quinta-feira, 1 de março de 2018

Elementares Artificiais


Vitalização de Bonecos Mágicos sob a Égide dos Mistérios Tifonianos

Existe uma secreta seita de Adeptos Tailandeses, membros de um culto cujo ritual, muito antigo, está conectado aos Mistérios que envolvem o Túnel de Niantiel no Lado Negro da Árvore da Vida. Os Mistérios que envolvem este Túnel estão conectados ao Mystère du Zombeeisme e a produção de um espírito familiar ou elementar artificial, uma entidade altamente inteligente, embora autômata, combinando a vivacidade e plasticidade da consciência astral com as qualidades mágicas do próprio Adepto. É literalmente uma criança dos mortos, dotada de poderes mágicos e com todas as faculdades humanas, exceto a Vontade. Nas operações que envolvem este Túnel, a forma-divina assumida pelo Adepto no momento da morte ou «orgasmo» determina a forma, humana ou animal, do espírito familiar.1

Eu visitei o santuário desta seita, escondido no subsolo, logo abaixo de um alto centro comercial. Neste rito, ao qual fui convidado a participar, os integrantes utilizavam uma fórmula mágica muito familiar aos Adeptos do Soberano Santuário da O.T.O. realizada de maneira muito peculiar neste culto para despertar a Serpente de Fogo. Os hebreus representavam esta fórmula pela letra Pe. O simbolismo desta letra em conjunção com a fórmula mágica aparecerá no devido curso.

Um gongo, curiosamente confeccionado, era batido continuamente produzindo crescentes ondas sobre ondas que entorpeciam o sistema aural, não pela virtude de seu volume, mas por certa qualidade insidiosa de vibrações suprassônicas que penetravam os níveis mais profundos de consciência. Isto resultava na indução do transe na sacerdotisa engajada no rito. Ela estava sentada em um trono esculpido na forma de um réptil marinho que a elevava acima dos mares sombrios do som, onde se escondiam as sombras dos teratomas Tifonianos.

A dinâmica sexual do rito seguia o padrão do VIII° O.T.O.,2 mas com a técnica adicional do controle onírico operado pelo sacerdote eleito para servir à Missa da Deusa.3 O trono fora construído para que no momento em que os fluídos vitais fossem liberados, a sacerdotisa estivesse arqueada sobre o sacerdote, facilitando a prática do cunilíncuos em sua forma oral do viparita maithuna. O batido do gongo que correspondia à vibração que invoca o Guardião do Túnel,4 fora decisivo em determinar a natureza das visões sucedidas e outras experiências mágicas. A sacerdotisa vê, claro como um copo d’água, uma inteira extensão do túnel e suas redes adjacentes. As convoluções do cérebro humano são iluminadas pela consciência mágica. Além disto, ela têm, pela virtude do êxtase gerado pela lambida das duas línguas,5 o poder de comandar qualquer espírito familiar ou elementar artificial para a reificação do desejo, i.e. a Verdadeira Vontade.

O homem que chamou minha atenção para existência deste culto fora Lokasaksi Dasa,6um iniciado nos Mistérios Tântricos do Sul da Índia. Ele me convenceu que o gongo fora fabricado sob condições especiais afim de que o som por ele emitido tivesse efeitos poderosos na constituição astral do corpo de luz dos Adeptos que o utilizassem.

Para ser realizada com precisão, esta fórmula mágica precisa ser executada por Adeptos treinados na arte do controle onírico. Esta fórmula exige o completo controle do que chamamos de sonho-diurno. Controle efetivo requer que o iniciado-sonhador esteja desperto. Isso se aplica ao sono bem como ao estado de vigília. Para um Adepto Onírico, é perfeitamente possível estar alerta em seus sonhos assim como no estado de vigília.Este estado pode ser facilmente experienciado pela indução de sonhos lúcidos ou pela formulação da auto-hipnose pelo uso de espelhos, luzes, cristais refletores, strobes, e etc. O importante é que de qualquer maneira, a Vontade se manifestará, cedo ou tarde.

É essencial ao iniciado-sonhador forjar mecanismos que dissipem a intrusão de elementos negativos e desruptores que se encontram no cotidiano da vida comum – que é senão uma outra forma de sonho, o caminhar-onírico – e se concentre nos pensamentos consoantes com o desejo vital, i.e. a Verdadeira Vontade. Cada pensamento negativo que se precipita no espelho da mente é um sinal de perda e um aborto da materialização do desejo. Pensamentos negativos devem ser liquidados, eles são vampiros que se alimentam de substâncias mentais. A Vontade deve ser cravada no espelho da mente na determinação de permitir apenas pensamentos positivos, criativos e luminosos pela projeção de sua própria Vontade de Luz.

Pensamentos se reificam na matéria a partir do momento em que aparecem intensamente e continuamente no sonho-diurno. Dessa maneira, eles começam a aparecer no sono com sonhos. A partir daí é uma questão de tempo, dependendo da urgência da Vontade, para que se reifiquem no estado de vigília. A maneira mais efetiva para se direcionar os pensamentos projetando-os nos sonhos é imbuí-los com a energia do desejo, assim a Vontade e o Desejo se tornam um, e o sucesso é rapidamente conquistado. Para tal, este método envolve todo o ser e a exsudação da vitalidade globular do sêmen que encarna a perfeita imagem da Vontade ou personalidade mágica – o elementar artificial – como a imagem anã refletida em um cristal, clara em cada detalhe. Este magista em miniatura, este boneco mágico, é a personalidade ou a máscara assumida pela sexualidade, a base da existência humana.7

Esta fórmula envolve a embebeção da vitalidade globular seminal. Dominando a projeção da Vontade para fora, o magista pode criar elementares artificiais na intenção de reificar, no estado de vigília, a materialização de seu desejo. Um espírito familiar criado a partir desta técnica é bem mais estável e penetrante em sua ação, pois é criado a partir de um desejo carregado com a força da Verdadeira Vontade. Com o conhecimento dos métodos de criação destas entidades, o magista passa a ter uma chave poderosa em suas mãos, com a qual ele poderá alcançar tudo o que quiser nos planos espiritual e material. Nas mãos do magista hábil, os elementares são instrumentos obedientes que seguem fielmente a sua vontade e satisfazem quaisquer de seus desejos. Todas as suas necessidades mais positivas, mais criativas, mais luminosas e belas podem ser sanadas pela utilização do boneco mágico que em si é a Verdadeira Vontade na forma do anão-espiritual, magnetizado em gigantescas proporções pelas bolhas de vitalidade globular e repetido em miríades de glóbulos seminais vitalizados.8 Para tal, o magista formula conscientemente o boneco mágico e o projeta no espaço em sua cápsula de vitalidade. O lançamento deve ser energizado com precisão em sua contraparte material, pois ele é designado a deixar a terra – i.e. o estado de vigília – e penetrar conscientemente nos aethyrs do espaço interior, lócus povoados não por raças alienígenas, mas pelos desejos mais íntimos dos homens na forma de manifestações alienígenas. Eles se comunicam por línguas estranhas e o homem tem de empregar a utilização de sigilos para comandá-los a realizarem seus desejos. Por este e similares meios o homem aprenderá a controlar seus sonhos afim de reificá-los no estado de vigília.9



Os bonecos mágicos ou anões-sonhadores são idênticos aos pequenos homenzinhos dos contos de fadas do folclore popular que eram projeções dos Magos medievais buscando realizar a Grande Obra, i.e. a interpretação e exploração dos aethyrs. Atualmente, estes pequenos homenzinhos verdes do folclore popular apareceram em conexão com o fenômeno da assim chamada Ufologia. Através do estudo de autores como Keel, Vallée, Tansley, Sitchin e outros, ótimos exemplos sobre esta «nova» mitologia, complexa e fantástica como qualquer outra dos tempos antigos, podem ser encontrados. O fato das pessoas não conseguirem ver estas criaturas sugere que elas existem profundamente nos níveis subjetivos de consciência. Mas isto não significa que elas não sejam «reais» como as entidades que ocupam o espaço mundano na legião dos vivos, o estado de vigília familiar a todo ser humano. Para vê-los, um tipo especial de percepção é requerido para que sejam registrados e mapeados. O não-iniciado pode não vê-los, mas alguns poucos podem senti-los. Como não detêm o conhecimento de causa necessário, eles descrevem suas experiências com estas criaturas influenciados pelo linguajar dos contos do folclore popular. Alguns descrevem experiências sobre tráfico com entidades diabólicas, incluindo o diabo em pessoa. Inúmeras pessoas nos mais remotos centros religiosos testemunham a possessão física por demônios, relatam encontros eróticos com o diabo, e o intercurso sexual com íncubos e súcubos. O fato real por detrás destes relatos não é difícil de se ver. O transe sexual é a base de certo tipo de pericorese10 que ocorre quando outros mundos, outras dimensões, interpenetram-se umas com as outras, causando uma disrupção na consciência que experiencia este fenômeno.

Esta forma de magia envolve a utilização da boca e da língua,11 os dois olhos do estado de vigília e seu complementar olho onírico, i.e. o terceiro olho na anatomia oculta do homem conhecido no sistema hindu de cakras como o ājñā-cakra. A boca é dual assim como o útero da Mãe e o pronunciamento da Palavra «logos» do Pai. Sua fusão engendra a criança mágica «a Filha, que representa a reificação do Nada» na forma particular desejada pelo magista.12 Nós voltaremos a esta tese no devido curso.

Os mecanismos deste rito de transubstanciação são relativamente simples. A Mulher Escarlate escolhida para o papel da sacerdotisa deve ser uma adepta do controle onírico em ambos os olhos – aquele que recebe a Palavra e aquele que dá nascimento a Palavra pela transmissão ou transporte dela do mundo onírico para o círculo mundano do tempo, i.e., o estado de vigília. No momento do congresso sexual, o sacerdote-magista deve concentrar intensamente sua Vontade dirigida na região do ājñā da sacerdotisa (o secreto terceiro olho), fazendo com que ocorra uma visão paralela, i.e. para sacerdotisa, ele olha simultaneamente em ambos os olhos.13 A sacerdotisa é induzida a um transe hipnótico pelo prolongamento da fixação da visão até que ocorra uma sensação de sonolência. O sigilo produzido que incorpora o resultado do rito é então visualizado eimpresso sobre o ājñā-cakra da sacerdotisa. Assim que a hipnose profunda é alcançada, o sigilo deve ser projetado para baixo enquanto o sacerdote visualiza-o descendo até a região de Daäth, o centro da região laríngea que é o Lócus da Palavra. Neste estágio do rito a sacerdotisa se torna oracular, e qualquer palavra proferida por ela enquanto estiver em seu sono mágico deve ser anotada pelo magista ou seu escriba.14 O sacerdote segue com o beijo na sacerdotisa: ele suga para baixo o sigilo desde Daäth pelo vórtice do vazio representado pela vulva da sacerdotisa. A visualização desta descida deve ser acompanhada pela excitação do Secreto Olho de Seth pelos mecanismos do VIII° O.T.O.15 Como os dois olhos da sacerdotisa se fecham no sono mágico, os secretos Olhos de Seth e Horus despertam, e a sacerdotisa «vê» – refletido nas profundezas do vórtice do ājñā – o sinal vívido e luminoso descendo para dentro Abismo. Ele passa pelos Pilonos do Inferno em sua jornada para sua final reificação na matéria. O sonho se torna verdadeiro e o sonhador desperta assim como o falo do sacerdote ascende e flui no vácuo criado pelo sigilo que desce.
Existem inúmeras variações deste rito praticadas na O.T.O., mas em todo o caso, o sucesso depende do poder do controle onírico. O tipo de sacerdotisa mais suscetível a este rito é aquela de natureza aquática ou terrestre; nunca uma sacerdotisa do tipo ígnea ou aérea, pois estas são hostis à reificação.

Quando a prática deste rito for requerida, conforme aqui descrito, ele deve ser realizado quando a lua estiver cheia. Neste caso, a «lua» da sacerdotisa também deve estar «cheia», i.e. sua vazão menstrual deve coincidir com a lua cheia astronômica. Em outras palavras, a lua deve estar cheia tanto no macro quanto no microcosmo. Quando a Mulher Escarlate escolhida para o ofício de Babalon adquire este controle sobre seu fluxo menstrual, grande força e poder é adicionado ao rito.

Nos Mistérios antigos, a boca era de grande importância nos ritos de reificação. Assim como a letra Pe «85»,16 ela inclui a língua «ou clitóris» e os dentes, símbolos do Espírito «como o tridente de Seth». 85 é o número da palavra grega endeka, que significa «onze». Este é o número de Nuit e dos Qliphoth com seus túneis ou bocas através dos quais a matéria é sugada para dentro do espaço interno. Mas acima de tudo, a boca é o supremo símbolo de Maät, pois pela mesma boca «ipsos» que pronuncia a Palavra, a Palavra é completamente absorvida. A Torre Maldita é o nome do Trunfo no Tarot que se atribui a letra Pe «boca». A identidade entre as duas bocas, útero e meato, é implícita. A boca e o mito são um quando eles se encontram no símbolo da Verdade e da Verdadeira Palavra expressada por Maät ou Mut, a Mãe-Abutre. Os mitos antigos eram transmitidos pela palavra proferida pela boca antes que a escrita fosse inventada. Posteriormente, os antigos relatos se transformaram em lenda, a versão escrita das antigas verdades proferidas.

Havia duas verdades primordiais reveladas pelos sacerdotes: Maät ou Boca Aquática, a fonte feminina, e Maät ou Boca Aérea, o inspirador espírito masculino – o agente reificador e o espírito vivente. Nos mais antigos mistérios conhecidos pelo homem, ambas às verdades eram representadas como femininas. Maät ou a Mãe de Sangue sendo a matriz primordial de todas as coisas. Ela fora identificada como Isis. Sua irmã, Neftis, era a que nutria, a úmida alimentadora da Palavra «mito» feita carne. Assim, a boca como fonte da Palavra era sinônima do mito ou Verdade, i.e. Realidade. A boca era a fonte de todas as coisas como a Mãe, pois somente ela era capaz de reificar a forma na matéria. Portanto, os primeiros mitos eram concernentes com este primordial e fisiológico aspecto da Verdade «Maät».

Um dos símbolos de Maät era a mariposa, aquela que em seu voo noturno a procura de luz é consumida pelo objeto de sua busca. A mariposa como a devoradora noturna é idêntica à força vampírica simbolizada pelo abutre (Mut ou Maut). O devorador noturno é o devorador dos mortos nas criptas que continham as múmias, a imagem da luz nas trevas e do espírito reascendido. A mariposa e o abutre se conectam no Culto de Maätcomo símbolos cognatos. Contudo, a importância mágica da noturna boca voadora sugando a flama jaz na conexão com a fórmula mágica associada com o culto dos mortos nos reinos do Amenta. Este culto de necromantes deu nascimento ao míticoNecronomicon. Este é o livro dos devoradores de nomes «ou palavras» das múmias noAmenta. Esta força necrofágica também aparece nos Tantras sob certos cultos dedicados a Kālī. O Necronomicon não existe como um livro no sentido mundano da palavra, mas existe no estado onírico e está à disposição daqueles que são capazes de penetrar o Véu do Abismo e deslacrar os selos qliphóticos que o guardam. Crowley incorporou um fragmento deste livro em seu Liber CCXXXI,17 e Blavatsky, antes dele, incorporou muito de seus conceitos no seu misterioso Livro dos Dzyan que forma a base de sua Doutrina Secreta. O Necronomicon é um livro mítico, mas também é um Grimórioescrito em sigilos oníricos, muitos deles sendo canalizados por inúmeros adeptos da atualidade, pois este sigilos comportam os Mistérios de Maät, portanto, da Mãe. Os antigos expressaram estes Mistérios pela palavra da boca eras atrás na forma dos mitos do Culto a Mãe.

O Culto de Maät é também o Culto do Louco do Tarot cujo número é nada. «Ele» é a Virgem Inocente, adormecida, símbolo da sacerdotisa em seu sono mágico, impregnada pelas visões e pelos ecos que reverberam em outras dimensões. Estas visões e sons são a forma «yantras» e as palavras «mantras» da Deusa Maät. Atualmente, eles se manifestam também através do Culto Chinês da Mariposa, a borboleta18 noturna que é consumida pela luz19 da noite. Este simbolismo é completamente obscuro àqueles que não estão familiarizados com a natureza deste Culto. Mas aqui é anunciada sua doutrina central. A boca, a mãe, a matéria, a matriz do Espírito, Luz ou Lux é equivalente a Maut, cujo totem – o abutre – vive sobre os mortos e com o Louco cuja cifra é 0, Nada, Nuit, Nox, a Deusa do Espaço Infinito. Existe aqui uma oculta ligação entre os conceitos de Mariposa-Mãe-Mito-Boca-Maät-Maut-Louco-Nada-Noite-Nox, e a deusa do Espaço cuja cifra é 0. Na Qabalah Thelêmica, que é baseada sobre uma equação chinesa, (+1) + (-1) = 0, Nada, equaciona Dois.20

Dois é o número de Beth «b» – ou ambos os gêmeos Seth-Horus – que se resolve em nada via o processo de projeção e recolhimento exemplificado pela fórmula do Macaco Divino energizada pela magia do IX° O.T.O.

O procedimento se parece com o modo de congresso sexual conhecido em linguagem vulgar como soixante-neuf. O 6 e o 9 indicam o sol e a lua, e no soixante-neuf eles aparecem como energias masculina e feminina em perfeito equilíbrio de polaridade eletromagnética. A boca é o instrumento desta magia: a lua (fêmea) absorve a semente do sol «macho» assim como o sol é absorvido pelo mel da fêmea. No Rito de Ipsos21este eflúvio é carregado com as vibrações da corrente lunar vermelha (couleuvre rouge). A sacerdotisa é energizada e excitada não apenas pela língua e pelo falo do sacerdote, mas também pela sutil presença do sigilo que é projetado no ain por meio de «seu» ājñā-cakra. Este sigilo é o útero da palavra «Daäth» refletida no espaço via sua projeção do centro laríngeo «viśuddha-cakra» – que possui 16 pétalas e que concentra a essência dos 16 kālas.22

A boca que pronuncia a palavra é, portanto, idêntica à boca que recebe a semente e a transforma em carne. A boca e o útero são glifos mágicos da Mulher Escarlate, e é significante que o número de Ipsos, 696, somado ou fundido com a Corrente 93, totaliza 789,23 o número de Tanith, o Dragão das Profundezas que é a forma primordial de Babalon.24

As considerações acima demonstram que a verdadeira natureza de Maät jaz no âmago da Corrente Tifoniana como manifestada por Babalon, a prostituta cuja natureza é dar si mesma a todos os comedores. Enquanto ela é quem oferece a vida, também é quem comercializa a morte. Neste sentido, Daäth e Morte são um.25 O Rito da Mulher Escarlateé implicado pelo Rito de Maät, que envolve a boca e o olho.26 Este é o reflexo em Daäth«o lócus da Palavra Mágica» do Mistério de Seth, cuja boca e olho são um assim como o Portal da Morte, ou do passado, i.e. aquele que é excretado ou jogado fora como a serpente o faz com sua pele a noite.27

A Serpente ou Corrente Ofidiana é expressada como 93 – ágape, amor sexual ou amor sob vontade. Este é o número de Aiwaz, a Inteligência misteriosa que transmitiu as Chaves Mágicas do Aeon de Horus a Aleister Crowley. A Corrente 93 é emanada ou proferida pela A.’.A.’.,28 que é idêntica a Estrela de Seth, Sirius ou Sothis.29 Seth também é emanado pela mesma boca «Ipsos» do Aeon de Maät, cuja Palavra Mágica é 696. Sua identificação produz 789, como já foi demonstrado, o número da Mulher Escarlate que incorpora a Corrente 93 de acordo com a gnosis secreta da O.T.O. A A\A\ ou a Estrela de Prata de Seth é focada sobre a terra através de Aiwaz, quem transmitiu a Corrente 93desta Estrela para terra através do médium Aleister Crowley e outros Adeptos destaGnosis.30

O número da Corrente 789 compreende o VII°, o VIII° e o IX° O.T.O., e as respectivas afinidades destes degraus com a natureza Venusial, Mercurial e Lunar das vibrações indicadas por estes números. A soma do 7, 8 e 9 sendo 24, indica o Caminho do Dragão Aquático ou a Serpente Marinha, TNTh.31 Isto é simbolizado por aquele que se movimenta furtivamente nas águas, a língua na boca, o clitóris na vulva e, finalmente, o falo na vagina – o símbolo místico da Palavra vibrada no Vazio. O Caminho 24 na Árvore da Vida e o Túnel que se encontra sob ele são atribuídos ao Escorpião, o glifo astrológico da Mulher Escarlate. A fórmula mágica deste Túnel de Niantiel é a da mudança através da corrupção ou putrefação.32 Ela comporta determinadas técnicas mágicas necromanticas envolvendo o corpo astral e os kālas da sacerdotisa em transe. A profundidade de seu transe é efetivada por um processo conhecido nas Escolas Arcanas da Ásia como lambika-yoga, e a prática desta fórmula se culmina com um «elevado cunilíncuos», i.e. a ordenha do terceiro olho ou a sutil vagina da sacerdotisa. O símbolo místico deste processo é o morcego vampiro que se dependura de cabeça para baixo no sono de sua satisfação induzida por sua refeição. Este é o símbolo do caminho retrógrado que tipifica a inversão dos sentidos que conduz aos mais elevados estados de transe.

O papel da boca neste processo é de suma importância, pois ela é a fonte da Palavra;mas é a língua na boca, o badalo no sino, o falo na vagina que vibra a Palavra capacitando sua reificação na matéria ou carne.33 Daí a mágica significação do sino e do trovão nas versões tibetanas destes ritos de Kālī ou da Mulher Escarlate. Note que 7 + 8 + 9 = 24 = o Caminho de Escorpião ou da Mulher Escarlate. O número 789 é, portanto, da mais alta significância na Qabalah de Thelema. Ele conecta o Aeon de Horus com o Aeon de Maät tornando possível à fusão de Horus e Seth34 em uma única imagem.

O zootipo de Sekhmet ou Śakti-Maät fora glifado no antigo Egito pela leoa. Ela era a deusa do fogo que tipificava o calor sexual, o licor causticante «sakh» e o prazer sexual presidido acima pela lua. Ela também fora simbolizada pela abelha cuja associação com o adocicado35 identifica Sekhet, Sekhmet, ou Sekh-Maät36 como a deusa do néctar lunar.

O transe da inebriação induzido pela embebeção do sakh conduz a visão da verdade37através da utilização da śakti «poder»; neste caso, o poder da magia sexual.

Os aeons de Seth-Horus e de Maät são simbolizados pela leoa Sekhmet que tipificava no Egito o calor da paixão sexual e o fogo da bebida forte. O produto da fermentação era certo tipo de kāla ou mel que se manifestava como perfect-aeon ou perfect-ion38 do Tempo (kāla), no apogeu do ciclo lunar cujo tempo a sacerdotisa secretaadocicadamente. Esta é a lua cheia, o néctar lunar que fora exaltado nos Mistérios pela celebração de ritos sexuais e orgias que engendravam os fluidos da imortalidade que constituíam o Elixir Vitae. O número 789, portanto, se refere às vibrações Venusianas, Mercuriais e Lunares em um rito tri-uno envolvendo a fórmula do VII°, VIII° e IX° O.T.O. Vênus é a adocicação; Mercúrio é a magia «particularmente a magia sexual»; e a Lua é a deusa em sua última e mais completa manifestação – o Ma-Ion ou Maät-Ion que é o perfect-ion.

Frater Achad corretamente identificou os dois aeons como o Aeon dos Gêmeos «Zain». Eles ocorrem concomitantemente e não possuem Palavra. Os gêmeos, Horus e Seth, cada qual com seu aeon ou ion «kāla», forma a perfeição de Maät. Isto é referido nas pesquisas registradas nas cartas ainda não publicadas de Frater Achad. Ele estava consciente do significado vital que possui o simbolismo da boca, e Crowley, antes dele, havia observado que a palavra «secret», que aparece no O Livro da Lei 22 vezes,39possivelmente referia-se não a vagos mistérios ocultos, mas a ideia de secreção, ou como os tântricos gostariam de expressar, os kālas que são conhecidos por serem a suprema fragrância, exsudação ou emanação da Deusa Kālikā.40 Crowley, contudo, permaneceu inconsciente que esta secreção era de fato o secreto ion ou aeon, o perfect-ion que Frater Achad diz ser o amalgama de Horus e Seth,41 os gêmeos taróticos referidos a letra Zain, o número 7, o número da Mãe cujo símbolo e manifestação eles são.

Este é o Aeon sem Palavra, o Aeon do Silêncio,42 o Ain. Este é o aeon da besta sem palavra tipificada pela Dupla Baqueta de Poder: IX + XI = XX, que no Tarot representa O Aeon. O número 9 «teth» e 11 «kaph»43 representam o Leão-Serpente44 invocado pela mão. O IX° e o XI° O.T.O. assim contêm o Mistério do Caminho Secreto.45 A perfeição é expressada pelo modo mágico deste Caminho, mas a adição do kāla da Deusa, i.e. o «K», altera um pouco o sentido no qual Crowley o expressa. A gnosis do, e a iniciação nosecret-ion, é pela peculiar entrada ou portal no Vazio «ain» cujo acesso é obtido pelo olho da filha «nia» mencionada no O Livro da Lei como Coph «ou Kaph» Nia. Este é o Mistério de Coph Nia em conexão com o Olho Esquerdo e o «Caminho» da Mão Esquerda. O olho esquerdo é o Olho de Seth, o olho «diabólico» que projeta as vibrações da corrente lunar ou noturna. A mão esquerda tipifica a «nutrição» primordial ou o útero que emite a negra emanação lunar. Os Caminhos da Mão Esquerda são os Túneis de Seth que se ramificam atrás ou abaixo da Árvore da Vida.46

Coph ou Koph significa a «filha».47 Ele é um nome de Prosérpine ou Perséfone, a deusa da destruição. Ela é chamada de Koph porque representa a «Filha Universal ou princípio secundário geral; pois embora propriamente a deusa de Destruição, ela é frequentemente distinguida pelo título Solteira, Preservadora, representada com ouvidos de milho sobre sua cabeça, como a deusa da Fertilidade. Ela era, na realidade, a personificação do calor ou fogo que deve impregnar a terra, que era tido como sendo de uma única vez a causa e o efeito da fertilidade e destruição, por ser de uma só vez a causa e o efeito da fermentação; da qual ambos procedem.»48 A segunda parte da palavra ou nome – Nia – é o ain «vazio» ao inverso, que identifica o olho ou útero da filha com o Ob ou Corrente Ofidiana. A «Força de Coph Nia»49 é, portanto, a Força do Olho Diabólico da Filha ou da Bruxa, pois a filha foi tipificada pela virgem primordial em contra-distinção da mãe geradora. A filha-bruxa indica, desta forma, a incursão de forças do Outro Lado da Árvore.

Assim como o Filho «sol» é a Frente da Árvore «como Ra-Hoor-Khuit», assim a Filha «lua» representa as Costas da Árvore «como Hoor-paar-Kraat». Ela é a culminação não somente da fórmula do Tetragrammaton, mas também do Aeon do Filho, Horus. Sua manifestação também manifesta o perfect-ion de Maät. Maät, portanto, é o Equilíbrio cujo símbolo é o Duplo Horizonte estilizado nos mitos astrológicos como o Signo das Escalas: ¶; visto que como Horus é Áries e o vivificante fogo da primavera, Maät é Libra e reifica o sangue do outono que é a colheita da lua. Ela é «a filha coberta-de-azul do Ocaso» assim como é a mãe da matéria; ela cujo nome significa literalmente a boca ou o útero de tudo o que existe.

É pela via de acesso que se dá através dos Túneis de Seth que sua existência pode ser completamente compreendida, pois assim como a existência – «existência externa» – pertence à frente da Árvore, assim a verdadeira existência – que é não-existência – é representada pelas costas, abaixo, ou à esquerda da Árvore, onde o olho secreto ou oculto é designado Coph Nia no O Livro da Lei.

Vários aspectos desta doutrina têm sido desenvolvidos desde os dias de Crowley. Frater Achad, quem declarou que o Aeon de Maät fora inaugurado em 2 de Abril de 1948, produziu, talvez, a melhor documentação sobre o assunto em suas correspondências secretas e abertas.50 Posteriores fases desta Iniciação Cósmica foram registradas por John e Cameron Parsons que receberam – como afirmavam – o quarto capítulo do O Livro da Lei.51 Fases posteriores desta Iniciação foram registradas por Soror Andahadna52 e Gary Straw em Liber Pennae Praenumbra53 e seu comentário oficial, bem como no The Book of Forgotten Ones,54 também canalizado por Andahadna, com os comentários do artista ocultista Allen Holub. Mas, em todo caso, os mais reveladores comentários estão contidos nas correspondências privadas conectadas com estas transmissões. Considero especialmente relevante os comentários de Andahadna sobre aMissa de Maät.55 Nestes comentários, o ponto principal gira em torno do simbolismo da letra Pe, que significa «boca», e o Atu do Tarot intitulado A Torre. A boca é aquela que profere e absorve a Palavra e também é o meio por onde se ergue a Torre formada pela fala monstruosa e estranha proferida por Pã,56 a Besta que é Shugal-Choronzon.57 A Torre, arruinada e derrubada pelo raio da Corrente Ofidiana, vomita seus nanicos ocupantes. Eles são entidades extraterrestres aprisionados na torre até o momento de seu lançamento – ou iniciação emergente – causado pela misteriosa explosão – nuclear? – que magicamente os evoca. Estas criaturas, que são de uma natureza qliphótica, estão permeando a atmosfera astral da terra, preparando o caminho para os habitantes deDaäth que fervilham além do Véu do Abismo. Eles aparecem para clarividentes e Ocultistas imersos em sonhos mágicos como as fantásticas formas vislumbradas pelos formuladores de fábulas; formas refletidas nos mais antigos mitos da criação.

Devido a um atraso temporal cósmico de grande ênfase notado por Crowley e Achad, estas entidades se encontram no presente emergido de seu sono astral, a existência onírica, para dentro do estado de vigília da consciência humana. Como tratá-las, como contatá-las efetivamente traçando mecanismos seguros de comunicação, é um dos problemas mais urgentes que a humanidade está agora encarando. A solução pode ser encontrada, talvez, na identidade da Torre como o Pilono de Babalon, a mágica serpente da luz astral conhecida aos antigos como Tanith. Como previamente demonstrado, seu número – 789 – compreende os números da Corrente Ofidiana do «amor sob vontade»58e de Ipsos, 696, a fórmula qabalística do Aeon de Maät. Assim, Maät e Daäth são gêmeos idênticos na Qabalah do Novo Aeon, onde a morte é realizada como o portal «babel» do Filho-Filha «Horus-Seth».

O Pilono de Maät é o último posto fronteiriço no deserto de Daäth além das formas fantásticas que se fundem a diabólica imagem dos Forgotten Ones que vivem além do limiar do sono. Suas formas estão em constante mutação nas sombras. Estas sombras podem ser energizadas e dimensionalizadas sob condições misteriosas em formas que iluminam com suas trevas o glorioso vazio além do sono «suśupti». É virtualmente impossível conceber a natureza destas formas – além dos círculos do tempo & espaço – aludindo-as como tremendas aglomerações de matéria «Maät» viventes além dos Pilonos de Daäth. Sax Rohmer em seu livro O Poder das Sombras sugere a expressão «grande Massa de Formas» demonstrando sua compreensão destes conceitos evocados, embora elas não sejam meras formas astrais como supôs Barret em seu livroMagus, a Milícia Celeste, mas gigantescas concentrações extraterrestres de consciência que flutuam como as nuvens vindas do exterior e inconcebível, das dimensões mais tênues que constituem o estrato iniciado da consciência humana.

O Pilono é a Boca «Pe» que pronuncia a Palavra que é Maät, a boca e a origem do mito do logos que jorra da torre «maldita» inseminando a terra com sua vitalidade. Como um Adepto de Maät expressa: «nós fomos plantados» aqui sobre a terra por inteligências alienígenas.