sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Ha-Shatan pelo Satanismo Tradicional

Satan, do Hebraico (שָטָן) é uma palavra que tem por significado “Competidor, adversário, opositor”. O termo aparece cerca de vinte e sete vezes no antigo testamento, nenhuma destas vezes se referindo a uma “encarnação do mal” propriamente dita, mas em vários contextos diversos. O termo Ha-Shatan (O Adversário, como substantivo próprio) só passa a aparecer no momento coincidente com a encarnação de “Jesus Cristo”, para o estabelecimento de  um maniqueísmo dentro do contexto cristão, não existente até aí.  O termo pode ter derivado do grego “διάβολος” – “separador, caluniador” e mais tarde latinizado para “Diabolvs”, de mesmo significado.


O termo que era usado inicialmente pra metáfora de seres que testavam a humanidade e pessoas hereges em relação a doutrina dominante na época, passou a ser utilizado para denominar uma suposta entidade que rivalizaria com o Deus YHWH dentro da doutrina cristã. Assim eles teriam um punidor, um ente tão poderoso quanto seu Deus colocando obstáculos no caminho dos fiéis, que deveriam então implorar pela clemência deste em livra-los das tribulações do “ho archón toû kósmou toútou” (o príncipe deste mundo) e senhor de todo mal – reforçando assim a necessidade de prostração diante da Igreja e do “deus dos deuses”.

Portanto, essa visão de que Satan é o “príncipe do mal”, “senhor da mentira” entre outros é uma visão puramente cristã, recente e maniqueísta sobre um título/nome, assim como Lúcifer. Dentro do Satanismo Tradicional, não há espaço para este tipo de pensamento, portanto o conceito de Satan é totalmente diferente e precede até a jovem religião do Nazareno.

Para um Satanista, Ha-Satan não é uma entidade a ser idolatrada cegamente, reverenciada, “realizadora de pactos”. Nenhum satanista é o “grande escolhido”, nem nasceu superior a qualquer outro. Pelo contrário é somente através da força de vontade e da auto-superação que um Satanista evoluí. Nenhuma energia Acausal concede nada de graça, sem esforço e merecimento para obtenção. O que importa é a prática real ao longo de anos, até décadas de rituais e estudos levados a sério.

Da figura de Satan dentro do Satanismo, podemos dizer que ele é um dos muitos arquétipos representantes do Caos dentro do Causal, manifestado dentro da doutrina judaica e da cristã. No entanto, não é esta figura maléfica utilizada como ponto de coerção pela Igreja católica (entre outras) que é utilizado no satanismo tradicional. Como já foi dito aqui, não se trata de cristianismo invertido, mas de toda uma doutrina própria.

Satan é então um dos muitos nomes exotéricos de um ser sem nome, feito totalmente de Energia Acausal. Foi um dos primeiros Deuses Negros a se manifestarem dentro do mundo causal, sob a forma de princípio de mudança, heresia, oposição e Caos, através de algum Nexion natural aberto no passado.

Sendo uma entidade de uma das raças Acausais, Satan não possuí forma definida, sendo o Dragão Negro um dos símbolos que se aproxima dele em significado, mas não corresponde a forma exata na qual ele se manifestará. “Satan” é também um sigilo em forma de palavra, não correspondendo a seu real nome, sendo este conhecido apenas pelos reais adeptos desta doutrina atualmente denominada “Satanismo Tradicional”.

Existindo inúmeros outros entes, não é este que diz a “palavra final” a um Satanista. Mesmo sendo seres impossíveis de serem controlados – mas canalizados, não é diante deles que nos ajoelhamos. Satan é manifestado através da figura do líder das tribos sinistras, líderes de templos satânicos e grupos – portanto seus representantes não podem ser meros escravos controlados, mas seres humanos livres de amarras cósmicas/morais/culturais para poderem se mover com esta mesma liberdade até o próximo nível de evolução.

Ha-Shatan é de polaridade masculina(independente de sua manifestação judaica, cristã, hinduísta…) , sendo sua energia complementar relacionada a Lilith, Shakti, ou a Deusa Negra Baphometh (não confundir com o anjo-bode divulgado popularmente), e quando unidos através de sua atração acausal, formam uma energia ainda mais poderosa, manifestada como a “Lapis Philosophicus”, pedra filosofal ou Diamante Negro dentro do Causal.

Uma entidade conceituada de forma muito errônea e muito relacionada a doutrina cristã, novamente temos aqui o Caos se apresentando não como algo maligno, mas como contraposição a estagnação, um princípio evolutivo necessário para a movimentação Universal através da energia Acausal que flui pelos Nexions e acelera a vinda de um novo Aeon e extermínio desta era vulgar a qual vivenciamos.