sexta-feira, 22 de setembro de 2017

O Princípio Feminino Opositor



“Nada é mais bonito que o homem: e mais bonito do
que tudo é a mulher.” – Livro Negro de Satã, Order of Nine Angles.

É um fato frequentemente omitido que a mulher, dentro do Satanismo Tradicional exerce um papel fundamental – tanto quanto o homem. Isso elimina qualquer forma de sexismo dentro da doutrina, onde masculino e feminino não estão competindo por nada, nem almejando direitos/deveres uns sobre os outros. Tais competições fúteis pertencem somente a existência mundana e serão totalmente ignoradas aqui, pois sequer deveriam existir.


Um Satanista deve começar tendo em mente que a distinção sexual é física e energética – mas causal. A essência, a Anima de todos os seres é estritamente Acausal, portanto não depende de gênero ou opção sexual o seu potencial para estagnar ou vir a tornar-se futuramente um ser superior. É a forma como você usa ou não a energia interna que afeta o seu destino final.

Diz-se que a energia Acausal denominada Satan, ao adentrar no plano Causal sofreu uma cisão. Desprendeu-se em si mesmo, gerando outra energia com polaridade oposta, mas diametralmente semelhante. Como entes conscientes, mas separados, Satan e sua consorte viram um no outro sua própria escuridão interna, a Chama Negra ardente – e apaixonaram-se. Através de seus Nexions e manifestações dentro do Causal, eles se uniram, formando novamente a energia Caótica Primal, uma energia mais poderosa que Satan, capaz de atrair outros Deuses Negros ainda mais poderosos e causar mudanças de forma ainda mais forte. Essa energia foi denominada na Alquimia Negra de “Pedra Filosofal” ou Lapis Philosophicus. O Diamante Negro da Sabedoria.

A fórmula desta união se manifesta no plano físico através dos fluídos sexuais e suas combinações, e dentro das diversas culturas espalhadas pela terra como os pares de deidades “Shiva-Shakti”, Ahriman – Az Jeh, Samael-Lilith, Hades-Perséfone, Satan – Baphometh entre muitos outros. O princípio feminino não se limita, ao contrário do que se pensa atualmente no meio “LHP” , a presença de Lilith.  Na verdade ela seria somente o princípio caótico anti-vida, o aborto, rebeldia feminina e predação vampírica/ noturna, aspecto fortemente presente nas origens dos mitos de “Lilitu/Ardat Lilith” na suméria e como mãe dos Demônios (Lilins) nos textos judaicos.

A mulher e os aspectos femininos opositores a ordem são aqueles que completam a energia masculina. Força sem direção é força desperdiçada e somente de mãos dadas ambos conseguem focar-se em tornarem-se algo além. Daí a importância de ter-se domínio sobre a magia sexual e alinhamento de energia com alguém do sexo oposto (que pode envolver magicka sem envolver sexo, apenas alinhando-se com a pessoa).

O feminino no Satanismo é a água, cujo útero (no sentido de energia geradora, não necessariamente literal) é simbolizado pela taça/recipiente. É o princípio passivo que é estimulado pelo fogo ativo do homem. É o momento onde a Espada toca o fundo da Taça (seja isso uma alegoria ao sexo ou um simbolismo ritualístico), provocando o Caos nas Águas geradoras, cujo turbilhão gerou os Deuses, como por exemplo no mito de Tiamat – onde ela e seu marido emergem das águas turbulentas do Caos, portando ainda estes princípios consigo.

O princípio satânico feminino é também influenciado pela Terra, o corpo Carnal. A sacerdotisa é a mestra da Carne, enquanto o aspecto masculino é o Ar que a fecunda. A união dos quatro resulta no quinto, o Espírito Acausal. A quinta ponta do pentagrama invertido, voltada para baixo, fora da Causalidade.

A energia Acausal se manifestando no princípio feminino é a Lua, a menstruação (o dom concedido por Ahriman no Zoroastrismo), a Hékate que rege a magia e direciona as energias pelos caminhos Qliphóticos e o útero do conceito manifestado como “Lilith” dentro da Cabalah Qliphotica, a porta para fora da causalidade, chamada dentro da doutrina da árvore da Morte de “Sitra Ahra”.  É a porta que o princípio masculino abre e sem ele nada poderá ser feito.

É válido lembrar também que todo ser é dual, pois é manifestação Acausal dentro da matéria. Ou seja, quando me refiro ao opositor feminino, não me refiro somente ao gênero feminino, mas também a carga feminina que existe dentro do masculino (assim como o contrário também é existente). Portanto, antes de conhecer uma parceira para rituais sexuais, e por em prática a União Sagrada entre as energias opositoras é necessário entender como esta energia se aplica em você mesmo primeiro. Lembrando que “princípio de gênero” não influi em sexualidade, deixando as ideias “mundanas” de lado. Falamos aqui de polaridades energéticas.

Algo que vale a pena ser considerado antes de ler os textos relacionados a “magicka sexual” presentes neste blog ou estudar sobre a mesma a fundo para por em prática.