domingo, 8 de abril de 2018

Manifesto de Thelema


Texto de Frater IAO131 
Organização de Frater ON120 
Tradução de Frater 8

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei

THELEMA: A LEI DA LIBERDADE

É uma religião? Uma filosofia? Uma coleção de práticas místicas? Um sistema de ética pós-moderna? Decida por si mesmo... Existe religião em Thelema para aqueles que necessitam. Existe também liberdade de reli-gião em Thelema, para aqueles que necessitam.

O OBJETIVO DE THELEMA:

Auxiliar você a realizar a sua Verdadeira Vontade (a chispa divina mais íntima dentro de você que guia o seu propósito na vida). Nos seus próprios termos, no seu próprio e único jeito, curvando-se a ninguém no processo. Cada homem e cada mulher é uma estrela. Todo número é infinito; Não há diferença.

O homem mais perverso do mundo?

THELEMA foi criada por Aleister Crowley (1875-1947), um prolífico escritor e poeta, via-jante do arredor do mundo, montanhista, mestre em xadrez, místico, magista, um pioneiro nas drogas e um provocador social. Alguns de seus excessos foram devido a sua educação, mas ele também usou o choque de valores como uma ferramenta de ensinamento– para expressar que alguém não deveria viver a própria vida exclusivamente para satisfazer as expectativas dos outros. A própria vida de Crowley serve como um encorajamento e pre-caução para os Thelemitas modernos. Thelema é a manifestação e expansão moderna da antiga noção de Vontade. A pala-vra aparece na Bíblia em inúmeras passagens exemplificando a vontade divina, como no Pai Nosso: «Seja feita a Vossa Vontade (θέλημα), assim na terra como no céu» (MATHEUS 6:10). Para os Thelemitas a expressão principal dessa ideia é FAZ O QUE TU QUERES. Isso não é interpretado como uma licença para dar-se ao luxo de qualquer capricho, mas como o impulso divino para descobrir a sua própria Verdadeira Vontade ou propósito na vida e realiza-la.

O âmago metafísico e ético thelêmico é baseado em um pequeno livro escrito no Cai-ro, Egito, em 1904 por Aleister Crowley enquanto estava em lua de mel com sua esposa, Rose. Chamado LIBER AL VEL LEGIS ou O LIVRO DA LEI, foi eventualmente o estágio central no desenvolvimento de todo o sistema espiritual de Crowley. Crowley, afirmando que ele di-tou o livro através de um ser chamado Aiwass, que ele foi depois referido como o seu Sa-grado Anjo Guardião (ou «Eu Secreto»). A construção de Thelema por Crowley foi profun-damente influenciada por diversas fontes incluindo Francois Rabelais, Eliphas Lévi, Frie-drich Nietzsche, assim como várias fontes Budistas, Hindus e Taoístas. Embora muito seja escrito sobre Thelema, fundamentalmente não possui definição precisa, deixando grande parte para o indivíduo interpretar. Contudo, é possível identifi-car princípios comuns que são geralmente aceitos na larga comunidade thelêmica.

A Verdadeira Vontade deve ser descoberta

Crowley, assim como vários professores espirituais, identificou que a própria Vontade é geralmente sepultada abaixo de uma camada grosseira que pode ser chamada de ego indi-vidual o sentido consciente do «Eu» que se sente separado do Universo e que é uma a-cumulação complexa de crenças, valores e normas derivadas da socialização. Um Thelemi-ta é dessa forma aquele que busca quebrar a partir da própria «programação» de si a fim de reconectar-se com Eu Secreto, tornando-se consciente e manifestando a verdadeira e liberta natureza. Esse desafio é processo contínuo chamado de a Grande Obra. As técnicas utilizadas para cumprir esse trabalho frequentemente recaem sobre o termo genérico Ma-gia (Magick), e tradicionalmente incluem práticas como meditação, rituais de invocação e trabalho astral. Nos anos mais recentes, os Thelemitas começaram a incluir diversos mé-todos «não-ocultos» para realizar a Grande Obra, incorporando psicoterapia, hipnose, tan-ques de isolamento e outros. No final, está aberto ao indivíduo encontrar um portal para o seu eu interior.

Divindade Humana

Thelema rejeita completamente a noção de pecado original e afirma, melhor, que somos essencialmente divinos:Cada homem e cada mulher é uma estrela. Dessa forma, Thelema rejeita a ideia de que estados emocionais como culpa, vergonha e piedade sejam conside-rados virtudes e, ao invés, reconhece como virtudes positivas a coragem, honra, força e beleza. Thelema também não aceita qualquer forma de «demônio/mal», como o judaico-cristão Satã. Em vez disso, os Thelemitas são estimulados a descobrir a sua própria divin-dade, assim como o seu senso pessoal de certo e errado, baseada tanto no seu pensamento racional e através da sua compreensão experimentada de sua Verdadeira Vontade.

Amor Sexualidade Sagrada

THELEMA– que é a palavra grega para Vontade– é frequentemente ligado a AGAPE, a palavra grega para Amor. Amor, por um ponto de vista místico, é o impulso para atingir a União, desse modo perdendo a consciência do ego-indivíduo e de separação. Este tema da união dos opostos é repetido extensivamente em Thelema e é considerado ser a chave para a realização da Grande Obra. Isso é exposto em uma expressão central de Thelema de O LIVRO DA LEI: Amor é a lei, amor sob vontade. Thelema reconhece que a natureza funda-mental do Universo é criativa, no qual é refletida incorporada no ato sexual. O Amor con-sensual é considerado um sacramento e pode ainda ser usado para devoções pessoais ou ritos de transformação. Por extensão, a liberdade absoluta para todos os adultos que consentiram para envolver-se no sexo como eles Quiserem é um elemento cultural importante dentro de Thelema.

Tolerância

A Lei fundamental de Thelema é Faz o que tu queres que é uma exortação radical para cada indivíduo descobrir e expressar a sua verdadeira natureza, seja lá o qual ela seja. Funda-mentalmente, nós como Thelemitas defendemos o direito de todas as pessoas de serem quem elas são. Isso envolve uma forma revolucionária de tolerância ou aceitação da diver-sidade. Thelema por si mesma é parcialmente o resultado de um sincretismo de muitas religiões e filosofias. É dito em O LIVRO DA LEI: Aum! Todas as palavras são sagradas e todos os profetas verdadeiros; salvo somente que eles entendem um pouco. Nós ainda podemos encontrar referências Judaicas, Cristãs, Muçulmanas, Egípcias, Gregas, Herméticas, Budis-tas e Hindus de ideias no próprio O LIVRO DA LEI, deixando os outros Livros Sagrados e es-critos de Aleister Crowley. Isso comunica a habilidade de Thelema em apreciar as verda-des sustentadas por muitas ideologias espalhadas pelo globo e que atravessam a história. Nosso sincretismo eclético não é arbitrário também na medida em que tudo gira em torno da máxima:Faz o que tu queres: fios são unidos por todas as curvas da existência humana para serem tecidos juntos através da harmonia expressa na palavra da Lei que é Thelema. Nós dizemos:
O Homem tem o direito de viver por sua própria lei de viver do jeito que ele quiser viver . Nós somos radicais em nossa aceitação dos outros como eles são, independen-te do que eles possam pensar, falar ou agir, ainda nós também levantamos as armas contra o dogmatismo, o preconceito e a superstição que impede a completa expressão da liberda-de da humanidade. Thelema especificamente abraça todas as formas de identidade sexual, orientação, descoberta e expressão que estiver alinhada com a Vontade do indivíduo. Thelema é um estilo de vida que muito explicitamente encoraja as pessoas a serem o que elas são sexu-almente, a não viver conforme algum padrão ditado pela religião ou pela sociedade. Nós não vemos qualquer identidade de gênero ou orientação sexual em particular como mais natural ou superior em qualquer modo. A melhor identidade é aquela que mais claramente e completamente seja a expressão da sua natureza.

Reflexão e a Rejeição da Fé-cega

Thelema inspira o livre-pensamento, ceticismo e o uso do método científico acima da fé-cega. Os Thelemitas não creem em algo apenas porque ou desde que alguém disse assim. Por isso que Thelema é frequentemente vista como uma religião Gnóstica. Gnose é uma palavra Grega para conhecimento e, portanto, dos Thelemitas é esperada a aceitação de crenças somente a partir da sua própria experiência direta. Um Thelemita não quer ter fé em Deus ele quer conhecer Deus (e eventualmente vir a se conhecer como Deus).

Independência e Liberdade

Embora muitos dos Thelemitas reconheçam que todo mundo é intrinsicamente interde-pendente, Thelema requer que alguém aspire à autoconfiança e a percepção da própria responsabilidade nas próprias ações e seu próprio ser. Está profundamente embebido dentro de Thelema o valor da Liberdade para alguém fazer suas próprias escolhas sobre a sua vida, incluindo carreira, companheiros sexuais e expressão criativa. Importantíssi-mo, os Thelemitas esforçam-se a evitar interferir no processo de descoberta e expressão de qualquer um na sua própria Vontade, reconhecendo que isso só leva a confusão e desarmonia.

Os Thelemitas Promulgam a Lei, mas não Convertem

Práticas como proselitismo e conversão são fortemente desencorajadas dentro de Thele-ma, desde que os Thelemitas defendem que a interpretação de O LIVRO DA LEI é estritamen-te para o indivíduo. Ao mesmo tempo, muitos assumem a tarefa de promulgação dos prin-cípios gerais de Thelema (como está nesse panfleto), desse espalhando a Lei da Liberdade. O objetivo é de inspirar os outros a reconhecerem a sua única Vontade e, então, descobri-rem e expressa-la.

Abraçando o mundo

Thelema abraça o mundo na medida em que nós não acreditamos que prazeres sensuais são demoníacos ou maus e não acreditamos que a existência ou encarnação ou consciência é algo para ser aniquilado ou transcendido. Esta atitude está encapsulada em O LIVRO DA LEI onde está escrito:Seja forte, oh homem! Arda, usufrua todas as coisas de sentido e êxta-se: não tema que qualquer Deus te negará por isso. A Terra não é uma prisão, mas um tem-plo onde o sacramento da vida pode ser promulgado; o corpo não é corrupto, mas um vaso próspero e pulsante para a expressão da Energia; sexo não é pecaminoso, mas um condu-tor misterioso de prazer e poder assim como uma imagem da natureza extática de toda Experiência. Enquanto abraçamos o mundo, não caímos na armadilha do materialismo mesquinho. Isto é visto em nossa distinção entre querer os nossos desejos conscientes, os desejos e caprichos que constantemente vêm e vão e a Verdadeira Vontade. Nós abra-çamos o mundo não para ter mais, ou maiores ou coisas brilhantes, mas como uma expres-são de nossa natureza e a celebração da alegria da existência

Drogas

Thelemitas não evitam o uso de álcool e drogas com base em fundamentos filosóficos, mo-rais ou teológicos. Thelema não tem proibições contra as drogas (ou nada, na verdade), desde que o que você esteja fazendo esteja de acordo com sua Vontade. Isso exige que as pessoas assumam a responsabilidade por suas escolhas.
Faz o que tu queres e arque com as consequências, pois Não há nenhuma lei além do Faz o que tu queres, assim Thelema não te absolverá das consequências de sua ação; a Lei de Thelema de nenhum modo revoga a lei de causa e efeito. O abuso de uma substância pode levar ao vício, o mau uso de uma subs-tância pode levar a um desequilíbrio mental e o uso consciente de uma substância pode levar a saltos imensos em autoexploração e autocompreensão. Cabe a cada um se informar sobre o uso de drogas e fazê-lo de modo responsável com a intenção de encontrar, explo-rar e expressar suas verdadeiras naturezas. Numa época em que o uso de drogas psicodélicas só foi realmente explorado pelo seu potencial terapêutico nos últimos 5-10 anos, esta é também uma abordagem radical para as drogas. Temos o próprio vício de Crowley, a história do excesso e abuso de drogas, como pode ser visto estereotipado no final dos anos 60 e, possivelmente, as nossas pró-prias experiências e daqueles que nos rodeiam para nos alertar sobre o abuso de drogas. Por outro lado, temos sucessos próprios de Crowley, uma longa história de sucesso da experimentação com drogas, bem como nossas próprias experiências e daqueles que nos rodeiam para nos lembrar do potencial distinto do uso de drogas em harmonia com nossas Vontades.

Regozijai-vos

Em DEVER, um documento que cada Thelemita deveria ler por sua clareza e contundência, Crowley escreveu que um de nossos deveres é Alegrai-vos! Thelema é uma religião de ale-gria e beleza. Humor é nossa armadura e os risos a nossa arma. Já não olhamos para a so-lenidade e autoanulação, como sinônimos de espiritualidade. Thelema é uma lei da liber-dade que possui as chaves para destravar o potencial inato de cada indivíduo, para nos libertar do fardo de tristeza e medo, e nos permitirmos sermos nós mesmos e nos ale-grarmos nisso. Como diz O LIVRO DA LEI:Lembrar todos vós que a existência é pura alegria. E com este conhecimento, podemos conscientemente e voluntariamente nos engajar nesse último sacramento que conhecemos como existência. Por isso, digo com Crowley:Olhe, irmão, nós somos livres! Alegre-se comigo, irmã, não há nenhuma lei além do Faz o que tu queres!.

Um trecho do Thelêmico Livro Sagrado 

Luz, Vida, Amor; Força, Fantasia, Fogo; esses Eu trago a ti: minhas mãos estão cheias des-ses. Há alegria no estabelecimento; há alegria na jornada; há alegria na meta. Somente se tu é triste, ou cansado, ou irado, ou desconfortável; então tu deve saber que tu perdeu a linha de ouro, a linha por onde Eu te guio para o coração dos arvoredos de Eleusis. Meus discípulos são orgulhosos e bonitos; eles são fortes e ágeis; eles governam seu caminho como fortes conquistadores.

Amor é a lei, amor sob vontade.

Fonte:Informativo Corrente 93 No. 7