sábado, 3 de fevereiro de 2018

THELEMA DO AEON DE HÓRUS OU DO LOGOS SOLAR



Primeiramente, devemos entender que a maioria das escolas esotéricas buscam fortalecer a Força de Vontade de seus membros. Mas a Vontade da Thelema não é o mesmo que Força de Vontade. Essa é uma característica psicológica do homem, não se compara a Thelema, que transcendente o mundo humano.

Percebemos que o Dr. Krumm-Heller também individualizou a Vontade Divina como ensinado pela Lei da Thelema. A busca por Cristo não é o mesmo que pregado nas Igrejas. A Fórmula da Thelema para o Aeon de Hórus é "Faze o que tu queres, há de ser o todo da Lei" (AL I:41) e foi modificada por Dr. Krumm-Heller para “Haz lo que quieras. Esta es la única Ley; pero piensa que de todos tus actos tienes que dar cuenta. Fíjate en esto, que lo que emana de esta Ley, arranca de estas 5 fuentes; ¡Luz! ¡Amor! ¡Vida! ¡Libertad! ¡Triunfo!” (tradução nossa: Faze o que tu queres. Está é a única Lei; porém pensa que tereis de dar conta de todos os seus atos. Atenta nisto, que a emanação desta lei brota destas cinco fontes: Luz, Amor, Vida, Liberdade e Triunfo!). Ou seja, mesmo que a fonte da Vontade seja externa ao homem, na figura do Crestos Solar, seu cumprimento depende de como o homem expressa isso, como é dito na advertência kármica do Mestre Huiracocha, tereis de dar conta do seus atos.

Por suas raízes no Teosofismo, vemos que a identificação com a divindade se faz no Eu Superior. A Thelema não brotaria nos corpos inferiores, pois como é dito por Crowley: “'fazer sua Vontade' não é o mesmo que 'fazer o que se deseja'. A Lei é a apoteose da liberdade; mas é também a mais estrita das injunções” (Liber II). Vivendo a Lei da Thelema, o Eu Superior atuaria sobre os corpos inferiores. Rudolf Steiner explica que o corpo astral, assim espiritualizado por um trabalho consciente do homem, será transformado naquilo que ele denominou de Personalidade Espiritual. Essa atuação será do Manas sobre o Corpo Astral, posteriormente, o Espírito Vital (budhi) será o Corpo Vital transformado e, por fim, o Homem Espirito (atmã), o Corpo Físico transformado. Vemos nisso grande proximidade  do conceito de Personalidade Espiritual com a Verdadeira Vontade.

Cristo é a Luz do Logos Solar e essa Luz modifica nosso Corpo Astral, tornando um Corpo Astral Cristificado. O Crestos Mediador. Com esse veículo chegamos ao Pai Solar. Crowley alude sobre isso:

“Tu deves (1) Descobrir qual é a tua Vontade. (2) Fazer aquela Vontade (a) de modo unidirecional, (b) desapego, (c) paz. Então, e somente então, tu estarás em harmonia com o Movimento das Coisas, tua vontade será parte de, e portanto igual, à Vontade de Deus. E já que a vontade é nada mais que o aspecto dinâmico do ser, e já que dois seres diferentes não podem possuir vontades idênticas; então, se a tua vontade for a vontade de Deus, Tu és Aquele”.

Concluímos, que a consciência Cristônica do Logos Solar não é a ética moralista pregada nas igrejas. Mas também não surge como revela Crowley. Seria como a experiência mística de Pentecostes ou de Paulo de Tarso. Nesse último, o próprio Cristo em espírito encontrou com Paulo nas portas de Damasco, ou seja, Cristo veio até ele. Nesse estado de União Mística com a Vontade Divina, muitos anos transcorreram até que Paulo se harmoniza completamente com a Divindade. Se Cristo pode expressar-se individualmente, então, há uma Verdadeira Vontade para cada ser humano.

ADENDO: AMOR E ÊXTASE

Os atos de Thelema são atos de amor. Crowley explica que a Vontade é a Lei e a natureza daquela Vontade é o Amor. Como dito no axioma: “Amor é a lei, amor sob vontade”. Mas este Amor é como se fosse um subproduto daquela Vontade; ela não contradiz nem substitui aquela Vontade (Liber II).

Explica São Tomás de Aquino, na Summa Theologiae, que o Amor produz o êxtase. Ora, sendo todo amor semelhante ao amor divino, resulta que todo amor causa o êxtase que faz meditar no ser amado e faz abstrair dos outros, levado para fora de si mesmo. Aqui lembramos do conceito Rosa-Cruz de Crowley, a união dos opostos, dos amantes em um amor orgástico. No livro Logos Mantram Magia, o Dr. Krum-Heller escreve: “Deus se manifesta sempre como Deus, mediante a linguagem e a escrita. O que no estado físico é o som ou tom, é o Êxtase no plano espiritual. O mais sublime é compreensão extática, como resultado ou síntese dela, é a ascensão à Deus” (tradução nossa).

No entanto, esse amor para o Dr. Krumm-Heller é o Amor Consciente. Como advertido por ele (“tereis de dar conta do seus atos”). Assim, como há uma busca para descobrir a Vontade Divina, há uma busca para descobrir o ritmo perfeito do Amor em cada ser. Finalizamos com um trecho do livro Biorritmo:

“Amem uns aos outros. Essa é a Lei Suprema, a Lei que tudo rege, que a tudo harmoniza (...). Mas é preciso não perder o nosso lema: Faz o que tu queres. Ou seja, faça tua vontade. Cumpra como entendas. Procede como quiser. Mas... sempre dentro desse grandioso mandamento do Amor. Nosso próprio Mestre, nosso Ego Interno, quer AMAR constantemente. Constantemente quer harmonia. Luta a todo o momento para encontrar sua nota (...). Até que um dia, uma delas, a mais preciosa, a única, vibrará em toda a sua extensão o ritmo do Amor” (tradução nossa).



IAO, o Nome Secreto de Deus

Texto de Acauã Silva. Os leitores do blog podem solicitar que seus textos sejam publicados no Alvorecer. Para isto, basta enviar email para contato@oalvorecer.com.br com seu artigo e iremos analisá-lo para, se aprovado, posterior publicação.

IAO é a pronunciação sagrada do “nome inefável” do sagrado Tetragramaton que é o Ancião dos Tempos, nosso Pai Celestial, o Antigo dos Antigos, o Único Deus Verdadeiro.

O papiro encontrado entre os Manuscritos Essênios de Qumrán do Mar Morto tem escrito o nome de Deus em letras gregas “IAW” (IAO), de um dos textos do Levítico 3:12 e 4:27. Este antigo texto grego do Levítico, o nome de Deus está escrito IAW, a leitura de IAW é mais original que a Kurios ou Kyrios (Senhor), que não é a palavra hebraica “YHWH”, que só é encontrada no Tanakh (Antigo Testamento).

Esse papiro representa uma antiga versão da escritura grega que contem a transliteração do sagrado Tetragrama hebraico em forma do sagrado Trigrama grego IAW. Yahweh é o nome do deus oficial de Israel, tanto no reino do norte e Judá. Desde o período Aquemênida, religiosos criaram o costume de não pronunciar o nome do Senhor; na liturgia, bem como na vida cotidiana. Para os judeus do século V a.C, estabelecidos no Egito, o Deus Supremo do Céu era chamado com o nome de “Ya'u” (Yahu), cuja pronunciação secreta é “IAHO”, “IAO”. A forma como “YAU”, que ao ser transliterado ao grego toma a forma “IAW”.


A Fórmula Mágica IAO

“IAO” é um poderoso mantra (palavra de poder, ou o poder) ligada a ritos de iniciação, a magia sexual e alquimia de práticas sexuais.

Se entendemos que o “IAO” gnóstico corresponde “AUM”, o som da criação na tradição védica, e também corresponde ao “AMEN”, da tradição cristã, não podemos deixar de ficar aterrorizado diante do poder imaginativo e evocativo inerente a ela, e os efeitos que isso pode resultar na mente, corpo e alma do iniciado.

Aleister Crowley e IAO

Vou começar a falar sobre o valor que Crowley deu esse “mantra”. Crowley exorta o advento do novo Aeon presidido por Hórus (filho de Ísis e Osíris), dos quais nos lembramos que “IAO” é um dos muitos nomes.

Esta fórmula é a principal e mais característica de Osíris, da redenção da humanidade. “I” é Ísis – Natureza – despedaçada pelo “A”, Apophis – o Destruidor – e restaurada à vida pelo redentor “O”, Osíris. Existe uma fórmula bem diferente onde “I” é o Pai, “O” a Mãe e “A” a criança. A mesma ideia é expressa na Fórmula Rosa Cruz da Trindade: “Ex Deo nascimur; In Jesus morimur; Per Spiritum Sanctum reviviscimus” (Por Deus nascemos; Em Jesus morremos; Pelo Espírito Santo renascemos).

Ísis é a natureza idílica e perfeita, estuprada por Apophis e glorificado por Osíris: a doutrina da morte e ressurreição. Enquanto no nível microcosmo do homem, Ísis é a condição do status quo do próprio homem; Apophis, o devorador do Sol, é o poder mágico que é desencadeada com a Iniciação, e Osíris é o novo homem, e reintegrado na sua função divina.

Ela também é idêntica a palavra Lux, “L.X.V”., formada pelos braços de uma cruz. Esta Fórmula se relaciona com aqueles antigos e modernos monumentos em que o “fallus” é adorado como salvador do mundo.

A doutrina da ressurreição tal como vulgarmente compreendida é falsa e absurda. Não está sequer nas “Escrituras”. São Paulo não identifica o corpo glorificado que se ergue com o corpo mortal que perece. Pelo contrário ele repetidamente insiste na diferença. O mesmo se passa numa cerimônia mágica. O Magista é realmente destruído por absorção Divina. O miserável autômato, mortal, permanece no Círculo.

Mas antes de entrarmos nos detalhes de “IAO” como Fórmula Mágica, deve ser observado que é essencialmente a fórmula da Yoga ou meditação, de fato, o misticismo elementar em todos os seus ramos.

Ao iniciarmos uma prática de meditação, existe sempre um prazer sereno, um gentil crescimento natural; nós nos interessamos vivamente no trabalho, parece fácil, estamos muito contentes de termos começado. Este estágio representa Ísis. Mais cedo ou mais tarde ele é sucedido por depressão – a Noite Obscura da Alma, um infinito cansaço e desagrado pelo trabalho. Os atos mais simples e mais fáceis se tornam quase impossíveis de serem executados. Essa impotência é tão forte que a mente se enche de desespero. A intensidade deste desgosto dificilmente poderia ser compreendida por qualquer pessoa que não o experimentando em si mesma. Este é o período de Apophis.

É seguido pelo surgimento não de Ísis, mas de Osíris. O antigo estado não é restaurado, mas um novo e superior surge, um que só tornou-se possível através do processo da morte.

Os Alquimistas ensinaram esta mesma verdade. A primeira matéria da obra era grosseira e primitiva, se bem que “natural”. Após passar por vários estágios, o “dragão negro” aparecia, mas dele surgia o ouro puro e perfeito.

Mesmo na lenda de Prometeu encontramos uma fórmula idêntica e uma observação semelhante se aplica as fórmulas de “Jesus Cristo” e de muitos outros místicos homens deus adorados em diversas nações.

Uma cerimônia Mágica baseada nesta Fórmula está em harmonia essencial com o processo místico natural. Nós a encontramos como base de muitas iniciações importantes, notavelmente no Terceiro Grau da Maçonaria. Crowley diz com base nessa fórmula uma auto-iniciação cerimonial pode ser construída. A essência dela consiste em nos vestimos como um Rei, depois nos despirmos, nos sacrificarmos e nos erguendo daquela morte em direção ao Conhecimento e Conversação com o Sagrado Anjo Guardião. Esta fórmula, se bem que agora sucedida pela de “HÓRUS”, a Criança Coroada e Conquistadora, permanece válida para aqueles que ainda não assimilaram a Lei de Thelema.

A Fórmula de “IAO” é uma Fórmula de Tiphareth. O valor cabalístico da fórmula “IAO”, como expresso por Crowley era 666, o número do arauto da besta. Ele corresponde ao elemento caótico e destrutivo da manifestação divina, na qual simboliza o nascimento de um novo equilíbrio. O Magista que a utiliza está cônscio de si mesmo como um homem capaz de sofrer e ansioso para transcender este estado, unindo-se a Deus. Isto lhe parecerá ser o supremo Ritual, o Último Passo; mas, como já foi mencionado é apenas uma preparação.

O Mantra IAO e Arnold Krum-Heller

A Fraternitas Rosicruciana Antiqua tem como coração a magia sacerdotal representada pelos rituais e a liturgia gnóstica, que tem o objetivo de Reintegração com Crestos Solar; também a Regeneração dos corpos através dos cursos secretos e a Reconciliação pela filosofia da Thelema.

O Mestre Huiracocha disse na “Igreja Gnóstica”: sabei que entre todos os deuses o mais elevado é “IAO”. Aides é o Inverno, Zeus principia na Primavera, Hélios no Verão, e no Outono torna à atividade “IAO”, que trabalha constantemente. “IAO” é Jovis Pater, é Júpiter, que os judeus, sem direito, chamam de Javé. “IAO” oferece o substancioso vinho da vida, enquanto Júpiter é um escravo do Sol".

“I” – Ignis (fogo, alma).

“A” – Aqua (água, substância).

“O” – Origo (causa, ar, origem).

Huiracocha disse: ““IAO” é o nome Deus entre os Gnósticos”. O Espírito Divino está simbolizado pela vogal “O” que é o círculo eterno. A letra “I” simboliza o ser interno de cada homem, porém ambos se misturam com a letra “A”, que serve de ponto de apoio.

Em seu livro Logos, Mantram e Magia escreve: “entre os antigos gregos, as procissões religiosas eram chamadas de Theorías que, etimologicamente, vem de Theos, Deus. Uma dessas procissões é verificada entre Atenas e Elêusis onde eram venerados os mistérios sexuais sagrados. Desde tempos remotos, esse caminho é chamado de Ícaro, resultando ser esta divindade outra representação de Eros. Mas vale ressaltar que nenhuma outra palavra são as vogais “IAO”; expoentes de uma forma tão marcante da divindade, em conexão com a parte sexual, como este Ícaro, acontecendo o mesmo com as divindades da Colômbia e Iucatã.



IAO e Gnosticismo

No Askew Codex – Pistis Sophia de G.R.S. Mead, 5° Livro, Capítulo 136 – encontramos a fórmula “IAO” em uma passagem: “E Jesus fez invocação, virando-se para os quatro cantos do mundo com os seus discípulos, vestidos com roupas de linho, dizendo: Iao, Iao, Iao”. Esta é a sua interpretação: “Iota” porque o universo foi brotado; “Alfa” porque voltará para si; “Omega” porque a conclusão de toda à completude terá lugar”.

A obra The Gnostics and Their Remains, de Charles William King (1887), declara ter em sua posse uma joia de Abraxas escrito: Jesus Cristo, Deus dos Deus, “IAW”.

Também há no Livro de Jeú, Jesus declara que: O verdadeiro Deus será chamado Jeú. Em Pistis Sophia chama Jeú (YEW) de “Pai de meu Pai”, cuja a pronuncia sagrada é IAW (IAO). No livro do Apocalipse (22:13) também há referência a “IAO”: “I” = Iesus; “A” = Alpha; “O” = Omega.

O nome “IAO” tornou-se comum entre os escritores pagãos, sendo um termo utilizado pelos gnósticos do séc. II., como “Iao, Sabaoth, Adonai, e Eloe”. Mas, mesmo quando usado pelos gnósticos, “IAO” nem sempre é equacionado com “YHWH”, mas com várias outras divindades o solar Helios, Mithas e também Dionísio ou “Euoe Bacchus”.

IAO e Vocalização

A prática da vocalização associa cada vogal com o corpo humano: a vogal “I” envolve a vibração da cabeça tem ação direta sobre as glândulas pituitária e pineal e estimula o desenvolvimento da clarividência. A vogal “A” coloca o veículo físico em vibração pelo pulmão, transformando-a em uma enorme caixa de ressonância. A vogal “O” vibra a área ligada ao coração e fortalece a intuição. Atrai forças cósmicas de altíssimas frequências, que purificam e harmonizam aquele que prática o experimento.

Rudolf Steiner, nas posturas da euritmia destaca que o homem atingido a faculdade de sentir-se fora do corpo físico como uma luz, é preenchido com os sons cósmicos das três vogais: o segredo do ego no “I” (em inglês Eu), que começa nos pensamentos; do “Eu” (“I”) superior, na qual despertar na esfera do sentimento; e, finalmente, o verdadeiro “Eu” ilumina a consciência na esfera da Vontade. O segredo do corpo astral no “O” e o segredo do corpo etérico na vogal “A”. Essa prática dos três sons formam na entidade humana um fluxo em direção ao Sol. Steiner, afirma que “IAO” é o nome do Cristo, conectado com o segredo de como Cristo trabalha no homem.


Referências Bibliográficas:

“Los Enigmas y Profundidades de la Verdad em la Biblia, por Gamaliel Rodriguez”
“Igreja Gnóstica – Tradição Huiracocha, por A. Krumm-heller”
“Liber IV – O Livro Quatro. Liber ABA, por Aleister Crowley”
“IAO – Es el Dios verdadero, por Luis Bernardo Palacio Acosta, retirado: www.testimonios-de-un-discipulo.com/IAO-Es-Nuestro-Dios-Verdadero”