terça-feira, 26 de setembro de 2017

Paramahamsa Hariharananda



Paramahamsa Hariharananda ou Swami Hariharananda Giri (27/05/1907- 3/12/2002), foi um dos grandes mestres iluminados do Kriya Yoga, pertencente à linhagem de Mahavatar Babaji, Lahiri Mahasaya, Sri Yukteswar Giri, Paramahansa Yogananda, Swami Satyananda Giri e Shrimat Bhupendra Nath Sanyal Mahasaya. Atingiu o mais alto grau de realização espiritual almejado por um iogue, o supremo estado de Nirvikalpa Samadhi, no qual a pulsação e a respiração cessam pela completa fusão da consciência individual à consciência divina. Como santo e sábio da Índia e fonte transbordante de amor, dedicou sua vida à elevação espiritual da humanidade, tendo sido o único mestre realizado a ensinar a técnica sagrada de Kriya Yoga no Ocidente durante a segunda metade do século vinte. Seu legado inclui extensa obra literária, centros e ashrams de Kriya Yoga distribuidos pelos cinco continentes, instituições de caridade, além de centenas de milhares de discípulos em todo o mundo, através dos quais a essência dos seus ensinamentos ainda vive.

Paramahamsa Hariharananda nasceu na vila de Habibpur, Distrito de Nadia, Bengala Ocidental, na Índia, sob o nome de Rabindranath Bhattacharya, em uma abastada e tradicional família brâmane ortodoxa de Kula Gurus (cuja linhagem é transmitida de pai para filho)Desde a mais tenra idade, Rabi, como era chamado, demonstrava forte inclinação espiritual e já aos 4 anos de idade, o pequeno prodígio havia decorado todos os puja mantras do hinduísmo apenas por ouvir seu pai recitá-los. Aos 11 anos, fez votos de Brahmacharya (celibato), tendo recebido a iniciação de seu próprio pai, o Kula Guru Haripada Bhattacharya. Foi por ele instruído conforme os princípios éticos, morais e de rígida disciplina espiritual dos antigos ensinamentos de santos e sábios da Índia, tornando-se versado nas várias escrituras e ramos do conhecimento espiritual mundiais, tais como: Vedas, Upanishads, Bhagavad Gita, Alcorão, Torah, Bíblia Sagrada, astrologia, astronomia, quiromancia, Tantra e outros sistemas de yoga, homeopatia, etc.

Em 1919, aos 12 anos, foi iniciado em Jnana Yoga pelo renomado mestre realizado Srimat Bijoy Krishna Chattopadhyaya, de Calcutá, que se tornou o seu segundo Guru. Ainda enquanto discípulo de Sri Bijoy Krishna, graduou-se em engenharia têxtil e apesar de ter assumido uma boa posição numa grande indústria, sua verdadeira aspiração continuava a ser a realização espiritual.

Em 1932, seguindo instruções de seu próprio Guru, Rabi partiu para Serampore em busca daquele que seria o seu primeiro mestre de Kriya Yoga - o grande iogue Swami Sri Yukteswar Giri. Já no primeiro encontro, Sri Yukteshwar previu o destino de Rabindranath como sannyasi (monge renunciante) e que atingiria o estado de Nirvikalpa Samadhi. Iniciou-o em Kriya Yoga sugerindo, nesta e em várias outras ocasiões, que aceitasse a vida monástica e se mudasse para o Karar Ashram, em Puri, pois sua vida não seria a de um homem comum, mas dedicada à realização de Deus. Rabi, que continuava a trabalhar, costumava visitá-lo todos os fins de semana e feriados para meditar em sua companhia. De Sri Yukteshwar aprendeu astrologia cósmica e aprofundou conhecimentos em diversas áreas, tais como anatomia humana e assuntos relacionados à filosofia ocidental e oriental.

Em 1935, Paramahansa Yogananda, o renomado discípulo de Sri Yukteshwar que residia nos EUA, retorna em visita à Índia. Rabi vai vê-lo manifestando seu desejo de ser por ele iniciado. Nesta ocasião, Yogananda leva-o a um aposento proporcionando-lhe a inesquecível experiência de testemunhar seu estado sem pulso e sem respiração, o Nirvikalpa Samadhi, por cerca de meia hora. Na manhã seguinte, Rabindranath recebe de Yogananda sua segunda iniciação em Kriya, mas já não teria por muito tempo a presença destes dois grandes mestres. Em 1936, Sri Yukteshwar abandona o seu corpo físico (sepultado no Karar Ashram) e Paramahamsa Yogananda retorna aos EUA, nomeando Swami Satyananda Giri como Presidente interino e Swami Sevananda como encarregado do Karar Ashram.

Em 1938, Rabindranath deixa sua vida profissional com a pretensão de morar por alguns meses em Puri, numa casa alugada ao lado do Ashram. É neste período que, de sua varanda, tem uma visão de Sri Yukteshwar andando pelo pátio do Ashram. Algum tempo depois, obtém autorização para morar no Karar Ashram, como hóspede pagante. Nos primeiros dias, com a permissão de Swami Sevananda e recursos próprios, contratou mão de obra e ajudou pessoalmente a limpar toda a propriedade e a construir o primeiro banheiro do ashram. Naquela época, também por falta de provisões, não era servido desjejum, nem no ashram, nem na escola que mantinham, mas Rabindranath passou a custeá-las. Mais tarde, abdicou definitivamente de seu modo de vida aristocrático e, como ashramita, fez voto de silêncio, poucas vezes interrompido, durante anos, passando a viver em reclusão e contemplação, agora como Brahmachari Robinarayan. Durante este período teve a orientação de Swami Satyananda Giri, Shrimat Bhupendra Nath Sanyal Mahasaya e Ananda Moyee Ma, sendo sua comunicação com Paramahamsa Yogananda feita apenas por cartas.

Em 1941, o então Brahmachari Robinarayan recebeu de Swami Satyananda Giri a terceira iniciação em Kriya Yoga. Entre 1943 e 1946, já absorvido em estado de super-consciência, completou os seis níveis de Kriya, obtendo as iniciações mais elevadas de Shrimat Bhupendranath Sanyal, o mais jovem discípulo de Lahiri Mahasaya.

Em 1948, após passar a maior parte de seus últimos 11 anos em reclusão na sua cela monástica, Brahmachari Robinarayan alcançou o mais alto grau de realização - o estado de Nirvikalpa Samadhi. Nesta ocasião, seu corpo cai ao chão e, machucando a cabeça, começa a derramar sangue por debaixo da porta. Swami Satyananda Giri, que se encontrava no Ashram, vem em seu socorro e encontra-o sem pulsação, mas com o corpo quente, massageando-o até recuperar os sentidos. A partir de então, Robinarayan passou a viver em comunhão com a consciência divina, entrando no estado sem pulso e sem respiração, espontânea ou deliberadamente, sempre que assim o desejasse. Esta condição foi posteriormente testemunhada centenas de vezes e descrita em detalhes por discípulos, médicos e cientistas.

Certa ocasião, em 1949, quando se encontrava em meditação profunda, uma luz resplandecente surge de repente e, ao abrir os olhos, depara-se com a visão de um homem que, materializado em seu quarto trancado, toca em seus olhos e desaparece. Inicialmente, Robinarayan não identificou quem seria, mas neste mesmo dia o legendário pioneiro do Kriya Yoga moderno, Mahavatar Babaji, reaparece abençoando-o e profetizando sua missão de propagar o Kriya Yoga pelo mundo.

Em 1950, Paramahamsa Yogananda transfere, em carta escrita, a responsabilidade do Karar Ashram para Brahmachari Robinarayan. Nessa época, já com poucos recursos pessoais, a manutenção do Karar Ashram e da escola Sriyukteswar Vidyapitha era feita principalmente por doações mensais feitas por um de seus irmãos, além de escassos recursos provindos da venda de vegetais produzidos na horta e de alguma contribuição financeira enviada por Paramahamsa Yogananda.

Em 1951, já depois de ter alcançado o Nirvikalpa Samadhi (estado de Paramahamsa) e de ter sido anunciada sua missão por Mahavatar Babaji, Brahmachari Robinarayan recebe oficialmente de Paramahansa Yogananda uma autorização por escrito, para ministrar iniciações em Kriya Yoga, carta esta reproduzida integralmente na obra: "Kriya Yoga - O processo científico de aperfeiçoamento espiritual e a essência de todas as religiões", de Paramahamsa Hariharananda.

Em 1952, Paramahamsa Yogananda deixa o seu corpo mortal e Swami Satyananda Giri torna-se o Presidente permanente do Karar Ashram.

Em 27 de maio de 1959, Brahmachari Robinarayan toma-se monge, tomando seus votos formais de Sua Santidade o Jagadguru Swami Bharati Krishna Teertha, Shankaracharya de Puri. A cerimônia teve lugar no Templo de Sri Yukteshwar, nas dependências do Karar Ashram, tendo recebido o nome monástico de Swami Hariharananda Giri que significa: “êxtase divino que brota do real estado sem forma”.

Em 1971, com o falecimento de Swami Satyananda Giri, Paramahamsa Hariharananda Giri torna-se o presidente do Karar Asrham de Puri, até o ano de 1983, sendo sucedido por Swami Yogeswaranda Giri, seu atual presidente.

Em 1974, a profecia de Babaji Maharaj finalmente se cumpre e Paramahamsa Hariharananda, o último discípulo realizado de Swami Sri Yukteswar, viaja para a Europa, iniciando sua jornada de propagação do Kriya Yoga no Ocidente.

Paramahamsa Hariharananda passa a viajar continuamente no ocidente e oriente, ensinando a técnica sagrada de Kriya Yoga a todos os corações sinceros que o procurassem. Sua última viagem à India foi em 1996, tendo vivido seus últimos anos nos Estados Unidos da América, onde veio a falecer em 2002, aos 95 anos. Seu corpo foi sepultado na Índia, após ter sido recebido por milhares de discípulos, com honras de estado, homenagem esta nunca antes prestada a um monge naquele país.

Kriya Yoga

Mestres realizados, como Paramahamsa Hariharananda, têm o poder de fazer despertar as qualidades divinas do ser humano pelo toque de suas mãos (Shaktipat) e é nisso que consiste a iniciação em Kriya Yoga. Independentemente de conhecimentos prévios, qualquer pessoa é capaz de experimentar em seu próprio corpo, de forma imediata ou após um curto período de prática da técnica, a vibração, a luz e o som divinos, que estão na origem de toda a Criação. Essa percepção permanente da presença divina, faz brotar um estado de bem-aventurança que, aliado ao efeito de expansão de consciência produzido pela técnica de Kriya Yoga, promovem uma aceleração da evolução espiritual.

Na Kriya Yoga original ensinada por Lahiri Mahasaya as várias técnicas eram adaptadas para cada discípulo de acordo com suas necessidades individuais. Somente um mestre realizado é capaz de reconhecer e enfatizar quais os passos da técnica são mais apropriados para cada um, no entanto, como as técnicas são padronizadas (em quatro ou seis níveis de iniciação, conforme a linhagem), podem também ser ensinadas por acharyas (professores) autorizados, a quem foi atribuído poder de iniciação.

O fundamento de todo o ensinamento deixado por Paramahamsa Hariharananda pode ser resumido em suas repetidas lições de amor, contidas em frases simples que revelam a essência de conhecimentos profundos, nos quais se baseia a técnica de Kriya Yoga:

"Ame a Deus...
Ele respira através de você...
No topo da cabeça (fontanela)...
Em uma respiração curta...
Ame a Deus em cada respiração...
Se Ele deixar de respirar através de você, você é um corpo morto!"
       Controle da respiração é auto-controle
       Maestria da respiração é auto-mestria
       Ausência de respiração é imortalidade
                 Paramahamsa Hariharananda

Publicações

A vasta obra literária deixada por Paramahamsa Hariharananda foi compilada por seu sucessor, Paramahamsa Prajnanananda, numa coleção de 10 vultosos volumes, intitulada: "Ocean of Divine Bliss - The Complete Works of a Kriya Yoga Master" . Dentre os títulos nela contidos, encontram-se: The Bhagavad Gita (em três volumes, interpretados à luz do Kriya Yoga), Discourses on Kriya Yoga, The Dimensions of Kriya Yoga, The Divine Quest, Practical Guidance in Spiritual Life, Reminiscences of Masters, Spirit of Religions e outros.

Diversas outras obras foram publicadas a respeito da vida e ensinamentos deste grande mestre, dentre as quais se destaca uma coletânea de memórias póstumas escritas por seus discípulos ao redor do mundo, denominada Footprints of the Master. São centenas de relatos surpreendentes, testemunhos de verdadeiros milagres realizados de forma singela e discreta por este mestre divino, que ao longo de 526 páginas vão revelando o esplendor da onisciência, onipresença e onipotência de uma alma unida a Deus.

Atualmente, o trabalho de Paramahamsa Hariharananda continua através do seu sucessor, Paramahamsa Prajñanananda (presidente do Kriya Institute: http://www.kriya.org) e de dois outros discípulos que atingiram o mais avançado nível de Kriya Yoga: Rajarshi Raghabananda Nayak, (Missão Hariharananda de Kriya Yoga, em Sambalpur, Orissa, India: http://www.hariharanandakriyayoga.com) e Swami Yogeswarananda Giri, (Presidente do Karar Ashram, em Puri, Orissa, Índia: http://www.kararashram.org), além de vários acharyas (professores) por ele autorizados que continuam ensinando a técnica de Kriya Yoga ao redor do mundo para a elevação da consciência de toda a humanidade.

Swami Sivananda



Swami Sivananda Saraswati (Pattamadai, 8 de setembro de 1887 — 14 de julho de 1963), também chamado de Shivananda ou Sivananda, foi um líder espiritual hindu. Seu pai, P.S. Vengu Iyer, foi um oficial do governo e um sacerdote do hinduísmo (bramânico).

Estudou na Tanjore Medical College (1905), onde se destacou como desportista, e pelo seu interesse por religiões, tanto hindu como cristã. Após a morte do seu pai, em 1913, ele se viu sem fundos para manter os estudos e uma vida digna para si e sua mãe. Mas teve uma ideia inovadora: começou a fazer um jornal de medicina chamado Ambrósia, com os resultados das últimas pesquisas médicas e artigos de utilidade pública, onde ele era editor, redator, autor de todos os artigos (assinados por pseudônimos que ele mesmo criava), e distribuidor. Essa iniciativa permitiu a ele terminar os estudos e ganhar reputação, pela grande aceitação que este jornal tinha no meio médico.

Mas a renda do jornal era baixa, o que o levou a aceitar um cargo em uma farmácia em Madras. Logo após, surgiu uma oportunidade de trabalho na Malásia Britânica como diretor do hospital mantido pelas enormes plantações de borracha que empregava trabalhadores indianos. Ali ele obteve o treino para completar a sua educação medica, e por anos ele foi encarregado do hospital.

Em seguida, o Dr. Iyer conseguiu uma posição em um grande hospital na periferia de Singapura, que gradualmente aumentou a sua fama e suas finanças. Ali ele voltou a publicar artigos médicos e seu primeiro livro. Além de ser conhecido por acordar às 4 horas da manhã para praticar yoga e meditação, mesmo quando trabalhava até a meia noite.

Nesta época ele dizia:

"As pessoas ficam doentes física e mentalmente. Para alguns, a vida é apenas um retardo para a morte; para outros, a morte é mais bem-vinda que a vida. Alguns levam uma vida miserável, incapazes de encarar a morte; outros se suicidam, por serem incapazes de encarar a vida. Estas experiências fazem você crescer por dentro, se Deus não fez este mundo apenas para o sofrimento, e, se houver algo mais (e eu intuitivamente pressinto isso) eu o descobrirei"

Foi quando um sadhu em peregrinação por ali despertou seu interesse para a vida espiritual, e ele começou a estudar novamente as escrituras hindus e a Bíblia. Após dez anos fora do seu pais, ele resolveu voltar.

Em 1923 voltou à Índia, desistiu das suas posses, e passou um ano em peregrinação pelos lugares sagrados antes de ir para Rishikesh. Ali ele foi batizado pelo guru Swami Viswananda Saraswati como Swami Shivananda Saraswati. Ele viveu em uma choupana demolida nas proximidades do Ashram, praticou a vida austera e meditação, e trabalhou como médico cuidando das doenças dos gurus e peregrinos.

Com cinco rúpias dadas por um visitante, o Swami publicou um livro, Brahma-Vidya ("conhecimento de deus"), com as suas respostas às perguntas feitas pelos peregrinos. Sua fama se espalhava. Ele viajou por toda a Índia ensinando, e na sua volta em 1932 fundou o Shivananda Ashram. No principio ele era um velho celeiro para o gado que ele chamou de Ananda Kutir, morada da felicidade. Discípulos se reuniram e outros celeiros de gado foram construídos e se tornaram habitáveis.

Em 1936 a Divine Life Society foi fundada e dois anos mais tarde saiu o jornal, The Divine Life. Em 1943 o templo do ashram, The Lord Sri Viswanath Mandir, foi construído. Seus serviços médicos continuaram, culminando no Farmácia Ayurvedica de Shivananda em 1945, que usa raras ervas do Himalaia. Novas construções foram feitas no aniversário de sessenta anos de Swami Shivananda e em 1948 a "Acadêmia Florestal de Yoga-Vedanta" foi fundada para treinar discípulos e viajantes. Mais seguidores vieram de toda a Índia e Ceilão em 1950. O ano seguinte a Academia fazia a sua própria impressão. Em 1957 o Hospital para olhos Shivananda abriu.

Em 1957, enviou ao Ocidente seu discípulo Swami Vishnu Devananda, o qual fundou o Sivananda Ashram Yoga Camp, no Canadá, além de Centros de Yoga em vários outros locais.

Após a morte de Swami Shivananda em 1963, Swami Chidananda tornou-se presidente da Divine Life Society e promoveu sua rápida ampliação para o ocidente.

Obras em Português

A Ciência do Pranayama: O controle da respiração na prática da Yoga - Swami Sivananda (Ed. Pensamento)

Autobiografia - Sri Swami Sivananda (Ed. Pensamento)

Concentração e Meditação - Swami Sivananda (Ed. Pensamento)

O Poder Do Pensamento Pela Ioga - Swami Sivananda (Ed. Pensamento)

Perfeição pelo Yoga - Swami Sivananda (Livr. Freitas Bastos Ed.)

Raja-Yoga ou 14 Lições de Raja-Yoga - Swami Sivananda (Cia. Ed. Americana)

Yoga - Libertação do Asmático - Swami Sivananda (Cia. Ed. Americana)

Ramana Maharshi



Bhagavan Sri Râmana Mahârshi (30 de dezembro de 1879 — 14 de abril de 1950), mestre de Advaita Vedanta e homem santo do sul da Índia. Considerado um dos maiores sábios de todos os tempos, tornou-se conhecido no Ocidente especialmente através do livro "A Índia Secreta", do jornalista e escritor inglês Paul Brunton, que retratou os ensinamentos de Ramana, transmitidos, na maioria das vezes, em silêncio absoluto aos seus discípulos. Sri Râmana Mahârshi foi um contemplativo nato e um gnóstico nato, o mais extraordinário fenômeno espiritual dos muitos que a Índia eterna produziu no século XX.

Outro autor que deu destaque à Ramana Maharshi foi Paramahansa Yogananda, na Autobiografia de um Iogue, ao visitá-lo durante seu regresso à India em 1935. Outro famoso espiritualista que foi ao ashrama receber o darshan de Ramana foi Mahatma Ghandi, em busca de apoio para seu movimento de libertação da Índia.

Shri Ramana Maharshi foi o grande representante da sabedoria milenar da Índia no século XX. Isso não significa que ele foi um acadêmico que sabia de cor e salteado os textos sagrados da religião, mas sim que viveu e mesmo personificou à perfeição tal sabedoria. Na verdade, ele não escreveu nenhum livro. Ensinava o jnâna, ‘via do conhecimento espiritual’ mais puro. Ao mesmo tempo, ressaltava que as outras duas outras grandes vias espirituais, a do karma (das ações) e da bhakti (devoção) estavam contidas no jnâna.

Na Índia, buscar a companhia de sábios e santos é algo muito importante, para aprender com os preceitos e exemplos concretos, e para obter suas bênçãos. Tal atividade se chama satsanga (literalmente, ‘associação com a verdade’). Outro conceito importante é o de darshan, que é a bênção conferida pela mera visão de um santo, como explica William Stoddart na sua excelente introdução ao tema, “O Hinduísmo” (Ibrasa, 2005), o melhor livro sobre o assunto publicado em português até o momento.

Sri Râmana Maharshi nasceu na região do Tamil Nadu, sul da Índia. Aos 16 anos, após a morte do pai, passou por uma vívida experiência relacionada à morte e, por seu intermédio, despertou para o estado que transcende, origina, constitui e engloba os campos físico, emocional e intelectual, passando a viver permanentemente nesse estado, por alguns denominado realização espiritual. Depois de algum tempo, abandonou sua casa e família e partiu como sadhu (peregrino ou eremita) para a cidade de Tiruvannamalai (190 km ao sul de Madras), onde passou o restante da vida na montanha de Arunachala, considerada por ele como uma montanha sagrada. A princípio, viveu no grande templo de Arunachaleswara, permanecendo absorto em meditação, no saguão conhecido como o de "mil pilares", de onde teve de se mudar, em razão das pedras que lhe eram atiradas por um bando de meninos que o viam imóvel no local. Passou então a viver em um escuro vão no sub-solo do templo, mas os moleques cedo o descobriram, e continuaram a atirar-lhe pedras. Teve de se mudar muitas vezes e passou a residir em vários outros santuários e locais adjacentes ao templo, como jardins, bosques e pomares. Pouco a pouco foi subindo a montanha de Arunachala, onde viveu em diferentes cavernas e passou a ser conhecido como o “Maharshi” (grande sábio ou vidente), e "Bhagavan", o Senhor. Lenta e gradualmente, discípulos foram se reunindo à sua volta. Vinte e sete anos após a sua chegada a Tiruvannamalai, um "ashram" ou comunidade espiritual foi construído ao redor do túmulo de sua mãe, aos pés da Montanha Sagrada de Arunachala, onde passou a residir até o fim de seus dias. Essa comunidade, chamada "Ramanashram", tornou-se um local mundialmente conhecido, para onde se dirigiam ( e ainda se dirigem, em número crescente) buscadores espirituais de diversas origens religiosas.

Seus ensinamentos, magistralmente simples, profundos e lúcidos, estão registrados em grande número de livros. Diversos autores escreveram sobre ele; entre outros, Arthur Osborne, em "Ramana Maharshi e o Caminho do Autoconhecimento", Mouni Sadhu em "Dias de Grande Paz", Carl Jung, a pedido de Heinrich Zimmer, Somerset Maugham, em "O Fio da Navalha", William Stoddart, em "O Hinduísmo" (S. Paulo, Ibrasa, 2004), Mateus Soares de Azevedo em "O Livro dos Mestres" (S. Paulo, Ibrasa, 2016, pp. 97-103), David Godman, Sadhu Om, H.l Poonja, Maha Krishna Swami. Em 25 de dezembro de 2007, quando da comemoração do seu nascimento (data móvel, dependente da posição das estrelas), uma nova biografia em língua inglesa, com .135 páginas distribuídas em oito volumes, contendo 400 fotografias, foi lançada.

Sua presença, que irradiava uma grande paz, tornando fácil e natural a convivência na comunidade, inclusive com os animais selvagens que habitavam a montanha, atraiu milhares de pessoas a Arunachala. A essência dos seus ensinamentos é o "Vichara"(self-enquiry), ou investigação direta, interior, por meio dos questionamentos: "Quem sou eu?" e "De onde surge o pensamento 'eu'?", para a descoberta da "Verdade, Paz ou Bem-Aventurança, a nossa real natureza". "Descoberta" no sentido literal de "retirar o que cobre", os conceitos. Em vários momentos, Ramana nos alerta que não se trata de mero questionamento verbal, mecânico, mas de trazer sempre ao foco da atenção, por meio desse questionamento, a sensação do "eu sou", que é a única coisa real, visto que todas as outras coisas mudam e passam, são transitórias, enquanto esta consciência do eu permanece. Tal questionamento faz com que a atenção se volte para o estado natural que ultrapassa o conhecimento, levando à percepção da inevitável limitação de todos os conceitos, o que faz com que, gradualmente, definhem e percam sua tirania sobre a mente, deixando de se sobrepor "àquilo que verdadeiramente é". Para o ocidente, tal sobreposição é o verdadeiro conhecimento ["episteme", epi (sobre) + histanai (por, colocar): sobrepor]. Para a Vedanta, tanto a opinião quanto a "episteme" impedem o descobrimento "daquilo que é". A alegoria da caverna, baseada no estudo hindu da "maya" (literalmente "medir", "avaliar"), se refere a essa limitação: a idéia é diferente daquilo que verdadeiramente "é". É preciso ultrapassar a limitação dos conceitos, das idéias, das imagens, das representações. Sair da prisão da ignorância, representada pela caverna, para o espaço infinito da bem-aventurança. A própria alegoria não é bem compreendida no suposto "mundo ocidental". Tomar o resultado da avaliação como verdade é tomar as sombras pela coisa em si, e, por conseguinte, viver na ilusão. A ignorância basilar é a que existe com relação ao "eu". Julgo conhecer-me por meio de uma representação. Desconhecendo quem é o conhecedor, busco conhecer o universo, os seres vivos, os objetos. Deles também construo representações. A representação que construo a respeito de mim mesmo, que é sempre incompleta, e com a qual me identifico, busca, em vão, completar-se por meio de conhecimentos, sensações, posses, prestígio. Nessa busca, ela tem continuidade, com a inseparável sensação de incompletude e, portanto, de sofrimento. Quem sou eu? Uma vez que a representação que crio a respeito de mim mesmo não sou eu - quem sou eu? Quem está fazendo essa pergunta? A resposta não pode ser mental, intelectual, pois constituir-se-ia em uma outra representação. Para a Vedanta pois - sem a negação da óbvia necessidade, em seu campo próprio, do conhecimento relativo - o verdadeiro conhecimento implica a não interferência dos conceitos, das teorias, seja a respeito do mundo e das coisas, seja a respeito de si mesmo, do estado que ultrapassa o pensamento. Havendo um grande descontentamento em relação a tudo o que é incompleto, havendo a necessidade e a urgência da descoberta, o próprio exame e compreensão de todo o quadro, a investigação sobre o "eu" e a origem do "eu", levam à não-interferência dos conceitos - porque se compreende sua limitação, o que provoca o seu definhar - e à quietude mental. A própria investigação sobre o 'eu' e sua origem, ao final, mergulham na quietude. "Aquieta-te e sabe que Eu Sou Deus". "Eu Sou esse Eu Sou". Nesse estado de silêncio vivo, desperto, o conhecedor, o conhecimento e o objeto do conhecimento, qualquer que seja ele, são um só. Só há separação no mundo das representações, das construções mentais, no mundo "daquilo que não é". Nesse sentido, conhecer a verdade acerca de si mesmo é conhecer a verdade acerca de todos os seres e de todas as coisas. Conhecer a verdade acerca de si mesmo é ser essa verdade, já que não somos dois, um para conhecer o outro. Cada um é a própria Verdade absoluta; ou Deus, para usar uma outra palavra.

A expressão "auto-realização", nos diz Ramana Maharshi, é apenas um eufemismo para "remoção da ignorância". Nada há para ser adquirido; há, apenas, ignorância a ser removida. Somos a própria vida, o Ser Infinito, a fonte de todas as coisas.

Afirma-se que, no momento em que Sri Ramana faleceu, um magnífico astro, majestosa e lentamente, cruzou os céus da Índia, sendo visto em grande parte do país por inúmeras pessoas, que espontaneamente compreenderam o evento que ele anunciava.

Obras (De e sobre Ramana Maharshi)

Ramana Meu Mestre
Ensinamentos Espirituais
A Imortalidade Consciente
Ramana Maharshi e o Caminho do Autoconhecimento, de Arthur Osborne.
O Livro dos Mestres: Encontros com homens notáveis dos tempos modernos, de Mateus Soares de Azevedo.
Dias de Grande Paz
Arunachala Siva
A Sadhu's Reminiscences
At the Feet of Bhagavan
Be Still - It Is The Wind That Sings
Essence of Ribhu Gita
Five Hymns to Arunachala
Glory of Arunachala
Hunting the I
Maha Yoga
Self-Enquiry
Spiritual Instruction
Surpassing Love and Grace
The 108 Names of Sri Bhagavan
The Collected Works
The Golden Jubilee Souvenir
The Silent Power
The Teachings of Bhagavan Sri Ramana Maharshi in His Own Words
Who Am I?
Words of Grace
Talks with Sri Ramana Maharshi
Day by Day with Bhagavan
Arunachala's Ramana - Boundless Ocean of Grace
***Ellam Ondre (All is One)
***Advaita Bodha Deepika
***Yoga Vasishta Sara

Sri Aurobindo


Aurobindo Akroyd Ghosh ou Ghose (em bengali: অরবিন্দ ঘোষ Ôrobindo Ghosh), (Calcutá, 15 de agosto de 1872 – Puducherry, 5 de dezembro de 1950), mais tarde conhecido como Sri Aurobindo (em bengali: শ্রী অরবিন্দ Sri Ôrobindo), foi um nacionalista, lutador pela liberdade, filósofo, escritor, poeta, yogue, e guru indiano.Ele se uniu ao movimento pela independência da Índia do controle colonial da Índia Britânica e, por alguns anos, foi um de seus principais líderes, antes de desenvolver sua própria visão do progresso humano e evolução espiritual.

Nascido em Calcutá/ India, Sri Aurobindo e seus dois irmãos foi aos 5 anos para a Inglaterra, onde aprendeu diversos idiomas, destacando-se a literatura. Aos 20 anos, retornou à Índia em uma busca da "sabedoria e verdade do Oriente". Por 13 anos, trabalhou em atividades administrativas e educacionais para o Estado. Em 1906, foi para Bengala assumir abertamente o comando do movimento revolucionário para a independência da Índia, que durante anos havia organizado em segredo.

Acabou preso pelo governo britânico entre 1908 e 1909. Foi durante esse período que Aurobindo passou por uma série de experiências espirituais que determinaram o seu trabalho futuro. Solto e certo do sucesso do movimento libertador da Índia, e respondendo a um chamado interior, retirou-se do campo político e foi para o sul da Índia, para devotar-se totalmente à sua missão espiritual. Morreu em 1950, aos 78 anos, no Ashram Sri Aurobindo em Pondicherry, deixando o trabalho espiritual conhecido como Yoga Integral ou Yoga de Sri Aurobindo. A Mãe (Mira Alfassa - 1878-1972), sua companheira espiritual, deu continuidade ao seu trabalho, conduzindo o Ashram, idealizando Auroville, assim como levando adiante o yoga integral em seu próprio corpo.

No estado de Tamil Nadu, sul da Índia, existe uma comunidade espiritual denominada Auroville, a "Cidade da Aurora", fundada em sua homenagem em 1968, tendo por base os princípios deixados do Yoga Integral de Sri Aurobindo.

Bibliografia

Obras traduzidas para o português (Brasil )

A evolução futura do Homem
Em direção à Nova Consciência
Pensamentos e aforismos
Conversas com a Mãe
A descoberta suprema
Mantra e oração
Renascimento
Trabalho
Yoga
A Vida Toda é Yoga

Swami Vivekananda



Swami Vivekananda (em bengali: স্বামী বিবেকানন্দ, Shami Bibekānondo; em hindi: स्वामी विवेकानन्द (12 de Janeiro de 1863 – 4 de Julho de 1902), nascido Narendranath Dutta (em bengali: নরেন্দ্রনাথ দত্ত) foi o principal discípulo do místico do século XIX Sri Ramakrishna Paramahamsa e fundador da Ordem Ramakrishna.É considerado uma figura chave na introdução da Vedanta e da Yoga no Ocidente, sobretudo na Europa e América. É também creditado pelo crescimento da consciência inter-religiosa, trazendo o hinduísmo para o status de uma das principais religiões do mundo a partir do final do século XIX. Vivekananda é considerado uma força maior no reflorescimento do Hinduísmo na Índia moderna. É muito conhecido seus inspirador discurso, iniciado com "irmãs e irmãos da América", no Parlamento das Religiões do Mundo, em Chicago, 1893.

Os pais do Swami tiveram influência em seu pensamento – o pai por sua mente racional; a mãe por seu temperamento religioso. Narendranath, desde a infância mostrara inclinação para a espiritualidade e realização Divina. Enquanto procurava por alguém que pudesse lhe mostrar diretamente a realidade de Deus, veio a conhecer Sri Ramakrishna, tornado-se seu discípulo. Como seu Guru, Ramakrishna ensinou-lhe Advaita Vedanta (não-dualismo) e que todas as religiões são verdadeiras, também mostrou-lhe que o serviço ao homem era a forma mais efetiva de adorar a Deus. Depois da morte de seu Guru, Vivekananda tornou-se monge errante, caminhando pelo subcontinente indiano e vendo, face a face, a condição Indiana. Mais tarde navegou para Chicago e representou a Índia como delegado no Parlamento das Religiões do Mundo. Orador eloquente que era, Vivekananda foi convidado a diversos fóruns no EUA e falou em diversas universidades e clubes. Ele conduziu centenas de aulas e palestras, públicas e privadas, disseminando a Vedanta e a Yoga na América, Inglaterra e em alguns outros países na Europa. Também estabeleceu as "Vedanta Societies" (Sociedades de Vedanta) nos EUA e na Inglaterra. Mais tarde partiu de volta para Índia e, em 1897, fundou a Ordem Ramakrishna, com suas duas organizações irmãs, a Ramakrishna Mission, com trabalhos filantrópicos e outra, Ramakrishna Math, a comunidade monástica. Ambas tendo como lema a autorrealização e o serviço ao mundo.

Nascimento e Infância

Swami vivekananda nasceu em Shimla Pally, Calcutá, em 12 de Janeiro de 1863, durante o festival Makara Sankranti, em uma tradicional família Kayastha, e recebeu o nome Narendranath Dutta. Seu pai, Vishwanath Dutta era advogado e tinha um posto na Alta Corte de Calcutá. Era visto como generoso e tinha uma visão progressiva em questões sociais e religiosas.Sua Mãe Bhuvaneshwari Devi era piedosa e havia praticado austeridades e orado a Vireshwar, o Shiva de Varanasi, para dar-lhe um filho. De acordo com o relato, teve um sonho em que Shiva levantou-se de sua meditação e disse que lhe daria um filho. O pensamento e a personalidade de Narendranath foram influenciados por seus pais – a mãe por seu temperamento religioso e o pai por sua mente racional. Da sua mãe ele aprendeu a força do auto controle. Um dos dizeres de sua mãe que Narendra, muito citava nos últimos anos deste era: "Permanece puro por toda sua vida; guarda tua honra e nunca transgrida a honra de outros. Sê muito tranquilo, mas quando necessário, endureça o coração". Relata-se que era adepto da meditação e podia entrar em no estado de samadhi. Do mesmo modo diz-se que ele via uma luz enquanto caia no sono e também que tivera uma visão de Buddha durante sua meditação. Na infância, tinha grande fascinação por monges e ascetas errantes. Narendranath tinha saberes variados, uma ampla gama de conhecimentos em filosofia, religião, história, ciências sociais, entre outros temas. Demonstrou também muito interesse nas Escrituras: Vedas, Upanishades, Bhagavad Gita, Ramayana, Mahabharata e Puranas. Era também versado em música clássica, tanto vocal como instrumental e, diz-se, passou por treinamento junto a dois Ustads, - título honorífico a músicos reconhecidos, na Índia - Beni Gupta and Ahamad Khan. Desde a infância ele teve um ativo interesse em esportes, exercícios físicos e outras atividades organizacionais. Mesmo quando novo, questionou a validade de costumes supersticiosos, a discriminação de casta. Recusou-se a aceitar qualquer coisa sem prova racional e teste pragmático. Quando, em 1877, seu pai mudou-se para Raipur, por dois anos, Narendranath, com sua família, deslocou-se também para lá. Nesta época não havia boas escolas em Raipur, então ele passou seu tempo junto a seu pai e puderam discutir assuntos espirituais. Narendranath aprendeu Hindi em Raipur e, pela primeira vez, a questão sobre a existência de Deus surgiu em sua mente. É dito que neste período de sua vida teve uma experiência de êxtase espiritual. A família retornou a Calcutá em 1879, acredita-se, no entanto, que aqueles foram dois anos decisivos em sua vida. Raipur é algumas vezes considerado como o "local de nascimento" de Swami Vivekananda.

Colégio e Brahmo Samaj

Narendranath começou sua educação em casa mesmo e, mais tarde, integrou a "Metropolitann Institution" de Ishwar Chandra Vidyasagar em 1871 e, em 1879 passou no exame de entrada para o Presidency College, de Calcutá, ficando por um curto período e logo depois mudando-se para General Assembly's Institution. Ao longo do curso estudou a lógica e filosofia ocidental, além de história das nações européias. Em 1881 ele passou o exame de "Fine Arts", ingressando em seu bacharelado, e em 1884 foi graduado como Bacharel de Artes. Narendranath estudou os escritos de David Hume, Immanuel Kant, Johann Gottlieb Fichte, Baruch Spinoza, Georg W. F. Hegel, Arthur Schopenhauer, Auguste Comte, Herbert Spencer, John Stuart Mill, e Charles Darwin. Narendra tornou-se fascinado com o evolucionismo de Herbert Spencer, e traduziu seu livro "On Education" para o Bengali para Gurudas Chattopadhyaya, seu editor. Narendra chegou a se corresponder com Herbert Spencer por algum tempo. Ao lado com seus estudos dos filósofos ocidentais, ele teve um contato profundo com as escrituras indianas em Sânscrito e com muitos trabalhos em Bengali. De acordo com seus professores, o estudante Narendranath era um prodígio. Dr. William Hastie, Diretor do "Scottish Church College", faculdade onde ele estudou de 1881 a 1884, escreveu, "Narendra é de fato um gênio. Eu viajei por toda a parte mas nunca travei contato um rapaz com tantos talentos e possibilitades, nem mesmo nas universidades alemãs, entre os estudantes de filosofia." Ele era tido como um srutidhara - um homem de prodigiosa memória.Depois de discutir com Narendranath, Dr. Mahendralal Sarkar teria dito, "Eu nunca poderia imaginar que um rapaz tão jovem teria lido tanto!" Narendranath tornou-se membro de um grupo que se originou de uma dissidência com Brahmo samaj, um influente movimento religioso na Índia. Suas crenças iniciais foram modeladas pelos conceitos do Brahmo Samaj, que incluíam a crença em um Deus sem forma e a desaprovação da adoração de ídolos.Não satisfeito com seu conhecimento filosófico, ele se indagava se Deus e religião poderiam fazer parte das experiências de crescimento do homem e ser profundamente internalizadas. Narendra começou a perguntar às pessoas eminentes de Calcutá se estas haviam visto Deus face a face. Com nenhuma destas conseguiu respostas que satisfizessem sua profunda inquietação a respeito do tema. Tomou conhecimento de Ramakrishna em uma aula de literatura na "General Assembly`s Institution", quando ele ouviu o Reverendo W. Hastie abordando um poema de William Wordsworth - chamado "The Excursion" (A Excursão) - e a natureza mística do poeta. Enquanto explicava a palavra transe no poema, Hastie disse a seus estudantes que, se estes desejavam conhecer o seu real significado, deveriam ir a Ramakrishna, de Dakshineswar. Isto instigou alguns de seus estudantes, incluindo Narendranath a visitar Ramakrishna.

Com Sri Ramakrishna

Seu encontro com Ramakrishna em Novembro de 1881 mostrou-se um momento decisivo em sua vida. Sobre este dia, Narendranath relatou: "Ele, [Ramakrishna], parecia um homem comum, sem nada de extraordinário. Ele usava a mais simples linguagem e pensei: "Pode este homem ser um grande professor?" – Eu me movi em sua direção e perguntei-lhe a questão que estivera fazendo a outros por toda a minha vida: ‘Você acredita em Deus, senhor?’ ‘Sim, ele respondeu.’ ‘Pode provar isto, senhor?’ ‘Sim.’ ‘Como?’ ‘Porque eu O vejo assim como vejo você, só que muito mais intensamente.’ ‘Isto me impressionou na hora’. (...) Eu comecei a ir àquele homem, dia após dia, e, de fato, vi que religião poderia ser dada. Um toque, um olhar, pode mudar toda uma vida."Mesmo que Narendra não tenha aceito Ramakrishna como seu guru inicialmente e tenha se colocado contra suas idéias, ele foi atraído por sua personalidade e o visitava frequentemente. Inicialmente olhava para os seus êxtases e visões como "mera imaginação", como "mera alucinação". Como membro do Brahmo Samaj, ele se revoltava contra a adoração de ídolos e o politeísmo, e a adoração de Ramakrishna a Kali. Ele, inclusive, não aceitava a ideia de Advaita Vedanta de identidade com o absoluto, tratando-a como blasfêmia e loucura, fazendo, muitas vezes, graça com o conceito Embora de início Narendra não podia aceitar Ramakrishna e suas visões, ele não podia negá-las também. Sempre fora a natureza de Narendra testar algo duramente antes que pudesse aceitá-lo. Ele testou Ramakrishna, que nunca pediu a Narendra para abandonar sua racionalidade, e encarou todos os argumentos e testes de Narendra com paciência – "Tente ver a verdade de todos os ângulos" era sua resposta. Ao longo dos 5 anos de treinamento junto a Ramakrishna, Narendra foi transformado em um homem maduro, pronto a renunciar a tudo pela realização divina. No decorrer do tempo, Narendra aceitou Ramakrishna como seu Guru, e quando isto se deu, sua aceitação foi de todo coração e com completa entrega como discípulo. Influenciado por sua educação inglesa, antes não conseguia aceitar que um homem pudesse ser de fato um Guru, mas sim um professor de assuntos espirituais Em 1885, Ramakrishna sofreu de um câncer na garganta e mudou-se para Calcutá. Mais tarde foi para Cossipore. Vivekananda e seus irmãos discípulos cuidaram de Ramakrishna nos dias finais (de seu corpo). A educação espiritual sob tutela de Ramakrishan, portanto, continuou lá. Em Cossipore, relata-se que Vivekananda teve uma experiência de Nirvikalpa Samadhi. Nos últimos dias de Ramakrishna, Vivekananda e alguns outros discípulos receberam a roupa ocre, característica dos monges Hindus, e vieram a formar a primeira ordem monástica de Ramakrishna. Vivekananda foi ensinado que servir ao homem é a forma mais efetiva de servir a Deus.  Relata-se que quando Vivekananda duvidou do fato de Ramakrishna ser um avatar, este teria lhe dito: "Aquele que foi Rama, Aquele que foi Krishna, Ele mesmo agora é Ramakrishna neste corpo."  Nos seus últimos dias Ramakrishna pediu a Vivekananda que tomasse conta dos outros discípulos monásticos, a estes, por sua vez, pediu que tomassem Vivekananda como seu líder. A condição de Ramakrishna piorou gradualmente e ele deixou o corpo no começo da manhã de 16 de Agosto de 1886, entrando em Mahasamadhi.

Monastério de Baranagar

Depois da partida de seu mestre, os discípulos monásticos liderados por Vivekananda se organizaram em uma casa em Baranagar, perto do rio Ganges, com ajuda financeira dos discípulos chefes de família. Isto acabou se tornando o primeiro monastério dos discípulos que constituíram a Ordem Ramakrishna. A casa, que estava em más condições, foi escolhida devido ao baixo aluguel e proximidade com o local onde Ramakrishna foi cremado. Narendra e os outros membros da Ordem frequentemente passavam seu tempo em meditação, discussões sobre diferentes filosofias e ensinamentos dos professores espirituais, incluindo Ramakrishna, Adi Shankara, Ramanuja, e Jesus Cristo. Foi da seguinte forma que Narendra lembrou dos primeiros dias no monastério: "Nós nos submetemos a uma intensa prática espiritual na Ordem de Baranagore. Costumávamos acordar às 3:00 e ficar absorvidos em japa e meditação. Quão forte era o espírito de desapego que tínhamos naqueles dias! Nós não tínhamos pensamentos mesmo sobre se o mundo existia ou não". No início de 1887, Narendra e oito outros discípulos tomaram votos monásticos formais. Narendra tomou o nome de Swami Vivekananda. Mais tarde foi coroado com o nome Vivekananda por Ajith Singh, o Maharaja de Khetri.

”Parivrâjaka” - Vida de monge errante

Em 1888, Vivekananda deixou o monastério como um Parivrâjaka – a vida religiosa de um monge errante Hindú. "Sem residência fixa, sem laços que o prenda, independente e desconhecido em qualquer lugar onde for."[46] Suas únicas posses eram um kamandalu (pote de água), um bastão e seus dois livros favoritos – Bhagavad Gita e A Imitação de Cristo. Narendranath viajou por toda a Índia por 5 anos, visitando importantes centros de aprendizado, familiarizando-se com diversas tradições religiosas e diferentes modos de vida. Ele desenvolveu uma compaixão pelo sofrimento e pobreza das massas e tomou a firme determinação de elevar a nação. Vivendo sobretudo em Bhiksha ou esmolas, Narendranath viajou a maior parte a pé e com tickets de trem comprados por seus admiradores, conhecidos ao longo das viagens. Durante estas viagens ele travou contato e ficou com estudiosos, Dewans, Rajas e pessoas de todos os caminhos – Hindús, Muçulmanos, Cristãos, Párias e oficiais do governo.

Norte da India

Em 1888, ele iniciou sua jornada em Varanasi. Lá conheceu o pandit e escritor Bengali Bhudev Mukhopadhyay e Trailanga Swami, famoso santo que vivia em um templo de Shiva. Lá ele também conheceu Babu Pramadadas Mitra, notável erudito de Sânscrito, para quem o Swami escreveu diversas cartas pedindo seu conselho na interpretação das escrituras hindús. Depois de Varanasi ele visitou Ayodhya, Lucknow, Agra, Vrindaban, Hathras e Rishikesh. Em Hathras ele conheceu Sharat Chadra Gupta, o gerente de estação de trem, que mais tarde se tornou um de seus primeiros discípulos, vindo a se chamar "Sadananda". Entre 1888-1890, ele visitou Vaidyanath, Allahabad. De Allahabad, ele visitou Ghazipur, local em que conheceu Pavhari Baba, um Asceta da Avaita Vednata que passou a maior parte de seu tempo em meditação. Entre 1888-1890, ele retornou a Ordem em Baranagore poucas vezes devido a problemas de saúde e para conseguir fundos quando Balaram Bose e Suresh Chandra Mitra, os discípulos de Sri Ramakrishna que subsidiavam a Ordem, tinham deixado seus corpos.

Os Himalayas

Em Junho de 1890, acompanhado por seu irmão discípulo, Swami Akhandananda, ele continuou sua jornada como um monge errante e retornou à Ordem apenas depois de sua visita ao Ocidente. Ele visitou Nainital, Almora, Srinagar, Dehradun, Rishikesh, Haridwar e os Himalayas. Afirma-se que nesta viagem ele teve um visão marcante do Macrocosmo e o Microcosmo, que parecem estar refletidas nas suas palestras sobre Jnana Yoga que deu no Ocidente, intituladas "The Cosmos". Ao longo destas viagens, ele encontrou alguns de seus irmãos discípulos – Swami Brahmananda, Saradananda, Turiyananda, Akhandananda e Advaitananda. Eles ficaram em Meerut por alguns dias, passando seu tempo em meditação, oração e estudo das escrituras. No fim de Janeiro de 1891, Vivekananda deixou seus irmãos monges e jornou para Delhi sozinho.

Rajputana

Em Delhi, depois de visitar locais históricos ele viajou para Alwar, na histórica região de Rajputana. Mais tarde ele rumou para Jaipur, onde estudou uma das primeiras gramáticas conhecidas do Sânscrito, o Ashtadhyaya de Panini, com um estudioso. Em seguida foi para Ajmer, onde visitou o palácio de Akbar e o famoso Dargah e saiu em direção Monte Abu. Lá ele conheceu o Maharaja Alit Singh de Khetri, que se tornou um entusiástico devoto seu e patrocinador. Ele foi convidado para Khetri, onde proferiu discursos para o Raja. Em Khetri, ele também se familiarizou com o Pandit Narayandas, e estudou o Mahabhashya, que é o comentário de algumas regras selecionadas da Gramática Sânscrita de Panini. Depois de dois meses e meio em Khetri, perto do fim de Outubro de 1891, ele foi em direção ao Rajastão Maharastra.

Índia Ocidental

Continuando suas viagens, ele visitou Ahmedabad, Wadhwan, Limbdi. Em ahmadabed ele completou seus estudos das tradições muçulmanas e jainistas. Em Limbdi ele encontrou Thakore Sahed Jaswant Singh que havia, ele mesmo, estado na Inglaterra e América. De Thakore Sageb, o Swami teve primeiramente a ideia de ir para o Ocidente para pregar a Vedanta. Ele mais tarde visitou Jaganath, Girnar, Kutchm Portbander, Dwaraka, Palitana e Baroda. Em Portbander ele ficou três quartos de um ano para aperfeiçoar seus estudos em filosofia e Sânscrito com pandits versados; ele trabalhou com um pandit da corte que traduziu os Vedas. Ele mais tarde viajou para Mahabaleshwar e então para Pune. De Poona ele visitou Khandwa e Indore, próximo a Junho de 1982. Em Kathiawar ele ouviu a respeito do Parlamento das Religiões do Mundo e foi instado por seus seguidores de lá a participar deste. Ele deixou Khandwa para Bombaim e chegou lá em Julho de 1892. Em um trem para Pune ele conheceu Bal Gangadhar Tilak. Depois de ficar com Tilak por poucos dias em Poona, (61) o Swami viajou para Bealgaum em Outubro de 1892.Segundo Romain Rolland (2008, p. 25): "Tilak, o famoso líder político Hindu o tomou primeiramente por um monge errante de pequena importância e começou a ser irônico; então, pego por suas respostas, que revelavam uma mente poderosa e conhecimento, ele o recebeu em sua casa por dez dias sem nunca conhecer o seu verdadeiro nome. Foi apenas depois, quando os jornais trouxeram da América os ecos do triunfo de Vivekananda e a descrição do conquistador, que ele reconheceu o hospede anônimo que que havia habitado sob seu teto." Em Belgaum ele foi hóspede do professor G.F. Bhate e o oficial de floresta da subdivisão, Haripada Mitra. De Belgaum, ele visitou Panjim e Margao em Goa. Ele passou três dias no seminário no Rachol Seminary, o mais velho colégio-convento de teologia em Goa, onde uma rara literatura religiosa em manuscritos e trabalhos imprimidos em Latim estão preservados. Afirma-se que lá ele estudou importantes trabalhos da teologia cristã. De Margao o Swami foi de trem para Dharwar, e de lá foi diretamente para Bangalore, em Mysore State.

Sul da Índia

Em Bangalore, o Swami conheceu Sir K. Seshadri Iyer, o Dewan de Estado de Mysore e, depois ficou no palácio, como hóspede do Maharaja do Chamaraja Wodeyar. Tendo conhecimento do profundo saber do Swami, Sir Seshadri teria dito: "uma personalidade magnética e uma força divina que estava destinada a deixar a sua marca na história deste país." O Maharaja forneceu ao Swami uma carta de introdução para o Dewan de Cochi e deu a ele um bilhete de trem.

De Bangalore ele visitou Trichur, Kodungallor, Ernakulam. Neste último local ele conheceu Chattampi Swamikal no início de Dezembro de 1892, que, junto a seu contemporâneo de Sri Narayana Guru, teve importante papel na reforma da Sociedade indiana, fortemente ritualista e impregnada de uma opressão por castas. De Ernakulam, ele viajou para Trivandrum, Nagercoil e chegou a Karayakumari a pé, na véspera do Natal de 1892.Em Kanyakumari, diz-se que o Swami meditou no "último pedaço de rocha indiana" por três dias, local em que mais tarde ficou conhecido como Vivekananda Rock Memorial. Em Kanyakumari, Vivekananda teve a "visão de uma única Índia", comumente conhecida como “A resolução de Kanyakumari de 1892”. De Kanyakumari ele visitou Madurai, onde conheceu o Raja de Romnad, Bhaskara Setupati, para quem ele tinha uma carta de introdução. O Raja se tornou discípulo do Swami e urgiu a este que fosse ao Parlamento das Religiões de Chicago. De Madurai ele visitou Rameshwaram, Pondicherry, ele viajou para Madras, onde conheceu alguns de seus mais devotados discípulos, como Alasinga Perumal, G. G. Narasimhachari, que teve importante papel na coleta de fundos para a viagem do Swami à América e, mais tarde, no estabelecimento da Missão Ramakrishna em Madras. De Madras ele viajou para Hyderabad. Com a ajuda dos fundos coletados por seus discípulos de Madras e Rajas de Mysore, Ramnad, Khetri, Dewans e outros seguidores, Vivekananda embarcou para Chicago, saindo de Bombaim em 31 de Maio de 1893 e assumindo o nome Vivekananda – nome sugerido pelo Maharaja de Khetri.

Visita ao Japão

No seu caminho para Chicago, Vivekananda visitou o Japão em 1893. Ele primeiro chegou à cidade portuária de Nagasaki e, então, subiu a bordo de um navio com direção a Kobe. De lá ele foi por terra para Yokohama, visitando no caminho as três grandes cidades de Osaka, Quioto e Tokyo. Ele chamou os japoneses de "um dos povos mais limpos da Terra". Ficou impressionado não apenas com a limpeza de suas ruas e moradias como também por seus movimentos, atitudes e gestos, todos os quais ele considerou pitorescos.Este foi um período de rápido crescimento militar no Japão - um prelúdio para a guerra Sino-Japonesa. Isto não escapou à atenção de Vivekananda, que escreveu – "Os japoneses parecem agora ter acordado para as necessidades dos tempos atuais. Eles têm agora um exército altamente organizado, equipado com armas que um de seus próprios oficiais inventou e que, é dito, não ficam atrás de nenhumas outras. Inclusive estão continuamente aumentando sua marinha". Sobre o progresso industrial ele observou, "As fábricas de correspondência são simplesmente um espetáculo e eles estão dispostos a fazer tudo aquilo que eles precisam no seu próprio país."  Contrastando com a situação suportada na Índia, ele instou seus compatriotas - o "fruto de séculos de superstição e tirania" - a sair de suas tocas estreitas e olhar amplamente - "Eu só quero que muitos de nossos jovens façam uma visita ao Japão e a China todo os anos. Especialmente para os Japoneses, a Índia é ainda a terra dos sonhos de tudo aquilo que é alto e bom. E vocês, o que são vocês? ... dizendo tolices toda a vida, vãos faladores, o que são vocês? Venham, vejam estas pessoas, e então partam e escondam suas faces em vergonha. Uma raça de velhos sem força, vocês perdem suas castas se vocês saem! Sentados estas centenas de anos com uma sempre crescente carga de superstições em suas cabeças, por centenas de anos gastando toda a sua energia em discutindo a tocabilidade ou intocabilidade desta ou daquela comida, com toda a humanidade esmagada em vocês pela contínua tirania das eras – o que são vocês? O que vocês estão fazendo agora? Passeando a beira-mar com livros em suas mãos – repetindo pedaços esparsos do trabalho intelectual europeu e a alma curvada para ganhar as 30 rúpias de um secretário ou, no máximo, se tornando um advogado – o topo das ambições de um jovem indiano – e todo estudante com uma ninhada completa de crianças esfomeadas tagarelando aos seus calcanhares e pedindo por pão! Não tem água suficiente no mar para afogar vocês, livros empolados, diplomas universitários e todo o resto?"

Primeira visita ao Oeste

A sua jornada para América levou ele para China, Canadá e chegou a Chicago em Julho de 1893. Mas para o seu desapontamento ele aprendeu que ninguém sem credenciais de uma organização de renome poderia ser aceito como um delegado. Ele veio em contato com o Professor John Henry Wright da Universidade Harvard. Depois de convidá-lo a falar na Harvard e saber dele que não tinha credenciais para falar no parlamento, Wright é citado por ter dito, "Pedir a você credenciais é como pedir ao sol para expressar seu direito de brilhar nos céus." Wright então enviou uma carta para o diretor a cargo dos delegados, escrevendo, "Aqui está um homem que é mais versado do que todos os nossos versados professores colocados juntos". Sobre o professor, Vivekananda ele mesmo escreveu "Ele incitou a mim a necessidade de ir ao Parlamento das Religiões, o qual, ele pensou, poderia dar uma introdução à nação."

Parlamento das Religiões do Mundo

O Parlamento das Religiões teve sua abertura no dia 11 de Setembro de 1893 no Art Institute of Chicago (Instituto de Arte de Chicago). Neste dia Vivekananda fez a sua primeira e curta fala. Ele representou a Índia e o Hinduísmo. Apesar de inicialmente nervoso, ele se curvou a Saraswati, a deusa da Sabedoria e começou sua fala com "Irmãs e irmãos da America!". Com estas palavras ele foi ovacionado de pé por uma plateia de sete mil pessoas, por dois minutos. Quando o silêncio foi restaurado ele iniciou o seus discursos. Ele saudou a mais jovem das nações em nome da "mais antiga ordem de monges do mundo, a ordem Védica dos sannyasins, uma religião que ensinou o mundo ambos, tolerância e aceitação universal." E ele citou duas passagens ilustrativas a este respeito presentes no Bhagad Gita - "Assim como diferentes correntes tendo suas fontes em diferentes locais, todas misturam suas águas no mar, do mesmo modo, Ó Senhor, os diferentes caminhos que o homem toma, devido a diferentes tendências, diversos, mesmo que pareçam tortos ou diretos, todos levam a Ti". E "Quem quer que venha a Mim, por qualquer forma que seja, Eu chego a ele; todos os homens estão se esforçando através de caminhos que no final levam a Mim." Apesar de ter sido um discurso curto, ressoou no espírito do Parlamento e em seu senso de universalidade. Dr. Barrows, o presidente do Parlamento disse, "Índia, a Mãe das religiões foi representada por Swami Vivekananda, o monge laranja que exerceu a mais admirável influência sobre seus ouvintes." Ele atraiu uma vasta atenção na imprensa o que lhe rendeu o títulos de "O monge ciclônico da Índia". O New York Critique escreveu, "Ele é um orador por direito divino, e sua forte, inteligente face, em sua pitoresca moldura amarela e laranja quase não foi menos interessante que suas sinceras e firmes palavras, e a rica, rítmica expressão vocal que deu a elas." O New York Herald escreveu, "Vivekananda é indubitavelmente a maior figura no Parlamento das Religiões. Depois de ouvi-lo nós sentimos quão tolo é mandar missionários para esta sábia nação."Os jornais norte-americanos reputaram Swami Vivekananda como "A maior figura do parlamento das religiões"e "O mais popular e influente homem no parlamento". Ele falou diversas outras vezes no Parlamento em tópicos relacionados ao Hinduísmo e ao Budismo. O parlamento teve seu fim em 27 de Setembro de 1893. Todos os seus discursos no Parlamento tinham um tema em comum – a universalidade- e enfatizavam a tolerância religiosa.

Viagens de palestras nos EUA e Inglaterra

Depois do Parlamento das Religiões Vivekananda gastou aproximadamente dois anos dando palestras em várias partes nas regiões Leste e central dos Estados Unidos, aparecendo, sobretudo, em Chicago, Detroit, Boston e Nova York. Pela primavera de 1895, ele estava fatigado e com uma saúde debilitada devido ao seu contínuo empenho. Depois de suspender seu ciclo de palestras ao redor do país, o Swami começou a dar aulas abertas e privadas sobre Vedanta e Yoga. Em Junho de 1895, por dois meses ele conduziu aulas privadas para uma dúzia de seus discípulos em Thousand Island Park, Vivekananda considerou isto como a parte mais feliz de sua visita à América. Mais tarde ele fundou a "Vedanta Society of New York" (Sociedade Vedanta de Nova York).  Durante a sua primeira visita para a América, ele viajou para Inglaterra duas vezes – em 1895 e em 1896. Suas palestras foram exitosas lá. Foi lá que conheceu a Senhora Margaret Noble, uma dama Irlandesa que, mais tarde se tornou a Sister Nivedita.Durante a sua segunda visita, em Maio de 1896, enquanto morava em uma casa em Pimlico, o Swami conheceu Max Müller, um renomado indólogo, na Universidade de Oxford, que escreveu a primeira biografia de Ramakrishna no Ocidente. Da Inglaterra, ele também visitou outros países europeus. Na Alemanha ele conheceu Paul Deussen, um outro indólogo famoso. Ele também recebeu duas ofertas acadêmicas, a cadeira de filosofia oriental na Universidade de Harvard e uma posição similar na Universidade de Columbia. Ele declinou a ambas, dizendo que, como um monge errante, ele não poderia ficar estabelecido em um trabalho do tipo. Ele atraiu diversos seguidores sinceros. Entre seus seguidores estavam, Josephine MacLeod, Senhorita Müller, Senhorita Noble, E.t. Sturdy, Capitão e Senhora Sevier - que tiveram um importante papel na fundação do Advaita Ashrama, e J.J. Goodwin - que se tornou seu taquígrafo e registrou seus ensinamentos e palestras.A família Hale se tornou um de seus mais calorosos anfitriões na América. Seus discípulos – Madame Louise, uma mulher francesa, tornou-se Swami Abhayananda, e o Senhor Leon Landsberg, se tornou Swami Kripananda. Ele iniciou diversos outros seguidores em Brahmacharya. As ideias de Swami Vivekananda foram admiradas por diversos escolares e famosos pensadores – William James, Josiah Royce, C. C. Everett, Reitor da Universidade da Harvard School of Divinity (Faculdade da Divindade, de Harvard), Robert G. Ingersoll, Nikola Tesla, Lorde Kelvin e professor Hermann Ludwig Ferdinand Von Helmholtz.Outras personalidades que foram atraídas por seus pensamentos foram Harriet Monroe e Ella Wheeler Wilcox – dois famosos poetas Norte-Americanos, professor William James da Universidade de Harvard; Dr. Lewis G. Janes, presidente da “Brooklyn Ethical Association”; Sara C. Bull, Esposa de Ole Bull, o violonista norueguês; Sarah Bernhardt, a atriz francesa e Madame Emma Calvé, a cantora francesa de ópera. Do Ocidente, ele também colocou o seu trabalho na Índia em movimento. Vivekananda escreveu uma corrente de cartas para Índia, dando conselhos e enviando dinheiro para seus seguidores e irmãos monges. Suas cartas vindas do Ocidente naqueles dias estabeleceram a sua campanha para o serviço social.Ele constantemente tentou inspirar seus discípulos íntimos na Índia a fazer algo grande. Suas cartas a eles contém algumas de suas mais fortes palavras.Em uma destas cartas, ele escreveu ao Swami Akhandananda, seu irmão monge: "Vá de porta a porta entre os pobres e classes mais baixas da cidade de Khetri e ensine eles religião. Também permita que eles tenham lições orais em geografia e outros assuntos do tipo. Nada bom virá em ficar sentado à toa e tendo pratos principescos, e dizendo ‘Ramakrishna, Óh Senhor’ exceto se você puder fazer algo bom aos pobres." Em 1895 o periódico chamado Brahmavadin foi iniciado em Madras, com o dinheiro suprido por Vivekananda para o propósito de ensinar a Vedanta.Logo após, a tradução de Vivekananda dos primeiros seis capítulos de "A Imitação de Cristo", que havia sido completada em 1889, foi publicada no periódico. Vivekananda partiu da para a Índia no dia 16 de Dezembro de 1896, saindo da Inglaterra com seus discípulos, Capitão e Senhora Sevier, e J.J. Goodwin. No caminho eles visitaram a França, Itália, vendo o quadro "A Última Ceia", de Leonardo da Vinci, e partiram para a Índia do Porto de Nápoles em 30 de Dezembro de 1896.Mais tarde, ele foi seguido à Índia pela Senhorita Müller e por Sister Nivedita. Sister Nivedita devotou o resto de sua vida à educação das mulheres indianas e pela independência da Índia.

De volta à Índia

De Colombo a Almora

Vivekananda chegou a Colombo em 15 de Janeiro de 1897 e recebeu uma estática recepção. Lá ele fez o seu primeiro discursos no Oriente, India, the Holy Land (Índia, a terra Sagrada). Deste momento em diante, sua jornada para Calcutá foi de um progresso triunfante. Ele viajou de Colombo a Pamban, Rameshawaram, Ramnad, Madurai, Kumbakonam e Madras proferindo palestras. O povo e os Rajas deram a ele uma entusiástica recepção. Na procissão em Pamban, o Raja de Ramnad puxou pessoalmente a carruagem de Swamiji. No caminho para Madras, em diversos locais onde o trem não parava, as pessoas se agachavam nos trilhos só permitiam que o trem continuasse depois de ouvir o Swami.De Madras, ele continuou sua jornada para Calcutá e deu continuidade às suas palestras até chegar em Almora. Enquanto no Ocidente falou da grande herança espiritual da Índia, no seu retorno à sua terra mãe, o refrão de suas Palestras de Colombo a Almora foi a elevação das massas, erradicação do vírus das castas, promoção do estudo da ciência, industrialização do país, remoção da pobreza, o fim da regulamentação colonial. Estas conferências foram publicadas como ‘Lectures from Colombo to Almora’ (Palestras de Colombo a Almora). Estas palestras são consideradas de fervor nacionalista e ideologia espiritual.Suas falas tiveram uma tremenda influência nos líderes indianos, incluindo Mahatma Gandhi, Bipin Chandra Pal e Balgangadhar Tilak.

Fudação da Ordem e Missão Ramakrishna

No dia 1 de Maio de 1897, em Calcutá, Vivekananda fundou a "Ordem Ramakrishna" – o órgão para propagar religião - e a Missão Ramakrishna, o órgão para o serviço social. Este foi o começo de um organizado movimento sócio-religioso, que tem contribuído, sobretudo na Índia, para ajudar as massas por meio de educação, cultura, trabalhos médicos e assistenciais.(79) Os ideais de Missão Ramakrishna são baseados em Karma Yoga.Dois monastérios foram fundados por ele, um em Belur, próximo a Calcutá, que se tornou a sede da Ordem e Missão Ramakrishna. Outro em Mayavati, nos Himalayas, próximo a Almora, conhecido como Advaita Ashrama e o terceiro monastério foi estabelecido em Madras. Dois jornais foram iniciados, Prabuddha Bharata, em Inglês, e Udbhodan, em Bengali.No mesmo ano, o trabalho de assistência contra a escassez foi iniciado pelo Swami Akhandananda no distrito de Murshidabad.Vivekananda havia inspirado Sir Jamshetji Tata a iniciar uma instituição de pesquisa e educação quando eles viajaram juntos de Yokohama a Chicago, na primeira visita do Swami ao Ocidente, em 1893. Nesta época, o Swami recebeu uma carta de Tata, pedindo a ele para dirigir o Research Institute of Science (Instituto de Pesquisas de Ciência) que Tata havia fundado. Mas Vivekananda não aceitou a oferta, dizendo que isto conflitava com seus interesses espirituais.Ele, mais tarde visitou o Punjab ocidental com a missão de estabelecer a harmonia entre o Arya Samaj, que sustentava a ideia de um Hinduismo reinterpretado e os Sanatanaists, que defendiam um Hinduísmo ortodoxo. Em Rawalpindi, ele sugeriu métodos para erradicar o antagonismo entre os membros do Arya Samaj e os Muçulmanos.Sua visita a Lahore é memorável por conta de suas famosas palestras e sua inspiradora associação com Tirtha Ram Goswami, então um brilhante professor de Matemática, que mais tarde abraçou a vida monástica como Swami Rama Tirtha e pregou Vedanta na Índia e América.Ele também visitou outros locais, incluindo Delhi e Ketri e retornou a Calcutá em Janeiro de 1896. Ele gastou depois alguns meses consolidando o trabalho da Ordem e treinando os discípulos. Durante este período ele compôs a famosa canção do Arati, Khandana Bhava Bandhana, durante o evento da consagração do templo de Ramakrishna na casa de devotos.

Segunda Visita ao Oeste

Ele novamente embarcou para o Ocidente em Junho de 1899, em um momento em que sua saúde estava piorando.Ele foi acompanhado por Sister Nivedita e por Swami Turiyananda. Ele gastou um tempo curto na Inglaterra e, então, foi para a América. Ao longo desta visita, ele fundou as Vedanta Societies (Sociedades de Vedanta) em São Francisco e em Nova Yorke. Ele também fundou o “Shanti Ashrama” na Califórnia, com o generoso apoio de uma propriedade de 65 hectares (0.65 km²) doada por um devoto Norte Americano.Mais tarde ele participou do Congresso das Religiões, em Paris, em 1900.Os discursos dados em Paris são memoráveis pelo conhecimento que Vivekananda demonstrou relacionados à adoração do Linga e a autenticidade do Bhagavad Gita. De París ele fez curtas visitas Brittany, Viena, Istambul, Atenas e Egito. Na maior parte deste período, ele foi hóspede de Jules Bois, o famoso pensador.Ele deixou Paris no dia 24 de Outubro de 1900 e chegou a Belur Math em 9 de Dezembro do mesmo ano.

Últimos Anos

Vivekananda passou alguns de seus dias no Advaita Ashrama, em Mayavati e, mais tarde, em Belur Math. Deste momento em diante ele ficou em Belur Math, guiando o trabalho da Ordem e Missão Ramakrishna e o trabalho na Inglaterra e America. Milhares de visitantes vieram a ele nestes dias, incluindo o Maharaja de Gwalior e, em Dezembro de 1901, os homens fortes do Congresso Nacional da Índia, incluindo Lokamanya Tilak. Neste mesmo mês ele foi convidado a participar do Congresso das Religiões no Japão. No entanto, sua saúde debilitada tornou isto impossível. Ele fez peregrinações a Bodhgaya e Varanasi em uma data próxima aos últimos dias de seu corpo. Suas viagens, agitados compromissos que incluíam conferências, discussões privadas e correspondências prejudicaram sua saúde física. Ela estava com asma, diabetes e outras indisposições físicas.Poucos dias antes da morte de seu corpo, ele foi visto estudando o almanaque. Três dias antes de sua morte ele apontou o local para sua cremação – um local em que, posteriormente, foi construído um templo em sua memória. Ele comentou a diversas pessoas que não chegaria aos quarenta anos.No dia de sua morte, ele ensinou Shukla-Yajur-Veda para alguns de seus pupilos, de manhã, em Belur Math. Ele teve uma caminhada com Swami Premananda, um irmão-discípulo e deu a ele instruções para o futuro da Ordem Ramakrishna. Vivekananda morreu às 21h10 do dia 4 de Julho de 1902, enquanto estava meditando. De acordo com seus discípulos, isso foi o seu Mahasamadhi. Mais tarde seus discípulos lembraram que havia um pouco de sangue nas suas narinas, próximo à boca e nos seus olhos.Os médicos apontaram que isto teria sido causado pela ruptura de um vaso sanguíneo no cérebro, mas não puderam encontrar a causa real da morte. De acordo com discípulos, Brahmarandhra – a abertura na coroa da cabeça – deve ter sido rompida quando ele atingiu o Mahasamadhi. Vivekananda havia deste modo cumprido sua própria profecia de não viver até os 40 anos de idade.

Ensinamentos e Filosofia

Swami Vivekananda acreditava que a essência do Hinduísmo seria melhor expressa na filosofia da Vedanta, baseada na interpretação de Adi Shankara. Ele resumiu os ensinamentos da Vedanta da seguinte maneira. Toda alma é potencialmente divina.A meta é manifestar esta Divindade interior por meio do controle da natureza, externa e interna.Faça isso tanto por meio do trabalho, quanto adoração, controle psíquico, ou filosofia – por um, ou mais, ou por todos estes meios – e seja livre.-Isto é a totalidade da religião. Doutrinas, ou dogmas, ou rituais, ou livros, ou templos, ou formas, não são se não detalhes secundários.  Enquanto um único cachorro em meus país está sem comida, toda a minha religião é alimentá-lo e servi-lo, qualquer coisa excluindo isso é irreligioso. - Levante, desperte e não pare até atingir a meta. - Educação é a manifestação da perfeição já existente no homem - Servir ao homem é servir a Deus.

Para Vivekananda, um importante ensinamento que Ramakrishna havia lhe dado é "Jiva é Shiva" (cada indivíduo é a própria divindade).Este se tornou seu Mantra, e ele cunhou o conceito de daridra narayana seva - o serviço a Deus nos, e por meio dos, seres humanos (pobres). "Se verdadeiramente existe a unidade de Brahman subjacente a todos os fenômenos, então, com que base nós nos consideramos como melhores ou piores, ou mesmo como em melhor situação, do que outros?" - Esta foi a questão que ele propôs a si mesmo. Por fim concluiu que estas distinções se desvanecem nulas dentro da luz da unidade que o devoto experimenta em Moksha, a libertação. O que surge, então, é a compaixão para com aqueles "indivíduos" que permanecem inconscientes desta unidade e uma determinação de ajudá-los.

Swami Vivekananda pertencia ao ramo da Vedanta que sustentava que ninguém pode ser verdadeiramente livre até que todos nós sejamos. Mesmo o desejo de salvação pessoal deve ser deixado e apenas um incansável trabalho para a libertação de outros é a verdadeira marca de uma pessoa iluminada. Ele fundou a Ordem e Missão Ramakrishna no princípio de "Amano MoksharthamJagat-hitaya cha" (आत्मनॊ मोक्षार्थम् जगद्धिताय च) (para a própria salvação e para o bem estar do mundo).Vivekananda alertou seus seguidores para que tivessem uma vida santa, não egoísta e para que tivessem shraddha (fé). Ele encorajou a prática do Brahmacharya (celibato). Em uma das conversas com seu amigo de infância, Priya Nath Sinha, ele atribui sua força física e mental, e sua eloquência à prática do Brahmacharya.Vivekananda não defendia a emergente área da parapsicologia e astrologia (um exemplo pode ser encontrado na sua palestra “Man, the Maker of his Destiny”, “Complelte-Works, Volume 8, Notes Fo Class Talks and Lectures”), dizendo que, pelo contrário, esta forma de curiosidade não ajuda no progresso espiritual, mas, na verdade esconde isto.

Influência

Diversos líderes da Índia do século XX e filósofos reconheceram a influência de Vivekananda. O primeiro governador-geral da Índia independente, Chakravarti Rajagopalachari, certa vez observou que "Vivekananda salvou o Hinduísmo, salvou a Índia".De acordo com o grande líder revolucionário, Subhas Chandra Bose, Vivekananda "é o autor da nova Índia" e, para Gandhi, a influência de Vivekananda tornou seu "amor por este país mil vezes maior". Anna Hazare, o líder Indiano que está ficando conhecido pelo mundo, tem Vivekananda como a principal influência em sua vida. Recentemente completou um jejum de 12 dias contra a corrupção que afirma-se estar ocorrendo na Índia. Em 1965, quando era membro do exército e participava da guerra entre Índia e Paquistão, seu veículo foi atingido por forte ataque aéreo e teve Anna como o único sobrevivente. Diversas questões sobre a morte e sobre a vida espiritual surgiram em sua mente. Em um momento em que esta pensando em se suicidar, teve acesso a um pequeno livro de Vivekananda. Neste, lhe marcou muito a ideia de que servir ao pobre é servir a Deus. Ele credita o livro por ter-lhe dado esta mentalidade e última realização e considera o grande Swami como a luz guia de sua vida.

O Dia Nacional da Juventude na Índia é realizado no dia do aniversário do Swami, 12 de janeiro, para comemorar este grande líder e trazer o seus ensinamentos para a juventude. Este foi um gesto bastante apropriado levando em conta os seus escritos que trataram da juventude indiana e como esta deveria se esforçar para seus valores antigos enquanto participavam totalmente do mundo moderno. Segundo o site do governo indiano.

Desde de o ano de 1984, a Índia celebra o dia 12 de Janeiro como o "Dia Nacional da Juventude" (National Youth Day) porque, neste dia, no ano de 1863, uma fábrica de homens nasceu. Ele era conhecido como o grande filósofo, uma inspiração para a juventude, a corporificarão da cultura e inteligência indiana "Sri Swami Vivekananda, o grande guru espiritual" da Índia. Ele se ergue como um modelo completo por gerações, em vários temas. O caminho tomado por santos filósofos, para lidar uma vida verdadeira e pura é raramente seguido pela sociedade materialista de hoje. Swami Vivekananda inspirou muitos jovens, incluindo grandes líderes, como Nethaji Subash Chandra Bose por meio de seus trabalhos. Seus trabalhos e seu conhecimento são um ideal e inspiração à juventude para atingir coisas maiores na vida".

Vivekananda é largamente considerado como alguém que inspirou o movimento de luta pela independência da Índia. Seus escritos inspiraram toda uma geração de pessoas que lutaram por esta libertação como o próprio Subhash Chandra Bose, Aurobindo Ghose e Bagha Jatin. Vivekananda foi o irmão de Bhupendranath Dutta, revolucionário que lutou pela libertação. Subhash Chandra Bose, que foi uma das mais proeminentes figuras no movimento de independência da Índia disse também: "Eu não posso escrever sobre Vivekananda sem entrar em êxtase. Poucos, de fato, puderam compreender ou sondar ele, mesmo entre os que tiveram o privilégio de se tornar íntimos com ele. Sua personalidade era rica, profunda e complexa.... Indiferente em seu sacrifício, incessante em sua atividade, ilimitado em seu amor, profundo e versátil em sua sabedoria, exuberante em suas emoções, inclemente em seus ataques, mas ainda sim simples como uma criança, ele era uma rara personalidade neste mundo nosso".

Aurobindo Ghosh, que considerou Vivekananda como seu mentor espiritual, afirmou: "Vivekananda foi uma alma de poder, se algum dia existiu uma, um leão mesmo, entre os homens, mas o trabalho definitivo que ele deixou para trás é incomensurável em comparação com nossas impressões de seu poder criativo e energia. Nós percebemos suas influência ainda trabalhando de modo gigantesco, nós não sabemos bem como, nós não sabemos bem onde, em algo que ainda não está formado, algo leonino, grandioso, intuitivo, capaz de causar uma violenta elevação, que entrou na alma da Índia e nós dizemos, ‘Olhe, Vivekananda ainda vive na alma de sua Mãe e alma de suas crianças.’"

O francês Romain Rolland, laureado prêmio Nobel de literatura, escreveu "Suas palavras são grande música; as frases guardam o estilo de Beethoven; seus excitantes ritmos são como os coros da marcha de Händel. Eu não posso tocar estes seus dizeres, dispersos como estão nas páginas de livros, a uma distância de trinta anos, sem receber uma forte vibração por todo o meu corpo, como um choque elétrico. E que choques, que arrebatamentos devem ter sido produzidos quando, em palavras flamejantes, eles emergiram da boca de um herói.

Vivekananda inspirou Jamshedji Tata (123) para estabelecer o Indian Institute of Science (Instituto Indiano de Ciência), uma das instituições mais finas da Índia. No exterior, ele teve algumas interações com Max Müller. O cientista Nikola Tesla foi uma daquelas pessoas influenciadas pelos ensinamentos da filosofia Védica de Swami Vivekananda.

Uma das suas discípulas mais próximas é a alemã Christina Greenstidel (1866-1930), conhecida na India como Sister Christine,que continuou fielmente o trabalho de Sister Nivedita.

Acima de tudo, Swami Vivekananda ajudou a restaurar um senso de orgulho entre os Hindús, apresentando o milenar conhecimento da Índia, em sua forma mais pura para uma platéia ocidental, livre da propaganda espalhada pelos administradores coloniais britânicos segundo a qual o Hinduísmo seria uma fé misógina, idólatra e opressora de castas. De fato, sua vinda ao ocidente iria assentar o caminho para os subsequentes professores de religião da Índia para que deixassem suas próprias marcas no mundo, assim como introduzir solenemente a entrada de Hindus com suas tradições religiosas no mundo ocidental.

As ideias do Swami tiveram grande influência na juventude indiana. Em muitos institutos, estudantes se uniram formando organizações que objetivavam promover discussões de ideias espirituais e a prática de tão altos princípios. Muitas destas organizações adotaram seu nome. Um destes grupos ainda existe em IIT Madras - Indian Institute of Technology Madras (Instituto Indiano de Tecnologia, de Madras) - e é popularmente conhecido como Vivekananda Study Circle (Círculo de estudos Vivekananda). Outro existe em IIT Kanpur com o nome Vivekananda Samiti. Adicionalmente, as ideias de Swami Vivekananda e seus ensinamentos fluíram em direção ao globo, sendo praticadas em instituições por todo o mundo.

Mahatma Gandhi disse: "Os escritos de Swami Vivekananda não precisam ser introduzidos por ninguém. Eles fazem seu próprio apelo irresistível." Em Belur Math, Gandhi foi ouvido dizer que toda a sua vida foi um esforço para trazer para a ação as ideias de Vivekananda.(124) Muitos anos depois da morte de Vivekananda, Rabindranath Tagore - poeta indiano e o primeiro fora da Europa a receber o Prêmio Nobel de Literatura – disse a Romain Rolland: "se você quer conhecer a Índia, estude Vivekananda. Nele tudo é positivo, não há nada de negativo". Em 11 de Novembro de 1955, uma seção da Michigan Avenue (Avenida de Michigan), uma da mais proeminentes ruas em Chicago, foi formalmente renomeada Swami Vivekanada Way (Via Swami Vivekananda).

Vivekananda e Rabindranath Tagore

Apesar de não haver nenhuma referência a Vivekananda em nenhum artigo de Rabindranath Tagore, o poeta disse a Romain Rolland: "Se você quiser conhecer a Índia, leia Vivekananda, nele, tudo é positivo e nada é negativo." Percebe-se assim a estima que Tagore tinha por Vedanta Kesari. A respeito do guru de Vivekananda, Sri Ramakrishna, Tagore escreveu um poema: "Ao Paramahamsa Ramakrishna Deva". "Diversos cursos de adoração, de variadas fontes de preenchimento, foram unidos em sua meditação. A múltipla revelação da alegria do infinito deu forma a um santuário de unidade em sua vida, para onde, de longe e de perto, chegam saudações, entre as quais eu junto a minha própria."

Tagore foi o principal convidado na celebração do centenário de nascimento de Ramakrishna pela Missão Ramakrishna. Ao longo do Parlamento das Religiões de 1937, que foi realizado na Missão Ramakrishna em Calcutá, Tagore reconheceu Ramakrishna, cujo centenário de nascimento estava sendo celebrado, como um grande santo porque "a vastidão de seu espírito não podia compreender o aparente antagonismo entre diferentes métodos de sadhana, e por causa da simplicidade de sua alma, envergonha por todo o tempo a pompa e pedantismo de pontífices e pundits."

Vivekananda e Ciência

No seu livro Raja Yoga, Vivekananda explora visões tradicionais a respeito do sobrenatural e a crença de que a prática de Raja Yoga pode conferir poderes psíquicos como `ler pensamento de outros`, ’controlar todas as forças da natureza`,(128) se tornar `praticamente todo conhecedor`, `viver sem respirar`, `controle do corpo de outros` e levitação. Ele também explica conceitos tradicionais do oriente, como kundalini e centros de energia espiritual (chakras).No entanto, Vivekananda toma um ponto de vista cético e, no mesmo livro aponta: "Não é um sinal de uma mente científica e imparcial jogar fora qualquer coisa sem uma própria investigação. Cientistas superficiais, inaptos a explicar vários fenômenos mentais extraordinários, lutam por ignorar a sua própria existência." Ele, mais adiante na introdução do livro, diz que aquele que assim intenta, deveria tomar as práticas e verificar estas coisas por si mesmo, e que não deveria haver crença cega. "O pouco eu sei eu vou dizer a vocês. Até onde a minha razão chega eu vou fazê-lo, mas para aquilo que eu não conheço, eu vou simplesmente lhes dizer o que os livros dizem. É errado acreditar cegamente. Você deve exercitar sua própria razão e julgamento; você deve praticar e ver se estas coisas acontecem ou não. Da mesmo forma que você pegaria qualquer outra ciência, exatamente do mesmo modo você deve pegar esta ciência para estudar." Vivekananda (1885) rejeitou a teoria do éter antes de Einstein (1905), defendendo que esta não era capaz de explicar o espaço.(132) Em uma de suas falas no Parlamento Mundial das Religiões, Vivakananda (1893), Vivekananda também aludiu à etapa final da física: "Ciência não é nada a não ser a descoberta da unidade. Tão logo quanto a ciência chegue a perfeita unidade, esta iria interromper com progressos futuros, porque chegaria ao seu objetivo. Assim, a química não poderia progredir mais quando descobrisse um elemento a partir do qual todos os outros poderiam ser feitos. A física pararia quando se tornasse apta a preencher seus serviços em descobrir uma energia da qual as outras não são se não manifestações (...) Toda a ciência esta compelida a chegar a esta conclusão a longo prazo. Manifestação, e não criação, é a palavra da ciência hoje, e o Hindu fica feliz porque o que ele tem apreciado em seu âmago por eras está caminhando para ser ensinado em uma linguagem mais convincente, e com a luz adicional das últimas conclusões da ciência."

Trivialidades

Swami Vivekananda foi o primeiro Indiano a ser convidado para aceitar a cadeira de Filosofia Oriental na Harvard - A India celebra o dia Nacional da Juventude no seu aniversário, dia 12 de janeiro, todos o anos -Em 1963, na ocasião da Celebração do Centenário do Swami Vivekananda, a Índia recebeu um grande memorial de pedra, em Kanyakumari, o Vivekananda Rock Memorial. Todos os anos, milhões de pessoas de todo o mundo visitam o local. O Senhor Eknath Ranade foi a pessoa responsável por erigir este memorial. Ele também fundou a Vivekananda Kendra, uma organização voluntários não monásticos que trabalha para preencher os sonhos de Vivekananda.

Trabalhos

Vivekananda deixou um corpo de trabalhos filosóficos (que estão copilados nas suas obras completas, sem edição em língua portuguesa). Seus livros sobre as quatro Yogas - Raja Yoga, Karma Yoga, Bhakti Yoga e Jnana Yoga - (copilados a partir de palestras dadas ao redor do mundo) são bastante influentes e vistos como textos fundamentais a qualquer um interessado na prática Hindu da Yoga. Suas cartas são de grande valor literário e espiritual. Ele foi também considerado um ótimo cantor e poeta.Pouco antes de morrer ele compôs muitas canções, incluindo a sua favorita, Kali the Mother (Kali, a Mãe). Ele usava seu senso de humor para dar seus ensinamentos e era também um excelente cozinheiro. Em português há algumas obras publicadas com ensinamentos eou a vida do Swami. Entres estas, "O que é Religião", "Vivekananda, O professor Mundial" e "Karma Yoga".

Sri Yukteswar Giri



Sri Yukteswar Giri (também conhecido como Sriyukteswar Giri e Sriyukteshvar Giri) (Serampore, 10 de maio de 1855 — Puri, 9 de março de 1936) é o nome monástico de Priyanath Karar (também Preonath Karar), o guru de Paramahansa Yogananda. Sri Yukteswar foi um Jyotisha (astrólogo tradicional), um yogi, e um grande conhecedor do Bhagavad Gita e da Bíblia. Ele foi um discípulo de Lahiri Mahasaya de Varanasi e membro do ramo Giri da ordem Swami. Yogananda refería-se a Sri Yukteswar como Jnanavatar, ou "Encarnação da Sabedoria".

Sri Yukteswar é um sábio indiano que vivenciou a verdade para depois pregá-la. Ele não tinha apenas o conhecimento teórico do que ensinava aos seus discípulos, mas, antes, ele realizou e assimilou toda a verdade que possuía em sua consciência, fazendo-a sua, para depois transmiti-la aos seus discípulos.

Ele é um dos seis Mestres que tiveram como missão divina disseminar ensinamentos sagrados e técnicas espirituais científicas através da Self-Realization Fellowship. A parte de Sri Yukteswar, em relação a essa missão, foi preparar seu principal discípulo, Paramahansa Yogananda, para a fundação de tal instituição.

Vida espiritual

Yukteswar converteu a ampla casa de dois andares de sua família in Serampore em um ashram, chamado "Priyadham", onde ele residiu com seus alunos e discípulos. Em 1903, ele também estabeleceu um ashram na cidade litorânea de Puri, chamando-o de "Karar Ashram".Desdes dois ashrams, Sri Yukteswar ensinou seus alunos, e deu início a uma organização chamada "Sadhu Sabha".

Um interesse pela área educacional fez com que Sri Yukteswar desenvolvesse uma ementa para escolas, abordando os temas de física, fisiologia, geografia, astronomia e astrologia.[5] Ele também escreveu um livro para bengalêses sobre o aprendizado básico do idioma Inglês e Hindi chamado Primeiro Livro, e escreveu um livro introdutório à astrologia.[6] Mais tarde ele interessou-se pela educação das mulheres, o que era incomum em Bengala naquele tempo.

Lahiri Mahasaya



Shyama Charan Lahiri (30 de setembro de 1828 — 26 de setembro de 1895) foi um grande iogue indiano e o guru de Sri Yukteswar Giri. Mahasaya é um título religioso em sânscrito que significa 'grande alma'.

Ele destacou-se entre os homens indianos sagrados por ter sido um chefe de família. Lahiri viveu com sua família em Varanasi, ao invés de morar num templo ou monastério distante da vida familiar. Mesmo assim, alcançou uma reputação substancial entre os religiosos do século XIX.

Paramahansa Yogananda conta muitas histórias sobre Lahiri Mahasaya em seu livro Autobiografia de um Iogue. Ele foi um funcionário de escritório até cerca dos trinta anos de idade, quando conheceu seu guru, Mahavatar Babaji. Lahiri foi escolhido por seu lendário guru para reintroduzir a prática perdida da Kriya Yoga para o mundo moderno. Os discípulos de Lahiri incluem os pais de Yogananada e seu próprio guru, Sri Yukteswar. Lahiri Mahasaya profetizou que o jovem Yogananda seria um grande yogue.

Ensinamentos

A prática espiritual central que ele ensinou aos seus discípulos foi a Kriya Yoga, uma série de práticas interiores de pranayama que prontamente agilizam o crescimento espiritual do praticante. Ele ensinou esta técnica a todos os interessados sinceros, independentemente de sua bagagem religiosa. Com relação à Kriya Yoga, ele disse:

"Sempre se lembre de que você não pertence a ninguém e ninguém lhe pertence. Reflita que algum dia você terá que, de repente, abandonar a tudo neste mundo. Assim, trave agora conhecimento com Deus. Prepare-se agora para a futura viagem astral da morte viajando diariamente no balão da percepção de Deus. Pela ilusão você se percebe como um amontoado de carne e ossos, que, na melhor hipótese, é um ninho de problemas. Medite incessantemente que você possa rapidamente se saber sendo a Essência Infinita, livre de qualquer forma de miséria. Deixe de ser prisioneiro do corpo. Usando a chave secreta da Krya, aprenda a fugir para o Espírito."

A obra completa de Yogananda, com os ensinamentos completos sobre a ciência da Kriya Yoga, conforme deixado pela sucessão de mestres realizados, que se inicia com Mahavatar Babaji pode ser encontrada no website www.omnisciencia.com.br.

Três claros princípios ensinados por Lahiri sobre o que ele acreditou ser características fundamentais de um verdadeiro guru eram:

Um verdadeiro guru nunca irá pedir dinheiro ou presentes (Obs.: O próprio Lihiri pediu doações para as pessoas que ele iniciou na Kriya Yoga. Essa prática foi continuada por algum de seus discípulos. Presume-se que essa doações foram direcionadas à disseminação da mensagem do Kriya Ioga, ao invés de beneficiar o Guru)
Um verdadeiro guru nunca assumirá um título especial que possa distanciá-lo ou elevá-lo sobre outros. (Obs.: O próprio 'Mahasaya' é um título que significa "grande alma", então há exceções a esse princípio. Outros discípulos de Lahiri Mahasaya também receberam legitimidamente e aceitaram títulos espirituais)
Um verdadeiro guru nunca pedirá a um seguidor a rendição do próprio livre arbítrio.

Mahavatar Babaji



Mahavatar Babaji foi revelado ao mundo pela primeira vez em 1946, na Autobiografia de um Iogue,por Paramahansa Yogananda. Segundo relatado nesse livro e em obras de outros autores que estiveram com Bábaji entre 1861 e 1935, ele é um mestre espiritual e avatar. Sua idade e o local de nascimento são desconhecidos. Mahavatar Bábaji transcendeu os limites temporais do corpo há séculos (talvez milênios), mantém-se no anonimato, acessível apenas a um seleto grupo de discípulos, e vive nas recônditas montanhas dos Himalaias, entre o Nepal e a Índia.

A sua missão tem sido a de dar assistência aos profetas na execução de tarefas específicas. Ele afirmou na presença de vários discípulos,ter dado a iniciação yogue a Shânkara, reorganizador da Ordem dos Swâmís, e a Kabir, famoso mestre medieval.

Seu principal discípulo no século XIX foi Lahiri Mahasaya, (1828-1895), a quem Bábaji legou a responsabilidade de ressuscitar uma antiga e perdida técnica de elevação espiritual, a Kriya Yoga.

Breves extratos da Autobiografia de um Iogue

Estado espiritual de Bábaji

"Um avatar não está sujeito à economia universal; seu corpo puro, visível como imagem de luz, acha-se livre de qualquer dívida com a natureza.

O olhar casual talvez não veja nada de extraordinário na forma de um avatar, mas este não projeta sombra nem deixa qualquer pegada no chão. Estas são provas externas, simbólicas, de se haver liberado interiormente da escravidão à matéria.

O estado espiritual de Bábají está além da compreensão humana. A raquítica visão do homem não pode penetrar através de sua estrela transcendental. Procura-se em vão imaginar o alcance de um avatar. É inconcebível. Bábaji vive sempre em comunhão com Cristo; juntos enviam vibrações redentoras à humanidade, inspirando as nações a renunciarem às guerras, aos ódios de raça, ao sectarismo religioso e ao materialismo, cujos males atuam como bumerangues."

Identidade de Bábaji

"A falta de referências históricas a Bábají não nos deve surpreender. O grande guru jamais apareceu ostensivamente em qualquer século; o equívoco brilho da publicidade não tem lugar em seus planos milenares. Semelhante ao Criador, único mas silencioso Poder, Bábají opera em humilde anonimato. Grandes profetas como Cristo e Krishna vêm ao mundo com um objetivo específico e espetacular; e partem, assim que o realizam. Outros avatares, como Bábají, incumbem-se de obras relacionadas com o lento progresso evolutivo do homem através dos séculos, em vez de se ligarem a algum fato histórico excepcional. Tais mestres sempre se ocultam ao olhar grosseiro do público e têm o poder de se tornar invisíveis à vontade. Por estas razões, e porque geralmente instruem seus discípulos para que mantenham silêncio a respeito de si, algumas figuras espirituais do mais alto porte permanecem desconhecidas para o mundo. Jamais se descobriram quaisquer dados delimitadores da família e do lugar de nascimento de Bábají - tão caros ao coração do cronista histórico. Nestas páginas sobre Bábají, faço simplesmente uma alusão à sua vida - só refiro alguns fatos que ele considera convenientes e úteis à divulgação pública.

Aspecto físico de Bábaji

"O imperecível guru não mostra sinais de idade em seu corpo; parece um jovem de vinte e cinco anos, não mais. De epiderme clara, constituição e estatura medianas, o belo e vigoroso corpo de Bábají irradia um brilho perceptível. Seus olhos são pretos, serenos e ternos; seu longo e lustroso cabelo é cor de cobre. Às vezes, a face de Bábají se parece muito à de Lahiri Mahásaya. Tão notável era a semelhança que Lahiri Mahásaya, em sua velhice, poderia ocasionalmente ter passado por pai de Bábají, cuja aparência é sempre a da juventude."

Quem quer que alcance a consciência e a experiência de filho de Deus, como Bábají, pode atingir qualquer objetivo com os infinitos poderes ocultos dentro de si. Uma pedra contém secretas e estupendas energias atômicas; assim também o mais ínfimo dos mortais é uma central elétrica de divindade."

Imortalidade física permanente

Num diálogo entre Lahiri Mahasaya e seu díscipulo Ram Gopal, descrito na Autobiografia de um Iogue, cap.33: "Bábají foi escolhido por Deus para permanecer em seu corpo, enquanto durar este ciclo do mundo. As eras hão de vir e de findar. O mestre imortal, porém, contemplando o drama dos séculos, sempre estará presente no palco terrestre."

Encontros com Bábaji 1861-1935

Lahiri Mahasaya

O primeiro encontro relatado com Mahavatar Babaji foi em 1861, quando Lahiri Mahásaya aos 33 anos de idade, foi inesperadamente transferido para Ranikhet, por conta do seu cargo como contador do governo britânico. Um dia, enquanto caminhava nas colinas acima de Ranikhet, ouviu uma voz chamando seu nome. Seguiu a voz até o monte Drongiri e próximo a uma fileira de cavernas, encontrou-se com um "jovem sorridente e divinamente radiante."Surpreso pelo jovem saber seu nome e a notável semelhança física entre os dois, ficou ainda mais aturdido ao constatar que aquele asceta da floresta dirigia-se a ele não somente em hindi, como em inglês, ao parafrasear as palavras de Cristo: "o escritório foi trazido para voce e não voce para o escritório".

Com um toque na testa de Lahiri, Mahavatar Babaji despertou a memória de seu antigo discípulo de outras vidas, e, em seguida, o iniciou em Kriya Yoga, em meio a um cenário repleto de misteriosas materializações, conforme descrito na Autobiografia.

Lahiri Mahásaya pediu para permanecer entre o pequeno grupo de Mahavatar Babaji, mas o guru respondeu que Lahiri fôra escolhido como exemplo de chefe de família e símbolo de iogue, para mostrar às pessoas a possibilidade de auto-realização entre as numerosas atividades do mundo. E encarregou-o de ensinar Kriya a todos que buscassem a Deus com sinceridade. "Os gritos de muitos homens e mulheres desnorteados neste mundo sensibilizaram os ouvidos das Grandes Almas. Você foi o escolhido para brindar consolo espiritual através de Kriya Yoga a numerosas criaturas que buscam Deus sinceramente."

O Mahavatar estabeleceu algumas recomendações e métodos de preparo para a iniciação, enfatizando que no futuro, Kriya Yoga só poderia ser ensinada por instrutores devidamente autorizados a partir da linhagem de descendência espiritual de Lahiri.

Na primeira vez, Lahiri Mahásaya permaneceu trinta dias com Mahavatar Babaji e posteriormente tiveram outros encontros, alguns presenciados por seus discípulos e relatados em vários livros além da Autobiografia de um Iogue, como o "Yogiraj Shyama Charan Lahiri Mahasaya" (Biografia de Lahiri),[6] e no Diário de Lahiri - "Purana Purusha: Yogiraj Sri Shama Churn Lahiri", entre outros.

Indiferença à curiosidade pública

A Autobiografia de um Iogue conta que, alguns dias após ter se despedido de seu guru, Lahiri o invocou firmemente para dar provas a um grupo de amigos que duvidavam da existência do Mahavatar. Bábaji materializou-se fazendo uma séria repreensão ao seu discípulo: " Por que voce me chama por um motivo fútil? A verdade é para quem a procura sinceramente, não para quem tem apenas curiosidade ociosa. É fácil acreditar quando se vê: dispensa a busca e o esforço. Descobrem a verdade além dos sentidos os que a merecem por terem vencido seu natural ceticismo materialista." Finalmente, após ouvir os apelos de Lahiri Mahasaya, Bábaji concordou em ficar e não só se mostrou em carne e osso para os amigos de Lahiri, como ceiou com eles. Desmaterializou-se na frente de todos, após afirmar ao discípulo: "Doravante, meu filho, virei sempre que você precisar de mim e não sempre que me chamar." (Anteriormente, Bábaji havia prometido à Lahiri: "sempre que me chamar, esteja onde estiver, imediatamente estarei a seu lado).

Aparição numa Kumbha Mela

Ainda segundo a Autobiografia, tempos depois, Lahiri Mahasaya visitava uma Khumba Mela, e ao vagar pela multidão de monges e sadhus que assistiam ao Festival, observou com censura, um asceta coberto de cinzas segurando uma escudela de mendigo. Em seguida deparou-se surpreso com Mahavatar Bábaji ajoelhando-se diante de um anacoreta com cabelos emaranhados. Ao ser questionado, Bábaji lhe respondeu sorridente: "Estou lavando os pés deste homem de renúncia, e depois lavarei seus utensílios de cozinha. Servindo a sádhus ignorantes e sábios, estou aprendendo a maior das virtudes, a que agrada a Deus acima de todas as outras - a humildade."

Encontros com discípulos de Lahiri Mahasaya

Alguns discípulos de Lahiri Mahasaya que também relataram encontros com Babaji:

Swami Sri Yukteswar, um dos mais conhecidos discípulos de Lahiri Mahasaya e guru de Yogananda, relata tres encontros com Mahavatar Bábaji.O primeiro foi em 1894, na Khumba Mela em Allahabad, mas não sabia que tratava-se do Mahavatar. Ele se surpreendeu com a impressionante semelhança entre Lahiri Mahasaya e aquele sábio que o abordava no Festival, sem suspeitar que falava com Bábaji. Foi neste encontro que Mahavatar Babaji discorreu sobre a necessidade do intercâmbio espiritual entre Ocidente e Oriente, instruiu Sri Yukteswar para escrever um livro (que veio a ser conhecido como a Ciência Sagrada), e o informou que em alguns anos, lhe enviaria para treinamento, um discípulo que disseminaria Kriya Yoga no Ocidente. (Tempos depois, Sri Yukteswar revelou a Paramahansa Yogananda, que era ele o discípulo prometido por Mahavatar Bábaji).

Swami Pranabananda, intitulado na Autobiografia como o "santo com dois corpos", também esteve com Mahavatar Babaji na presença de Lahiri Mahasaya.

Swami Keshabananda fala de uma reunião com Mahavatar Babaji nas montanhas perto Badrinath em 1935, depois que ele ficou vagando perdido nas montanhas. Nesse dia Babaji deu a ele uma mensagem para Yogananda: "ele virá visitá-lo em breve quando voltar à índia. Muitos assuntos relacionados com seu guru Yuktéswar e com os outros discípulos ainda vivos de Láhiri manterão Yogananda inteiramente ocupado. Diga-lhe, então, que não o verei desta vez, como ele ansiosamente espera; ve-lo-ei, porém, outra ocasião."

Swami Kebalananda,(prof. de sânscrito) e Ram Gopal Muzumdar (conhecido como o santo que não dorme), testemunharam ao lado de Lahiri, um encontro entre Mahavatar Babaji e sua irmã Mataji. Nesse dia Bábaji fez diante de todos, a promessa solene de manter seu corpo físico imortal na Terra. Em outra ocasião na presença de Lahiri, Kebalanda ouviu de Bábaji a história detalhada sobre seu encontro com Shankaracharya.

Encontros com P. Yogananda

Embora seja o autor do livro que revelaria ao mundo a existência de tais seres, Paramahansa Yogananda relata apenas um único encontro com o Mahavatar, justificando que, tais experiências são tão sagradas, que devem ficar ocultas no coração e só o fez para emprestar sua credibilidade pessoal junto aos leitores. Nesse único encontro tornado público, Bábaji apareceu à porta da casa de Yogananda, quando este se preparava para viajar à América pela primeira vez em 1920 e encontrava-se inseguro com a abrupta mudança. O Mahavatar tranquilizou-o ratificando que Deus o escolhera para difundir a Kriya Yoga no mundo e que nada temesse.

Anos depois, já ensinando no Ocidente através da es:Self-Realization Fellowship - organização que fundou em 1920 - Yogananda teria relatado a alguns discípulos muito íntimos, outros encontros e a sua estreita ligação com o Mahavatar, mas não voltou a publicá-los. Parte dessas confidências acabaram sendo divulgadas após seu mahasamadhi (morte) em 1952, assim como o caso de uma "misteriosa" semente enviada pelo Mahavatar a Yogananda, usada por ele no chakra frontal (ou terceira visão) de seus discípulos mais próximos. Esta semente ainda está em Encinitas (um dos templos da Self), no mesmo lugar que Yogananda a guardou.

Encontros com discípulos de P. Yogananda

Rajarsi Janakananda

Rajarsi Janakananda (Jesse James Lynn) foi um milionário americano e considerado um dos mais adiantados discípulos de Paramahansa Yogananda, que o chamava afetuosamente de São Lynn. Por indicação do próprio Yogananda, Rajarsi o sucedeu na presidência da SRF de 1952 a 1955. Várias vezes Mahavatar Babaji teria se apresentado a ele, sobretudo para apoiá-lo nas decisões da organização. Esses relatos eram confidenciados somente à pessoas muito próximas, mas alguns deles também foram divulgados posteriormente.

Sri Daya Mata

Sri Daya Mata, uma importante líder religiosa e discípula direta de Paramahansa Yogananda que foi pessoalmente escolhida e treinada por ele, era o chefe da Self-Realization Fellowship / Yogoda Satsanga Society of Índia, de 1955-até sua morte em 2010. Ela relatou somente um encontro com o Mahavatar ocorrido em 1964, tempos após em uma palestra para estudantes. Essa narrativa foi publicada na Revista Self-Realization Fellowship, verão de 1975, intitulada " Uma benção de Mahavatar Bábaji".

Paramahamsa Hariharananda

Paramahamsa Hariharananda/ Swami Hariharananda Giri (1907 a 2002)- Mestre realizado de Kriya Yoga que foi discípulo direto de Sri Yukteswar, Paramahamsa Yogananda, Swami Satyananda Giri e Bhupendra Nath Sanyal Mahasaya. Em 1949, um ano após atingir o estado de Nirvikalpa Samadhi (realização divina), Paramahamsa Hariharananda narra os episódios da materialização de Mahavatar Bábaji em seu quarto, duas vezes em um mesmo dia. Da primeira vez, Babaji toca-lhe os olhos e desaparece e da segunda anuncia-lhe sua missão de ensinar o Kriya Yoga ao mundo. Confirmando a profecia do Mahavatar, a partir de 1974 Paramahamsa Hariharananda passa a viajar incansavelmente, como único mestre realizado a propagar a técnica sagrada de Kriya Yoga no Ocidente e Oriente, até poucos anos antes de deixar seu corpo físico, aos 95 anos, nos Estados Unidos da América.

Bábaji Krishna

Lahiri Mahasaya escreveu em seu diário que Mahavatar Babaji foi Lord Krishna. Paramahansa Yogananda confidenciou a alguns discípulos que Mahavatar Babaji havia sido a encarnação de Krishna em antiga existência.Ele também frequentemente cantava em voz alta para "Babaji-Krishna".

Referências modernas

No livro III Conversando com Deus, de Neale Donald Walsch, há menções sobre Babaji e sua misteriosa missão.

Baba 2002, foi um filme lançado pela en:Tamil Ind. Cinematográfica, baseado em Bábaji e escrito por en:Rajinikanth.

Emissários Modernos

Após o falecimento de Paramahansa Yogananda em 1952 e quando a sua Autobiografia já era amplamente conhecida, começaram a aparecer pessoas proclamando visões e encontros com Bábaji. Umas se dizendo o próprio Bábaji, outras sendo confundidas com ele, e diferentes gurus apareceram no Ocidente, afirmando que o Mahavatar os haviam incubido de ensinar a Kriya "original". Alguns chegam a afirmar que conviveram a seu lado durante anos.

Considerados por alguns como Bábaji

Hariakhan Baba- Ficou conhecido através de uma publicação em 1975, onde o autor, Baba Hari Dass o relaciona ao mesmo Mahavatar da Autobiografia e relata suas aparições para muitas pessoas no norte da India, entre 1861 e 1924.Não há nesse caso nenhuma referência a Kriya Yoga.

Haidakhan Babaji - Vivia no norte da India e entre 1970 a 1984, ministrou publicamente, aulas de tradicionais linhas do Yoga. Ficou conhecido através do casal americano Leonard Orr e Sondra Ray, que o promoveram como sendo o mesmo Mahavatar Bábaji. Também não teve ligação com Kriya e morreu em 1984, o que contradiz o depoimento do Bábaji original: " eu nunca deixarei meu corpo físico".

Considerados por alguns como emissários de Bábaji

S.A.A. Ramaiah (1923 a 2006) - Afirmou ter vivido 6 meses com Bábaji em 1954, o qual lhe ensinou o sistema completo de Kriya (diferente do sistema de Lahiri), o incubiu de fundar uma organização, (Kriya Babaji Sangah) ensinar a nova Kriya "original" ao mundo, e em 1968 mudou-se para a América onde viveu até falecer em 2006.

Contrariando os relatos tradicionais de que Bábaji preferia manter suas origens no anonimato, Ramaiah entretanto, não apenas afirmou que este teria lhe revelado seus dados pessoais, bem como os publicou: nascido em 203 d.C em um vilarejo da India, aos 5 anos foi sequestrado por um mercador para ser vendido como escravo. Comprado por um rico que o libertou, juntou-se a um pequeno grupo de monges que perambulavam, conheceu alguns sábios importantes e na adolescência atingiu a iluminação.

Marshall Govindan ou M.Govindan, residiu um tempo na Self-Realization Fellowship (a organização fundada por Paramahansa Yogananda). Anos depois, tornou-se discípulo de S.A.A. Ramaiah. Deixou a organização do seu guru, após uma visão do Mahavatar em 1988, que o teria incubido igualmente de começar a sua própria, para ensinar a Kriya "original" no mundo (diferente da de Ramaiah). Bábaji's Kriya Ioga,(ou Kriya de Babaji).

Swami Satyeswarananda - Foi instrutor até 1971, da es:Yogoda Satsanga Society of India, o ramo da Self-Realization Fellowship na India e ambas fundadas por Paramahansa Yogananda. Alega que viveu doze anos com o Mahavatar e em 1976 teria recebido dele a incumbência de resgatar a Kriya "original" no mundo (diferente das dos demais). Em 1982 Satyeswarananda foi para a América, onde vive até hoje.

De qualquer modo, se considerada a fonte original de Mahavatar Bábaji, as suas palavras são auspiciosas:

"Em verdade, de Quem é todo este trabalho e Quem é o autor de todas as ações? Tudo o que o Senhor me faz dizer, está destinado a materializar-se como verdade. Repita a cada um de seus discípulos esta soberana promessa do Bhágavad Gíta: Até uma pequena prática deste dhárma (rito religioso ou reta ação) o salvará de um grande temor - os colossais sofrimentos inerentes aos sucessivos ciclos de nascimento e morte."