sábado, 2 de novembro de 2024

Thelema - Um Ensaio Sobre Números

 

Demonstra como Perdurabo descobriu a Grande Palavra ABRAHADABRA, que une 5 e 6, a Rosa e a Cruz, o Círculo e o Quadrado.

Um Ensaio Sobre Números
(Possa o Santo mitigar Suas severidades para com Seu servo a respeito da pressa pela qual este ensaio foi composto!

Quando eu viajei com o venerável Iehi Aour em busca da Verdade, nós encontramos certo homem sábio e santo, Śrī Parananda. Crianças! disse ele, por dois anos deveis estudar comigo antes que possais compreender completamente a nossa Lei.

“Venerável Senhor!” respondeu Frater I.A., “o primeiro verso de Nossa Lei contém apenas sete palavras. Por sete anos eu estudei esse verso dia e noite; e no final desse tempo eu presumi — possa o Habitante da Eternidade me perdoar! — escrever uma monografia sobre a primeira palavra daquelas sete”.

“Venerável Senhor! disse eu: “aquela Primeira Palavra de nossa lei contém apenas seis letras. Por seis anos eu estudei aquela palavra dia e noite; e no final desse tempo eu não ousei pronunciar a primeira letra daquelas seis”.

Assim me humilhando eu desconcertei tanto o santo Yogī quanto meu venerável Frater I.A. Mas ai! Tetragrammaton! Ai! Adonai! a hora de meu silêncio está findada. Possa a hora de meu silêncio retornar! Amém.)

Parte I: O Universo Como Ele É
Seção I
0. O Negativo — o Infinito — o Círculo, ou o Ponto.

1. A Unidade — o Positivo — o Finito — a Linha, derivada de 0 por extensão. O Ser divino.

2. A Díade — as Superfícies, derivadas de 1 por reflexo, ou por revolução da linha ao redor de seu fim. O Demiurgo. A Vontade divina.

3. A Tríade, o Sólido, derivado de 1 e 2 por adição. Matéria. A Inteligência divina.

4. O Quaternário, o sólido existindo no Tempo, a matéria como nós a conhecemos. Derivado de 2 por multiplicação. O Repouso divino.

5. O Quinário, Força ou Movimento. A interação da Vontade divina com a matéria. Derivado de 2 e 3 por adição.

6. O Senário, Mente. Derivado de 2 e 3 por multiplicação.

7. O Septenário, Desejo. Derivado de 3 e 4 por adição. (Existe, no entanto, uma atribuição secundária do 7, tornando ele o mais santo e perfeito dos números.)

8. A Ogdóade, Intelecto (também Mudança na Estabilidade). Derivado de 2 e 3 por multiplicação. 8 = 2³.

9. A Enéade, Estabilidade na Mudança. Derivado de 2 e 3 por multiplicação, 9 = 3².

(Perceba que todos os números divisíveis por nove ainda são assim divisíveis, no entanto a ordem dos dígitos é alterada)

10. A Década, o Fim divino. Representa o 1 voltando ao 0. Derivado de 1 + 2 + 3 + 4.

11. A Hendécada, as cascas amaldiçoadas, que só existem fora da Árvore divina. 1 + 1 = 2, em seu sentido maligno de não ser 1.

Seção II
0. O Ovo Cósmico.

1. O Self da Deidade, além da Paternidade e da Maternidade.

2. O Pai.

3. A Mãe.

4. O Pai feito carne — autoritativo e paternal.

5. A Mãe feita carne — feroz e ativa.

6. O Filho — partilhando de todas estas naturezas.

7. A Mãe degradada à mera emoção animal.

8. O Pai degradado à mera razão animal.

9. O Filho degradado à mera vida animal.

10. A Filha, caída e tocando com suas mãos as cascas.

Será percebido que esta ordem representa a criação como degeneração progressiva — que somos compelidos a considerar maligna. No organismo humano o mesmo arranjo será percebido.

Seção III
0. O Pleroma do qual nossa individualidade é a mônada: o “Self-de-Tudo”.

1. O Self — o Ego divino do qual o homem raramente está consciente.

2. O Ego; aquilo que pensa “eu” — uma falsidade, porque pensar “eu” é negar o “não-eu” e assim criar a Díade.

3. A Alma; uma vez que 3 reconcilia 2 e 1, aqui são postas as aspirações à divindade. Também é o self receptivo assim como 2 é o self assertivo.

4-9. O Self Intelectual, com seus ramos:

4. Memória.

5. Vontade.

6. Imaginação.

7. Desejo.

8. Razão.

9. Ser animal.

6. O Self Consciente do Homem Normal: pensando em si como livre, e na realidade um brinquedo de seu ambiente.

9. O Self Inconsciente do Homem Normal. Ações por reflexo, circulação, respiração, digestão, etc. todos pertencem aqui.

10. O envelope físico e ilusório; as armações da construção.

Seção IV
Tendo comparado estas atribuições com aquelas a serem encontradas no 777, tendo as estudado, e as assimilado tão completamente que é natural e não requer esforço pensar “Binah, Mãe, Grande Mar, Trono, Saturno, Preto, Mirra, Sofrimento, Inteligência, etc. etc. etc.” em um raio sempre que o número 3 for mencionado ou for visto, nos pode ser vantajoso proceder aos mais importantes dos números maiores. Para este fim, eu deixei de lado os livros de referência; somente as coisas que se fixaram em minha mente (dada sua importância) merecem um lugar na simplicidade deste ensaio.

12. HVA, “Ele”, um título de Kether, identificando Kether com o Zodíaco, o “lar das 12 estrelas” e suas correspondências. Ver 777.

13. AChD, Unidade, e AHBH Amor. Uma escala de unidade; assim 13 × 1 = 1; 26 = 13 × 2 = 2; 91 = 13 × 7 = 7; de modo que podemos encontrar em 26 e 91 elaborações da Díade e do Setenário respectivamente.

14. Uma “elaboração” de 5 (1 + 4 = 5), Força; uma “concentração” de 86 (8 + 6  = 14) Elohim, os 5 elementos.

15. IH, Jah, um dos nomes inefáveis; o Pai e a Mãe unidos. O número místico de Geburah: 1+ 2 + 3 + 4 + 5.

17. O número de quadrados na Suástica, que por forma é Aleph, א. Daí 17 lembra 1. Também IAV, IAO, o Pai triuno. Veja 32 e 358.

18. ChI, Vida. Uma “elaboração” de 9.

20. IVD, Yod, a letra do Pai.

21. AHIH, existência, um título de Kether. Perceba que 3 × 7 = 21. Também IHV, as 3 primeiras letras (ativas) de IHVH. Número místico de Tiphereth.

22. O número de letras no Alfabeto Hebraico; e de caminhos na Árvore. Daí sugere compleição da imperfeição. Caráter definitivo, definitivo e fatal. Perceba que 2 × 11 = 22, a Díade amaldiçoada brincando com as Cascas.

24. O número dos Anciões; e = 72 ÷ 3. 72 é o “Nome dividido”.

26. IHVH. Jeová, como a Díade expandida, o invejoso e terrível Deus, o Semblante menor. O Deus da Natureza, fecundo, cruel, belo, implacável.

28. Número místico de Netzach, KCh, “Poder”.

31. LA, “não”; e AL, “Deus”. Nesta Parte I. (“A Natureza como ela é”) o número é um tanto hostil. Pois AL é o nome de Deus de Chesed, misericórdia; e assim o número parece negar esse Nome.

32. Número de Sephiroth e Caminhos, 10 + 22. Daí é a compleição da perfeição. Caráter definitivo: as coisas como elas são em sua totalidade. AHIHVH, AHIH e IHVH combinados, Macroprosopus e Microprosopus, está aqui. Se supormos que as 3 letras femininas H ocultam as 3 mães A, M, Sh, obtemos o número 358, Messias, vide também. Perceba que 32 = 2⁵, a Vontade divina estendida através do movimento. 64=2⁶, será o número perfeito da matéria, pois é 8, o primeiro cubo, ao quadrado. Então descobrimos que ele é um número Mercurial, como se a solidez da matéria estivesse na verdade em eterna mudança.

35. AGLA, um nome de Deus = Ateh Gibor Le Olahm Adonai. “A Ti seja o Poder para Sempre, Ó meu Senhor!” 35 = 5 × 7. 7 = Divindade, 5 = Poder.

36. Um Número Solar. ALH. Doutra forma sem importância, mas é o número místico de Mercúrio.

37. IChIDH. O mais alto princípio da Alma, atribuído a Kether. Perceba que 37 = 111 ÷ 3.

38. Perceba que 38 × 11 = 418, vide Parte II.

39. IHVH AChD, Jeová é um. 39 = 13 × 3. Então isso é a afirmação da alma que aspira.

40. Um número “morto” de lei fixa, 4 × 10, Tetragrammaton, o semblante menor imutável no peso de Malkuth.

41. AM, a Mãe, não fertilizada e não iluminada.

42. AMA, a Mãe, ainda obscura. Aqui estão os 42 juízes dos mortos em Amennti, e aqui está o nome de 42 partes do Deus Criativo. Consulte Liber 418.

44. DM, sangue. Veja a Parte II. Aqui 4 × 11 = a corrupção do mundo criado.

45. MH, um título secreto de Yetzirah, o Mundo Formativo. ADM, Adão, homem, a espécie (não o “primeiro homem”). A é Ar, o sopro divino que anima DM, o sangue, à existência.

49. Um número útil nos cálculos do Dr. Dee, e um número místico de Vênus.

50. O número de Portões de Binah, cujo nome é Morte (50 =‎ נ ‎= pelo Tarô, “A Morte”).

51. AN, dor. NA, fracasso. ADVM, Edom, o país dos reis demônios. Há muito na Cabala sobre estes reis e seus duques; de alguma forma, isso nunca significou muito para mim. Mas 51 é 1 a menos que 52.

52. AIMA, a Mãe fertilizada, o Phallus (י) lançado na AMA. Também BN, o Filho. Perceba que 52 = 13 × 4, 4 sendo Misericórdia e a influência do Pai.

60. Samekh, que soletrado dá 60 × 2 = 120 (vide), assim como Yod, 10, soletrado dá 10 × 2 = 20. Em geral, os dez são “solidificações” destas ideias das unidades que eles multiplicam. Assim, 50 é Morte, a Força da Mudança em seu aspecto final e mais terreno. Samekh é “Temperança” no Tarô: o 6 tem pouco mal possível a ele; o pior nome que alguém pode chamar 60 é “restrição”.

61. AIN, O Negativo. ANI, Ego. Um número bastante como 31, vide.

64. DIN e DNI, inteligências (os gêmeos) de Mercúrio. Veja também 32.

65. ADNI. Em caracteres romanos LXV = LVX, a luz redentora. Veja o ritual de 5○=6□ em Konx om Pax. Perceba que 65 = 13 × 5, a forma mais espiritual da força, assim como 10 × 5 foi sua forma mais material. Perceba JS, “Mantenha silêncio!” e HIKL, o palácio; como se fosse dito “Silêncio é a Casa de Adonai”.

67. BINH a Grande Mãe. Perceba que 6 + 7 = 13, unindo as ideias de Binah e Kether. Um número da aspiração.

70. O Sinédrio e os preceitos da Lei. O 7 Divino e seu aspecto mais material.

72. ChSD, Misericórdia. O número do Shemhamphorasch, como se afirmasse Deus como misericordioso. Para mais detalhes sobre o Shemhamphorasch, consulte o 777 e outros livros de referência clássicos. Perceba especialmente que I + IH + IHV + IHVH = 72.

73. ChKMH, Sabedoria. Também GML, Gimel, o caminho unindo Kether e Tiphereth. Mas Gimel, “a Sacerdotisa da Estrela de Prata”, é o Hierofante Feminino, a Lua; e Chokmah é o Logos, ou iniciador masculino. Consulte Liber 418 para muitas informações sobre estes pontos, embora mais do ponto de vista da Parte II.

78. MZLA, a influência de Kether. O número de cartas do Tarô, e dos 13 caminhos da Barba do Macroprosopus. Perceba que 78 = 13 × 6. Também AIVAS, o mensageiro. Veja a Parte II.

80. O número de פ, “a Torre destruída pelo relâmpago” do Tarô. 8 = Intelecto, Mercúrio; sua forma mais material é Ruína, já que no final o Intelecto é dividido contra si mesmo.

81. Um número místico da Lua.

84. Um número principalmente importante no Budismo. 84 = 7 × 12.

85. PH, a letra Pé. 85 = 5 × 17: até mesmo a mais alta unidade, se mover ou energizar, significa Guerra.

86. ALHIM. Consulte Uma Nota Sobre o Gênesis, Equinox No. II.

90. Número de Tzaddi, um anzol = Tanha, o apego do homem à vida (9), a armadilha na qual o homem é capturado tal como um peixe é capturado por um anzol. O aspecto mais material da vida animal; sua ruína final decretada por sua própria luxúria. Também MIM, Água.

91. 91 = 7 × 13, a forma mais espiritual do Setenário. AMN, Amém, o título mais santo de Deus; o Amôn dos egípcios. É igual a IHVH ADNI (IAHDVNHI, entrelaçados), o nome de oito letras, assim unindo o 7 ao 8. Perceba que AMN (computando N na forma final, 700) = 741 = AMThSH, as letras dos elementos; e é assim uma forma do Tetragrammaton, uma forma desvelada.

100. O número de ק, a ilusão perfeita, 10 × 10. Também כף, Kaph, a Roda da Fortuna. A identidade é a da matéria, fatalidade, mudança, ilusão. Parece a visão Budista do Saṃsāra-Cakra.

106. NVN, Nun, um peixe. O número da morte. A Morte no Tarô segura a foice com os braços cruzados; daí o Peixe como um símbolo do Redentor. ΙΧΘΥΣ = Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.

108. Principalmente interessante porque 108 = 2 × 2 × 3 × 3 × 3 = o quadrado de 2 brincando com o cubo de 3. Daí os budistas o aclamaram, e fizeram seus rosários com este número de contas.

111. AChD HVA ALHIM, “Ele é Um Deus”.

ALP, Aleph, um boi, mil. O Touro redentor. Pela forma, uma Suástica, e assim o Relâmpago. “Tal como o relâmpago vem do Leste até o Oeste, assim também será a vinda do Filho do Homem”. Uma alusão à descida de Śiva sobre Śakti em Samādhi. O A romano mostra o mesmo através da forma do Pentagrama, que ele imita.

ASN, ruína, destruição, morte súbita. A saber, da personalidade em Samādhi.

APL, trevas espessas. Consulte também São João da Cruz, que descreve estes fenômenos em grandes detalhes.

AOM, o Aum ou Om hindu.

MHVLL, louco — a destruição da Razão pela Iluminação.

OVLH, um holocausto. A saber, ASN.

PLA, a Maravilha Oculta, um título de Kether.

114. DMO, uma lágrima. A idade de Christian Rosencreutz.

120. SMK, Samekh, um suporte. Também MVSDI, base, fundação. 120 = 1 × 2 × 3 × 4 × 5, e assim é uma síntese do poder do pentagrama. (Também 1 + 2 + … + 15 = 120.) Daí sua importância no ritual de 5=6, vide supra, Equinox, No. III. No entanto eu discordo em partes; me parece simbolizar uma redenção menor do que aquela associada com Tiphereth. Compare pelo menos os números 0.12 e 210 em Liber Legis e em Liber 418, e exalte sua superioridade. Pois enquanto o primeiro é a fórmula sublime do infinito surgindo na finitude, e o segundo a rolagem suprema da finitude na infinitude, o 120 pode simbolizar no melhor dos casos um tipo de condição intermediária de estabilidade. Pois como pode-se avançar do 2 até o 0? 120 é também ON, um nome muito importante de Deus.

124. ODN, Éden.

131. SMAL, assim chamado Satanás, mas na verdade apenas Samael, o acusador dos irmãos, impopular entre os Rabis porque suas consciências não estavam claras. Samael realiza uma função muito útil; ele é ceticismo, que acusa intelectualmente; consciência, que acusa moralmente; e até mesmo aquele acusador espiritual sobre o Limiar, sem o qual o Santuário poderia ser profanado. Devemos derrotá-lo, é verdade; mas como abusaríamos dele e o culparíamos sem abusar e culpar Aquele que o colocou ali?

136. Um número místico de Júpiter; a soma dos primeiros 16 números naturais.

144. Um quadrado e, portanto, uma materialização do número 12. Daí os números no Apocalipse. 144000 significa apenas 12 (o número perfeito no Zodíaco ou casas do céu ou tribos de Israel) × 12, ou seja, estabelecido × 1000, ou seja, em grande escala.

148. MAZNIM, Escalas da Justiça.

156. BABALON. Veja Liber 418. Este número é principalmente importante para a Parte II. Não tem valor na Cabala dogmática e ortodoxa. No entanto, é 12 × 13, a forma mais espiritual, 13, do número mais perfeito, 12, HVA. [É TzIVN, Zion, a Cidade das Pirâmides. — Ed.]

175. Um número místico de Vênus.

203. ABR, iniciais de AB, BN, RVCh, a Trindade.

206. DBR, Fala, “a Palavra de Poder”.

207. AVR, Luz. Contraste com AVB, 9, a luz astral, e AVD, 11, a Luz Mágica. Aub é uma coisa ilusória na bruxaria (veja Obi, Obeah); Aud é quase = à força Kuṇḍalinī (força “ódica”). Isso ilustra bem a diferença entre o lento, viscoso 9, e o aguçado, extasiado 11.

210. Pertence à Parte II. Veja Liber 418.

214. RVCh, o ar, a mente.

220. Pertence à Parte II. O número de versos em Liber Legis.

231. A soma dos primeiros 22 números, de 0 a 21; a soma dos Números-Chave nas cartas do Tarô; daí uma extensão da ideia de 22, consulte-o também.

270. I.N.R.I. Veja o ritual de 5=6.

280. A soma das “cinco letras da severidade”, aquelas que tem uma forma final — Kaph, Mem, Nun, Pe, Tzaddi. Também o número de quadrados nos lados da Cripta, 7 × 40; veja o ritual de 5=6. Também RP = terror.

300. A letra ש, significando “dente”, cuja forma sugere uma chama tripla. Yetziraticamente, se refere ao fogo, e é simbólica do Espírito Santo, RVCh ALHIM = 300. Daí é a letra do Espírito. Descendo no meio de IHVH, os quatro elementos inferiores, obtemos IHShVH, Jeheshua, o Salvador, simbolizado pelo Pentagrama.

301. ASh, Fogo.

314. ShDI, o Todo-Poderoso, um nome de Deus atribuído a Yesod.

325. Um número místico de Marte. BRTzBAL, o espírito de Marte, e GRAPIAL, a inteligência de marte.

326. IHShVH, Jesus — veja 300.

333. ChVRVNZVN, veja Liber 418, 10° Æthyr. É surpreendente que esta grande escala de 3 seja um símbolo tão terrível de dispersão. Sem dúvidas há um venerável arcano conotado aqui, possivelmente o mal de Māter summō. 333 = 37 × 9, o amaldiçoado.

340. ShM — o Nome.

341. A soma das “3 mães”, Aleph, Mem e Shin.

345. MShH, Moisés. Note que por transposição temos 543, AHIH AShR AHIH, Existência é Existência”, “Eu sou o que Eu sou”, um título sublime de Kether. Portanto, Moisés é considerado como representante desta manifestação particular da divindade, que se declarou sob este nome especial.

358. Veja 32. MShICh, Messias, e NChSh, a serpente do Gênesis. O dogma é que a cabeça da serpente (N) é “ferida”, sendo substituída por M, a letra do Sacrifício, e Deus, a letra tanto da virgindade (י = ♍) e da divindade original (י = a fundação ou tipo de todas as letras). Assim a palavra pode ser lida:

“O Sacrifício do Divino nascido-da-Virgem triunfante (ח, a Carruagem) através do Espírito”, enquanto NChSh lê “Morte entrando no (reino do) Espírito”.

Mas a concepção da Serpente como o Redentor é mais verdadeira. Veja minha explicação do ritual de 5=6 (Equinox, No. III).

361. ADNI HARTz, o Senhor da Terra. Perceba que 361 denota as 3 Supernas, os 6 membros do Ruach, e Malkuth. Portanto, este nome de Deus abrange todas as 10 Sephiroth.

365. Um número importante, embora não na pura Cabala. Consulte The Canon. ΜΕΙΘΡΑΣ e ΑΒΡΑΞΑΣ em grego.

370. Realmente mais importante para a Parte II. OSh, Criação. O Bode Sabático em seu aspecto mais alto. Isso mostra toda a Criação como matéria e espírito. O 3 material, o 7 espiritual, e o Zero que tudo cancela. Também ShLM = paz.

400. A letra ת, “O Universo”. É o quadrado de 20, “A Roda da Fortuna”, e, portanto, mostra o Universo como a Esfera da Fortuna — o Saṃsāra-Cakra, onde Karma, que os tolos chamam de acaso, governa.

401. ATh, enfático “o”, significando “essência de”, pois A e Th são a primeira e a última letra do Alfabeto Hebraico, como Α e Ω são do Grego, e A e Z são do Latino. Daí a Palavra Azoth, que não deve ser confundida com Azote (sem vida, azotos), o antigo nome do nitrogênio. Azoth significa a soma e essência de tudo, concebido como Um.

406. ThV, a letra Tau (veja 400), também AThH, “Tu”. Perceba que AHA (7), o nome divino de Vênus (7), dá as iniciais de Ani, Hua, Ateh — Eu, Ele, Tu; três diferentes aspectos de uma divindade adorada em três pessoas e de três modos: a saber (1) com o rosto afastado; (2) com prostração; (3) com identificação.

418. Pertence principalmente à Parte II, consulte.

419. TITh, a letra Teth.

434. DLTh, a letra Daleth.

440. ThLI, o grande dragão.

441. AMTh, Verdade. Perceba que 441 = 21 × 21. 21 é AHIH, o Deus de Kether, cuja Vontade é Verdade.

450. ThN, o grande dragão.

463. MTH HShQD, a Vara de Moisés, um cetro de amendoeira. 3 + 60 + 400, os caminhos do pilar do meio.

474. DOTh, Conhecimento, a Sephira que não é uma Sephira. Em um aspecto a filha de Chokmah e de Binah; em outro a Oitava Cabeça do Dragão que Pousa, que se ergueu quando a Árvore da Vida foi despedaçada, e o Macroprosopus colocou os cherubim contra o Microprosopus. Veja o ritual do 4=7 supra. Também, e especialmente, Liber 418. É o demônio que as religiões puramente intelectuais ou racionais tomam por Deus. O perigo em especial do Budismo Hīnayāna.

480. LILITh, a rainha-demônio de Malkuth.

543. AHIH AShR AHIH, “Eu sou o que Eu sou”.

666. O último dos números místicos do sol. SVRTh, o espírito do Sol. Também OMMV SThN, Ommo Satan, a Trindade Satânica de Tifão, Apófis e Besz; também ShM IHShVH, o nome de Jesus. Os nomes de Nero, Napoleão, W. E. Gladstone, e qualquer pessoa que você não goste, somam este número. Na realidade é a extensão final do número 6, tanto porque 6 × 111 (ALP = 111 = 1) = 6 e porque o Sol, que é seu maior número, é 6.

(Aqui eu faço um adendo com uma observação sobre os “números místicos” dos planetas. O primeiro é o do próprio planeta, por exemplo, Saturno, 3. O segundo é o do número de células no quadrado do planeta, por exemplo, Saturno 9. O terceiro é a soma dos números em cada linha do “quadrado mágico” do planeta, por exemplo, Saturno 15. Um “quadrado mágico” é aquele em que cada coluna, linha e diagonal somam o mesmo número, por exemplo, Saturno é 816, 357, 492, cada célula sendo preenchida com os números de 1 para cima.

O último dos números Mágicos é a soma de todos os números no quadrado, por exemplo, Saturno 45. A lista completa é a seguinte:

Saturno 3, 9, 15, 45.
Júpiter 4, 16, 34, 136.
Marte 5, 25, 65, 325.
Sol 6, 36, 111, 666.
Vênus 7, 49, 175, 1225.
Mercúrio 8, 64, 260, 2080.
Lua 9, 81, 369, 3321.
Geralmente falando, o primeiro número dá um nome divino, o segundo um nome arcangélico ou angélico, o terceiro um nome pertencente ao mundo Formativo, o quarto um nome de um “espírito” ou “força cega”. Por exemplo, Mercúrio tem AZ e DD (amor) para 8, DIN e DNI para 64, TIRIAL para 260, e ThPThRThRTh para 2080. Mas nos números anteriores isso não é tão bem executado. 136 é tanto IVPhIL, a Inteligência de Júpiter, quanto HSMAL, o Espírito.

Os “números místicos” das Sephiroth são simplesmente as somas dos números de 1 até seus próprios números. Assim:

Kether = 1.
Chokmah = 1 + 2 = 3.
Binah = 1 + 2 + 3 = 6.
Chesed = 1 + 2 + 3 + 4 = 10.
Geburah = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15.
Tiphereth = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 = 21.
Netzach = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 28.
Hod = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 = 36.
Yesod = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 = 45.
Malkuth = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 = 55.
As atribuições mais importantes de 666, no entanto, pertencem à segunda parte, consulte-a.

671. ThORA a Lei, ThROA o Portão, AThOR a Senhora do Caminho de Daleth, RoThA a Roda. Também ALP, DLTh, NUN, IVD, Adonai (consulte 65) soletrado por completo.

Este importante número marca a identidade do Augoeides com o próprio Caminho (“Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vida”) e mostra o Tarô como uma chave; e que a própria Lei não é nada senão isso. Por este motivo o Colégio externo da A∴A∴ é coroado pelo “conhecimento e conversação do Santo Anjo Guardião”.

Este número também é o do Ritual do Neófito. Consulte Liber XIII.

741. AMThSh, as quatro letras dos elementos. AMN, contando o N final como 700, o Nome supremo do Oculto. O dogma é de que o Altíssimo é apenas os Quatro Elementos; que não há nada além destes, além do Tetragrammaton. Este dogma é muito admiravelmente retratado por Lord Dunsany em um conto chamado de The Wanderings of Shaun.

777. Vide supra.

800. QShTh, o Arco-Íris. A Promessa de Redenção (8) — 8 como mercúrio, Intelecto, o Ruach, Microprosopus, o Filho Redentor — em sua forma mais material.

811. ΙΑΩ (numeração grega).

888. Jesus (numeração grega).

913. BRAShITh, o Princípio. Consulte Uma Nota Sobre o Gênesis.

Esta lista[1] possibilitará que o estudante siga a maioria dos argumentos da Cabala dogmática. Será útil para ele analisar os argumentos pelos quais pode-se provar que qualquer dado número é o número supremo. É o caso, os muitos sendo apenas véus do Um; e o curso do argumento leva ao conhecimento e adoração de cada número por sua vez. Por exemplo:

Tese. O Número Nove é o maior e mais valoroso dos números.

Observação α. “O número nove é sagrado, e alcança os cumes da filosofia”, Zoroastro.

Observação β. Nove é o melhor símbolo d’O Inalterável, já que não importa por qual número é multiplicado, a soma dos dígitos é sempre 9, por exemplo, 9 × 487 = 4383. 4 + 3 + 8 + 3 = 18. 1 + 8 = 9.

Observação γ. 9 = ט, uma serpente. E a Serpente é a Santa Uraeus, sobre a coroa dos Deuses.

Observação δ. 9 = IX = o Eremita do Tarô, o Ancião com o Lampião (o Doador da Luz) e o Cajado (o Pilar do Meio das Sephiroth). Este, também, é o mesmo Ancião que no 0, Aleph.

“O Tolo” e Aleph = 1.

Observação ϵ.

9 = ISVD = 80 = P = Marte = 5 = ה =

 

{

= G = GML = 73 = ChKMH =

a Mãe = Binah = 3

= AB = O Pai =

 

= (1 + 2) Número Místico de Chokmah =

= Chokmah = 2 = B = o Magus = I = 1.

Observação ϝ. 9 = a Fundação de todas as coisas = a Fundação do alfabeto = Yod = 10 = Makuth = Kether = 1.

Observação ζ. 9 = IX = O Eremita = Yod = 10 = X = A Roda da Fortuna = K = 20 = XX = O Juízo Final = Sh = 300 = 30 = L = Justiça = VIII = 8 = Ch = A Carruagem = VII = 7 = Z = Os Enamorados = VI = 6 = V (Vau) = O Papa = V = 5 = H = O Imperador = IV = 4 = D = A Imperatriz = III = 3 = G = A Alta Sacerdotisa = II = 2 = B = O Magus = I = 1 = A = O Tolo = 0.

Observação η. 9 = Lua = G = 3, etc., como antes.

Observação θ. 9 = { Índigo, Chumbo } = Saturno = 3, etc., como antes.

Existem muitas outras linhas de argumento. Esta forma de raciocínio lembra da cantiga Domingo: “Hoje é domingo; pede cachimbo; o cachimbo é de barro; que bate no jarro; o jarro é de ouro; que bate no touro; o touro é valente; bate na gente; a gente é fraco; e cai no buraco; o buraco é fundo; acabou-se o mundo!”

Mas nossas identidades não são assim falsas; a meditação revela sua verdade. Além disso, como explicarei completamente adiante, 9 não é igual a 1 para o neófito. Estas equivalências são dogmáticas, e só são verdadeiras por favor Daquele em quem Tudo é Verdade. Na prática cada equivalência é uma operação mágica executada pelo aspirante.

Parte II:
O Universo Como Buscamos Torná-lo
Na primeira parte vimos todos os números como Véus do Um, como emanações e, portanto, corrupções, do Um. É o Universo como nós o conhecemos, o Universo estático.

Agora, o Aspirante à Magia está insatisfeito com o estado das coisas. Ele se acha apenas uma criatura, retirada o mais distante do Criador, um número tão complexo e complicado que ele mal consegue imaginar, muito menos esperar, sua redução ao Um.

Portanto, os números uteis para ele serão aqueles que são subversivos a este estado de sofrimento. Assim o número 2 representa para ele o Magus (o grande Magista Māyan que criou a ilusão de Māyā) como visto no 2° Æthyr. E considerando-se como o Ego que supõe o Não-Ego (Fichte), ele odeia esse Magus. É só o iniciante que considera este Magus como o operador-de-Maravilhas — como a coisa que ele quer ser. Para o adepto, tal pequeno consolo que ele pode vencer é ao invés disso encontrado considerando o Magus como B = Mercúrio = 8 = Ch = 418 = ABRAHADABRA, a grande Palavra, a “Palavra de Duplo Poder na Voz do Mestre” que une 5 e 6, a Rosa e a Cruz, o Círculo e o Quadrado. E também B é o Caminho de Binah a Kether; mas isso só importante para aquele que já está em Binah, o “Mestre do Templo”.

 Ele não encontra satisfação em contemplar a Árvore da Vida, e o arranjo ordenado dos números; ao invés disso, ele desfruta da Cabala como um meio de manipular estes números. Ele não pode deixar nada sossegado; ele é o Anarquista da Filosofia. Ele se recusa a se conformar com provas meramente formais da Excelência das coisas, “Ele faz todas as coisas bem”, “Fosse o mundo compreendido, Vós verias que ele é bom”, “O que é, é certo”, e assim por diante. Para ele, pelo contrário, o que é, é errado. É parte do doloroso dever de um Mestre do Templo compreender todas as coisas. Somente ele pode desculpar a aparente crueldade e tolice das coisas. Ele é das supernas; ele vê as coisas de cima; no entanto, tendo vindo de baixo, ele pode simpatizar com tudo. E ele não espera que o Neófito compartilhe de sua visão. De fato, elas não são verdadeiras para um Neófito. A tolice dos loucos do Movimento Novo Pensamento em afirmar apaixonadamente “Eu estou sadio! Eu sou rico! Eu estou bem vestido! Eu sou feliz”, quando na verdade eles são “pobres e miseráveis e cegos e pelados”, não é uma tolice filosófica, mas sim prática. Nada existe, diz o Magister Templi, exceto a perfeição. É verdade; no entanto sua consciência é imperfeita. Ergo, não existe. Para o M.T. isso é assim: ele “cancelou” as complexidades da expressão matemática chamada existência, e a resposta é zero. Mas para o iniciante sua dor e a alegria de outro não se equilibram; sua dor o machuca, e seu irmão pode ir se enforcar. O Magister Templi também compreende porque Zero deve mergulhar através de todos os números finitos para expressar-se; porque ele precisa se escrever como “n − n” ao invés de 0; que ganho existe em tal escrita. E este entendimento será encontrado expresso em Liber 418 (Episódio do Caos e Sua Filha) e em Liber Legis (i. 28-30).

Mas nunca se deve esquecer que todos devemos começar pelo começo. E no começo o Aspirante é um rebelde, mesmo que ele sinta que é aquele tipo mais perigoso de rebelde, um Rei Destronado[2].

Daí ele adorará qualquer número que parecer prometer derrubar a Árvore da Vida. Ele até mesmo negará e blasfemará o Um — a quem, afinal de contas, é sua ambição se tornar — por causa de sua simplicidade e indiferença. Ele é tentado a “amaldiçoar a Deus e morrer”.

Existem três tipos de Ateus.

1. O mero homem estúpido. (Frequentemente ele é muito esperto, como Bolingbroke, Bradlaugh e Foote eram espertos). Ele descobriu um dos arcanos menores, e o abraça, e despreza aqueles que enxergam mais do que ele mesmo, ou que consideram as coisas de um ponto de vista diferente. Daí ele geralmente é um fanático, intolerante até mesmo da tolerância.

2. O pobre coitado desesperado, que, tendo buscado a Deus por toda parte, e falhado em encontrá-Lo, acha que todos os outros são tão cegos quanto ele, e que se ele falhou — ele, o buscador da verdade! — é porque não há propósito. Em seu clamor há dor, assim como no tipo de ateu estúpido há vaidade e autossatisfação. Ambos são Egos doentes.

3. O adepto filosófico, que, conhecendo Deus, diz “Há Deus Nenhum”, significando “Deus é Zero”, como cabalisticamente Ele é. Ele considera o ateísmo como uma especulação filosófica tão boa quanto qualquer outra, e talvez menos suscetível a iludir a humanidade e causar outro dano prático do que qualquer outra.

A ele você conhecerá por sua equanimidade, entusiasmo e devoção. Eu novamente indico o Liber 418 para uma explicação deste mistério. As nove religiões são coroadas pelo anel de adeptos cuja palavra-chave é “Há Deus Nenhum”, tão infligido que até mesmo o Magister quando recebido em meio a eles não tem sabedoria para interpretá-la.

Sr. K.C. Daw, M’senhor, eu respeitosamente informo que não há tal criatura como o pavão.
Édipo em Colono: Ai! não há sol! Eu, mesmo eu, olhei e não o encontrei.
Dixit Stultus in corde suo: “Ain Elohim”.
Existe um quarto tipo de ateu, que não é um ateu de modo algum. Ele é apenas um viajante na Terra do Deus Nenhum, e sabe que esse é só um estágio em sua jornada — e um estágio, além disso, não muito distante do destino. Daäth não está na Árvore da Vida; e em Daäth não há Deus como há nas Sephiroth, pois Daäth não consegue compreender a unidade de modo algum. Se pensar nela, é só para odiá-la, como a única coisa que ele mais certamente não é (veja Liber 418, 10° Æthyr. Eu posso observar de passagem que este livro é o melhor que conheço sobre Cabala Avançada, e é claro, só é inteligível para Estudantes Avançados).

Este ateu, não de-ser, mas de-passagem, é um sujeito muito apto para a iniciação. Ele acabou com as ilusões do dogma. De um Cavaleiro do Mistério Real, ele foi elevado para compreender com os membros do Santuário Soberano que tudo é simbólico; tudo, se assim desejar, Manipulação do Magista. Ele está cansado de teorias e sistemas de teologia e todos os brinquedos do tipo; e estando exausto e faminto e sedento ele busca um lugar na Mesa dos Adeptos, e uma porção do Pão da Experiência Espiritual, e um barril do vinho do Êxtase.

Então é completamente compreendido que o Aspirante está buscando resolver o grande Problema. E ele pode conceber este problema, como várias Escolas de Adeptos durante eras conceberam, em três formas principais.

Eu não sou Deus. Eu desejo me tornar Deus.
         Esta é a concepção hindu.
Eu sou Malkuth. Eu desejo me tornar Kether.
         Este é o equivalente cabalístico.
Eu sou uma criatura caída. Eu desejo ser redimido.
         Esta é a concepção cristã.
Eu sou Malkuth, a filha caída. Eu desejo ser posto no trono de Binah, minha mãe superna.
         Este é o equivalente cabalístico.
Eu sou o quadrado finito; eu desejo ser um com o círculo infinito.
         Esta é a concepção Não-Sectária.
Eu sou a Cruz de Extensão; eu desejo ser um com a Rosa infinita.
         Este é o equivalente cabalístico.

A resposta do Adepto para a primeira forma do problema é para o hindu “Tu és Aquilo” (veja o capítulo anterior, “O Yogī”); para o cabalista “Malkuth está em Kether, e Kether está em Malkuth”, ou “Aquilo que está acima é como aquilo que está abaixo” ou simplesmente “Yod”. (A fundação de todas as letras tendo o número 10, simbolizando Malkuth).

A resposta do Adepto à segunda forma do problema é para o cristão todo o ensinamento familiar do Cântico dos Cânticos e do Apocalipse a respeito da Noiva de Cristo[3].

Para o Cabalista, é um dogma longo e complexo que pode ser estudado no Zohar e noutros lugares. Doutra forma, ele pode simplesmente responder “Hé” (a letra que é tanto mãe quanto filha em IHVH). Veja Liber 418 para longas investigações sobre esta base simbólica.

A resposta do Adepto para a terceira forma do problema é dada por π, implicando que um fator infinito deve ser empregado.

Para o Cabalista, é comumente simbolizado pela Rosa Cruz, ou por tal fórmula como a do 5=6. Também é verdade que eles esconderam uma Palavra respondendo a este problema. Minha descoberta desta palavra é o assunto principal deste artigo. Toda a exposição anterior teve a intenção de mostrar porque busquei uma palavra que cumprisse com as condições, e por quais padrões da verdade eu poderia medir as coisas.

Mas antes de avançarmos para esta Palavra, primeiro é necessário explicar mais sobre de que maneira se espera que um número auxilie alguém em sua busca pela verdade, ou redenção da alma, ou formulação da Rosa Cruz. (Estou supondo que o leitor está suficientemente familiarizado com o método de leitura de um nome por suas atribuições e compreende como, uma vez que uma mensagem é recebida, e acreditada, como pode ser interpretada). Assim se eu pergunto “O que é conhecimento?” e recebo a resposta “DOTh”, eu leio Daleth a porta, O matéria, Th trevas, por várias colunas do 777. (Escolher a coluna é uma questão de intuição espiritual. Solvitur ambulando.) Mas aqui eu só estou lidando com o “teste dos espíritos, saber se são ou não de Deus”.

Suponha agora que uma visão alegando proceder de Deus é outorgada a mim. O Anjo declara seu nome. Eu somo. Dá 65. Um número excelente! um anjo abençoado! Não necessariamente. Suponha que ele seja de uma aparência mercurial. 65 é um número de Marte.

Então eu concluo que, não importa o quão belo e eloquente ele seja, ele é um espírito falso. O Demônio não compreende a Cabala o suficiente para vestir seus símbolos em harmonia.

Mas suponha que um anjo, mesmo de aspecto baixo, não apenas conhece a Cabala — tuas próprias pesquisas sobre a Cabala — tão bem quanto você, mas é capaz de demonstrar verdades, verdades cabalísticas, que você buscou por muito tempo em vão! Então você recebe a ele com honra e sua mensagem com obediência.

É como se um mendigo buscasse uma audiência com um general, e mostrasse debaixo de seus farrapos o anel sinete do Rei. Quando um servo indiano me mostra “papeizinhos” assinados pelo Coronel Isso ou Capitão Aquilo escritos em um inglês ruim de indiano, sabe-se o que fazer. Ao contrário, o Homem Que Estava Perdido se levantou e quebrou a haste de sua taça de vinho no brinde regimental, e todos o consideraram como um deles.

Em contatos espirituais, a Cabala, com aqueles segredos descobertos por você mesmo que só são conhecidos por você e Deus, formam o aperto de mão, o sinal, o código e a palavra-chave que te asseguram que a Loja foi devidamente telhada.

Consequentemente, é da máxima importância que estes segredos finais nunca sejam revelados. E deve ser lembrado que uma obsessão, mesmo que momentânea, pode colocar um espírito mentiroso em posse dos segredos do seu grau. Provavelmente era desta maneira que Dee e Kelly eram enganados com tanta frequência.

Uma consulta a este pequeno dicionário de números mostrará que 1, 3, 5, 7, 12, 13, 17, 21, 22, 26, 32, 37, 45, 52, 65, 67, 73, 78, 91, 111, 120, 207, 231, 270, 300, 326, 358, 361, 370, 401, 406, 434, 474, 666, 671, 741, 913, foram para mim números de peculiar importância e santidade. Muitos deles são veneráveis, referindo-se ao harmonioso Um. Apenas alguns — por exemplo, 120 — se referem aos meios. Existem muitos outros — quaisquer outros — tão bons quanto; mas não para mim. Deus, ao tratar comigo, me mostraria sinais que eu teria inteligência o suficiente para compreender. É uma condição de todo intercurso intelectual.

Agora, eu preferi formular o problema prático desta forma: “Como unirei o 5 e o 6, Microcosmo e Macrocosmo?”

E estes são os números que me pareceram tratar do problema.

1. É o objetivo, não os meios. Simples demais para servir ao propósito do magista.

2. Vide supra.

3. Ainda simples demais para se trabalhar, especialmente quando 3 = 1 tão facilmente. Porém, e, portanto, um grande número para ser venerado e desejado.

4. O número terrível do Tetragrammaton, o grande inimigo. O número de armas do Magista Maligno. A Díade tornada Lei.

5. O Pentagrama, símbolo da quadratura do círculo por virtude de ALHIM = 3.1415, símbolo da vontade do homem, do 4 maligno dominado pelo espírito do homem. Também Pentagrammaton, Jeheshua, o Salvador. Daí o Começo da Grande Obra.

6. O Hexagrama, símbolo do Macrocosmo e do Microcosmo entrelaçados, e daí do Fim da Grande Obra. (Pentagrama sobre o peito, Hexagrama nas costas, do Robe do Probacionista). No entanto, também simboliza o Ruach, 214, consulte também, e assim é tão maligno in viâ quanto é bom in termino.

7. Um número dos mais malignos, cuja perfeição é impossível atacar.

8. O grande número da redenção, porque Ch = ChITh = 418, consulte. Isso só se desenvolve em importância conforme minha análise avança. A priori, não era de grande importância.

9. O mais Maligno, por causa de sua estabilidade. AVB, bruxaria, a lua falsa da feiticeira.

10. Maligno, memorial de nosso sofrimento. No entanto santo, pois oculta em si o retorno ao negativo.

11. O grande número mágico, como se unisse as antíteses de 5 e 6, etc. AVD, a própria força mágica.

12. Inútil. Mero símbolo do Objetivo.

13. De ajuda, já que se pudermos reduzir nossa fórmula a 13, ela se torna 1 sem qualquer problema adicional.

17. Útil, porque embora simbolize o 1, ele o faz sob a forma de um raio. “Aqui está um disco mágico para eu lançar, e conquistar o céu por violência”, diz o Aspirante.

21. Quase tão ruim quanto o 7.

26. Amaldiçoado. Tão ruim quanto o 4. Só é útil quando é uma arma em sua mão; então — “se Satanás for dividido contra Satanás”, etc.

28. Alcançável; e assim, útil. “Minha vitória”, “Meu poder”, diz o Philosophus.

30. O Equilíbrio — Verdade. Muito útil.

31. LA a resposta a AL, que é o Deus de Chesed, 4. A negação apaixonada de Deus, útil quando outros métodos falham.

32. Admirável, a despeito de sua perfeição, porque é a perfeição que tudo de 1 a 10 e de Aleph a Tau, compartilha. Também se conecta com 6, através de AHIHVH.

37. A coroa do homem.

44. Útil para mim principalmente porque eu nunca o examinei e assim nunca o ratifiquei como amaldiçoado. Quando foi trazido por um mensageiro cujas palavras se provaram verdadeiras, então o entendi como um ataque sobre o 4 pelo 11. “Sem derramamento de sangue (DM=44) não há remissão”. Também desde que o mensageiro podia ensinar isso, e profetizar, adicionou crédito ao Adepto que enviou a mensagem.

45. Útil como o número do homem, ADM, identificado com MH, Yetzirah, o Mundo da Formação, ao qual o homem aspira como o próximo acima de Assiah. Assim 45 desconcerta o acusador, mas apenas por afirmação de progresso. Não consegue ajudar nesse progresso.

52. AIMA e BN. Mas a ortodoxia os concebe como salvadores externos; portanto não servem a nenhum propósito útil.

60. Como o 30, mas mais fraco. “Temperança” é só um equilíbrio inferior. 120, sua extensão, dá uma força melhor.

65. Completamente tratado em Konx om Pax, consulte.

72. Quase tão ruim quanto 4 e 26; no entanto sendo maior e, portanto, mais distante do 1, é mais atacável. Também soletra ChSD, Misericórdia, e isso às vezes é útil.

73. Os dois caminhos para Kether, Gimel e Chokmah. Daí é venerável, mas não muito bom para o iniciante.

74. LMD, Lamed, uma expansão do 30. Lê-se “Por equilíbrio e auto sacrifício, o Portão!” Assim é útil. Também 74 = 37 × 2.

Assim vemos

37 × 1 = 37 A coroa do homem, Jechidah, a Alma mais alta — “in termino”.

 

37 × 2 = 74, O Equilíbrio, 2 sendo o símbolo “in viâ”.

 

37 × 3 = 111, Aleph, etc., 3 sendo a Mãe, a ama da alma.

 

37 × 4 = 148, “Os Equilíbrios”, e assim por diante. Eu ainda não analisei todos os números desta importante escala.

77. OZ, o Bode, a saber, do Sabá dos Adeptos. O Baphomet dos Templários, o ídolo colocado para desafiar e derrotar o deus falso — embora seja entendido que ele mesmo é falso, não um fim, mas um meio. Perceba que 77 = 7 × 11, poder mágico em perfeição.

78. O mais venerável porque MZLA é mostrada como a influência descendo do Alto, cuja chave é o Tarô: e nós possuímos o Tarô. O número apropriado para o nome do Mensageiro do Mais Exaltado. [O relato de AIVAS segue em seu próprio lugar. — Ed.]

85. Bom, já que 85 = 5 × 17.

86. Elohim, a transgressão original. Mas bom, já que é uma chave do Pentagrama, 5 = 1 + 4 = 14 = 8 + 6 = 86.

91. Meramente venerável.

111. Não tem preço, por causa de seu simbolismo de 37 × 3, sua explicação do Aleph, que que buscamos, e seu comentário de que a unidade pode ser encontrada em “Espessas trevas” e na “Morte súbita”. Esta é a ajuda mais clara e definida que já tivemos, mostrando o Samādhi e a Destruição do Ego como portões de nossa vitória final.

120. Veja a Parte I e as referências.

124. ODN, Éden. O portão estreito ou caminho entre a Morte e o Diabo.

156. BABALON. Este mais santo e precioso nome é tratado por completo em Liber 418. Perceba que 12 × 13 = 156. Este foi um nome dado e ratificado pela Cabala; 156 a priori não é um dos números úteis. É mais um caso da Cabala iluminando a obscuridade intencional de São João.

165. II × XV deveria ser um número de Capricorni Pneumatici. Ainda não realizado.

201. AR, Luz (caldeu). Perceba que 201 = 3 × 67, Binah, como se fosse dito, “A Luz é oculta como uma criança no ventre de sua mãe”. A resposta oculta dos Magi caldeus aos feiticeiros hebreus que afirmaram AVR, Luz, 217, um múltiplo de 9. Mas isso é pouco mais do que uma briga sectária. 207 é santo o suficiente.

206. DBR, a Palavra de Poder. Uma aquisição útil = “O Portão da Palavra da Luz”.

210. Sobre este mais santo número não é adequado entrar em detalhes. Podemos referir os Zelatores ao Liber VII. Cap. I, Liber Legis Cap. I, e Liber 418. Mas isso só foi revelado depois. A princípio eu só tinha ABRAHA, o Senhor dos Adeptos. Consulte também Abraha-Melin.

214. RVCh é um dos números mais sedutores para o iniciante. No entanto, sua coroa é Daäth, e mais tarde se aprende a considerá-lo como um grande obstáculo. Observe sua promessa 21, terminando na terrível maldição do 4! Calamidade!

216. Uma vez eu esperava muito desse número, já que é o cubo de 6. Mas eu temo que ele só expressa a fixidez da mente. De qualquer modo, não teve um bom fim.

Mas temos DBIR, conectado com DBR, adicionando o Poder Fálico Secreto.

220. Este é o número de versos de Liber Legis. Representa 10 × 22, ou seja, o todo da Lei soldado em um. Daí podemos ter certeza de que a Lei permanecerá por si só sem uma sílaba de adição.

Perceba que 10²², o módulo do universo de átomos, homens, estrelas. Veja Two new worlds.

222. A grande escala de 2; um dia pode ser de valor.

256. A oitava potência de 2; deveria ser útil.

280. Um grande número, a díade passando a zero por virtude do 8, o Cocheiro que segura a Taça de Babalon. Veja Liber 418, 12° Æthyr. Veja também 280 na Parte I.

300. Venerável, mas somente útil como explicação do poder do Tridente, e da Chama sobre o Altar. Estável demais para servir um revolucionário, exceto enquanto sendo fogo.

333. Veja a Parte I.

340. Conecta-se com 6 através de ShM, o fogo e a água unidos para formar o Nome. Assim útil como uma dica sobre o cerimonial.

358. Veja a Parte I.

361. Veja a Parte I. Conecta-se com o Caduceu; já que 3 é o fogo superno, 6 o Ruach, 1 Malkuth. Veja a ilustração do Caduceu no Equinox N°. II.

370. O mais venerável (ver Parte I). Entrega o segredo da criação nas mãos do Magista. Veja Liber Capricorni Pneumatici.

400. Útil somente como uma finalidade ou base material. Sendo 20 × 20, mostra o universo fixo como um sistema de rodas que giram (20 = K, a Roda da Fortuna).

401. Veja a Parte I. Mas Azoth é o Elixir preparado e perfeito; o Neófito ainda não o conseguiu.

406. Veja a Parte I.

414. HGVTh, Meditação, o I dividindo o 4 amaldiçoado. Também AIN SVP AVR, a Luz Ilimitada.

418. ChITh, Cheth. ABRAHADABRA, a grande Palavra Mágica, a Palavra do Êon. Perceba as 11 letras, 5 A idênticos, e 6 diversas. Assim ela entrelaça Pentagrama e Hexagrama. BITh HA, a Casa do Hé, o Pentagrama; veja o Idra Zuta Qadisha, 694. “Pois H formou K, mas Ch formou IVD.” Ambos iguais a 20.

Perceba que 4 + 1 + 8 = 13, o 4 reduzido a 1 através do 8, a força redentora; e 418 = Ch = 8.

Por Aiq Bkr, ABRAHADABRA = 1 + 2 + 2 + 1 + 5 + 1 + 1 + 4 + 1 + 2 + 2 + 1 = 22. Também 418 = 22 × 19 = Manifestação. Daí a palavra manifesta as 22 Chaves da Rota.

Significa por tradução Abraha Deber, a Voz do Vidente Chefe.

Resolve no Pentagrama e no Hexagrama como segue: —



[Isso pegando as 5 letras do meio.]

O pentagrama é 12, HVA, Macroprosopus.

O hexagrama é 406, AThH, Microprosopus.

Assim conota a Grande Obra.

Perceba ABR, as iniciais das Supernas, Ab, Ben, Ruach.

 


[Isso separando o Um (Aleph) dos Muitos (letras diversas).]

 
BRH = 207, Aur, Luz

DBR = 206, Voz de Deber

}

“A Visão e a Voz”, uma frase que significou muito para mim no momento da descoberta desta Palavra.

 


[Pegando cada letra alternada.]

 
205 = GBR, poderoso.

213 = ABIR, poderoso.

}

Isso mostra Abrahadabra como a Palavra de Duplo Poder, outra frase que significou muito para mim na época. AAB no topo do Hexagrama dá AB, AIMA, BN, Pai, Mãe, Filho.

HDR por Yetzirah dá Hórus, Ísis, Osíris, novamente Pai, Mãe, Filho. Este Hexagrama novamente é a Tríade humana.

 
Também



Dividindo em 3 e 8, obtemos o Triângulo de Hórus dominando o Dragão de 8 Cabeças que Desce, as Supernas estourando a Cabeça de Daäth.

As Supernas são suportadas sobre dois quadrados —

ABAD = DD, Amor, 8.

AHRA = AVR, Luz, 2017.

 
 
Agora 8 × 2017 = 1656 = 18 = ChI, Vivo, e 2017 = 9 × 23, ChIH, Vida. No momento, “Licht, Liebe, Leben” era o nome místico do Templo-Mãe da G∴D∴.

As cinco letras usadas na palavra são A, a Coroa; B, a Varinha; D, a Taça; H, a Espada; R, a Rosa Cruz; e se referem além disso a Amôn o Pai, Thoth Seu mensageiro, e Ísis, Hórus, Osíris, a tríade humana-divina.

Também 418 = ATh IAV, a Essência de IAO, consulte.

Esta breve análise pode ser expandida indefinidamente; mas sempre o símbolo sempre permanecerá a Expressão do Objetivo e a Exposição do Caminho.

419. Teth, o número do “leão que ri” sobre o qual BABALON monta. Veja Liber 418. Perceba que 419 + 156 = 575 = 23 × 25, ocultamente significando 24, que novamente significa para aqueles que compreendem a interação do 8 com o 3. Abençoado seja Seu santo Nome, o Interpretador de seu próprio Mistério!

434. Daleth, a santa letra da Mãe, em sua glória como Rainha. Ela salva o 4 pelo 7 (D = 4 = Vênus = 7), assim conecta com 28. Número Místico de Netzach (Vênus), Vitória. Perceba o 3 separando os dois quatros. Esta é a vitória feminina; ela é em um sentido a Dalila do Sansão divino. Daí nós a adoramos de todo coração. Deve-se lembrar, a propósito, que o 4 não é tão maligno quando ele cessa de nos oprimir. O quadrado identificado com o círculo é tão bom quanto o círculo.

441. Verdade, o quadrado de 21. Daí é o mais próximo que nossa consciência dualística pode conceber do 21, AHIH, o Deus de Kether, I. Assim a Verdade é nossa principal arma, nossa regra. Ai de quem é falso consigo mesmo (ou para com o outro, já que em 441 aquele outro é si mesmo), e sete vezes ai de quem desvia de seu juramento mágico em pensamento, palavra ou ato! Ao meu lado, enquanto escrevo, chafurda em exaustão seguindo uma era de tormento alguém que não compreendeu que é mil vezes melhor morrer do que quebrar com a menor vírgula de um juramento mágico.

463. Mostra o que a Varinha deve representar. Não 364; assim nós deveríamos segurá-la pela extremidade de baixo. A Varinha é também Vontade, reta e inflexível, pertencendo a Chokmah (2), já que uma Varinha tem duas pontas.

474. Veja a Parte I. Para o iniciante, no entanto, Daäth parece muito útil. Ele está feliz que o Dragão que Desce ataca o Santuário. Ele mesmo está fazendo isso. Daí os Budistas fazem da Ignorância o maior grilhão de todos os dez. Mas em verdade, Conhecimento implica um Conhecedor e uma Coisa Conhecida, a Díade amaldiçoada que é a causa primordial da miséria.

480. Lilith. Veja Liber 418. Assim os ortodoxos colocam o 4 legal antes do santo 8 e do sublime Zero. “E, portanto, o bafo deles fede”.

543. Bom, mas só nos leva de volta à Mãe.

666. Escolhido por mim como meu símbolo, em parte pelos motivos dados na Parte I, em parte pelos motivos dados no Apocalipse. Eu tomei a Besta como sendo o Leão (Leão, meu signo ascendente) e Sol, 6, 666, o Senhor de Leão sobre o qual Babalon deve cavalgar. E havia outras considerações mais íntimas, sobre as quais é desnecessário falar aqui. No entanto, perceba que a carta do Tarô de Leão, Força, tem o número XI, o grande número da Magnum Opus, e sua interação com Justiça, VIII; e a chave de 8 é 418.

Isso tudo me pareceu tão importante que nenhuma verdade cabalística estava tão firmemente implantada em minha mente no momento em que me foi ordenado abandonar o estudo da magia e da Cabala quanto estes: 8, 11, 418, 666; combinados com a mais profunda veneração por 1, 3, 5, 7, 13, 37, 78, 91, 111. Devo insistir, correndo o risco de me repetir e enfatizar demais; pois esta é a chave para meu padrão da Verdade; os números-teste que eu apliquei para o discernimento do Mensageiro do Santuário.

Estou bem ciente de que tais verdades possam parecer triviais; que seja lembrado que a descoberta de uma identidade pode representar o trabalho de um ano. Mas este é o teste final; repetir minhas pesquisas, obter seus próprios números santos; então, e não antes, você compreenderá completamente sua Validade, e a sabedoria infinita do Grande Aritmético do Universo.

671. Útil, como mostrado na Parte I.

741. Útil principalmente como uma negação da Unidade; às vezes empregado na esperança de tentá-lo para fora de seu covil.

777. Útil de um modo semelhante, afirmando que a Unidade são as Qliphoth. Mas é uma ferramenta perigosa, especialmente porque representa a espada flamejante que conduziu o Homem para fora do Éden. Uma criança que se queima teme o fogo. “Os demônios também acreditam, e tremem”. Pior do que inútil, a menos que você leve pela coleira. Além disso, 777 é a grande escala de 7, e isso é inútil a qualquer um que ainda não tenha despertado a Kuṇḍalinī, a alma mágica feminina. Perceba o 7 como o local de encontro do 3, a Mãe, e 10, a Filha; daí Netzach é a Mulher, não mais casada.

800. Útil somente no simbolismo do 5=6, consulte.

888. A grande escala do 8. Portanto em numeração grega é ΙΗΣΟΥΣ o Redentor, conectando com o 6 por causa de suas 6 letras. Isso une o simbolismo grego com o hebreu; mas lembre-se de que o Iesous místico e Yeheshua não tem mais nada a ver com o Jesus dos Sinópticos e dos Metodistas do que o IHVH místico tem a ver com o falso Deus que comandou o assassinato de crianças inocentes. O 13 do Sol e o Zodíaco talvez foi responsável por Buda e seus 12 discípulos, Cristo e seus 12 discípulos, Charlemagne e seus 12 nobres, etc., etc., mas desacreditar em Cristo ou Charlemagne não é alterar o número de signos do Zodíaco. A veneração por 666 não me compromete em admirar Napoleão e Gladstone.

Posso encerrar este artigo expressando uma esperança de que eu possa ter a compreensão dos estudantes. Este assunto é incomparavelmente difícil; é quase como uma veia de pensamento ainda não trabalhada; e minha expressão precisa ser limitada e pequena. É importante que toda identidade seja compreendida o mais completamente. Nenhuma mera análise servirá. Este artigo deve ser estudado linha por linha, e até mesmo em grande parte memorizada. E essa memória já deveria estar equipada com o conhecimento completo das principais correspondências do 777. É difícil “ser paciente” com o tipo de tolo em particular que espera assimilar em uma hora aquilo que me custou doze anos para adquirir. Posso acrescentar que ninguém jamais entenderá este método de conhecimento sem ele próprio realizar a pesquisa. Uma vez que tenha experimentado a alegria de conectar (digamos) 131 e 480 através do 15, ele compreenderá. Além disso, o próprio trabalho é valioso, e não meramente os resultados. Ensinamos Grego e Latim, embora ninguém fale nenhum desses idiomas.

E assim encerro: Benedictus sit Dominus Deus Noster qui nobis dedit Scientam Summam.

Amém!

[1] O dicionário completo, iniciado por Fra. I. A., continuado por Fra. P. e revisado por Fra. A. e G. e outros, será publicado em breve por autoridade da A∴A∴.

[2] E é claro, se sua revolta tiver sucesso, ele aquiescerá com a ordem. A primeira condição para obter um grau é estar insatisfeito com aquele que você tem. E assim quando você atinge o final você encontra a ordem como no começo; mas também descobre que a lei é que você deve se rebelar para conquistar.

[3] O ensinamento cristão (não seu equivalente cabalístico) está incompleto. A Noiva (a alma) se une, embora somente por casamento, com o Filho, que então a apresenta ao Pai e à Mãe ou Espírito Santo. Então estes quatro completam o Tetragrammaton. Mas a Noiva nunca se une com o Pai. Neste esquema a alma nunca consegue fazer mais do que tocar Tiphereth e assim receber o raio de Chokmah. Enquanto até mesmo São João faz seu Filho dizer “Eu e meu Pai somos um”. E todos nós concordamos que na filosofia nunca pode haver (em Verdade) mais do que um; este dogma cristão diz “nunca menos do que quatro”. Daí sua escravidão à lei e sua compreensão mais imperfeita de qualquer ensinamento místico verdadeiro, e daí a dificuldade de usar seus símbolos.

Thelema - O Templo do Rei Salomão

 

[Liber LVIII é composto pela Parte V da série “O Templo do Rei Salomão”, que foi publicada originalmente ao longo dos números do periódico The Equinox, narrando a carreira iniciática de Frater Perdurabo – Aleister Crowley.]

Grande como foram as realizações de Frater P. nas antigas ciências do oriente, rapidamente e seguramente como ele passou em nem mesmo um ano a estrada árdua que tantos falharam em atravessar em uma vida toda, satisfeito consigo mesmo como estava — em certo sentido — com seu próprio progresso, ainda assim não era por estes caminhos que ele estava destinado a alcançar o Limiar Sublime do Templo Místico. Pois embora esteja escrito “Para o mortal perseverante os imortais abençoados são rápidos”, ainda assim, não fosse doutra forma, nenhum mortal não importa quão perseverante poderia atingir a costa imortal. Como está escrito no Quinquagésimo Capítulo do Evangelho de São Lucas, “E quando ele ainda estava distante, seu Pai o viu e correu”. Se não tivesse sido assim, o pesaroso Pródigo, exausto por seus deboches anteriores (visões astrais e magia) e sua labuta mental mais recente (yoga) nunca teria tido a força para alcançar a Casa de seu Pai.

São Lucas omitiu um pequeno ponto inexplicadamente. Quando um homem está tão faminto e tão cansado quanto estava o Pródigo, ele está apto a ver fantasmas. Ele está apto a abraçar sombras, e bradar: “Pai!” E, o demônio sendo sutil, capaz de se disfarçar como um anjo de luz, ele faz com que o Pródigo precise passar por algum teste de veracidade.

Alguns grandes místicos estabeleceram a lei “Não aceite nenhum mensageiro de Deus”, bana todos, até que finalmente o próprio Pai apareça. Um conselho da perfeição. O Pai de fato envia mensageiros, como aprendemos em São Marco XII; e se nós os apedrejamos, nós podemos quem sabe em nossa cegueira apedrejar o próprio Filho quando ele for enviado.

Portanto não é um conselho vão de “São João” (1 João iv. 1), “Teste os espíritos, se eles são de Deus ou não”, e não é nenhum erro quando “São Paulo” reivindica o discernimento de Espíritos como sendo o ponto principal da armadura da salvação (I Cor. xii. 10).

Agora, como Frater P. ou outra pessoa testaria a verdade de qualquer mensageiro alegando vir do Altíssimo? No plano astral, seus fantasmas são facilmente governados pelo Pentagrama, pelas Armas Elementais, pelos Robes, pelas Formas-de-deuses, e tais brinquedos infantis. Nós colocamos fantasmas para perseguir fantasmas. Nós tornamos o nosso Scin-Laeca puro e rígido e brilhante, todo glorioso internamente, como a filha autêntica do Rei; ainda assim ela é só a filha do Rei, o Nephesch adornado: ela não é o próprio Rei, o Santo Ruach ou mente do homem. E como vimos no nosso capítulo sobre Yoga, esta mente é o próprio álamo; e como podemos ver no último capítulo do Star in the West de Capitão Fuller, esta mente é a própria cabine de comando da contradição.

Então qual é o padrão da verdade? Que testes devemos aplicar à revelação, quando nossos testes de experiências se acham deficientes? Se eu devo duvidar de meus olhos que me serviram (bem, no geral) por tantos anos, não devo duvidar muito mais de minha visão espiritual, minha visão recém-aberta como a de um bebê, minha visão que não foi testada pela comparação e que não foi criticada pela razão?

Felizmente, existe uma ciência que pode nos auxiliar, uma ciência que, propriamente compreendida pela mente iniciada, é tão absoluta quanto a matemática, mais autossuficiente do que a filosofia, uma ciência do próprio espírito, cujo professor é Deus, cujo método é tão simples quanto a Luz divina, e tão sutil quanto o Fogo divino, cujos resultados são tão límpidos quanto a Água divina, permeando tudo como o Ar divino, e sólida como a Terra divina. A Verdade é a fonte, e Economia o curso, daquela correnteza maravilhosa que derrama suas águas vivas no Oceano da certeza apodítica, a Verdade que é infinita em sua infinidade, como a Verdade primordial com a qual é idêntica, que é infinita em sua Unidade.

Precisamos dizer que falamos da santa Cabala? Ó ciência secreta, sutil e sublime, quem te chamará sem veneração, sem prostração da alma, espírito e corpo diante de teu Autor divino, sem exaltação da alma, do espírito e do corpo quando por Seu favor eles se banham em Sua Luz lustral e ilimitável?

Aqui deve-se primeiro falar da Cabala Exotérica a ser encontrada nos livros, uma casca daquele fruto perfeito da Árvore da Vida. Em seguida, lidaremos com ensinamentos esotéricos dela, conforme Frater P. foi capaz de compreendê-los. E destes nós daremos exemplos, mostrando a falsidade e a absurdidade do caminho não-iniciado, a verdade e a razoabilidade puras do Caminho oculto.

Para o estudante não familiarizado com os rudimentos da Cabala, nós recomendamos o estudo da Introdução de S. L. Mathers à sua tradução dos três livros principais do Zohar, e a “Introdução ao Estudo da Cabala” de Westcott. Nós nos aventuramos a anexar algumas citações do primeiro documento, que mostrarão os princípios elementares do cálculo. O livreto do Dr. Westcott é principalmente de valor por sua hábil defesa da Cabala contra o exotericismo e literalismo.

terça-feira, 8 de outubro de 2024

Thelema - Tiān Dào ou A Sinagoga de Satã



Publicação da A∴A∴

em Classe C


Meu objetivo, todo sublime,

Alcançarei no devido tempo —

Fazer com que o castigo seja adequado ao crime —

Que o castigo seja adequado ao crime!


W. S. GILBERT.


I

俗 薄[2]

(“A Decadência dos Costumes.”)

Como ninguém pode ter a presunção de duvidar da demonstração de São Tomás de Aquino de que este mundo é o melhor de todos os mundos possíveis, segue-se que a condição imperfeita das coisas que estou prestes a descrever só pode ser obtida em algum outro universo; provavelmente o assunto todo é apenas fruto de minha imaginação doentia. No entanto, se esse for o caso, como podemos reconciliar a doença com a perfeição?


Claramente há algo errado aqui; o aparente silogismo, sob exame, acaba sendo um entimema com uma premissa maior suprimida e impossível. Não há progressão nestas linhas, e o que eu tolamente confundi com uma maneira fácil e agradável de introduzir a minha história prova-se apenas como o mais fechado dos becos sem saída.


Portanto, devemos começar pelo processo simples e austero de começar.


A condição do Japão era perigosamente instável naquela época (que época? Aqui imediatamente já temos problemas com o historiador. Mas deixe-me dizer que não aceitarei nenhuma interferência na minha história por parte de todas essas pessoas sensíveis e tolas. Estou seguindo direto ao ponto, e se as críticas forem desfavoráveis, sempre se tem o recurso do suicídio). A aristocracia guerreira da Câmara Alta havia sido tão diluída por comerciantes bem-sucedidos que a adulteração se tornara uma virtude tão altamente lucrativa quanto o adultério. Na Câmara Baixa, os cérebros ainda eram estimados, mas haviam sido interpretados como a destreza de passar em exames.


A recente extensão da franquia para atender as mulheres havia tornado a Yoshiwara[3] a mais formidável das organizações políticas, enquanto o físico da nação havia sido seriamente prejudicado pelos resultados de uma lei que, assegurando em caso de ferimento ou doença uma competência de uma vida inteira na ociosidade, que eles jamais poderiam obter de outra maneira pelo mais árduo trabalho, encorajava todos os trabalhadores a serem totalmente descuidados com sua saúde. De fato, o treinamento dos serviçais naquela época consistia apenas em instruções práticas cuidadosas na arte de cair de escadas; e o homem mais rico do país era um ex-mordomo que, tendo quebrado a perna em nada menos que trinta e oito ocasiões diferentes, havia adquirido uma pensão que colocava a de um marechal de campo completamente no chinelo.


No entanto, até então, o país ainda não estava irremediavelmente condenado. Um sistema de intrigas e chantagens, elaborado pelas classes governantes com o mais alto grau de eficiência, atuou como um poderoso contrapeso. Em teoria, todos eram iguais; na prática, os oficiais permanentes, os verdadeiros governantes do país, eram um corpo distinto e confiável de homens. O interesse deles era governar bem, pois qualquer perturbação civil ou estrangeira sem dúvida teria soprado as faíscas do descontentamento até se tornarem a chama de uma revolução.


E houve descontentamento. Os comerciantes malsucedidos estavam amargurados com a Câmara Alta; e aqueles que falharam nos exames escreveram palavrões terríveis contra a tolice do sistema educacional.


O problema é que eles estavam certos; o governo na prática estava indo bem o suficiente, mas na teoria estava mal das pernas. Em vista do crescente clamor, as classes dos oficiais ficaram perturbadas; pois muitos deles eram inteligentes o suficiente para ver que um sistema completamente irracional, por mais que funcione na prática, não pode ser mantido para sempre contra os ataques daqueles que, embora possam ser secretamente estigmatizados como doutrinadores, podem apresentar argumentos sem resposta. O povo tinha poder, mas não razão; assim estavam suscetíveis às falácias que eles achavam ser a razão e não ao poder que eles imaginavam ser tirania. Uma plebe inteligente é dócil; uma massa educada espera que tudo seja lógico. Os sofismas superficiais do socialista eram inteligíveis; eles não poderiam ser refutados pelas proposições mais profundas e, portanto, ininteligíveis, dos conservadores.


A multidão conseguia entender a semelhança superficial entre bebês; eles não conseguiam entender que as circunstâncias da educação e do meio ambiente constituíam apenas uma pequena parte do equipamento de um ser consciente. O brutal e verdadeiro “Você não consegue fazer uma bolsa de seda com a orelha de um porco” foi esquecido pelas falácias suaves e plausíveis de escritores como Ki Ra Di[4].


De fato, a situação se tornou tão grave que as classes governantes haviam abandonado todos os dogmas do Direito Divino e afins como insustentáveis. A teoria da hereditariedade havia desmoronado, e o enobrecimento dos comerciantes a tornava não apenas falsa, mas ridícula.


Consequentemente, os encontramos envolvidos na tarefa tola de defender as anomalias que repugnavam a nação por uma campanha de sofismas gritantes e venais. Eles não enganavam ninguém e apenas inspiravam o desprezo, que poderia ter sido inofensivo, com um ódio que ameaçava envolver a comunidade em um abismo das mais formidáveis convulsões.


Tal era o fio de navalha sobre o qual pisavam os pés instáveis da república quando, alguns anos antes da data de minha visita, o filósofo Kwaw desembarcou em Nagasaki depois de um mergulho emocionante saindo do continente.


II

獨 立[5]

(“Permanecendo Só.”)

Kwaw, quando atravessou o Mar Amarelo, tinha trinta e dois anos. Os vinte equinócios anteriores haviam passado por sua cabeça enquanto ele vagava, único inquilino humano, entre as ruínas colossais, porém desprezíveis, de Wēihǎiwèi[6]. Seus únicos companheiros eram o leão e o lagarto, que frequentavam os restos em ruínas dos aposentos dos oficiais; enquanto no pequeno cemitério os cascos do burro selvagem batiam (inutilmente, se ele quisesse acordá-los) sobre as tumbas dos desportistas que antes lotavam aqueles salões desolados.


Durante esse período, Kwaw dedicou toda a sua atenção à busca da filosofia; pois as vastas quantidades de excelentes lojas abandonadas pelo exército britânico não o deixavam ansioso de fome.


No primeiro ano, ele disciplinou e conquistou seu corpo e suas emoções.


Nos seis anos seguintes, ele disciplinou e conquistou sua mente e seus pensamentos.


Nos dois anos seguintes, ele reduziu o Universo ao Yáng e ao Yīn e a suas permutações nos trigramas de Fúxī e aos hexagramas do Rei Wén.


No último ano, ele aboliu o Yáng e o Yīn, e se uniu ao grande Dào.


Tudo isso era muito satisfatório para Kwaw. Mas até mesmo sua estrutura de ferro ficou um pouco enfraquecida pela dieta invariável de provisões enlatadas; e talvez tenha sido apenas por virtude desse talismã[7]




que ele tenha obtido sucesso em sua famosa tentativa de superar os feitos do Capitão Webb[8]. Sua recepção também não foi nada menos que um triunfo. Uma nação tão atlética como a japonesa não podia deixar de honrar uma conquista tão soberba, embora isso lhes custasse caro, já que a Liga da Marinha (por uma série de movimentos políticos) obrigou o partido no poder a triplicar a Marinha, construir uma linha contínua de fortes ao redor da costa, e gastar muitos bilhões de ienes na criação científica de uma espécie de tubarão mais voraz do que até agora infestara suas praias.


Então eles carregaram Kwaw sobre os ombros até o Yoshiwara, o cumprimentaram e chamaram os indianos, e reuniram seus pertences pessoais como relíquias, e doutra forma seguiram os costumes da melhor sociedade de Nova York, enquanto a banda alemã acompanhava o famoso Ka Ru So com a seguinte agradável balada:


Refrão.


Sopre o gongo, bata a flauta!

Sejamos todos felizes!

Estou em festa com beribéri

Agudo, crônico.


I.


Segunda-feira sou um bicho magro.

Parecido com o Félicien Rops[9].

Sopre o címbalo, bata a cítara!

Terça-feira eu tenho hidropisia.


Refrão.


II.


Na quarta-feira sintomas cardíacos;

Na quinta-feira diabéticos.

Sopre o violino, dedilhe o tambor!

Sexta-feira eu sou parético.


Refrão.


III.


Se no sábado meus inimigos

Se reunirem em densas legiões,

Então suponho que no domingo,

Serei sepultado[10]!


Refrão.


Não é preciso estar intimamente familiarizado com o temperamento japonês para entender que Kwaw e seu feito foram esquecidos em poucos dias; mas um Daimiô[11] rico, com gosto pela observação, resolveu questionar Kwaw quanto à finalidade de sua entrada no país de uma maneira tão estranha. Será mais simples se eu reproduzir por extenso a correspondência, que foi transmitida via telegramas.


Quem é o vosso honorável ser e por que vossa excelência prestou a nós, mero gado, a distinta graça de uma visita?

O verme nojento que vos fala é o grande Dào. Eu humildemente imploro ao vosso sublime brilho que o esmague como vosso escravo.

Lamento que grande dedo seja algo ininteligível.

Grande Dào — T.A.O. — Tao.

O que é o grande Dào?

O resultado da subtração do universo de si mesmo.

Bom, mas este cão em decomposição é incapaz de conceder o sublime desejo de vossa excelência, mas, pelo contrário, rogaria sinceramente à vossa brilhante serenidade que cuspa sobre vosso “joro”[12] rastejante.

Profundo pensamento assegura ao vosso suplicante cabeça de besouro que vossa nobreza gloriosa deve encontrá-lo antes que a controvérsia possa ser decidida.

Verdade. Vossa sublimidade condescenderia em contaminar-se por entrar no casebre miserável desse varredor de imundície?

Esperai um dragão leproso com beribéri no magnífico palácio celestial de vossa alta poderosidade amanhã (quinta-feira) à tarde às três em ponto.

Assim se conheceram Kwaw, o poeta-filósofo da China; e Juju[13], o padrinho de seu país.


Que momento sublime na eternidade! Aos nomes de Josué e Ezequias, adicione o de Kwaw! Pois embora estivesse atrasado quinze minutos para o compromisso, os ponteiros voltaram no cronômetro de Juju, de modo que nenhuma sombra de desconfiança ou aborrecimento nublasse o êxtase daquele evento supremo.


III

顯 質[14]

(“A Manifestação da Simplicidade.”)

“O que”, disse Juju, “Ó grande Dào, você recomenda como remédio para os males de meu país infeliz?”


O sábio respondeu da seguinte maneira: “Ó poderoso e magniloquente Daimiô, sua aristocracia não é uma aristocracia, porque não é uma aristocracia. Em vão você busca alterar essa circunstância pagando os vermes nocivos do Dai Li Pai Pur para escrever falsidades tolas, sustentando que sua aristocracia é uma aristocracia porque é uma aristocracia.


“Assim como Heráclito superou a antinomia de Xenófanes e Parmênides, de Melisso e o eleático Zeno, e Ēns[15] e Não-Ēns pelo seu Tornar-se, deixe-me dizer-lhe; a aristocracia será uma aristocracia se tornando uma aristocracia.


“Ki Ra Di e seus amigos de cara suja desejam nivelar as boas práticas com as más teorias; você deveria se opor a eles nivelando a má teoria às boas práticas.


“Aqueles que te invejam se gabam de que você não é melhor do que eles; prove a eles que eles são tão bons quanto você. Eles falam de uma nobreza de tolos e patifes; mostre a eles homens sábios e honestos, e o gengibre socialista não ficará mais quente na boca individualista.”


Juju grunhiu concordando. Ele quase dormiu, mas Kwaw, absorvido em seu assunto, nunca notou o fato. Ele continuou com a vivacidade de um rolo compressor e o vigor direto e intencional de uma borboleta hipnotizada. “O homem é aperfeiçoado por sua identidade com o grande Dào. Secundariamente, ele deve ter equilibrado perfeitamente o Yáng e o Yīn. Mais fácil ainda é governar a estrela sêxtupla do Intelecto; enquanto para a base o controle do corpo e de suas emoções é o primeiro passo.


“O equilíbrio é a grande lei, e o equilíbrio perfeito é coroado pela identidade com o grande Dào.”


Ele enfatizou essa sublime afirmação com um deliberado golpe no abdômen protuberante do digno Juju.


“Eu rogo para que continue seu discurso honroso!” exclamou o Daimiô semi-desperto.


Kwaw continuou, e acho justo dizer que ele continuou por um longo tempo, e que, por você ter sido tolo o suficiente para ler até aqui, não tem desculpas por ter sido tolo o suficiente para ler ainda mais.


“A fenacetina é uma droga útil para a febre, mas ai do paciente que a absorver em colapso. Como o calomel é um remédio perigoso na apendicite, não condenamos seu uso em indigestões simples.


“Como é acima, é abaixo! disse Hermes o três vezes grande. As leis do mundo físico têm paralelos precisos nas esferas moral e intelectual. Para a prostituta, prescrevo um curso de treinamento pelo qual ela compreenderá a santidade do sexo. A castidade faz parte desse treinamento, e esperaria vê-la um dia como uma feliz esposa e mãe. Para a puritana, prescrevo igualmente um curso de treinamento pelo qual ela compreenderá a santidade do sexo. A falta de castidade faz parte desse treinamento, e esperaria vê-la um dia como uma feliz esposa e mãe.


“Ao fanático, recomendo um curso de Thomas Henry Huxley; ao infiel, um estudo prático da magia cerimonial. Então, quando o fanático tiver conhecimento e o infiel tiver fé, cada um pode seguir sua inclinação natural sem preconceitos; pois ele não mergulhará mais em seus excessos anteriores.


“Assim também aquela que era prostituta por paixão nata pode se entregar com segurança ao prazer do amor; aquela que por natureza é fria pode gozar de uma virgindade de forma alguma prejudicada por seu curso disciplinar de promiscuidade. Mas uma entenderá e amará a outra.


“Fui acusado de agredir o que é comumente conhecido como virtude. É verdade; eu odeio ela, mas somente na mesma medida em que odeio o que é comumente conhecido como vício.


“Portanto, é preciso reconhecer que quem está levemente desequilibrado precisa de uma correção mais branda do que quem é obcecado pelo preconceito. Há homens que têm um fetiche por limpeza; eles devem trabalhar na oficina de um alfaiate e aprender que a sujeira é a marca do trabalho honroso. Existem aqueles cujas vidas se tornaram miseráveis por causa do medo de infecção; eles veem bactérias do tipo mais mortal em todas as coisas, exceto nas soluções de ácido carbólico e cloreto de mercúrio com as quais combatem histericamente seus inimigos invisíveis; tais pessoas eu enviaria para morar no bazaar de Delhi, onde ocasionalmente aprenderão que a sujeira faz pouca diferença, afinal.


“Há homens lentos que precisam de alguns meses de experiência na agitação dos currais; há homens de negócios apressados que devem viajar pela Ásia Central para adquirir a arte do repouso.


“Isso tudo no que concerne ao equilíbrio, e dois meses por ano cada membro de suas classes governantes deve passar por esse treinamento sob orientação especializada.


“Mas e o Grande Dào? Durante um mês a cada ano, cada um desses homens buscará desesperadamente a Pedra dos Filósofos. Pela solidão e jejum o homem do social e do luxo, pela embriaguez e deboche o austero, pelo flagelo aqueles que têm medo da dor física, pelo repouso os inquietos e pelo trabalho os ociosos, pelas touradas os humanitários, e pelo cuidado de crianças pequenas os insensíveis, por rituais os racionais e pela filosofia os crédulos, esses homens, ainda que desequilibrados, procurarão alcançar a unidade com o grande Dào. Mas para aqueles cujo intelecto é purificado e coordenado, para aqueles cujos corpos estão sadios e cujas paixões são ao mesmo tempo ansiosas e controladas, será lícito escolher seu próprio caminho para o Objetivo Único; a saber, a identidade com aquele grande Dào que está acima da antítese de Yáng e Yīn.”


Até mesmo Kwaw se sentiu cansado e se dedicou ao saquê com soda. Revigorado, ele continuou: “Os homens que desejarem, por meio disso, se tornarem os salvadores de seu país serão chamados de a Sinagoga de Satã, para se manterem afastados da amizade dos tolos que confundem os nomes pelas coisas. Haverá mestres da Sinagoga, mas eles nunca procurarão dominar. Abster-se-ão com muito cuidado de induzir qualquer homem a buscar o Dào de outra maneira que não a do equilíbrio. Desenvolverão a genialidade individual sem considerar se, na opinião deles, sua fruição tenderá ao bem ou ao mal de seu país ou do mundo; pois quem são eles para querer interferir com uma alma cujo equilíbrio foi coroado pelo mais sagrado Dào?


“Os mestres serão grandes homens entre homens; mas entre grandes homens eles serão amigos.


“Visto que o equilíbrio se tornará perfeito, alguém maior do que Napoleão surgirá, e os pacíficos se alegrarão com ele; alguém maior do que Darwin, e o ministro em seu púlpito dará graças a Deus.


“O infiel instruído não zombará mais do frequentador da igreja, pois ele será obrigado a ir à igreja até que tenha visto os pontos positivos e negativos; e o devoto instruído não detestará mais o blasfemador, porque ele riu com Ingersoll[16] e Saladino[17].


“Dê ao leão o coração do cordeiro, e ao cordeiro a força do leão; e eles se deitarão lado a lado em paz.”


Kwaw parou, e a respiração pesada e regular de Juju garantiu que suas palavras não haviam sido desperdiçadas; finalmente aquela alma inquieta e atormentada encontrara um repouso supremo.


Kwaw bateu no gongo. “Cumpri minha tarefa”, disse ele ao major-domo subsequente, “rogo que saia para ausentar-me da Presença”. “Peço à sua excelência que me siga”, respondeu o magnífico funcionário, “seu senhorio me ordenou que eu assegurasse que vossa santidade fosse suprida de tudo que desejar”. Então o sábio riu alto.


IV

任 信[18]

(“Coisas nas Quais Crer.”)

Seis meses se passaram, e Juju, agitado em seu sono, lembrou-se dos deveres da cortesia, e pediu por Kwaw.


“Ele está na propriedade de sua senhoria em Nikko”, os servos se apressaram em responder, “e ele virou todo o lugar de cabeça para baixo. Milhões de ienes têm sido gastos mensalmente; ele até hipotecou esse mesmo palácio em que sua senhoria dormia; um grupo de loucos tomou as rédeas do governo —”


“A Sinagoga de Satã!” ofegou o Daimiô ultrajado.


“— E você é aclamado por toda parte como o Padrinho do seu país!”


“Não me diga que a guerra britânica terminou desastrosamente para nós!” e ele pediu pelo aparato elaborado do hari-kari[19].


“Pelo contrário, meu senhor, o ridículo Sa Mon, que nunca iria para o mar porque tinha medo de ficar enjoado, embora seu gênio para estratégia naval não tivesse igual nos Sete Abismos da Água, depois de um mês como clandestino em um barco de pesca (por ordem de Kwaw) assumiu o posto de Almirante da Frota e infligiu uma série de derrotas completas e esmagadoras sobre os Almirantes britânicos, que, embora estivessem na água a vida inteira, omitiram incompreensivelmente qualquer conhecimento realmente preciso dos sistemas metafísicos de Sho Pi Naour[20] e Ni Tchze[21].


“Novamente, Hu Li, o gênio financeiro, que até então era praticamente inútil para seu país por causa da feiura e deformidade que o levou a evitar a sociedade de seus companheiros, foi obrigado por Kwaw a se exibir como uma aberração. Uma quinzena disso o curou da timidez; e em três meses ele quase dobrou a receita e reduziu pela metade os impostos. Vossa senhoria gastou milhões de ienes; mas hoje é um homem mais rico do que quando vossa excelência foi dormir.”


“Vou ver este Kwaw”, disse o Daimiô. Os servos então admitiram que o Mikado[22] em pessoa estava esperando na porta do palácio por mais de três meses, com o objetivo de pedir permissão para conduzi-lo até lá, mas que ele não estava disposto a perturbar o sono do Padrinho de seu país.


É impossível descrever a cena emotiva quando esses dois seres magnânimos derreteram (por assim dizer) nos braços um do outro.


Chegaram à propriedade de Juju em Nikko, que maravilha esses dignos expressaram ao ver os meios simples pelos quais Kwaw havia realizado seus milagres! Em uma clareira de cerejeiras e hibiscos brilhantes (e de quaisquer outras árvores bonitas que você possa imaginar), havia um edifício simples de pedra, que afinal não custara milhões de ienes, mas apenas alguns milhares. Sua altura era igual à sua largura, e seu comprimento era igual à soma dessas, enquanto a soma dessas três medidas era precisamente igual a dez vezes a idade de Kwaw em unidades da palma de sua mão. As paredes eram tremendamente grossas e havia apenas uma porta e duas janelas, todas no olho do pôr do sol. Não se pode descrever o interior do edifício, porque isso estragaria toda a diversão para outras pessoas[23]. Precisa ser visto para ser entendido, em todo caso; e lá está, até hoje, aberto a qualquer pessoa que seja forte o suficiente para forçar a porta.


Mas quando eles chamaram por Kwaw, ele não foi encontrado. Ele havia deixado homens treinados para conduzir a disciplina e as iniciações, sendo este último o objetivo principal do edifício, dizendo que sentia saudades dos leões e dos lagartos de Wēihǎiwèi e que, de qualquer maneira, não desfrutara de uma nadada decente há muito tempo.


Infelizmente, há pouco espaço para dúvidas de que as novas e vorazes espécies de tubarões (as quais o patriotismo japonês gastara tamanhas quantias de dinheiro para criar) são responsáveis pelo fato de que ele nunca mais foi visto.


O Mikado chorou; mas, alegrando-se, exclamou: “Kwaw nos encontrou como uma multidão confusa e zangada; ele nos deixou como uma república diversa, porém harmoniosa; e nunca devemos esquecer que não apenas desenvolvemos homens de gênio em todos os ramos da vida prática, mas muitos de nós tiveram nosso equilíbrio coroado por aquela suprema glória da humanidade, a realização de nossa identidade com o grande e sagrado Dào.”


Com isso, ele reservara nada menos que trezentos e sessenta e cinco dias por ano, e um dia extra a cada quatro anos, como dias de júbilo especial.


[1] «“O Caminho do Céu”.»

[2] «De acordo com um dicionário, também pode significar vulgaridade»

[3] «Yoshiwara era um famoso distrito vermelho japonês, que ficava na região da atual Tóquio. Foi criado com o objetivo de distrair a população e evitar que se envolvessem em intrigas políticas. Muitas prostitutas e prostitutos eram vendidos pelas suas próprias famílias ainda jovens, e passavam o resto de suas vidas tentando quitar a dívida ou se casar com uma pessoa poderosa que pudesse pagar por sua liberdade.»

[4] «James Keir Hardie (1856-1915), um político escocês que foi um dos responsáveis pela fundação do Partido Trabalhista do Reino Unido.»

[5] «De acordo com um dicionário, também pode significar: independência, soberania, autonomia.»

[6] «Atual Wēihǎi, é uma cidade no leste da China, na província de Shāndōng.»

[7] «Este é um quadrado mágico do capítulo XXV da terceira parte do Livro da Magia Sagrada de Abramelin o Mago. O capítulo dá quadrados para “Caminhar sobre a Água e operar debaixo da Água”. Este quadrado de Nahariama (“um rio de águas”) tem o poder de “nadar por 24 horas sem se cansar”.»

[8] «Capitão Matthew Webb (1848-1883) foi a primeiro pessoa a atravessar o canal inglês a nado, sem meios artificiais»

[9] «Félicien Victor Joseph Rops (1833-1898), ilustrador belga.»

[10] «No original há uma piada de beri-beri (beribéri) com beri-beried (beried = sepultado).»

[11] «Título de poderosos senhores feudais japoneses que governavam vastos territórios»

[12] «Prostituto.»

[13] «Talvez o trocadilho seja com Juji Nakada (1870–1939), um evangelista cristão japonês.»

[14] «De acordo com um dicionário, também pode significar: qualidade, manifestação do assunto ou questão.»

[15] «Latim para “ser”»

[16] «Robert Green Ingersoll (1833-1899), conhecido como “O Grande Agnóstico”, famoso por ridicularizar as crenças religiosas e promover o pensamento livre e o humanismo»

[17] «Ṣalāḥ ad-Dīn Yūsuf ibn Ayyūb (1137-1193), foi o primeiro sultão do Egito e da Síria, e liderou a campanha militar dos muçulmanos contra as crusadas cristãs»

[18] «De acordo com um dicionário, também pode significar confiança ou confiar em algo»

[19] «Um ritual de suicídio japonês, as vezes cometido quando a pessoa sentia que havia perdido a honra.»

[20] «Arthur Schopenhauer (1788-1860), filósofo alemão»

[21] «Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900), filósofo alemão.»

[22] «Título do Imperador do Japão.»

[23] «A descrição de um templo maçônico.»


Thelema - A Missa da Fênix


Publicação da A∴A∴ em Classe D


[Atenção: este é um ritual religioso que foi originalmente publicado em 1913 no contexto de um sistema de uma ordem iniciática. Nós somos expressamente contra a prática de automutilação, e sugerimos que seja utilizada uma ferramenta sem fio e que o ferimento seja mera figura de linguagem.]


O Magista, com o peito nu, fica diante de um altar sobre o qual estão seu Buril, Sino, Turíbulo e dois dos Bolos de Luz. Ele alcança o oeste além do Altar com o Sinal do Entrante, e exclama:


Salve Rá, que em tua barca navegas

Para dentro das Escuras cavernas!


Ele dá o sinal de Silêncio, e pega o Sino, e Fogo, em suas mãos.


Ao leste do Altar, estou de prontidão,

Com luz e músicka em minha mão!


Ele bate o Sino Onze vezes 3 3 3 — 5 5 5 5 5 — 3 3 3 e coloca o Fogo no Turíbulo.


O Sino toco, o Turíbulo inflamo

E o misterioso Nome chamo.


ABRAHADABRA


Ele bate o Sino Onze vezes.


Agora eu começo a rezar: Tu Criança,

Santo e imaculado é Teu nome!

Teu reino é vindo: a Tua vontade realizada.

Aqui está o Sangue; aqui está o Pão

Pela meia noite até o Sol me traga!

Me salva do Bem e do Mal!

Que Tua coroa una de todas as Dez

Mesmo aqui e agora seja minha. AMÉM.


Ele coloca o primeiro Bolo no Fogo do Turíbulo.


Enquanto este Bolo-Incenso o fogo consome,

Ouve estas adorações de Teu nome.


Ele as faz como em Liber Legis, e bate o Sino novamente Onze vezes. Então ele faz o sinal apropriado com o Buril sobre seu peito.


Vê como sangra a ferida em meu peito

Pelo sinal sacramental que foi feito!


Ele coloca o segundo Bolo na ferida.


Estanco o Sangue que a hóstia toca

Enquanto o alto sacerdote invoca!


Ele come o segundo Bolo.


Presto o Juramento e como este Pão,

Enquanto eu me inflamo em oração:

“Nenhuma culpa ou graça esperes:

Esta é a Lei: FAZE O QUE TU QUERES!”


Ele bate o Sino Onze vezes, e exclama


ABRAHADABRA.


Entrei com pesar; agora deixo

      Com benção e regozijo,

Para tomar meu deleite,

      Entre os que estão vivos.


Ele segue em frente.


Comentário (ΜΔ)

Este é o número especial de Hórus; é o sangue hebraico, e a multiplicação de 4 por 11, o número da Magick, explica 4 em seu melhor sentido. Mas consulte especificamente os relatos das circunstâncias do Equinócio dos Deuses no Equinox I, vii.


A palavra “Fênix” pode ser considerada como incluindo a ideia de “Pelicano”, um pássaro que nas fábulas alimenta seus jovens com o sangue de seu próprio peito. No entanto as duas ideias, embora cognatas, não são idênticas, e “Fênix” é o símbolo mais preciso.


Este capítulo é explicado no Capítulo 62.


Seria impróprio comentar mais sobre um ritual que foi aceito como oficial pela A∴A∴.


Thelema - Liber XXXVI – A Safira Estrela


Publicação da A∴A∴ em Classe D


Que o Adepto esteja armado com sua Cruz Mágicka [e provido de sua Rosa Mística].


No centro, que ele dê os sinais de L.V.X.; ou se ele os conhecer, se ele quiser e ousar fazê-los, e puder manter-se silente quanto a eles, os sinais de N.O.X. sendo os sinais de Puer, Vir, Puella, Mulier. Omita o sinal de I. R.


Então que ele avance para o Leste, e faça o Hexagrama Santo, dizendo: Pater et Mater unus deus Ararita.


Que ele dê a volta até o Sul, faça o Hexagrama Santo, e diga: Mater et Filius unus deus Ararita.


Que ele dê a volta até o Oeste, faça o Hexagrama Santo, e diga: Filius et Filia unus deus Ararita.


Que ele dê a volta até o Norte, faça o Hexagrama Santo, e então diga: Filia et Pater unus deus Ararita.


Então que ele retorne ao Centro, e assim para O Centro de Tudo (fazendo a Rosa Cruz conforme ele pode saber como) dizendo: Ararita Ararita Ararita.


(Nisto os Sinais serão aqueles de Set Triunfante e de Baphomet. Também aparecerá Set no Círculo. Que ele beba do Sacramento e que ele transmita o mesmo.)


Então que ele diga: Omnia in Duos: Duo in Unum: Unus in Nihil: Haec nec Quatuor nec Omnia nec Duo nec Unus nec Nihil Sunt.


Gloria Patri et Matri et Filio et Filiæ et Spiritui Sancto externo et Spiritui Sancto interno ut erat est erit in saecula Saeculoum sex in uno per nomen Septem in uno Ararita.


Então que ele repita os sinais de L.V.X., mas não os sinais de N.O.X.: pois não é ele que se erguerá no Sinal de Ísis Regozijando.


Comentário (ΛΣ)

O Safira Estrela corresponde ao Rubi Estrela do Capítulo 25; 36 sendo o quadrado de 6, como 25 é de 5.


Este capítulo dá o verdadeiro e perfeito Ritual do Hexagrama.


Seria impróprio comentar mais sobre um ritual oficial da A∴A∴.

Thelema - Um Relato da A∴A∴


Um Relato da A∴A∴[1]

Primeiramente Escrito na Linguagem de sua Época pelo


Conselheiro Von Eckartshausen[2]


e Agora Revisado e Reescrito na Cifra Universal


sub figūrā XXXIII[3]


Publicação da A∴A∴ em Classe C


É necessário, meus queridos irmãos, dar-lhes uma ideia clara da Ordem interior; daquela comunidade iluminada que está espalhada por todo o mundo, mas que é governada por uma verdade e unida em um espírito.


Essa comunidade possui uma Escola, na qual todos os que têm sede de conhecimento são instruídos pelo próprio Espírito da Sabedoria; e todos os mistérios da natureza são preservados nesta escola para os filhos da luz. O conhecimento perfeito da natureza e da humanidade é ensinado nesta escola. É dela que todas as verdades penetram no mundo; ela é a escola de todos os que buscam a sabedoria, e é só nessa comunidade que a verdade e a explicação de todos os mistérios são encontradas. É a mais oculta das comunidades, contudo contém membros de muitos círculos; nem existe qualquer Centro de Pensamento cuja atividade não seja devido à presença de um de nós mesmos. Desde sempre houve uma escola exterior baseada na interior, da qual ela é apenas a expressão externa. Desde sempre, portanto, houve uma assembleia oculta, uma sociedade dos Eleitos, daqueles que buscaram e tiveram capacidade para a luz, e essa sociedade interior era o Eixo da R.O.T.A. Tudo o que qualquer ordem externa possui em símbolo, cerimônia ou rito é a letra externamente expressa daquele espírito da verdade que habita no Santuário interior. Tampouco é a contradição da exterior qualquer barreira à harmonia da interior.


Por isso esse Santuário, composto por membros amplamente dispersos mas unidos pelos laços do amor perfeito, se ocupa desde os primeiros tempos em construir o grande Templo (através da evolução da humanidade) pelo qual o reino da L.V.X. se manifestará. Essa sociedade está na comunhão daqueles que têm maior capacidade para a luz; eles estão unidos em verdade, e o seu Chefe é a própria Luz do Mundo, V.V.V.V.V., o Ungido na Luz, o único professor para a raça humana, o Caminho, a Verdade e a Vida.


A Ordem interior foi formada imediatamente após a primeira percepção da herança mais ampla do homem ter surgido sobre o primeiro dos adeptos; ela recebeu dos Mestres em primeira mão a revelação dos meios pelos quais a humanidade poderia ser elevada aos seus direitos e libertada de sua miséria. Ela recebeu a carga primitiva de toda revelação e mistério; recebeu a chave da ciência verdadeira, tanto divina quanto natural.


Mas conforme os homens se multiplicavam, a fragilidade do homem exigiu uma sociedade exterior que velasse a interior e ocultasse o espírito e a verdade na letra, porque muitas pessoas não eram capazes de compreender a grande verdade interior. Portanto, as verdades interiores foram envoltas em cerimônias externas e perceptíveis, de modo que os homens, pela percepção da exterior, que é o símbolo da interior, pudessem gradualmente se tornar aptos a se aproximar das verdades espirituais interiores com segurança.


Mas a verdade interior sempre foi confiada a aquele que em seu dia teve a maior capacidade para a iluminação, e ele se tornou o único guardião do Encargo original, como Sumo Sacerdote do Santuário.


Quando se tornou necessário que as verdades interiores fossem envoltas em cerimônia e símbolo exteriores, devido à verdadeira fraqueza dos homens que não eram capazes de ouvir a Luz da Luz, começou o culto exterior. No entanto, era sempre o tipo ou símbolo do interior, ou seja, o símbolo do Sacramento verdadeiro e Secreto.


O culto externo nunca teria sido separado da revelação interior senão pela fraqueza do homem, que tende muito facilmente a esquecer o espírito na letra; mas os Mestres estão atentos ao notar em todas as nações aqueles que são capazes de receber luz, e essas pessoas são empregadas como agentes para espalhar a luz de acordo com a capacidade do homem e para revivificar a letra morta.


Por intermédio desses instrumentos, as verdades interiores do Santuário foram levadas a todas as nações e modificadas simbolicamente de acordo com seus costumes, capacidade de instrução, clima e receptividade. De modo que as formas externas de toda religião, culto, cerimônias e Livros Sagrados em geral tenham mais ou menos claramente, como seu objetivo de instrução, as verdades interiores do Santuário pelas quais o homem será conduzido ao conhecimento universal da Verdade Absoluta única.


Quanto mais o culto externo de um povo permaneceu unido com o espírito da verdade esotérica, mais pura é a sua religião; mas quanto maior é a diferença entre a letra simbólica e a verdade invisível, mais imperfeita tornou-se a religião. Por fim, pode ser que a forma externa tenha se separado completamente da sua verdade interior, restando somente observações cerimoniais sem alma ou vida.


No meio de tudo isso, a verdade repousa inviolável no Santuário interno.


Fiel ao espírito da verdade, os membros da Ordem interior vivem em silêncio, mas em verdadeira atividade.


No entanto, além do seu santo trabalho secreto, de tempos em tempos eles optaram por ação estratégica política.


Assim, quando a Terra foi quase totalmente corrompida por causa da Grande Feitiçaria, os Irmãos enviaram Maomé para trazer a liberdade à humanidade pela espada.


Tendo sido o sucesso apenas parcial, eles levantaram um Lutero para ensinar a liberdade de pensamento. No entanto, essa liberdade logo se transformou em uma escravidão mais pesada do que antes.


Então os Irmãos entregaram ao homem o conhecimento da natureza, e as suas chaves; contudo, isso também foi impedido pela Grande Feitiçaria.


Agora, finalmente, de maneiras anônimas, como um dos nossos Irmãos têm agora em mente declarar, eles trouxeram Alguém para entregar aos homens as chaves do Conhecimento Espiritual, e por Sua obra Ele será julgado.


Esta comunidade interior de luz é a reunião de todos aqueles capazes de receber luz, e é conhecida como a Comunhão dos Santos, o receptáculo primitivo de toda força e verdade confiadas a ela desde o princípio dos tempos.


Por meio dela, agentes da L.V.X. foram formados em todas as épocas, passando da interior para a exterior, e comunicando o espírito e a vida à letra morta, como já foi dito.


Esta comunidade iluminada é a verdadeira escola de L.V.X.; tem sua Presidência, seus Doutores; possui uma regra para estudantes; tem formas e objetos de estudo.


Também tem graus para o desenvolvimento sucessivo para altitudes mais elevadas.


Esta escola de sabedoria foi sempre escondida o mais secretamente do mundo, porque é invisível e submissa unicamente a governo iluminado.


Nunca foi exposta aos acidentes do tempo e à fraqueza do homem, porque apenas os mais aptos foram escolhidos para ela, e aqueles que selecionaram não cometeram nenhum erro.


Através desta escola foram desenvolvidos os gérmens de todas as ciências sublimes, as quais foram recebidas primeiramente pelas escolas externas, então vestidas em outras formas e, portanto, degeneradas.


De acordo com o tempo e as circunstâncias, a sociedade dos sábios comunicou às sociedades exteriores seus hieróglifos simbólicos a fim de atrair o homem às grandes verdades de seu Santuário.


Mas todas as sociedades exteriores subsistem somente em virtude da interior. Assim que as sociedades externas desejam transformar um templo da sabedoria em um edifício político, a sociedade interior se retira e deixa apenas a letra sem o espírito. É assim que as sociedades secretas externas de sabedoria não passaram de telas hieroglíficas, a verdade permanecendo inviolável no Santuário para que nunca seja profanada.


Nesta sociedade interior, o homem encontra a sabedoria e com ela Tudo – não a sabedoria deste mundo, que é apenas conhecimento científico que gira em torno do exterior mas nunca toca o centro (no qual está contida toda a força), mas a verdadeira sabedoria, compreensão e conhecimento, reflexos da iluminação suprema.


Todas as disputas, todas as controvérsias, todas as coisas pertencentes aos falsos cuidados deste mundo, discussões infrutíferas, gérmens inúteis de opiniões que espalham as sementes de desunião, todos os erros, cismas e sistemas são banidos. Nem a calúnia e nem o escândalo são conhecidos. Todo homem é honrado. Só o amor reina.


No entanto, não devemos imaginar que esta sociedade se assemelha a qualquer sociedade secreta, reunida em determinados momentos, escolhendo líderes e membros unidos por objetivos especiais. Todas as sociedades, sejam quais forem, podem buscar esse círculo iluminado interior. Esta sociedade não conhece nenhuma das formalidades que pertencem aos anéis externos, o trabalho do homem. Neste reino de poder cessam todas as formas externas.


L.V.X. é o Poder sempre presente. O maior homem de seu tempo, o próprio chefe, nem sempre conhece todos os membros, mas no momento em que é necessário que ele realize qualquer objetivo, ele com certeza os encontra de prontidão pelo mundo.


Esta comunidade não possui barreiras externas. Aquele que pode ser escolhido é como o primeiro; ele se apresenta aos outros sem presunção, e ele é recebido pelos outros sem ciúmes.


Se for necessário que os verdadeiros membros se encontrem juntos, eles se encontram e se reconhecem com perfeita certeza.


Nenhum disfarce pode ser usado, nem a hipocrisia nem a dissimulação podem esconder as qualidades características que distinguem os membros desta sociedade. Toda a ilusão desaparece, e as coisas aparecem em sua verdadeira forma.


Nenhum membro pode escolher outro; é necessária escolha unânime. Embora nem todos os homens sejam chamados, muitos dos chamados são escolhidos, e isso ocorre assim que se tornam aptos para a admissão.


Qualquer homem pode procurar a entrada, e qualquer homem que esteja dentro pode ensinar outro a procurá-la; mas só aquele que está apto pode chegar lá dentro.


Homens despreparados causam desordem na comunidade, e a desordem não é compatível com o Santuário. Assim, é impossível profanar o Santuário, uma vez que a admissão não é formal, mas real.


A inteligência mundana busca este Santuário em vão; infrutíferos também serão os esforços da malícia em penetrar esses grandes mistérios; tudo é indecifrável para aquele que não está maduro; ele não pode ver nada e nem ler nada no interior.


Aquele que está apto é ligado à corrente, talvez muitas vezes onde ele pensou menos provável, e em um ponto em que ele mesmo não sabia nada.


Tornar-se apto deve ser o único esforço daquele que procura sabedoria.


Mas há métodos pelos quais a aptidão é alcançada, pois nesta santa comunhão está o armazém primitivo da ciência mais antiga e original da raça humana, também com os mistérios primitivos de toda a ciência. É a única e realmente iluminada comunidade, que é absolutamente detentora da chave de todo mistério, que conhece o centro e a fonte de toda a natureza. É uma sociedade que une força superior à sua própria, e conta com membros de mais de um mundo. É a sociedade cujos membros formam a república do Gênio, a Mãe Regente do Mundo inteiro.


«Originalmente publicado nas páginas 4 a 13 do The Equinox Vol. I Nº 1, em março de 1909. Seu conteúdo é descrito como: “Um relato básico e sugestivo do trabalho da Ordem e sua relação com o homem médio.”» 


«Este texto é uma adaptação feita por Crowley de um trecho do livro A Nuvem Sobre o Santuário, de Karl von Eckartshausen, um filósofo e místico católico alemão.» 


«Sobre a catalogação sob o número 33, o autor afirma: “Este número é dado por motivos maçônicos.”»