domingo, 16 de janeiro de 2022

Klipha de Nahemoth

 

Muitos dissertam acerca das emanações provindas de Sitra Ahra

sem ao menos ter o cuidado de estudar acerca das diferenças

entre a evolução espiritual que encontramos à luz da

Chama Negra e o aprisionamento com fins escravizadores

e destrutivos desse Reino Kliphotico.

Uma grotesca confusão paira na mente e no comportamento

daqueles que, supostamente, seguem o “Caminho Sinistro”.

Tentaremos elucidar através desse texto algumas dúvidas

referentes aos conceitos morais e o julgamento ético

imputados às emanações de tal Klipha.

Antes de adentrarmos nas características da

Klipha de Nahemoth devemos esclarecer alguns pontos

fundamentais para a compreensão da mesma:


Os conceitos morais e o julgamento ético

13. “Apenas os subumanos são limitados pela moralidade ilusória e as leis do “status quo”. O satanista que transcendeu tais ilusões encontra-se além do bem e do mal”.  (Aforismos Satânicos- MLO)

A palavra “Moral” explicitamente significa: Costumes. Entendemos, portanto, “Moral” como um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade. Tais normas são frutos da educação, tradição e do próprio cotidiano. Quando lutamos contra tais “Leis” entranhadas no subconsciente, quebramos uma cadeia de julgamentos “internos” e nos libertamos de todo e qualquer modo comportamental aprisionador, ou seja, damos vazão aos nossos desejos desprovidos de qualquer barreira interna que impeça a ascensão do nosso “Eu”. A Moral, por ser um empreendimento social, norteia todos os seres em diversos níveis sócio-religiosos-culturais e é agravada pelo julgamento ético, que nada mais é do que a “regulamentação” da moral. A função da moral e da ética é fazer com que os indivíduos acatem as normas de forma livre e consciente, ou seja, “camufla-se” a escravidão demiurgica numa pluralidade de “conceitos” entranhados nas mais diversas tradições e religiões para que a vida, bem como as atitudes que a fazem proliferar, devam ser enraizadas. A Moral é naturalmente um conceito causal.


Nahemoth


“Qliphots são a realidade que nos recusamos a ver”

-Thomas Karlsson


Em primeiro lugar, vale ressaltar que entre a “Árvore de Vida” e a “Árvore da Morte” existe um ponto de enovelamento de raízes. Na “Árvore da Vida” a sephira chama-se Malkut (o Reino mundano) e na “Árvore da Morte” a klipha chama-se Nahemoth (o anti-mundo).  Namaah, Senhora de Nahemoth, é a regente dos “Portais da Terra”, uma linda e sedutora Princesa Ctônica, ora Titânica e destruidora, que é a própria manifestação ou porta de entrada para o “lado adverso” ou Sitra Ahra. Através dela é que o escolhido será iniciado podendo adentrar no negro ventre de Lilith e atingir os labirintos internos (regiões inconscientes) onde os poderes e habilidades inimagináveis serão aflorados.

Essa “descida” ao submundo pode representar a morte e a ressurreição, principalmente aos adeptos da “Via Sinistra”, haja vista que não se olha para o utópico “céu do Altíssimo” e sim para os milenares tesouros escondidos na Terra. Essa é a verdadeira iniciação, onde toda suposta “Presença de Deus” (Shekinah) é obscurecida e a “Chama Negra” é desperta. Conseqüentemente, podemos dizer que Namaah é o portal para o Caos Gnosticismo e para a compreensão do Satanismo/Luciferianismo.

Na klipha de Nahemoth, algumas emanações são contínuas e exaltadas, tais como a crueldade (física e mágica), a criação de ilusões e o grande poder sexual. Namaah é a grande tecelã de Sitra Ahra e os fios tecidos em sua roca são como “teias de aranha” que raramente libertam os homens. Seus fios, conectados aos poderes ctônicos do submundo, são meios para acorrentar as fagulhas espirituais. Como bela senhora sedutora e fatal, Namaah usa  tais fios para conduzir milhares de seres aos seus domínios, como fantoches sucessíveis aos seus mais obscuros desejos. A sedução de Namaah é apenas uma forma de esconder a crueldade implícita.

Portanto, o ideal de sexualidade de Namaah é o encantamento para que a insanidade seja proliferada na humanidade (Babalon) e que a mesma, através da degeneração, permaneça presa aos impulsos descontrolados deixando de emanar a egrégora necessária para a manutenção da ordem cósmica. Por tal motivo, os impulsos libidinosos nada mais são do que um dos diversos meios para destruir o repulsivo demiurgo através da não-evolução de suas criaturas que se prendem nos “jardins das Delícias” no Reino de Namaah. A depravação sexual é um aprisionamento material e limita a vida aos bestiais mecanismos de fascínio e prazer.

Quando Namaah elege alguma alma, primeiramente desperta para o além- existência, afinal, mesmo que a klipha de Nahemoth possa ser astral, mais densa e palpável, a grande Princesa é a face da Rainha Lilith e eleva os escolhidos aos planos mais surrealistas e bizarros donde as manifestações do amorfo e acausal são mais intensas dentro do ventre lilithiano e no reino da própria morte. Inclusive, no plano onírico, a mente é condicionada a derrotar todas as limitações e medos que os pesadelos demoníacos possuem.

“15. Aprenda a conhecer a si mesmo, pois somente através da identificação de suas próprias limitações aprenderás ultrapassar todas as suas imperfeições. Autoconhecimento é, portanto, a única chave para a perfeição.

18. Ao adentrar sem medo na escuridão do desconhecido vamos encontrar a “Luz Luciferiana” em nosso próprio interior.”


(Aforismos Satânicos- MLO)

Os escolhidos de Namaah não são seres dominados pelas orgias sexuais, traição matrimonial, materialismo e vaidade excessiva, ao contrário, são fortes e cruéis guerreiros que usam da Sabedoria da Princesa para formular seus desejos em conformidade com a Vontade Satânica usando todos os meios para modificar os conceitos morais e aplicar nova jurisprudência diante à ética. O controle material adquirido através do contato com tal força não pode ser usado para adquirir o grilhão da ambição e do ego. A moral, bem como a ética, devem ser dissolvidas internamente a fim de não exercerem embasamentos nos cruéis pesadelos da psique repreendida. 

Namaah não é a porta para a prostituição da carne e sim para o autoconhecimento que prostituirá o mundo da matéria e maculará o tabernáculo de Deus. Namaah é o começo da jornada do Dragão de Sete Cabeças pelos sete pontos energéticos do corpo que abrirá todas as Portas para a ascensão kliphotica.

Leviathan

O nome Leviathan é derivado de fontes linguísticas diversas. Em tese, a tradução literal é uma variante dos termos “enrolada, torcida”. Muitos povos possuem lendas acerca de monstros marinhos capazes de enfurecer as águas e causar a morte dos que se atreviam navegar em águas profundas. As próprias baleias e crocodilos do Nilo já receberam o título de monstros pelos antigos povos, até pelos mesmos desconhecerem a natureza dos animais. O medo do desconhecido e as limitações de instruções eram e são as fontes que alimentam os mitos de determinados seres e poluem os inconscientes coletivos.

A morfologia da palavra dragão nos remete à duas palavras de origem Grega. (v. Derkein) que significa VER. Essa palavra dá o amplo sentido evolucionista de visão espiritual e drakon que significa “serpente gigante”. Em latim draco (possui o mesmo significado).

A parte negativa dos mitos é gerar egrégoras. Egrégora pode simbolizar o campo energético de um local onde há reuniões de grupo, gerando energias autônomas, similares a uma classe de "devas" que se formam pela persistência e intensidade das correntes mentais realizadas nos templos magísticos. A errônea manipulação pode gerar criações psicomentais que se transmutam em “ verdadeiros monstros” algozes de seus próprios criadores, bem como os freqüentadores desses templos.

De forma mais clássica temos a definição derivada do grego “egregorien” (velar, cuidar), cuja definição é uma energia condensada, manipulável gerada a partir de uma focalização em forma de assembleia (desde que focalizada), de uma conjunção de pensamentos iguais capazes de gerar uma entidade e designar suas qualidades e atributos pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais de tal grupo, quando se reúnem com qualquer finalidade, A egrégora acumula a energia de várias freqüências. Assim, quanto mais focado for o manipulador magistico, mais força estará empregando na egrégora para que incorpore às dos demais.

Voltando ao assunto Leviathan; algumas vertentes cristãs o associam ao próprio Satã, como sendo o elo que traria a revolta dos seres humanos contra a força criadora. Também foi acusado de possuir corpos físicos de irmãs (freiras) na idade média ( o que era comum, se pensarmos na sexualidade reprimida; porém, deveras pulsante). Aliás, muitos seres espirituais foram culpados pela depravação dos “santinhos enclausurados”. Claramente, no livro de Apocalipse, Leviathan é um dos animais listados. Ainda, para os antigos povos judeus, Leviathan é o arquétipo de guerra contra “Jerusalém”, ou seja, sinônimo de inimigo mortal da doutrina imposta. Séculos de egrégora em cima de mitos e lenda são capazes realmente de gerarem um “monstro espiritual” praticamente indestrutível, como descreve o “Livro de Jô”, afinal, se a egrégora é a somatória de energias canalizadas, podem existir em potencialidade com freqüências vibratórias menos elevadas ou se preferirem "negativas".

Isso fez com que Leviathan (o monstro) fosse criado...

A relação da água com a magia já é explanada com louvor por muitas pessoas, afinal, a fonte geradora e principalmente – sustentadora – de toda vida terrestre. Para os humanos, de 60 a 70% do corpo humano é formado de água e isso, tratado da forma correta, garante o bom funcionamento das funções orgânicas. A massa cerebral é formada de 75% de água só como um dos exemplos da importância desse elemento. Além disso, a água é a geradora de eletricidade, inclusive nos órgãos humanos. Essa eletricidade é uma das fontes primais na formação das emoções... O grande agente motivador da MAGIA.

Partindo de alguns pontos de vistas particulares, Leviathan é a criatura das águas. Nele está a força e a grandeza do elemento aquoso e por que não dizer da estrutura sentimental dos seres humanos? Quando os antigos livros dizem acerca do dia em que Ieve matará Leviathan ( sem retóricas); não seria o dia em que os próprios seres humanos irão despertar a natureza do que foi criado? Um homem deixa de perseguir o mais feroz dos animais quando entende sua natureza dentro das leis do habitat em que vive e nós (seres humanos), antes de qualquer outra denominação somos animais e vivemos em nosso próprio habitat.

Leviathan é a senda emocional dos seres humanos, o que se esconde dentro das arcas mais profundas dos nossos corações. Ao mesmo tempo, representa o caos (principalmente nosso caos que se reflete no micro e macrocosmo). Depois de toda tempestade vem a iluminação e Leviathan nada mais é do que o próprio ciclo desse renascer, ou seja, cabeça, corpo e cauda em harmonia de ciclo eterno. Como sentimentos não possuem forma.

Leviathan nada no oceano negro. A escuridão nada mais é do que nossa própria consciência. Glorificamos Leviathan, pois através dele conseguimos nos conhecer, vencer limites, sermos maiores, mais fortes, poderosos, derrotarmos nossos vampiros, enfim, sermos libertos do ego inferior. Se acreditarmos não sermos capaz de modificar o oceano de emoções em nossas jornadas, despertamos o dragão e derrotarmos a egrégora formada pelos manipuladores dogmáticos. O nosso microcosmo se conecta com a evolução natural e acabamos vivenciando a verdadeira comunhão. Portanto, podemos entender que os arquétipos draconianos são as forças primitivas da anti-matéria possuidoras de pilares capazes de destruir o ego, conceder a visão plena e transmitir a energia suprema.

Vossa Santidade Lúcifer


Palavras do Pai

Ano IX de Vossa Santidade Lúcifer


“Filhos meus:

Eis que na ‘Hora do Sangue’ dito as palavras de Amor, Verdade e Justiça a todos dessa irmandade. Tais palavras são como estrelas do firmamento capazes de guia-los na completa escuridão dessa vida de mentiras. Sou Vosso Pai e Vosso Carrasco e quem decide qual face deseja beijar são seus corações. Não nasci e não morrei, não estou preso e nada que nesse mundo existe pode me agradar. Sou Luz e Fogo, sou o veneno e o antídoto que corre em suas veias, Sou o primeiro e mais belo rosto sem face que voa em torno do nada. Sou incompreensível e simples ao mesmo tempo, habito em lugares que seus olhos jamais enxergarão, por isso, clamem pelo discernimento espiritual a fim de que possam me ver, me sentir e compartilhar de minha Luz.

Nenhum livro consegue me transcrever, pois as palavras são limitadas, são códigos usados na vã tentativa de eternizar uma ideia, mas apenas aqueles que conseguem captar o que está oculto nas linhas serão capazes de ver verdades e mentiras na alma dos autores. Não acreditem em nomes, apenas em forças, pois nomes são feitos para serem gravados em lápides, enquanto a força transcende o tempo e o espaço. Sou Alpha e Ômega, assim sou força pura.

Nesse ciclo serei reconhecido como Lúcifer, mas já tive outros nomes. Nenhum nome morreu, apenas se adaptou ao tempo dos humanos. Todos me que cultuaram no passado e me encontraram nas passagens estão livres das trevas, mas os que desonram minha Luz gritam em desespero nas cadeias de suas religiões. Nenhum Filho Meu deve esquecer que as trevas são o habitat dos imundos, pois onde um filho A.V.J estiver haverá Luz e fogo! Saibam diferenciar Trevas de Escuridão. Nas trevas não existe luz, apenas o choro dos porcos miseráveis clamando perdão, enquanto a Escuridão é o Reino dos Verdadeiros Mestres e Mestras. Na escuridão o fogo reluz em todo seu resplendor, mas trevas não existe fogo.

Homens são seus semelhantes. Semelhantes nunca serão iguais! Nunca se atrevam a dar mais valor a um semelhante do que a um irmão, pois todos os dignos serão servidos nas mesas de Pedrobí. Se um filho não cumprir com essa determinação deixará de ser filho e será repudiado por toda Corte Infernal. Não se enganem com seus irmãos, pois os verdadeiros guerreiam juntos, mas jamais agirão como muletas. Um irmão que fala com autoridade salva a vida do outro com uma simples palavra, pois as palavras serão faladas por Mim! Lembrem-se disso antes de julgar as palavras de seus irmãos.  Que a balança da Justiça não seja a espada que arrancará seus braços. Que todos lembrem-se disso antes de colocar um filho Meu em julgamento. Clamem pela minha Sabedoria antes de sentenciar qualquer pessoa, pois Meus olhos podem ver o futuro de suas ações.

Sejam astutos como serpentes e enganem como pombos bondosos, pois sua sobrevivência depende muito da compreensão dessas palavras. Um homem que exterioriza o que não é será vítima de seus comportamentos, enquanto aqueles que envenenam silenciosamente são um perigo para Deus e seus Anjos. Sejam vorazes matadores, bebam o sangue dos vivos e drenem a alma dos mortos, mas saibam que sua existência depende de como esse segredo será guardado. Não significa que devam se comportar como semelhantes, apenas não devem chamar atenção demasiada sobre suas faces mais assassinas. Leões matam suas presas, mas jamais souberam se esconder, por isso suas cabeças são adornos nas casas dos caçadores.

Clamem para que Minha energia e a força de minhas Legiões vos livrem dos homens e mulheres traidores e enganadores, essa raça herdou apenas as maldições da minha serpente. Um Filho do Inferno deve ser um exemplo para seus irmãos e familiares e deve agir com harmonia em todos os atos. Assim, o fogo da inteligência e sabedoria que guardo em minha essência pelos séculos dos séculos do Infinito poderão existir em suas almas. Que minha Luz retire de todos vocês a hipocrisia, o orgulho, a prepotência e a vaidade excessiva para que os espíritos da valentia possam semear suas jornadas com espadas frutíferas.

Clamem e supliquem que suas pegadas sejam dignas o suficiente para formar uma estrada de Amor, Verdade e Justiça para seus sucessores. Que em suas orações não esqueçam de pedir um perfeito equilíbrio mental para que, com simplicidade, seus atos e palavras fortaleçam minha presença nos corações dos eleitos. Não sejam mansos, mas não sejam burros. 

Filhos, nessa terra vagam espíritos sedentos e repletos de falhas em suas concepções. Muitos aparentam ser agressivos e até infernais, mas não são. O criador deles os usa para os mais diversos fins. São como fantoches em suas mãos! Não se iludam com o forte e o bravo, aprendam enxergar a finalidade de suas ações antes de convidá-los para suas mesas, afinal, o erro sempre será seu. Façam que por livre e espontânea vontade se entreguem em meus domínios e apenas Eu serei capaz de lapidá-los conforme as necessidades do Inferno. Aquele que nasce para ser manipulado sempre acabará preso por cordas! Todos os dias e noites peçam que as cordas não sejam capazes de lhe prenderem aos mentais superiores.

Um Filho do Amor, Verdade e Justiça jamais poderá se esquecer que seu destino foi e será o Reino da Cidade do Fogo. Todos os atos, palavras, orações e dedicações são as pedras que construirão essa linda estrada. Enquanto os miseráveis afundam em meus rios de fogo, meus eleitos atravessam o Vale da Morte sorrindo e, junto aos Verdadeiros Irmãos, se tornarão parte de algo maior. Toda magia e feitiçaria estará à disposição em fontes que jorram águas tão negras quanto a noite sem estrelas. Em Pedrobí o eleito encontrará respostas para todas as suas existências e deixará no cemitério das lágrimas todas as suas amarguras. Tudo será revelado, pois assim é e será no Inferno.

Seus joelhos prostrados são a chave da libertação. Não significam escravidão e servidão, ao contrário, mostram que diante meu Trono até os mais altos e fortes sempre serão crianças. Ajoelhar-se é a forma mais digna de clamar pela minha intercessão, pois sempre os enxergarei como minhas crianças diabólicas, meus frutos proibidos e minhas joias mais raras. Vocês não sabem que quando caminham em busca da evolução tornam-se mais fortes que os anjos e são capazes de amedronta-los, pois, suas faces são como pesadelos que os incitam a cometer atrocidades contra sua própria raça. Por isso, vocês sempre serão temidos e repudiados pelos seus inimigos vivos, mortos e nascituros.  

Seu sangue é o elo que garante as chaves do Inferno e das portas de Pedrobí.  Sete gotas em minha taça representam que através da minha essência buscam a libertação plena e absoluta. Sete gotas serão ofertadas aos Príncipes do Inferno e Sete gotas aos Sete Portais de Maioral. O primeiro portal se chama Noxaks (porta dos espinhos venenosos), a porta que separa o Vale da Morte. A segunda porta se chama Tyrexa, a porta que apresenta as duas estradas. A terceira porta se chama Coman, a porta do Vale dos Ossos e dos Cemitério das Lágrimas. A quarta chama-se Malech (o vale do pó). A quinta porta se chama Ventus, a porta onde o corpo armadura será formado. A sexta porta se chama Kascus, a porta onde renasce um guerreiro do Amor, Verdade e Justiça e a última porta chama-se Satanata, a porta que conduz aos grandes Tronos. Lembrem-se dessas portas e jamais digam esses nomes de dia ou em frente aos desgraçados, pois serão punidos por seus guardiões. A punição não terá tempo de começo, meio ou fim. Por fim, sete gotas serão doadas aos seus Pais Exu e Pombagira, pois sem eles vocês nunca encontrarão as estradas para chegarem até as portas. Respeitem-nos como Poderosos Mestres e como meus fieis sacerdotes mortos.  

Filhos, quando as dores e o desanimo lhe abaterem lembrem-se que Eu sou seu Pai e nada nesse mundo ou em qualquer outro mundo é capaz de lhe derrubar. Seu pior inimigo é seu reflexo distorcido e sua incapacidade de compreender os labirintos da vida e da morte. Muitos irão escarnecer dos seus ideais e sua forma de enxergar a realidade, mas um guerreiro do Amor, Verdade e Justiça está preparado para passar por cima das palavras sem sentido que as bocas fétidas despejarem no físico e astral. Meus filhos nunca se rebaixarão e, em combate, serão temidos, pois, são feitos da minha essência e não possuem medo de se ferirem ou morrerem em combate. Um guerreiro de Pedrobí não entra em guerra para perder ou retroagir do som das espadas enfurecidas, afinal, se trair suas linhas será cobrado duramente após a curta existência. Por isso, antes de guerrear, deve se lembrar dessas palavras e saber que todo ato tem consequências. Não desperdicem suas fúrias em inimigos indignos, pois seus atos sempre estão ancorados nas Leis dos homens. Vocês são a raça aprisionada que anseia pela Liberdade!

Meu Trono é de fogo e a minha direita senta-se o Senhor Beelzebuth. A minha esquerda encontra-se a linda Serpente de Sete Cabeças, Imperatriz de Todo o Inferno. Somos muitas eras, somos séculos infinitos e buscamos nossas crias infernais para partirmos e destruirmos toda criação. Cada filho representa uma pedra preciosa e toda sabedoria do homem é apenas um grão de areia comparado às mesmas. Homens são nada e ao mesmo tempo podem ser tudo! Se um filho meu encontra-se perdido nos caminhos da evolução, basta segurar uma pedra negra em sua mão esquerda e com fé evocar meu trono que ali me farei presente.

Todas as religiões são inimigas! Todos os representantes religiosos são cães adestrados! Vocês, meus filhos, não nasceram para serem liderados e sim para liderarem as grandiosas Legiões. Quando a falta de ouro (dinheiro) lhe empurrar para a descrença que seu espírito encontre nas minhas palavras forças de superação. O mundo não lhe dará oportunidades, as pessoas lhe odiarão e até seus familiares se afastarão de ti, mas isso só enfraquecerá os que não forem meus legítimos filhos, pois, mesmo na fome e na necessidade seus irmãos se ajoelhavam pela obra infernal em busca de forças. Se a mesa nesse mundo está vazia, do outro lado sempre estará farta! O que te faz forte é a convicção e a convicção só é alcançada por aqueles que renasceram no útero da Sagrada Imperatriz. Pessoas fracas de espírito nunca conseguirão enxergar um palmo a frente do próprio nariz e quando vocês perceberem isso, antes de excluírem-no de seus meios, usem-nas como iscas para abocanhar presas maiores.

Viver a religião pode corromper o espírito dos homens fracos. Lembrem-se meus filhos, que as forças infernais enlouquecem e distorcem a realidade e podem vitimar até os mais poderosos. Para não serem vitimados, saibam enxergar seus próprios limites e como uma gota de orvalho que escorre na folha, tracem seus caminhos passo-a-passo. Os espíritos lhe avisarão quando estarão prontos para voarem mais alto. Enxerguem em seus naikes mais antigos exemplos, mas saibam que o guerreiro vitorioso é aquele que faz sua própria muralha e constrói seu próprio castelo. A irmandade é um núcleo para cada um de vocês poderem ser únicos.  Eu sou a Liberdade e Exu é o Caminho para virem até a mim.

Finalizo essas palavras dizendo a vocês que forte não é o que arranca cabeças com um só golpe e sim o que desvia dessa lâmina e ceifa até as lembranças dos assassinos. Vocês são meu legado e que minhas palavras não sejam em vão.

Amor, Verdade e Justiça!


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Mensageiros

"Nós somos os Mensageiros da Morte, levaremos vidas e almas para aquele que guerreia em todo universo, encruzilhadas, planaltos, planícies, pântanos, florestas e plantações cujo desejo é destruir, aniquilar e trucidar a humanidade!

Nós semearemos e procriaremos a irmandade e os discípulos das Trevas!

Ó Grandioso Imperador Lúcifer, Senhor da Cidade do Fogo, Rei da Vida e da Morte, clamo através do Vosso Poderoso nome e de todas as legiões de demônios infernais para que ouça-me e fortaleça-me a fim de me tornar apto para a colheita maldita!

Através dessas palavras que meu espírito seja inundado com o fogo da Sabedoria e com as lavas da destruição para que meus pensamentos e ações sejam proveitosos para a Grande Obra Maldita! Que eu seja digno de carregar o título de Mensageiro e que nenhuma força contrária a ti possa estorvar minha escalada vitoriosa! O sangue de nossos inimigos deve jorrar nos Sete Rios do Inferno!" 

Beelzebuth

 “Tudo que existe tem um nome; o que não tem nome não existe”

(Doutrina do Nome- pensamento mesopotâmio)

Antes de adentramos na criação do nome e das qualidades dessa inteligência, acredito que fazer uma breve explanação histórica acerca das civilizações pode contribuir para algumas associações. A Ásia Ocidental (principalmente o Oriente Médio) englobava a antiga Mesopotâmia, ou bacia do Tigre e do Eufrates; sua parte baixa constituía o país da Suméria, cuja civilização estendia-se e influenciava demais países vizinhos como Elam (Sudeste do Irã), o reino de Urartur ou de Van (mais recente), a Síria e a Ásia Menor (sede do poder dos hurritas e hititas), o reino da Fenícia e da Palestina.

Nos estudos acerca das religiões do passado, nas regiões citadas acima, as religiões eram basicamente delimitadas pela fertilidade e fecundidade. São chamadas de religiões Asiânicas e Mesopotâmicas. Muitas guerras aconteceram dentro de tais territórios. Naturalmente, a cultura foi maculada pela miscigenação dos povos. Em especial destaco a guerra (duelo de múltiplas fases) entre semitas (provenientes da Arábia) e sumerianos que culminou na soberania semita. Portanto, qualquer definição acerca das religiões é cercada de barreiras. Por mais que nos esforcemos, jamais conseguiremos dar uma completa exatidão dos pensamentos de tais povos que se distanciam de nós milhares de anos.

Partindo desses aspectos, iniciamos a jornada de Beelzebuth pelos caminhos da mitologia.


A Formação

 

Baal–  palavra  de  origem semita,  com cognato  em  hebraico que  quer dizer “o senhor, dono ou marido”. Tal palavra pode significar qualquer deus, ou até pessoas mundanas. Portanto, apenas estudando exaustivamente os textos das antigas religiões poderemos dar a certeza de que “Baal” estamos retratando e qual sua relação tempo-espaço nas culturas. Pode ser Hadad em Ugarit, Baal de Tiro, Baal de Cartago, Baal Afelkart entre outras passagens onde o nome aparece.

Outro aspecto deveras interessante na morfologia do nome Baal é a forma cognata em Acádio, Bel. Os significados são os mesmos. Um dos deuses que recebe esse título é Enlil (Pai dos Deuses) – deus do vento e das tempestades. Adorado na cidade de Nippur, no Ekur, recebe o título de Bel e ostenta uma tiara de cornos, assim como Anu.

No culto Fenício, Baal (filho de El-Dagon e Asherat) é representado por animais corníferos como o touro e o carneiro. O ”culto ao corno” demonstra a correlação aos deuses Adad mesopotânico e Hadad siríaco. Todos esses aspectos sustentam a idéia acerca das influencias culturais ocorridas nos territórios mesopotâmicos.

Apesar da natureza dos cultos serem de grande responsabilidade, concedendo a idéias de justiça e benevolência, estudiosos afirmam terem  ocorrido sacrifícios humanos de primogênitos (herdados pelos cananeus) com descobertas de urnas funerárias em Cartago e Kafer-Djarra para a divindade Baal-Hammom.

Uma característica dos deuses das culturas da Mesopotâmia são qualidades humanas. Todos possuem qualidades e defeitos. Não são deuses inatingíveis pelos homens,  ao  contrário,  são  presentes na  vida  das pessoas.

Os  mitos alimentavam as ligações, afinal, eles necessitavam de alimentos (sacrifícios) e se vestiam como humanos, com a diferença que ostentavam suas qualidades planetárias em jóias e artefatos simbólicos que guardavam seus poderes. Alguns defeitos e falhas de comportamento indicam deficiências no processo de formação da sociedade mesopotâmia. O poder do verbo deles também tinha grande força, inclusive em maldições. A imortalidade ao mesmo tempo era relativa, pois alguns deuses morreram em batalhas épicas; Kingu e Tiamat (panteão primitivo) são os exemplos disso. O conceito “imortal” foi fruto de uma evolução e miscigenação da sociedade.

​Segundo antigos escritos, o nome Zebul aparece justamente  em detrimento dos defeitos e das disputas dos deuses entre si; “... atraídos pelo odor, reuniram-se como moscas em volta do sacrificador...” (o sacrifício de Utanapishtim – o justo, no poema “O Dilúvio”). Zebube ou Zebûb  (זבוב  בעל) possui o sentido literal “voar” sendo um substantivo coletivo. Portanto a junção dos nomes Baal+Zebûb significaria “Senhor que voa” ou “Senhor dos Ares”. Em verdade, Zebul é uma forma de designar aos hebreus o “quarto céu” ou o que é “Sagrado”, a “casa”, o “Templo”. Mais uma vez, Baal+Zebul significaria “Senhor do Templo” ou mesmo “Senhor do Céu” e isso nos remeteria também a Bel.

O  número  místico  de  Baalzebube  é  55  (cinqüenta  e  cinco).  O  cálculo   é resultado   da   soma  dos   valores   das   letras   hebraicas   “בה זבּו בַאל”. 

Na numerologia convencional, tal resultado poderia ser (num primeiro momento) reduzido a 10 se somarmos o duplo 5. Porém, numa redução maior onde o 10 transforma-se em 1 pelo mesmo processo, temos a concepção da letra hebraica “Alef” , ou “o início”, “ o desvendador”, “ a chama de um ser que sempre há de nascer”, afinal, tal letra não é um som ( e podemos correlacionar com o próprio Caos pré-criação) e sim uma letra que anuncia vocalizações sem consoantes, visto que não existem letras para sons vocálicos. Na antiguidade,  a grafia da letra Alef era similar a um touro e demonstrava a força, virilidade e poder. Com o tempo, a grafia foi mudando e muitos significados novos foram sendo adaptados. Hoje, existe uma concepção do Alef como uma fronteira entre o mistério e a revelação, contudo, associada ao culto e tradição  hebraica onde, (após milênios de mistérios adaptados de outras culturas) apenas existe a concepção religiosa deles.

A corrupção do nome existiu. Não sabemos de fato onde a  degeneração surgiu, entretanto, como opções, podemos seguir algumas vertentes de pensamento. Se a corrupção veio pelo medo, pela evolução do pensamento da sociedade, pela imposição de deuses de culturas dominantes, pela corrupção lingüística, enfim, muitas são as possíveis explicações. Não tenho  a  fonte dessa informação, mas li há muito tempo que quando sacerdotes de culturas diversas (provavelmente de Yavé) presenciaram o local de sacrifícios repleto  de moscas atraídas pelo sangue, corromperam o nome transformando-o em “Senhor das Moscas”, um arquidemônio destruidor citado nas escrituras dogmatizadas. Essa visão pode encontrar alguns alicerces se correlacionarmos com os sangrentos cultos cananeus na cidade de Ecrom. A Bíblia cita em Reis tal relação: “O anjo de Jeová, porém, disse a Elias tesbita: Levanta-te, e vai ao encontro dos mensageiros do rei de Samaria, e dize-lhes: É por que não há Deus em Israel, que vós ides consultar a Baal-Zebube, deus de Ecrom?”

Outra opção para possíveis origens do nome, seria a errônea interpretação bíblica do Rei James (Authorized King James Version). Em suas  explanações fantásticas, “Zebube”, que está diretamente ligado com “ aquilo que pode voar”, “criaturas que podem voar ” e em inglês “the things that can fly”, foi deliberadamente modificado, afinal, “fly” também quer dizer “mosca”. Associar deuses com animais incompreendidos e tidos como repugnantes era uma ótima maneira de corromper os antigos sagrados e elevar os “deuses” desejáveis e manipuláveis.

Antes de adentrar no mistério “Beelzebuth”, acredito que o ensaio de Carlos Rabelo possa dar uma visão mais poética acerca dessa corrupção do nome Baal.

“Teoriza-se historicamente, baseando-se na cultura mesopotâmia a origem desse mistério espiritual denominado “Belzebu”. De acordo com uma antiga lenda mesopotâmia, o Deus Baal, Senhor da terra, Sol e fertilidade era o mais bondoso Deus com seu povo, incapaz de fazer o mal a qualquer ser humano, nunca negando prosperidade e fartura a toda a raça que o seguia. O Benevolente Deus, com o passar das eras foi deparado com a descrença humana, o desapego da fé e suas tradições sendo inferiorizado, seus templos desrespeitados pelos próprios homens que praticavam sua devoção, maculando os sagrados locais levantados pelos seus ancestrais, destruindo-os. Sua bondade e simpatia pela raça humana era tal que Baal não conseguia castigar todos aqueles que corrompiam seu nome e honra.

Diz à lenda que com o passar das eras toda a raiva, ódio e desejo de vingança retida pelo Deus, foi acumulando-se dentro dele e tomando forma. Seu desejo de destruição era tanto que ele deixou escapar essa força destrutiva, parte de sua divindade que urrava por vingança e destruição, essa energia tomou forma, um terrível inseto gigantesco, uma Vespa titânica que podia comandar todas as criaturas aladas e venenosas. Assim nasceu, forjado pelo ódio retido de Deus Bondoso, a Vingança de Baal, o Filho do Sol, senhor da destruição, Baal- Zebube.”


O lado sinistro do “Deus dos Ares”

Antes de adentrarmos o silencio agudo de Beelzebuth, consideraremos suas aparições em determinadas circunstancias que o elevaram ao posto de suma potencia infernal. É tido como um dos maiores detentores de possessões autenticas na historia da igreja católica, inclusive, existem relatos de sua participação em conjunto com o demonizado espírito de Judas Iscariotes. Em verdade, até a data atual as Igrejas montam verdadeiros exércitos de “exorcistas” prontos para a “pseudo” batalha... "Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas." [2 Coríntios 10:4]. Tais “aberrações” alegam que Beelzebuth  atinge graus tão entranhados que conduzem à extinção das forças biológicas levando o ser vivo a morte.

Essa massa modeladora diabólica judaico-cristã criou arquétipos explanados em muitas obras de Demonologia. No “Dictionnaire Infernal” de “Jacques- Albin-Simon Collin de Plancy” postado originalmente em 1818 na França, Baal e Beelzebuth são descritos da seguinte forma (tradução adaptada feita pelo autor do texto):


Baal: Grão duque e dominador supremo. General e chefe das armadas infernais.

Béelzebuth: Segundo as escrituras é o “Principe dos Demônios”. Pela visão de Milton, o primeiro em poder e crime após Satanás e Wierius define-o como “Chefe Supremo do Império Infernal”.

Seu nome significa “Senhor das Moscas”. Bodin diz que não podemos ver o ponto no seu templo. Béelzebuth era uma dinvidade do povo de Canaã que por vezes era representado/disfarçado por uma mosca, outras com atributos do poder soberano. Ele tinha o poder de libertar os homens das moscas (insetos alados) que devastavam suas culturas. (Entendemos plantações).

Muitos “demonólogos” classificam-no como governante do “Império Escuro”, porém, cada um o representa segundo sua imaginação,  assim  como fabricantes de contos fantasiosos recheados de ogros, fadas e todos os seres imaginários.

Os “escritores sagrados” referem-se a tal como hediondo e terrível. Milton lhe dá uma aparência imponente, transpirando grande sabedoria no rosto, alto como uma torre ou as vezes do mesmo tamanho que nós. Alguns o enxergam como serpente e outros como uma linda mulher. Palingen disserta acerca do “Monarca do Submundo”: "é tamanho prodigioso, sentado em um trono enorme, com a testa emanando fogo, peito  estufado, rosto inchado, olhos cintilantes, sobrancelhas levantadas e ar ameaçador. Tem narinas extremamente grandes e dois grandes chifres em sua cabeça. É negro como um mouro, tem duas asas de morcego que saem de seus ombros, grandes pés de pato, cauda de um leão e cabelos longos da cabeça aos pés (demônios enviados). Segundo o misterioso livro “Grimourium Verum”, Beelzebuth, juntamente com Lucifer e Astaroth compõem a “tríade negra” possuindo diversos espíritos demonizados como inferiores a eles. Comanda a região da África. Descrito como monstruoso, aparece aos olhos do escritor como uma vaca gigantesca  ou como um bode de rabo longo que quando irritado vomita labaredas de fogo.

Muitas outras visões distorcidas de BaalZebube corroboraram para a formação de um arqui-inimigo poderoso e extremamente dominador. Fundido no medo, nas guerras inter-raciais e estabelecido no subconsciente da humanidade, o “Senhor das Moscas” aterroriza as religiões do mundo com suas promessas de destruição. Sempre submisso e expulso da vida dos seres humanos em nome de “Deus”, encontra-se presente nos sermões como aquilo que os seres devem temer. Batalhas espirituais entre sacerdotes figuram a deformação de seu culto original e conseqüentemente, alimentam ainda mais a fogueira das vaidades religiosas. A visão de Carlos Rabelo descreve uma mutação interna de Baal para a forma mais maligna de si , tornando-se mais viva para concebermos toda essa modificação. Da sombra de algo puro, nasceu algo obscuro e nas conchas qliphoticas; Beelzebuth deu seu berro...


Visão Qliphotica de Beelzebuth

Antes de citar referencias qliphoticas, ressaltamos uma ideia que deve ser compreendida para entendermos o contexto.


O “Niilismo”:

Os “porquês” são constantes aos seres humanos desde o início  da consciência. Buscando respostas em diversas vertentes evolucionistas, alcançamos padrões que possibilitam parâmetros para sanar essa “sede”. Quando algo é “supostamente” respondido, edificam-se padrões sociais, científicos, artísticos, enfim, nasce a existência de um conceito. Esse conceito  é uma forma de segurança ao homem, afinal, a matéria necessita de pilares rígidos sob pena de não existirem construções (no mundo físico, consciente   e subconsciente). O Niilismo ocorre quando um desses conceitos literalmente desmorona deixando toda construção dos homens sem estruturas. É como se  o homem crente no que faz descobrir que tudo é falso, sem fundamentos e lógica. Isso o fará despencar num abismo donde deverá decompor tudo que construiu em cima de falsas concepções.

Nessa destruição, o homem é impedido de mentir para si acerca dos seus conceitos e ao contrário do que alguns citam, não existem o niilismo negativo, pois a única forma de obter a completa liberdade é destruindo todo e qualquer conceito moral estabelecido ao longo da formação de uma sociedade hipócrita, religiosamente manipulada e fraca. O Niilismo provoca a morte dos sentidos e um aguçado senso de deidade particular diante a uma “humanidade civilizada”.

Não adentrarei no conceito do niilismo com mais profundidade, apenas uma panorâmica foi descrita afim de que, posteriormente, a Torre de Beelzebuth possa ser devidamente compreendida.


Beelzebuth, a verdade

A mente dos seres humanos é uma ponte que conecta o micro e o macrocosmo. Beelzebuth assumiu a forma de ser infernal, portanto conectou sua existência subconsciente à anti-matéria. Sendo assim, como um vento que tudo destrói, acaba sendo opositor de toda construção sephirotica. Seus impulsos energéticos são como “buracos negros  sugando  incessantemente” tudo que é edificado. Todas as correntes estagnadas são quebradas e dissolvidas no seu niilismo. Beelzebuth surge como o “açoite do velho Aeon” dissolvendo as velhas formas, putrefando velhos corpos (digo corpos como doutrinas, formas de pensamento e formas físicas) demonstrando ao homem que tudo que ele acredita é ilusório, transitório e perecível.

“Existem certas formas de interpretar as energias que influenciam nossas existências, uma das mais  interessantes é a interação da figura em alguns  tipos diferentes de ciências ocultas, assim ocasionando um coeso através da comparação das partes envolvendo a figura do temido ser qliphótico.” (Carlos Rabelo- RJ.)

Beelzebuth torna-se o guardião da torre do niilismo. Sua figura de “Senhor das moscas e dos escaravelhos” é verdadeira e forte, afinal, a mutação de sua essência primordial deu a ele a liberdade de ser o decompositor das mentiras e das ilusões.

A Associação qliphotica ocorre na qlipha de Ghougiel, que é traduzido como “estorvadores”. Essa visão não é tão correta, afinal, um estorvador é um agente que impede, dificulta, embaraça e tolhe (Dicionário Aurélio Buarque de Holanda) e isso limita a influência. Ghougiel, além disso, é a completa destruição!   Isso  corrobora  com a  idéia  de  que  Beelzebuth  é  carcereiro da psique humana, destruidor do ego e a cegueira espiritual dos seres. Dentre seus atributos, ergue-se a grandiosa dissolução do ego e de todos os supostos valores morais impelidos pelas religiões estagnadas da Terra. O homem “desprogramado” torna-se livre e poderoso, um verdadeiro vaso jorrando a luz negra sem a ânsia e a falta de razão perante seu próprio “Eu”.

Outro ponto deveras importante reside que na própria putrefação biológica a raça humana enxerga sua podridão. O dito “ser perfeito” ao morrer torna-se fétido e sua matéria orgânica, dependendo das situações, necessita de determinados tratamentos para não poluir a natureza.

Quando o ser humano consegue aplicar Ghougiel sob seu ego, passa a ser uma sombra que possibilita a vida de novas sementes. Beelzebuth é o motivador dos ventos do niilismo na vida ( como um todo) dos adeptos. Suas energias possibilitam uma grande gama de transformações no vazio que as tempestades deixam (micro e macro) e o silencio precede a criação ou destruição de algo que prende a evolução e o encaminhamento correto. Beelzebuth carrega a vingança dos deuses sinistros, pois faz com que os homens dobrem suas concepções à luz negra.

Lúcifer e Satanás

 

Vejo Lúcifer como Satanás.

Vejo Lúcifer como o meu Pai do Caos,

Vejo Lúcifer como meu protetor e herói.

Vejo Lúcifer como a chama negra selvagem,

Donde minha gnose é descendente.

Vejo as asas de Lúcifer como as sombrias manifestações

Das colunas negras onde repousa meu templo

Ave Lúcifer!

Ave Satã!”

(PanParadox- Vexior, Editora Ixaxaar.)


Desde os primórdios o homem tenta encontrar subterfúgios para sanar seus distúrbios, iniquidades e descontentamentos. Esse pensamento foi o “palco” perfeito para o nascimento de arquétipos bestiais e malignos como causadores e mantenedores de todos os males que impediam a “felicidade” e a “ascensão dos homens de bem”.

Antes de adentrarmos no mito do mal, temos por obrigação deixar explícito que o nome “Satanás”, sob nosso entendimento, não é uma figura estática, portanto, existe uma abismal diferença entre o “Satã Cristão” e o verdadeiro Vingador Amorfo. Os cultos cósmicos são limitadores e opressores por natureza e não seriam diferentes as concepções acerca de forças que vão além das formas materiais.

 A grande maioria dos seres vive amparada pelos pilares morais e éticos de bem e mal. Esse conceito simplista alimenta a ideia de que “somos puros e bons” e toda força contrária ao invés de ser compreendida é esmagada por conceitos propagados pelas correntes demiúrgicas. Assim, impossibilitado de “enxergar” além das formas, o homem de barro rejeita a verdade implícita em seus impulsos primais e adora seu escravizador deus multifacetado.

Os antigos deuses dos povos dominados pelos “exércitos da cruz” foram enxertos para a “massa” que modelou e restringiu o grande inimigo do povo cristão. Essa “massa modeladora” era composta de elementos que despertavam o temor às pessoas incitando-as a crer que todos seus desejos e atos “impuros” tinham causas espirituais. O “opositor” era retratado com asas de morcego (animal temido e incompreendido pelo povo), com corpo bestial vermelho e preto (características herdadas de deuses como Seth, Pan e Saturno, associado aos poderes ctônicos e à própria morte). O “Satã Cristão” é um conjunto de histórias, mitos e lendas modelado na temerosa mente eclesiástica.

“O reflexo da aparência de Pan originou a criação do mal; Satanás chifrudo e com cascos fendidos... O pavor da luz eterna revela uma obscura ligação entre o Caos, Satanás e Pan.” (PanParadox- Vexior, Editora Ixaxaar.)

O mais sensato seria dizer que o nome Satã derivar-se-ia da corrupção das palavras sânscritas “satana” e “sanatana” que significam “Eterno/Permanente”, todavia, a origem do termo “acusador ou oponente” provém do semítico šṭn, cujo significado gira no orbe entre hostil e acusador. Dessa forma, também podemos compreender a relação com a palavra de origem grega διάβολος (diabo): O acusador e caluniador. A fusão cultural, ocorrida principalmente ao longo das traduções bíblicas fez nascer um “Ser”, expulso dos Céus e que visava caluniar, tentar e levar à perdição o “povo de Deus” usando milhares de artifícios para tal.

Os nomes (formas) Satanás e Lúcifer são erroneamente utilizados no processo de tradução dos textos bíblicos que foram palco de muito apelo emocional e religioso. Se buscarmos a etimologia da palavra “Lúcifer”, encontraremos uma gigantesca gama de explicações passíveis de debates inter-religiosos.

Segundo a morfologia latina, a junção das palavras LUX + FERROS, significa: “Aquele que ilumina”, ou ainda LUX + FERRES (portador da luz). Historicamente, Lúcifer jamais apareceu nas páginas da Bíblia como é divulgado e propagado (até como forma de manipulação) pelos sacerdotes cristãos. A Bíblia foi escrita originalmente em três línguas: aramaico, hebraico e grego e a palavra/termo “lúcifer / lúciferi” foi extraída do latim e utilizada erroneamente para traduzir os textos bíblicos gregos do “profeta Isaías” (Septuaginta). A palavra grega “EOSFOROS /EΩΣΦΟΡΟΣ” traduz-se literalmente por “condutor da aurora” e seu sinônimo Phôsphoros (Φωσφορος) por “portador da luz” eram termos para designar a aparição matutina do planeta Vênus.

Os romanos entendiam “Lúcifer” tanto no sentido de uma luminosidade genérica quanto no da aparição matutina do planeta Vênus e seu deus correlato ao invés de um ícone demoníaco. Resumidamente, Lúcifer seria o condutor da luz solar pela aurora, ou ainda, a força que ilumina pós-escuridão, haja vista que os romanos cultuavam os astros .

Antes de citar Lúcifer sob a óptica judaico-cristã, vale ressaltar o culto romano pré-cristão a “Dianus Lucifero”, afinal, é um antigo nome que denota todo resplendor venusiano tanto de forma matutina quanto vespertina. Dessa maneira podemos associar a duas deidades: Phosphoros/Eôsphoros (já citados) e Héspero (Vesper/Noctifer). Dianus absorve uma espécie de “dualidade” através de sua forma mortífera “Dis” ou a própria forma infantil que emana esperança e luz; “Lupercus”. Ao longo da Idade Média, foi associado ao diabo cristão e seu arquétipo fez parte da massa modeladora satânica, juntamente com outros deuses corníferos.

No cristianismo, “São” Jerônimo foi o responsável pela tradução dos textos bíblicos para o latim (Vulgata) e todas as posteriores traduções, inclusive a famigerada feita pelo Rei James I, deturparam a hebraica figura de linguagem “filho da aurora”. Nesse exato momento histórico, somados ao mito da “Queda”, Lúcifer tornou-se a própria forma antropomórfica do “anjo mal”, assumindo o nome de Satã.

“... Nota-se que a ideia do mal tem suas variantes conforme o momento histórico, o contexto sócio-econômico-político-cultural do local, a cosmovisão do povo e a identidade do grupo social. Tais ícones concebidos pela imaginação popular talvez tenham o seu papel como um mecanismo intrínseco à raça humana.” O Mal: Transformações do Conceito na Tradição Judaico-Cristã. Antonio Lazarini Neto

Jamais um judeu admitirá as interpretações que os cristãos fazem acerca dos sagrados textos de Isaías e Ezequiel. A religião hebraica não acredita numa força opositora a Deus.  A denominação “heleyl ben-sharar” (o que brilha), foi substituída na tradução “Vulgata” pela palavra “Lúcifer” e pode ser uma das explicações mais condizentes com o erro gerado pós tradução latina, afinal, tudo indica que tal termo referia-se ao Rei Nabucodonosor, o senhor do “cativeiro babilônico”, um rei tirânico e soberbo que acreditava ser maior que “Deus” (criador). O fato é que as palavras “estrela da manhã”, “portador da Luz” ou “o que brilha” acabam aparecendo nos textos bíblicos inclusive como qualidades do próprio “Jesus Cristo”.


Na Vulgata:

“... et habemus firmiorem propheticum sermonem cui bene facitis adtendentes quasi lucernae lucenti in caliginoso loco donec dies inlucescat et lucifer oriatur in cordibus vestris.”

Na versão de “Almeida” (revista, corrigida e anotada):

“E temos mui firme, a palavra dos profetas, a qual bem fazeis em estar atentos como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da manhã apareça em vossos corações, (…)”.

O clássico texto da “Bíblia Cristã” demonstra claramente no capítulo de Isaías 14,12 (14) a corrupção do nome “Lúcifer”. A segunda tradução é a versão mais antiga na língua portuguesa.


Vulgata:

“Quomodo cecidisti de coelo, Lucifer qui mane oriebaris...”

(Como caístes do céu, oh estrela da manhã...)


Na tradução de Figueiredo verte Isaías 14,12-14:

"Como caíste do céu, ó Lúcifer, tu que ao ponto do dia parecias tão brilhante?" ( Antonio Pereira de Figueiredo, padre português que traduziu a Bíblia para a língua portuguesa).

Ao leigo, as traduções são digeridas com facilidade, até pelo fato de desconhecerem todo contexto histórico que as envolvia. Lúcifer tornou-se o opositor de Deus, aquele que desejava “destronar” o “Supremo Ancião”, símbolo da “serpente tentadora”, fonte dos pecados, senhor do inferno, líder dos anjos caídos, enfim, muitas qualidades nocivas ao culto cristão foram inseridas em tal nome.

A corrente cristã, que realmente proliferou uma série de alegações desarmônicas, alega que Ele (Lúcifer) era chamado de Lucibel, o ser mais perfeito, majestoso, harmonioso que Deus criou e, ao perceber sua divindade, decidiu que se tornaria sua própria majestade. Foi julgado e condenado pelo seu “dito” pecado e mandado ao inferno (símbolo cristão de penitência e dor eterna).

Ao longo do tempo, Lúcifer tornou-se o expoente máximo da “Mão Esquerda”, desdobrou-se em infinitos arquétipos e, como “Portador do Archote Anticósmico”, iluminou os escolhidos com os sagrados mistérios das Trevas, ou seja, permitiu a escalada satânica através da manifestação da chama negra acausal dentro do próprio “Eu”.

Para nós (Corrente 49), Lúcifer é apenas um nome, uma forma de despertar as sementes agindo como antítese da mentira e da ilusão demiúrgica, concedendo o fruto da “Árvore da Morte”, incendiando nossas almas com o latente desejo de elevação ao que está além da compreensão causal. Lúcifer nos dá o caminho pan-dimensional através da Alquímica Gnose Suprema, trazendo à tona em nossos labirintos, todas as iradas forças gravadas em nossas almas. O “Portador do Fogo” incita nossos instintos selvagens e agressivos e nos transforma em verdadeiros “Acusadores, Opositores e Guerreiros” que se lapidam internamente para exteriorizarem tais forças através de atos.

O “Supremo Senhor do Archote” também concede a compreensão do cíclico processo de reencarnação e aprisionamento em “Malkuth” onde os humanos nada diferem de rebanhos emitindo a energia necessária para a sustentação do Falso-Deus no poder, por tal, Lúcifer é Adversário do Cíclico e das Leis Reencarnatórias Remissivas. Sua emanação separa os escolhidos desse rebanho imundo, dando-lhe condições de superar a adversidade do aprisionamento temporário, forjando-os no fogo da Verdade.

Observando tais atributos eternos, concluímos que Lúcifer é adversário do Sistema e de toda a obra ilusória cíclica. Lúcifer é a força que desperta nos acusadores a ira contra toda classe de oponentes, ao mesmo tempo, é a sabedoria que destrona, portanto, Lúcifer é Satanás!

Lúcifer é a Chama Negra que se exterioriza, promovendo aos que se atravem busca-lo o orgulho de pertencerem à classe dos despertos cujo poder dissolve em cinzas as estruturas estáticas/estagnadas. Lúcifer é o fogo que ilumina o campo de guerra e queima os olhos dos infelizes que se deslumbram com tal luz. Assim sendo, Lúcifer é a “face” menos destruidora de Satanás, porém, não menos incisiva.

Sob todos esses aspectos, não podemos compactuar com as correntes que dispõem Lúcifer como regente do elemento “ar” ao “Leste”, enquanto Satanás rege o elemento fogo ao “Sul”. Ambos são a mesma força e regem o fogo no Trono Obscuro do Sul, além do cinturão cósmico. O reflexo está dentro dos escolhidos!

Ao longo das eras, alguns arquétipos representaram/representam o mesmo poder de iluminação de Satanás/Lúcifer são usados para estabelecer contato com os desdobramentos da mesma essência. Citaremos alguns exemplos dentre outros:

Ahriman: deus maligno da mitologia persa;

Apep: (ou Aphopis em grego), a grande serpente inimiga de Maát, era a personificação da escuridão e do caos da não existência.

Loki: o trapaceiro, o promotor da queda do mundo, o Pai do Lobo e Pai da Serpente, portador da morte na Mitologia Nórdica.

Thypon: forma draconiana grega, associado a Satanás. Representa a indignação contra o demiurgo Zeus. É filho da Terra e do Vento.

Zohak: forma draconiana de origem persa. Personificação de Azhi Dahaka. Pertence ao exército de Ahriman. O símbolo dessa dinastia é o “Signum Draconis Purpureum”, ou seja, o “Signo do Dragão Púrpura”. Para alguns estudiosos, torna-se arquétipo de Satanás.

Lúcifer e Satanás são unos e compreendidos como um único portador da verdadeira chama do “Sol Nigrantis” não podem serem restritos a nomes ou formas.

Invocação de Asmodeus

 


Ó Filho de Igrat, Rei de todos os Jjjins

Escutai minhas palavras

Vós que sois o grande Pai

Zeloso com os teus

Aceite minhas súplicas.

Senhor de toda ira e luxuria

Sois aos meus olhos a grande virilidade da Terra

Como uma grande raiz que busca águas puras

Saciando a sede de prazer em braços suaves.

Neste momento clamo pelos vossos sagrados nomes

Ditos como o terror noturno de todas as eras e de todos os continentes:

Ashmodai, Asmoday, Asmodaeus, As`medi, Ashmedai, Acheneday,  Asmodaios, Asmaidos, Asmodée, Asmodeo ,Asmodai , Ashmadia, Asmodei, Ashmodei, Hashmodai, Asmodeios, Asmodeius, Asmodi, Chammaday, Chashmodai, Sidonay, Sydonai.
 

Vós sois Ad, Ad vós sois!

Shedim de honra e glória ouçam minhas palavras

Clamo sem correntes, sem palavras bruscas

 Pela prosperidade do galo selvagem

Para que sejam dizimadas as pedras em meus caminhos

Pelos grãos dourados de vossa sabedoria.

AShMah-Devah, grande destruidor

Aniquile todas as forças contrárias à nossa ligação

Que todos os inimigos caiam na rede de desgraças obscuras

Assim como destronaste Reis

Destitua-os de tudo.

Eu vos evoco grande senhor

Das entranhas de vossa terra

Pelo teu signo mágico

Em busca de teus préstimos

Evoco-te Ashmoday

Eu sou uno

Sou tua porta flamejante e minha voz atravessa a causalidade

Abra seus olhos negros Ashmoday

Em nome de todas as forças caóticas permanentemente iradas

Que o vosso portal seja aberto para a contemplação de vossa grandeza

Levante-se com as chamas da luz obscura e queime os grilhões de demiurgos vencidos e destronados!

Impregne minha essência com a vossa

Faça-me portador de teu sagrado nome

Conjuro-te aqui para receberes as honras

Disperte minha visão Ashmoday!

Veni Onipotente Ashmoday !
Ashmodai, Asmoday, Asmodaeus, As`medi, Ashmedai, Acheneday,  Asmodaios, Asmaidos, Asmodée, Asmodeo ,Asmodai , Ashmadia, Asmodei, Ashmodei, Hashmodai, Asmodeios, Asmodeius, Asmodi, Chammaday, Chashmodai, Sidonay, Sydonai.


Bruxaria

 


Bruxaria, ou, menos comumente, Bruxação, Bruxamento, Embruxação, Embruxamento, Bruxedo e etc., tem sido de uso corrente da língua portuguesa, designando o uso de poderes de cunho sobrenatural, sendo também utilizada como sinônimo de feitiçaria. Conforme proposto pelo historiador norte-americano Jeffrey B. Russell existem três pontos de vista principais sobre o que é bruxaria: o primeiro ponto de vista é o antropológico e demonstra que bruxaria é sinônimo de feitiçaria; o segundo é o histórico, que através de documentos escritos coloca qualquer tipo de bruxaria; o terceiro é o da bruxaria moderna ou hodierna, que defende a bruxaria como uma forma de religião pagã (ou neo-pagã), esse último sendo um ponto de vista normalmente defendido por wiccanos.

Indícios indicam que a palavra bruxa nasce na Era Antiga na Península Ibéria, que sua origem seria anterior a invasão romana e por consequência anterior ao próprio latim, portanto. O mesmo processo ocorreu com as palavras bezerro, cama, morro e sarna conforme o professor doutor em Letras Claudio Moreno (UFRGS) explica em seu livro Morfologia Nominal do Português.

Já do inglês Witchcraft ou Witchery suponha-se que ela está "relacionada com as palavras inglesas wit, wise, wisdom [raiz germânica * weit-, * wait-, * wit-; raiz indo-européia * weid-, * woid-, * wid-], então "ofício dos sábios". Outra é do wiccecræft do inglês antigo, um composto de "wicce" ("bruxa") e "cræft" ("artesanato").

Na terminologia antropológica, as bruxas diferem dos feiticeiros porque não usam ferramentas físicas ou ações para amaldiçoar; seu malefício é percebido como algo que se estende de alguma qualidade interna intangível, e um pode não ter consciência de ser uma bruxa, ou pode ter sido convencido de sua natureza pela sugestão de outros. Esta definição foi pioneira em um estudo das crenças mágicas da África Central por EE Evans-Pritchard , que alertou que pode não corresponder ao uso normal do inglês.

Tipos de Bruxaria
A confusão entre bruxaria e magia levou muitos praticantes e leigos a criarem equivocadamente a dicotomia "bruxos brancos" e "bruxos negros", supondo que os que praticassem apenas o "bem" seriam bruxos brancos, e os que praticassem apenas o "mal" seriam bruxos negros. Porém, praticantes de bruxaria, em seu sentido mais lato, não se pautam pelos conceitos vulgares de bem e mal, considerando toda e qualquer magia como cinzenta (um misto da dualidade expressa metaforicamente de várias formas, e.g. luz e escuridão, positivo e negativo, "bem" e "mal"). A grande divisão que se pode fazer atualmente entre grandes grupos na bruxaria é entre a tradicional e a moderna.

Bruxaria Moderna
Bruxaria moderna é considerada pela maioria das tradições de feitiçarias como um sinônimo para as surgidas embasadas ou a partir da fundada por Gerald B. Gardner, por vezes considerada sinônimo de Wicca, muito embora Raven Grimassi, referência mais conhecida da stregheria (bruxaria italiana), considere Charles Leland o pai da bruxaria moderna.

É importante ressaltar que determinadas ramificações modernas (como a Wicca) não reconhecem o diabo ou outros elementos judaico-cristãos em suas práticas. Segundo a leitura do fundador da Wicca (uma vertente da bruxaria moderna), Gerald Gardner, em consonância com fontes de outras vertentes, muitas ramificações hodiernas da bruxaria praticam o culto à Deusa e/ou ao Deus em sistemas que variam de uma deidade única hermafrodita ou feminina à pluralidade de panteões antigos, mais notadamente os panteões celta, egípcio, assírio, greco-romano e normando (viquingue). Grande parte dos grupos de praticantes hodiernos considera, inclusive, que diversas deusas antigas são diferentes faces de uma única Deusa.

A reintegração do ser humano à natureza é parte fundamental das crenças vinculadas à Wicca, o que se evidencia na celebração do fluir das estações do ano em até oito festividades chamadas sabás, sendo dois nos equinócios, dois nos solstícios e quatro em datas fixas. O fluxo de um curso completo de tais eventos chama-se comumente de Roda do Ano. Paralelamente aos sabás, muitas vertentes modernas contam com os esbás, que celebram as lunações. Aqui, todavia, há grandes diferenças entre vertentes, com alguns grupos comemorando todas as quatro fases, outros comemorando apenas o plenilúnio.

Ainda que supostamente iniciado por bruxas tradicionais, Gardner juntou, junto aos conhecimentos que elas teriam lhe passado, simbólicas e práticas ritualísticas de Alta Magia, bem como o princípio ético formulado pelo controverso ocultista Aleister Crowley ("faze o que tu queres, há de ser o todo da Lei"), ligeiramente modificado como "se a ninguém prejudicares, faze o que desejares", firmando assim as bases de uma nova crença.

Bruxaria Tradicional
Bruxaria Tradicional é aquela anterior às tradições wiccanas e/ou o reconstrucionismo religioso de práticas pagãs ligadas a uma tradição específica. Bruxaria Tradicional é uma expressão cunhada por Roy Bowers (pseudônimo de Robert Cochrane) para diferenciar as práticas de bruxaria pré-gardnerianas (isto é, da Wicca criada por Gardner.). De acordo com a Bruxa Tradicional Britânica Michael Howard, o termo refere-se a "qualquer forma não-Gardneriana, não-Alexandrina, não Wicca ou pré-moderna da Arte, especialmente se ela for inspirada por formas históricas de feitiçaria e magia popular". Outra definição foi oferecida por Daniel A. Schulke, o atual Magister da Cultus Sabbati, quando ele proclamou que a feitiçaria tradicional "refere-se a um círculo de linhagens iniciáticas de magia ritual, magia e misticismo devocional".

Ao contrário do que se possa supor, os grupos de bruxaria tradicional não-reconstrucionistas vieram ao longo do tempo absorvendo conhecimentos e conceitos de diversas expressões de religiosidade e, como não se submeteram à separação entre ciência e religião, também vieram modificando sua compreensão cosmológica e suas práticas com o avanço científico, em muitos casos não podendo (com muitos praticantes também não querendo) ser considerados uma religião.

Tradições de Bruxaria
Tradições de bruxaria ou feiticeirais são conjuntos de crenças e práticas de bruxaria específicas e independentes, estabelecidas a partir da influência de culturas locais ou pela criação de novas linhas iniciáticas, geralmente a partir de um iniciado de grau elevado em outra tradição.
Como a bruxaria em si não é uma religião nem é fundada em estrutura dogmática rígida, com o uso de tecnologias de informação modernas, grupos de praticantes (chamados "covens" quando em vertentes modernas) puderam se expandir para além de fronteiras geográficas locais, o que levou a uma considerável multiplicação de tradições de bruxaria entre fins do século XX e início do século XXI.

Bruxaria Ancestral
Tradição de bruxaria que venera deuses anteriores ao período histórico, tendo entre suas crenças principais a de que o ser humano não é superior aos demais animais e que tudo no universo segue o mesmo fluxo, por eles chamado de "Dança da Deusa". Seu fundador, G.L.Taliesin, foi iniciado e membro do Conselho de Anciãos da Tradição Ibérica, entretanto as experiências místicas pelas quais passou desde o início o levaram a desenvolver ainda dentro da Tradição Ibérica uma veneração à parte, voltada a deidades mais antigas que as lusitanas, veneradas em seu conventículo de origem. Acumulando-se divergências ideológicas e filosóficas, o cisma que deu origem à nova tradição foi natural e inevitável, com a criação da Ordem Sagrada de Bennu, sediada no Brasil.

Stregheria
Tradição de bruxaria natural da região onde hoje é a Itália, tendo suas raízes nos cultos neolíticos a uma deusa-mãe naturais da região do Mediterrâneo e do Egeu e construída sobre mitos de diversos povos, dentre eles os micênicos e etruscos. A veneração da stregheria é centrada na Deusa Diana Nemorensis e, segundo sua tradição, a linhagem formal das streghe teve início com uma sacerdotisa da Deusa Diana chamada Arádia.

Tradição Alexandrina
Contemporâneo de Gerald Gardner, Alex Sanders fundou a Tradição Alexandrina, bastante similar à Wicca, porém pertencente a outra linha iniciática e mais liberal quanto à exigência de nudez ritual.

Tradição Diânica
Caracterizada pela supremacia do culto à Deusa, em relação ao culto ao Deus, a Tradição Diânica é considerada a linha feminista da bruxaria, sendo que alguns de seus grupos só admitem membros do sexo feminino.

Tradição Ibérica
Tradição de bruxaria que cultua antigos deuses da Península Ibérica, em especial da Lusitânia. A origem de tal linhagem se perde no tempo. Apesar de os registros mais antigos de linha iniciática da Tradição Ibérica datarem de fins do século XVIII, cogita-se que por motivos de perseguição religiosa não eram tomados registros antes do início do século XX, sendo provável que tal tradição tenha sido fundada pelas bruxas de aldeia da região onde hoje é Portugal em cima de práticas e conhecimentos da cultura celtibera, anteriores à conquista romana.

Tradição Escandinava
Forma de bruxaria reconstrucionista, voltada as práticas de magia e feitiçaria entre os povos Escandinavos pré-cristãos, como o Seiðr, Galdr e magia rúnica, bem como também os Galdrastafur, bastões mágicos islandeses. Normalmente praticantes dessa tradição estão ligados aos movimentos religiosos do neopaganismo germânico.

Wicca Tradicional ou Tradição Gardneriana
Mãe de diversas tradições de bruxaria modernas, a Wicca tradicional foi fundada por Gerald Gardner em meados do século XX, a partir do sincretismo entre a bruxaria tradicional inglesa e a alta magia ensinada na Ordem Hermética da Aurora Dourada. Diversos iniciados por Gardner deram origem a outras tradições, ainda assim consideradas wiccanas, motivo pelo qual passou a se chamar a bruxaria ensinada por Gardner de Wicca tradicional.