos, movimento, contra-reações e consequentemente mudanças drásticas no mundo, nos indivíduos e nas Eras (Aeons). Tais Deuses Negros podem ser canalizados para auxiliar no desenvolvimento do Adepto, até que o mesmo transcenda o Causal e alcance sua própria Divindade, um dia (e através de muito esforço).

Entretanto as manifestações e influencias desses sereis Caóticos em nosso mundo não ocorre de qualquer forma, mas sim através de “Nexions”.

Os Nexions

A palavra “Nexion” vem da abreviação de “Conexion” e foi utilizada por Anton Long para definir uma conexão entre aquilo que é Acausal e aquilo que é Causal. Todo indivíduo, sendo portador de energia Acausal internamente é naturalmente um Nexion, no entanto somente ele escolherá utilizar de seu potencial ou se tornar apegado a coisas “mundanas/materiais” e ignorar todo o seu potencial evolutivo.  Ou seja, um Nexion é um PORTAL que faz com que energia flua através de si. Uma porta ligando dois mundos de realidades totalmente diferentes em essência. E como uma porta, pode ser acessado de ambos os lados.

Aqueles que escolhem exercer conscientemente seu potencial, organizam-se em grupos ou “tribos” para realizar rituais com a finalidade de evolução e de trazer as energias do Caos para dentro do plano Causal – entre outros objetivos também de cunho pessoal. É aqui que a “Magicka” e o Satanismo se encontram, sendo esta uma ferramenta do Adepto para realização de seus  intentos e desejos.

Os Nexions também servem como conexão para os Deuses Negros poderem se manifestar e transitar neste Aeon. São o canal de comunicação entre nós e seres os quais temos ainda pouca noção da realidade no estado em que nos encontramos, mas que entendemos cada vez mais através do tempo e durante a nossa própria Alquimia Negra Interna. São seres sem nome, conhecidos apenas por suas vibrações, e sem forma, muitas vezes representados por meras situações (como Karu Samsu é a junção do sacerdote e sacerdotisa) e indescritíveis de forma “física”.

Sendo desprovidos de forma, estes seres se manifestam para mudar o mundo em várias culturas, de várias formas, sob várias máscaras diferentes. Assim como Shiva, Satan, Fenrir, Exu… e inúmeros outros. Estes agentes de entropia – esses Deuses Negros, não devem ser confundidos com entidades maléficas, mas meramente como seres responsáveis pela mudança e não-estagnação Universal.

Além dos Nexions individuais e das Tribos, existem ainda os Nexions naturais, que normalmente ficam em determinados locais, como montanhas, florestas, rios, lagos, cachoeiras, locais naturais em geral e fora da Terra, no próprio Espaço, como Estrelas (Naos, Sirius, Mira, Algol… entre outras) e os próprios Planetas da Árvore de Wyrd.

Os principais métodos de trabalho com Nexions, além do Star Game, seriam os Cânticos que trazem vibrações ligadas aos Deuses Negros, o desenvolvimento da “Empatia” e do pensamento Acausal, e os rituais de Invocação/Convocação destes entes, com uma grande lista de cerimônias envolvidas.

O que deve ser entendido aqui por você, neste momento é que esta doutrina denominada exotericamente como “Satanismo” está muito além de um “Cristianismo invertido” ou uma contra-cultura cristã. É uma cultura própria, viva e mutável, adaptável externamente, mas construída sobre a mesma fundação.

Não se trata de “adoração a Satã”, mas de trabalho com as energias Acausais mais puras, direcionadas para a Alquimia Interna do Adepto e sua evolução, transitando de Homo “Sapiens” para Homo Gálata, o “Ubermensch” mencionado por Nietzsche em seus tratados. A liberação de um ser preso ao Causal Mundano para algo além, uma consciência mais capaz… para somente então pensar no próximo passo evolutivo.

Introdução a Magicka Aeonica



Para entender a magicka Aeonica, é necessário primeiro entender que o Universo divide-se em dois: O Causal e Acausal. Dentro do Plano Causal, o Tempo corre de forma linear, indo sempre em um único sentido. É um tempo “limitado”, assim como a matéria, e tudo mais presente dentro deste plano de Causalidades, formado por quatro dimensões básicas (as 3 ângulares e o tempo). Enquanto o Acausal não pode ser medido pela física normal e nem pela ciência convencional.


Dentro destes conceitos, um Aeon é uma determinada expressão evolutiva dentro do plano Causal, ligado fortemente a uma Grande Civilização histórica, a um Ethos (conjunto de tradições de um povo) em particular. Essa expressão evolutiva é uma manifestação de forças Acausais dentro do Causal, de forma mais expressiva.

Um conjunto de forças Acausais nutre a Civilização em sua Ascenção e seu Apogeu e durante seu declínio. Dessa forma, cada trecho histórico da Humanidade está ligado diretamente a uma energia Caótica. Por cerca de 2.000 anos essa energia é manifestada com sua totalidade, até começar a decair e ser substituída por outra, dando lugar a outro povo e a um novo Ethos. É essa raíz no Acausal que determina as ações e o modo de reação de cada grande povo – e também o seu Destino. Ou seja, analisando por este lado, todos os indivíduos daquele grupo estão fadados ao mesmo Destino, como um coletivo. Um único ser orgânico formado por partículas menores, como células. A única forma de escapar deste Destino coletivo, sendo a Introspecção, tornado-se um Adepto e esmagando as correntes que o prendem – para que o Indivíduo então evolua de forma mas avançada e crie seu próprio Destino, diferente dos demais de seu povo.

Um Aeon é também ligado diretamente a uma determinada Área geográfica onde determinado povo reside. Um exemplo é o Aeon Ocidental o qual vivenciamos agora, presente no Ocidente em geral da terra. Isso devido a presença de algum Nexion próximo a área ou pela área estar presenciando de forma intensa uma corrente derivada de um Nexion.

Cada grande civilização que não seja diretamente ligada a outra e que tenha primeiramente renovado o Ethos, é ligada a um Aeon e uma corrente de energia. Tradicionalmente, convencionou-se que Sete destes Aeons são os mais influentes e principais dentro da Magicka Aeonica (embora existam outros diversos), sendo eles:

Primal – Nenhuma civilização

Hiperbóreo – Albion

Sumério – Sumérios

Hellenico – Gregos

Thorian (Ocidental) – Civilizações Ocidentais em geral

Galático – Desconhecida

 Junto com a civilização, mudaria também o Ethos. E com o Ethos, também se altera a forma de Mágicka dominante durante este Aeon. Um dos pontos principais é alterar a ritualística e simbologia do atual Aeon Thorian para o Galático, onde domina a Alquimia e os símbolos do Star Game (o Jogo Estelar da ONA – uma ferramenta mágicka descrita no livro NAOS). E com isso, exaltar o Homo Gálata, em detrimento (ou total desaparecimento) do Homo Hubris (os mundanos – falhos em caráter, em honra e em mentalidade/espiritualidade). Dessa forma seria instaurado um real Império “Galático” (referindo-se ao Homo Gálata), onde o Übermensch seria dominante e formaria uma civilização evoluída.

 A Mágicka Aeonica deve sempre ter um objetivo bem demarcado, como por exemplo: Criar um novo Aeon, Destruir o Aeon presente para dar caminho ao próximo, afetar um coletivo de pessoas, parte de uma civilização, afetar um indivíduo, libertar-se da “Wyrd coletiva” (Destino) e criar a sua própria teia de Wyrd, livre das influências do Aeon presente, ou outros objetivos que o Adepto tenha.  Vale lembrar que quando voltado a indivíduos, a mudança pode ser brusca. Mas a um coletivo de pessoas (tal como uma cidade – país ou toda raça humana), a mudança pode levar séculos. Magicka Aeonica é então um trabalho a longo prazo, quando feito em larga escala.

  A forma pela qual estas energias fluem no Causal, é através dos Nexions, já tratados aqui. Um nexion pode ser geográfico, natural, aberto intencionalmente, ou até um indivíduo criativo, capaz de grandes mudanças (Como os grandes líderes, governantes, ou figuras históricas influentes que tenham mudado de fato o curso da história). Para abrir um Nexion, é necessário utilizar determinados simbolismos, tal como as figuras Alquímicas da Alquimia Negra (e consequentemente do Jogo Estrelar), e determinados rituais. Dentro do Ethos da ONA, a cerimônia dos 9 ângulos e o ritual de Chamada são exemplos de abertura de Nexions – embora outras tradições dentro do Satanismo também lidem com magia Aeonica, como a corrente 218, possuindo suas próprias formas de lidar com Nexions dentro de suas Egrégoras.

 A magicka Aeonica é uma das formas mais complexas de Magicka presentes dentro do Satanismo. Exige um alto nível de preparo, introspecção e sabedoria para ser utilizada – e também requer muita prática. Ela é melhor tratada no livro NAOS: Um Guia Prático para Mágicka Moderna, e está diretamente ligada aos conceitos da ONA, que a sistematizou pela primeira vez. Futuramente, talvez, eu descreva aqui no blog alguns rituais e formas de prática desta complexa arte mágicka presente no Satanismo – que visa alterar não somente os indivíduos, mas civilizações inteiras para trazer o Ocaso das civilizações Ocidentais e a Emersão de um novo Aeon/Império Galático. Este é um dos principais objetivos dentro do Satanismo Tradicional.