sábado, 29 de junho de 2024

As 8 Etapas do Cerimonial de Magia


1- Purificação e Consagração do Templo;

2- Circumbulações;

3- Abertura dos Portais Elementais;

4- Defumação do Templo e Altar;

5- Invocação da Corrente Astral;

6- Declaração de Propósitos;

7- Operação Mágica;

8- Encerramento dos trabalhos.


Fase 1 – A purificação e consagração do templo consiste de qualquer técnica de banimento ou purificação do local de trabalho. Assim pode ser utilizados rituais clássicos como o RMBP (Ritual Menor de Banimento do Pentagrama) da Golden Dawn, o Ritual Egípcio de Banimento do Pentagrama da O.L.N, ou mesmo a Conjuração dos 4 seguida da Conjuração dos Sete, ambos de Eliphas Levi, ou outro qualquer da preferência do magista. Como exemplo de um ritual eficaz de banimento posso citar aspergir, nas quatro direções, borrifos de água com sal.


É uma velha tradição e ajuda, certamente, a limpar os níveis interiores. Ao realizar um banimento presume-se que as energias elementais (formas pensamento, miasmas, memórias residuais etc.) de um espaço estejam viciadas ou poluídas, e precisam ser exorcizadas antes de iniciar qualquer prática ritualística. Em seguida novas energias elementais devem ser chamadas/invocadas para consagrarem o local, só que desta vez harmonizadas com a vontade do operador e do ritual em si mesmo. Note que o RMBP é apenas a primeira parte (purificação e consagração do templo) das 8 etapas do cerimonial de Alta Magia, conforme preconizado pela O.L.N. Nas vídeo-aulas do curso de Alta Magia da OLN existem vários exemplos de banimento, se preferir...


Fase 2 – As circumbulações tem como propósito atrair uma pequena parcela de poder. Por circum-ambulação entende-se o movimento circular que o magista deve realizar dentro do Círculo Mágico. Segundo Aleister Crowley, a “circumbulação realizada exatamente passando pelo Oriente é um dos melhores métodos para suscitar a força macrocósmica no Círculo”. Dirija-se até o quadrante oriental (leste) e, a partir desse ponto caminhe três vezes ao redor do templo, no sentido dos ponteiros do relógio. 


Cada uma das três circumbulações representa uma dimensão diferente de percepção interior (simbolizada pelas três dimensões físicas).


Você pode concentrar-se no ciclo do tempo enquanto dá as três voltas. 


Nesse caso você passa pelo nascimento físico no sul, alcança o nadir da vida física no oeste, passa pela morte física no norte e alcança o renascimento (ou zénite da vida interior) no leste, volta mais uma vez a nascer no sul, e assim por diante. As circumbulações reforçam o traçado do círculo mágico e podem ser realizadas com auxílio de sua varinha de poder (bastão mágico) ou punhal (athame) ou mesmo a espada cerimonial. Geralmente nas circumbulações o magista invoca os Santos Nomes de Deus que estão escritos no próprio círculo mágico (é preciso vibrá-los) ou, se preferir, vibra o nome divino hebraico relacionada a esfera sephirótica- planetária invocada. Pessoalmente eu costumo caminhar lentamente segurando a varinha de poder acima de minha cabeça, funcionando como uma antena receptora enquanto pronuncio os nomes de poder. Logo após as circumbulações é aconselhável posicionar-se de frente para o Leste (Oriente) e proferir uma Prece de Abertura. 


Fase 3 – A fase seguinte é a abertura real dos quadrantes, ou dos portais, e a invocação dos “espíritos auxiliares”, geralmente elementais. A abertura dos portais consiste de três etapas: gesto de abrir as cortinas voltado para quadrante (Leste, Sul, Oeste e Norte), traçado do pentagrama elemental correspondente e chamada ou evocação aos Reis Elementais (Paralda, Djin, Niksha e Gob) bem como os espíritos Elementais a eles relacionados. Trata-se de um ritual mais elaborado utilizado para evocar um Elemental, para consagrações de uma arma mágica (instrumento ritual como bastão, taça etc.) ou para outras operações mais complexas. Não é sempre necessário chamar os Reis Elementais para o círculo. A ajuda deles não é necessária quando você lança encantamentos, a não ser que seu encantamento tenha ramificações de grande projeção, ou seja perigoso. Não é necessário chamá-los para benzer uma casa ou para consagrar novos itens para o seu templo, entre outras práticas mais simples. 


Lembrando que desenhar o pentagrama de determinadas maneiras serve para evocar ou banir os espíritos e forças de qualquer elemento. 


O método de especial de desenhar o pentagrama não possui, em si, qualquer força inerente, agindo como uma chave psíquica que oferece um certo condicionalmente mental, sendo esta resposta condicionada construída depois de meses ou anos de meditação sobre as qualidades essenciais dos elementos que lhes permite a concentração ou dispersão.


Fase 4 – Depois da Abertura do Templo Elemental (as três primeiras etapas supracitadas) e antes da invocação da corrente astral, podemos defumar com incenso, que costuma ficar no quadrante meridional (fogo), ou pode ser guardado entre o sul e o leste (ar e fogo). Pode ser uma simples vareta de incenso ou um turíbulo improvisado; entretanto, se você dispõe de um verdadeiro turíbulo, você poderá saudar os quadrantes e também defumar os símbolos principais, especialmente o altar e as colunas (se o templo for completo). A defumação do Templo e Altar pode ser acompanhada de uma prece ou invocação. Na Magia Tradicional de Salomão a defumação é precedida do Exorcismo e Consagração do Fogo, onde se queimam perfumes ou resinas consagradas aos espíritos planetários relacionados a operação. Aliás como magista você vai trabalhar com fogo em 98% de seus trabalhos mágicos. Torna-se importante então precaver-se e exorcizá-lo para que não aconteça acidentes, principalmente em rituais onde existe maior necessidade de fogo do que o uso das velas comuns. Então a oração de Exorcismo do Fogo deve ser usada sempre que for usar o Fogo em maior quantidade, seja para a queima perfumes de oferendas, seja para dissolver lixos astrais, exorcismos de entidades trevosas ou como forma de sacrifício as Divindades ou Seres de Luz. Nas purificações rituais com o Fogareiro (de barro ou metal) pode-se usar a seguinte combinação para propósitos gerais: incenso de Igreja, Mirra, Alóes (babosa) ou Eucalipto, ou ainda uma fragrância planetária específica, que achar conveniente. Na nossa apostila Rituais de Proteção e Exorcismos o estudante encontra como Fabricar sua Água Lustral (inclusive hissopo) e como exorcizar e consagrar o Sal e a Água. Também encontra as melhores combinações de ervas para limpezas de ambiente.


Fase 5 – A invocação da corrente astral trata-se da ancoragem da egrégora protetora da loja ou templo. Uma corrente astral ou oculta é um conjunto coerente d crenças e práticas baseada em uma tradição histórica, como o druidismo, martinismo, templarismo ou nas revelações de um profeta pretensamente possuidor de uma autoridade sobrenatural como Aleister Crowley, fundador da religião de THELEMA. Em outras palavras é uma forma pensamento coletiva ou egrégora. A O.L.N. (Ordem do Lotus Negro) tem sua própria corrente oculta que pode ser invocada durante os rituais. Ao mesmo tempo que realiza a Invocação da Corrente Astral o magista pode invocar o Grande Mestre que representa para ele uma influência espiritual benéfica durante o ritual. O Grande Mestre é uma figura mitológica, ou lendária, que pode ser representativa das aspirações e intenções gerais dos trabalhos contínuos do templo. Salomão, Hermes, Moíses, Osíris, Ramatis, Apolônio de Thiana são exemplos. Pode ser também uma figura feminina como, por exemplo, Ísis, Palas Atena, Joana D'arc, Viviane, a Dama do Lago etc. A invocação do Grande Mestre pode ter a forma de uma invocação escrita na forma de um cumprimento, ou pode ser apenas a vibração do nome do Grande Mestre, que atua como um Istha Devata* (divindade ou mestre tutelar) do magista e protetor geral do Templo.


Fase 6 – Efetivado o contato com a Corrente Astral e o Grande Mestre (ou Grande Mestra), o magista deve prosseguir com a declaração de propósitos. A declaração de propósitos (ou de intenção) tem a finalidade de focar a vontade do magista nos objetivos que ele deseja atingir com a egrégora trabalhada. É o momento que ele firma seu verbo (palavra) no astral e declara a intenção de sua operação mágica. Dito em outras palavras um ritual deve ter uma causa ou não terá significado. Causa significa apenas responder a pergunta “Por que está realizando este ritual?”. Pode ser para celebrar o equinócio da primavera, atrair um emprego novo, consagrar talismãs ou um ritual para obtenção de coisas/objetos. Um novo emprego ou um livro raro, por exemplo. Seja o que for tem que ser declarado em voz clara e firme, sem ambiguidades. Uma forma de declaração de propósito simples em um ritual de consagração para um talismã do Sol pode ser: 

“Eu declaro este templo aberto nos mistérios de (nome do grande Mestre). 

Hoje o nosso (ou meu) trabalho será a consagração do Talismã do Sol.”


Fase 7 – A sétima fase é o clímax do Cerimonial de Alta Magia e representa a síntese de todo esforço realizado até aqui. Ela aglutina todas as invocações, evocações, conjuros, preces e orações destinadas a realizar (ou manifestar) o desejo do magista. Todo o cerimonial mágico gira em torno da operação mágica em si. Assim uma operação mágica é um conjunto de ações rituais conduzidas com o objetivo de realizar um desejo, como a invocação do Santo Anjo da Guarda. Uma operação mágica pode ter um objetivo mais mundano como atrair atenção do sexo oposto, cura e ganhos financeiros. Você notará que todo cerimonial conduz naturalmente a um pico de intensidade, uma catarse. A catarse ou libertação do poder mágico é o auge do ritual. Acompanha-se geralmente por uma liberação emocional e, nalguns tipos de magia, por um clímax físico. Mantenha este momento o mais que puder, o que será por cerca de trinta segundos, raramente mais do que isso. Há então uma pequena pausa, quando todos, inclusive as entidades convidadas, podem recuperar o fôlego. Depois tudo vai se acalmando até o encerramento. Todo cerimonial de Alta Magia possui uma lógica interna e obedece a uma sequência de eventos que se desenrolam naturalmente, visando oferecer as melhores condições para o magista obter sucesso na operação.


Fase 8 – O encerramento (ou fechamento) consiste primeiramente em agradecer aos seres dos Níveis Interiores que estiveram presentes. É o momento de encerramento e da despedida das forças invocadas ou evocadas. Dito de outra forma é a desconexão psíquica com a egrégora, geralmente planetária, ao qual os seres espirituais pertencem*. No caso dos Rituais de Alta Magia no fim da cerimônia, quaisquer que sejam os resultados (ou aparente ausência de resultados), agradeça aos mestres, aos arcanjos, as falanges angélicas menores e a quaisquer outras entidades que foram convocadas na cerimônia. Se o magista trabalhou com evocação mágica ele deve proferir “a Licença para Partir” para que os daemons ou elementais retornem às suas esferas de origem. Sempre ofereça-lhes uma bênção antes de lhes dar permissão para partirem. 


Entretanto, caso o magista tenha invocado apenas inteligências superiores (mestres, anjos, deuses etc.), “a Licença para Partir” é desnecessária mas o agradecimento e o Fechamento dos Portais continua sendo necessário.  

Nigromancia - A Arte Negra


Nigromancia é uma tradição de Magia que trata da conjuração de certos tipos de forças obscuras (embora não necessariamente "negativas") entre eles "umbras" (aparição, fantasmas), elementais telúricos e demônios menores (daemon, espírito). Reza a tradição que todos esses seres habitam o Sub-Mundo de Hades, o Kama-Loka dos hindus. 


A palavra Nigromancia vem do latim "nigro" que significa "negro" e de "mancia" que designa uma prática adivinhatória ou ciência oculta. É interessante notar que a palavra grega nekros (“cadáver”) foi confundida pelos ignorantes, no passado, com a palavra latina nigro (“negro”) e, em inglês medieval (1.200-1.500), a palavra nigromancer (“nigromante”) era usada para indicar uma pessoa versada mas artes mágicas obscuras. Algumas vezes ainda é possível encontrar a palavra necromancer usada erroneamente com esse significado. 


Pacto de Lucifuge


O sistema de Nigromancia Kabalística da O.L.N utiliza-se de elementos de várias tradições mágicas dentro de um contexto gnóstico não-dogmático. O Pacto de Lucifuge é uma iniciação espiritual nos mistérios da Alta Feitiçaria do Lotus Negro. Lucifuge Rofocale aparece no Grande Grimório (c.1702) como Primeiro Ministro das Regiões Infernais e possui o poder que Lúcifer lhe deu sobre todas as riquezas e tesouros mundanos. Ele tem sob seu comando os demônios goéticos Bael, Agares e Marbas junto com milhares de outros espíritos que são seus subordinados.


Sua imagem mais comum é de uma entidade teriomôrfica de um homem com três chifres, segurando um grande anel e um saco de ouro; sua forma da cintura para baixo é a de uma cabra com uma cauda longa. O Pacto de Lucifuge é um acordo espiritual entre o feiticeiro (ou seu cliente) e o demônio invocado por um tempo determinado e de um sacrifício específico em pagamento.Magia Real deve ser refletido no mundo fenomenal que consitui nossa consciência, senão é puro misticismo ou metafísica. O objetivo do pacto pode ser sucesso nos negócios, proteção espiritual, vencer uma concorrência, ganhar uma disputa judicial, se livrar de dividas e limitações financeiras entre outros. Considerações éticas devem ser observadas pois contratos astrais sempre geram um compromisso, dívida ou lucro aos seus investidores.


O marco principal do ritual é a abertura do Portal de Leviatã que fica no Oeste, lugar de onde vem a escuridão para este mundo, e assim obter a comunhão do magista com um algum Espírito Lucifuge que vai atuar como seu servidor na consecução de seu objetivo. Se de fato o magista conseguir uma comunhão com um espírito, descobrirá que Eles podem muito mais do que está descrito nos Grimórios.


Os Portais de Leviatã


Leviatã, o Dragão-Serpente do Caos é o guardião Atemporal do Abismo, que permite o acesso não apenas de nosso grande potencial, mas também de nossa essência imortal, do Eu. Ele tem sua morada nas profundezas de Nun, o Caos Aquático ou Mar Infinito que é que é nosso Subconsciente, constantemente mergulhando o "Eu" através dos portões do Céu (êxtase ou transcendência) e do Inferno (obsessão ou amor próprio).


Com efeito, Leviatã é associado ao símbolo do Ouroboros, uma criatura mitológica, uma serpente que engole a própria cauda formando um círculo e que simboliza o ciclo da vida, o infinito, a mudança, o tempo, a evolução, a fecundação, o nascimento, a morte, a ressurreição, a criação, a destruição, a renovação. Muitas vezes, esse símbolo antigo está associado à criação do Universo.


Quando Leviatã-Oroboros é desperto ele fornece acesso as energias primais que estão acima do Abismo, princípio e força são unidos e Lúcifer nasce. Lúcifer é o Não-Manifesto enquanto Existência, como Vazio torna-se Ser e tempo se torna eternidade. Lúcifer é o Portador da Luz, o Fiat Lux, o primeiro Anjo da Criação. Sua "queda" é a manifestação da existência do nada, como um raio na escuridão.


A Trindade Infernal 


Lúcifer, energia não-dual. Nem macho, nem fêmea. Associado a Kether na Árvore da Vida, se divide em um princípio masculino infernal na imagem do demônio marcial Belzebuth associado a Chokmah e em um princípio feminino infernal na figura de Astaroth associado a Binah. Desta forma temos em Chokmah o elemento positivo na forma de Belzebuth, e em Binah o elemento negativo na forma de Astaroth, visto ser Kether, na forma de Lúcifer, o elemento neutro. 


Belzebu é o Senhor, e Astaroth é Rainha, mas eles são Um, inseparáveis, dois aspectos do mesmo final. Como a Força e a Forma, que motiva/inicia todas as coisas.  A união blasfema de Astaroth e Belzebuth reflete em Daath, o que é transferido para qualquer uma das esferas abaixo do Abismo.


Lúcifer, Belzebuth e Astaroth formam a Trindade da Árvore da Vida Invertida. Todos surgem do ventre escuro de Leviathan, o Dragão do Caos primordial, Governador do Abismo, o Vazio do Caos em si, o Tudo em Um.


Astaroth, como Binah, é a raiz da matéria, a substância primordial, pois a matéria é nascida de Astaroth. Os filhos de Astaroth são Samael, o Dragão Vermelho de polaridade positiva, e Lilith, o Dragão Verde, de polaridade negativa.


A matéria é nascida de energia pura coagulada sem forma, e é, portanto, a filha, ou neta, de Astaroth. A matéria toma forma, uma espécie de Ordem com base em um conjunto temporário de padrões no Caos subjacente. Essa ordem é Ialdabaoth, o filho, ou neto, de Belzebuth e Astaroth. Ialdabaoth é o nome gnóstico que a maioria dos judeus e os cristãos chamam de "Deus".


Ialdabaoth o criador do mundo (físico)


Ialdabaoth é o poder que permite que energia e matéria se organizem para alcançar a sua verdadeira forma e propósito, mas é também um poder conservador, aprisionador, limitante das formas que ele mesmo cria. Ainda que extremamente poderoso Ialdabaoth está restrito aos ditames do Tempo sendo por vezes considerado Pai do Tempo (Saturno ou Chronos).


Apenas as forças acima do Abismo, personificadas em Belzebu o verdadeiro Poder, a energia pura sem forma e Astaroth o desejo de criar e Lúcifer, a Lux Angelicae, são Eternos.


A vida brota da atividade de Lúcifer. Ele sempre empurra criação para a complexidade cada vez maior, e no contexto da biologia isto é conhecido como evolução. 


Por sua vez Ialdabaoth representa os vários padrões de Ordem, que têm sustentado o ecossistema vivo. Foi assimilado ao hebraico Jeová, ao grego Chronos, ao Alá do Islã, etc. 


Como governante do Universo Manifesto o Demiurgo Ialdabaoth fez surgir das águas do Caos sete grandes Espíritos construtores e modeladores do Universo. Eles surgiram como seres andróginos segundo a forma imortal que existiu antes deles e de acordo com vontade de Lúcifer.


Os governantes demoníacos do mundo material


Reza a tradição gnóstica que graças ao seu grande poder, o Primeiro Pai, Ialdabaoth, criou para cada um de seus filhos, através da palavra, céus formosos que serviriam de moradas, e para cada céu, glórias extraordinárias, sete vezes mais grandiosas do que qualquer glória terrena, tronos, moradas, templos e carruagens, olhando além para um reino invisível, contendo cada um tudo isso em seu céu; criou também exércitos de forças divinas, nobres, angélicas e arcangélicas, miríades delas para servi-lo.


Nosso Universo é constituído de vários planos e subplanos, cada um desses planos é feito de uma matéria/energia apropriada a sua vibração. E assim sugiram os Planos Causal, Mental, Astral e Físico. O último plano (o Físico) é o mais denso, onde a energia se condensa em matéria visível. Ele é governado por Sete Grandes Arcontes e energias menores a eles subordinadas. Os Arcontes são, no gnosticismo e nas religiões intimamente relacionadas a ele, os governantes do universo físico, uma classe de anjos caídos ou deuses menores criadores. 


Simão, o Mago, tido como o primeiro profeta gnóstico e popularmente conhecido como um exímio praticante de artes mágicas ensinava que o nosso mundo tinha sido formado pelos “anjos inferiores”. Para ele os anjos inferiores consistem em uma classe de seres espirituais responsáveis pela criação de fenômenos físicos.


Tidos às vezes como governantes demoníacos do mundo material, cada um dos sete principais Arcontes foi associados a uma esfera celestial diferente. Como controladores do zodíaco eles evitam que as almas deixem o reino material antes de completarem seus destinos individuais. Os Arcontes também seriam responsáveis em atrair a Força-de-Vida Monádica a materialização física, preparando as condições ideais para que encarnem pela primeira vez em corpos densos. Desde que esta função de materialização parece má do ponto de vista evolucionário, que ascende para a espiritualização, estes seres às vezes são referidos como as Hierarquias Satânicas.


Algumas tradições gnósticas definem os Arcontes como inteligências sobrenaturais, mas não propriamente espirituais, que controlariam as forças daemônicas que sustentam nosso Universo Físico. Eles seriam os mensageiros inferiores dos 7 Dhyan Chohans “os Senhores da Luz". Os mais altos devas ou deuses, correspondendo aos Arcanjos da religião católica romana. As Inteligências divinas encarregadas da superintendência do Cosmos. 


Assim os Arcontes são considerados os Deuses menores criados juntamente com o mundo material e responsáveis em manter “a programação da Matrix”, ou seja a ilusão que a matéria, e os fenômenos, são algo real. Eles são deuses num certo sentido, mas inferiores, os membros mais baixos entre as emanações da Divindade, e subordinados aos Deuses Excelsos e ao próprio Demiurgo ou Yaldabaoth. Existem de fato certas exceções; Basilides, o profeta gnóstico, ensinou a existência de um "grande arconte" chamado Abraxas que preside todos eles. 


Mais tarde as religiões (primeiro as pagãs e depois as cristãs) fizeram degradar esses Deuses à categoria de Demônios e assim eles permanecem desde então.


Os Sete Demônios


Cada Arconte foi associado a um dos sete planetas de nosso Sistema Solar. Abaixo segue o nome dos 7 Líderes Infernais (Arcontes?) seus dias da semana e seus planetas regentes segundo o Grimório do Papa Honório:


Segunda-feira é governada por Lúcifer e é regida pela Lua, Terça-Feira Beelzebuth (Marte), Quarta-Feira Astaroth (Mercúrio), Quinta-Feira Silchard (Júpiter), Sexta-Feira Bechard (Vênus), Sábado Guland (Saturno), Domingo Surgat (Sol).


Cada um deles tem uma área de atuação por exemplo Astaroth é o demônio da sorte ele indica os meios de fazer-se rico; ensina o grande segredo para ganhar na loteria e em todos os jogos de azar; revela o modo de fazer fortuna, triunfar nos negócios, etc.


Por sua vez a demonologia tradicional do Dicionário Infernal, publicada em 1818, apresenta outra lista dos “sete líderes do Inferno”, embora não os associe aos planetas, são eles:


Belzebu, Mamon, Azazel, Lúcifer, Asmodeus, Leviatã, Belfegor 


É claro que essas atribuições dos Deuses Antigos como demônios causadores do mal na Terra é totalmente estereotipada e reflete séculos de propaganda religiosa. Um ocultista digno desse título deve buscar decifrar o poder oculto que se esconde atrás do simbolismo das máscaras demoníacas e utilizar essa energia de maneira sábia e consciente. 


Em outra visão os demônios seriam personificações mitológicas de Forças anticósmicas, embora não essencialmente negras, que habitam paisagens oníricas nos reinos do Umbra da Terra, uma dimensão espiritual que forma a contraparte astral da crosta terrestre ou de Malkuth. De forma semelhante a ocultista Dion Fortune afirma que os demônios “são seres que habitam o Reino da Força Desequilibrada (os Qlipoth), que começou a existir antes que o equilíbrio (ordem cósmica) fosse estabelecido; diferentes tipos de desarmonia, desde então reforçados pela massa de pensamentos maus (da humanidade). Quando você toca o Invisível, não é provável que você possa entrar em contato com os seres Divinos de qualquer esfera (de consciência) sem também entrar em contato com os Qlipoth dessa esfera.”


Na tradição hindu eles seriam equivalentes aos Kama-Rajas, que significa Astral, e da palavra “Rajas”, cujo significado é “reis”. São, portanto, os “Reis do Astral”. Eles são de evolução completamente distinta da humana, tendo, no entanto, semelhança na parte psíquica. Essas entidades desempenham função algo semelhante à dos Elementais, porém são de uma categoria bastante superior. Alguns Kama-Rajas podem ser, assim como os humanos, evoluídos, outros, atrasados ou mesmo demoníacos. 

Feitiçaria Telúrica & Penumbra Astral


Existe um tema pouco compreendido pelos estudantes de Ocultismo, ele envolve ação de espíritos atuando através dos subplanos astrais. Para melhor compreender esse assunto torna-se necessário entender que existem 7 planos ou níveis de existência. Do nível mais sutil, desdobrando-se ao mais denso, é fornecido o seguinte esquema: 


·          o plano divino ou Adi 


·         o plano monádico ou anupadaka (redutos últimos das individualidades espirituais)


·         o plano espiritual ou Átmico (onde se manifestam as essências espirituais)


·         o plano intuicional ou Búdico (das energias psíquicas ou de alma)


·         o plano mental ou Manásico (das energias de pensamento ou mentais) 


·         o plano astral (vital ou emocional, das energias nervosas e emocionais) 


·         o plano físico (sólido, líquido, gasoso e sub planos-etéricos)


O plano Astral ou Umbra desdobra-se nos níveis de Umbra superior e inferior e penumbra astral ( que envolve a crosta terrestre), que é o ponto de transição da luz para a sombra; quase sombra; meia-luz. 


Na realidade a penumbra é o nível mais denso da Umbra ou Plano Astral, através do qual deslizam as correntes telúricas de nosso planeta. Ele tem relação direta com as Linhas Ley (Linhas Hartman etc.) que são linhas magnéticas capazes de criarem eventos sobrenaturais e afetar os organismos vivos como plantas, animais e seres humanos. 


As Linhas Ley surgem a partir do centro do planeta, subindo perpendicularmente à superfície terrestre e se cruzam ao redor do mundo, como linhas latitudinais e longitudinais, mas concentram uma quantidade enorme de energia sobrenatural.  


Estas energias afetam os seres humanos de forma positiva ou negativa dependendo de certas circunstâncias. De acordo com Alfred Watkins, alguns indivíduos podem absorver essas  energias. 


O nível de penumbra astral, por ser altamente telúrico e magnético, também pode ser manipulado por entidades espirituais. Se forem entidades contrárias a evolução e inclinadas ao mal eles podem utilizar a matéria desse plano para condensar/plasmar formas pensamentos monstruosas que alteram a composiçāo natural do éter terrestre. A poluição astral de um determinado ambiente pode causar uma infestação mórbida e afetar a aura das pessoas, atingindo seus plexos nervosos ou chacras que absorvem a carga negativa. Ao afetar os pólos de energias nos chacras isso pode provocar diversas mudanças emocionais de temperamento. 


Magos negros também podem manipular o Umbral para seus fins egoístas, pois é um fluído magnético de propriedades maleáveis e que pode ser usado magicamente, por ser um meio pelo qual se manifestariam as forças sobrenaturais.


Através de seus rituais de magia eles podem estabelecer um PACTO com Eguns, Kiumbas e outras entidades que vibram mais próximas ao nível de vibração do Umbral denso, como os Elementais da Terra (duentes ou gnomos), já que o elemento nativo desses seres espirituais é o de mais baixa taxa vibratória. Ao sacramentar um pacto com tais Entidades eles podem, com auxílio das mesmas, produzir Elementais Artificiais capazes de IMPREGNAR um ambiente com suas energias deletérias afetando o perispírito (duplo etérico) de suas vítimas. 


Isso geralmente é feito utilizando elementos biológicos, minerais e hídricos que contêm uma alta taxa de vibração telúrica negativa (o que os chineses chamam de shai ou chi negativo) como terra de cemitério, restos de animais peçonhentos ou venenosos, certos tipos de rochas, areia, líquidos etc, capazes de contaminar o éter terrestre e gerar uma rede de energia sombria ao redor de suas vítimas, o que facilita a ação de suas magias e as prendem ainda mais nos laços de seus tentáculos astrais.   


Nosso corpo, nossa mente e nossa alma se comunicam com absolutamente tudo ao nosso redor. Em um mundo globalizado, onde há interações a todo tempo, seja pessoalmente ou através das mídias sociais, nós nos expomos cada vez mais aos diversos tipos de energia e pensamentos. Por isso é comum atrair para nosso campo áurico energias negativas que podem comprometer nossa saúde e qualidade de vida, inclusive bloqueando espiritualmente nossos caminhos, dificultando a entrada de dinheiro, recursos e/ou impedindo o fluxo da prosperidade em nossas vidas. Isso é muito mais comum do que imaginamos e pode assumir um nível mais delicado que é a infecção por Larvas ou Miasmas astrais que são um tipo de energia negativa formada por matéria bruta, energia deletéria, que tomam forma, animadas por restos de fragmentos negativos dos instintos de nossa herança animal. Em suma são um tipo de Elemental artificial que podem ser criados de forma inconsciente ou, no caso da Magia Negra, de forma consciente e programada para um determinado fim, geralmente maléfico. 


Muitos acreditam que a atração desse tipo de energia negativa está associada somente a afinidade mental de suas vítimas, que criam um campo de sintonia que facilita ou permite a sua proliferação. Também acreditam que homens e mulheres de mentalidade positiva, na esfera da espiritualidade superior, conseguem sobrepor-se às influências múltiplas de natureza deletéria gerada por esses campos mórbidos do astral inferior.


É bem verdade que certos desequilíbrios emocionais e os vícios de maneira geral criam condições favoráveis para a ocorrência dessa contaminação, comprometendo a saúde da vítima. Também é verdade que a profilaxia recomendada para não ser presa fácil dessas vibrações ou energias é manter uma mente focada em ideais nobres e virtuosos. 


Tudo isso é verdade.


Entretanto quando se trata de campos energéticos nocivos gerados por Entidades malignas conjuradas ou não através de atos de Magia Negra, e conscientemente projetados para destruir a vida de uma pessoa, a coisa não é assim tão fácil de resolver. Nesses casos não temos soluções fáceis ou respostas prontas.


Torna-se necessário para a resolução desses casos raros, mas não tão incomuns, um conhecimento especializado em técnicas de magia e anti-demanda. Também é importante salientar que se a vítima de tais ataques espirituais não for tratada a tempo seus infortúnios podem evoluir para níveis reais de obsessão e possessão capazes de arruiná-la totalmente, além de afetar negativamente as pessoas que convivem no mesmo ambiente em que ela reside ou trabalha. 

Anima Mundi


O conceito de Anima Mundi, que se traduz como "alma do mundo", pode ser rastreado até a filosofia grega antiga, especificamente no trabalho do filósofo Platão.

O conceito foi posteriormente adotado e desenvolvido por outros filósofos, como Plotino e os estóicos, e teve uma influência duradoura no pensamento e na literatura ocidentais.  

A Anima Mundi é frequentemente vista como um princípio feminino, e às vezes é associada à deusa grega Sophia. 

Sophia é frequentemente vista como o aspecto feminino do divino.  Em algumas tradições gnósticas, Sophia é vista como a mãe do demiurgo, o ser responsável pela criação do mundo material. 

A conexão entre Sophia e o Anima Mundi é que ambas são consideradas manifestações do divino no mundo.  Sophia é vista como a personificação da sabedoria e a Anima Mundi é visto como a personificação da alma do mundo.  Juntas  são consideradas parte integrante da compreensão gnóstica do divino e sua relação com o mundo.

Na crença gnóstica, a Anima Mundi é a essência espiritual que anima toda a criação. É a ideia de que o universo está vivo e tem uma alma ou consciência, separada do plano físico, e que essa alma é a fonte de todo conhecimento espiritual. 

Os gnósticos acreditavam que, ao se conectarem com a Anima Mundi, poderiam ter acesso às verdades espirituais ocultas. 

O conceito de Anima Mundi, ou "Alma do Mundo", é encontrado também nos ensinamentos dos Oráculos Caldeus.  

De acordo com esses textos, o Anima Mundi é uma energia espiritual divina que permeia e anima todo o universo. 

 Acredita-se que seja a fonte de toda a vida e consciência, e é visto como a ponte entre os reinos físico e espiritual.  

 A Anima Mundi também é frequentemente associado à ideia da "mente cósmica", ou a consciência coletiva de todos os seres vivos.  

Nos Oráculos Caldeus, é dito que através da sintonização com o Anima Mundi, a pessoa pode alcançar uma compreensão mais profunda do universo e de seu lugar dentro dele. 

É descrito como um princípio cósmico que permeia o universo e é responsável pela harmonia e ordem do universo.  

Também é visto como a conexão entre os reinos material e espiritual.

 

Feitiçaria Sexual


O sexo entre um homem e uma mulher nada mais é do que uma das formas do dualismo universal. É o símbolo por excelência da indistinção primordial e divina de toda experiência que tende a reintegrá-la por meio do indivíduo. 


No princípio dizem as grandes tradições e as várias filosofias sagradas do Oriente e do Ocidente – era um único ser, o qual possuía os dois sexos. Adão deixou-se dividir por Deus em duas metades: uma masculina outra feminina; porém com a separação, surgiu, natural, o desejo de reunião em um corpo único.


Na tradição oriental temos a imagem de Shiva, o deus hindu da vida e da morte que também personifica a dupla face dos opostos e o equilíbrio existente entre elas. O deus Shiva em seu aspecto andrógino é Ardhanarishvara – O Princípio Universal – e simboliza a superação dos opostos, o fim da dualidade, a união com a Consciência Universal. É a afirmação do fato de que a criação é instrumentada apenas quando a dualidade se funde como unidade absoluta.


Existe uma forma de Magia que se utiliza do Sexo como trampolim para a expansão da consciência e aquisição de poderes psíquicos (siddhis). Na tradição moderna da Alta Magia falamos na existência dos "espermo-gnósticos" ("spermo-gnostics" no original). O termo designa os gnósticos (do passado e do presente) que acreditam que o sêmen do homem e o útero da mulher são sagrados, e são a chave, ou a porta, para a libertação deste ciclo infindável de reencarnações e sofrimento por que passa o homem neste mundo. 


É uma Tradição Mágica Ocidental que, claramente, se vincula com a "Tantra" oriental.


Nos textos mágico-alquímicos do ocidente os fluidos sexuais femininos são chamados de “Leão Vermelho” (o Enxofre Alquímico) e as secreções masculinas como a “Águia Branca” (O Sal Alquímico). A resultante da combinação desses fluidos é simbolizada pelo Mercúrio Alquímico.


Os segredos da Alquimia Sexual são baseados numa compreensão do uso das secreções do organismo dentro de uma forma específica de prática ritual. As práticas reais de Alquimia Sexual cobrem todo o espectro da Feitiçaria Sexual Tântrica, enquanto sua síntese é encontrada num único rito, a Missa do Espírito Santo. Este rito é a base da eucaristia tântrica, bem como é a chave para a formação de ritos avançados como a Missa Gnóstica.

Mistérios Kabíricos


No ano de 1950 a.C., na ilha de Samotrácia (atualmente Samandrakis), viveram os Kabires. A Grécia era então considerada o centro dos Mistérios Antigos.


No paganismo grego antigo Hekate era a deusa da feitiçaria, uma das jovens Titânides. Por permanecer ao lado de Zeus na luta contra os Titãs, a deusa não perdeu nenhum de seus privilégios, garantindo-lhe, assim, o poder sobre a terra, o céu, o mar e o Mundo Inferior.


Nos ritos esotéricos da O.L.N a Corrente Saturnina da grande triforme Hekate Soteira é identificada como “Alma do Mundo” (Anima Mundi) ou Alma Cósmica do Universo.


Essa visão de Hekate é idêntica aquela adotada pelos filósofos pagãos do Neoplatonismo grego que entendiam Hekate como a personificação de uma ENERGIA PRIMORDIAL ( Shakti, no hinduísmo), o substrato inteligível de toda Magia, tendo autoridade sobre daemons, anjos, eguns e todos os outros espíritos que estavam ligados a Bruxaria ou Magia Cerimonial (que naquela época possuíam uma abordagem diferente do que temos hoje). Eles também adoravam  Hekate como existindo na borda entre o mundo espiritual (inteligível) e o mundo material (sensível), agindo como uma barreira invisível ( e ao mesmo tempo uma conexão) entre esses dois mundos.  


Alguns poetas gregos relatam que Hekate tinha como seus servos os poderosos Kabires (kábeiroi, em grego), “os Grandes Deuses dos Mistérios da Samotrácia”, ilha do mar Egeu, ao largo da costa Trácia, perto da Ásia Menor. Os Mistérios da Samotrácia se juntavam aos Mistérios de Elêusis e outros da religião grega antiga. Segundo Blavatsky: “Samotrácia foi colonizada pelos fenícios e antes deles pelos misteriosos Pelasgos que vinham do Oriente; se recordarmos a identidade dos “deuses de Mistério” dos fenícios, caldeus e israelitas, será fácil descobrir de onde provém o mito confuso do dilúvio de Noé”. (in a Doutrina Secreta, Volume III)


Blavatsky indica que os Kabires ou Cabires “correspondem a Divindades ou deuses mistéricos entre as nações antigas, inclusive os israelitas, alguns dos quais (como Tharé, pai de Abraão) os adoravam com o nome de Teraphim.” Os arcanjos modernos seriam uma transformação desses mesmos Kabires. Os Kabires eram reconhecidos como os Espíritos Planetários mais elevados, os maiores deuses e “os poderosos”.


Seja qual for a interpretação do nome, estamos sem dúvida perante a idéia de “Poderes Celestiais” muito primordiais e sublimes, daí que com este nome de Kabires, sejam designados os Deuses do Mistério por excelência da Antiguidade.  Eles representavam as potências divinas civilizadoras por excelência, e por isso a tradição esotérica da humanidade primitiva está enraizada neles. 


Os Mistérios Kabíricos, não sendo senão uma translação dos Mistérios egípcios, exerceram grande influência sobre a civilização grega, o que bem atesta o elevado grau de sua civilização.


Seus ritos envolviam a navegação (ou seja, a arte de dominar as Águas da Vida), com cultos aos Dióscuros (Castor e Pólux), e esses deuses da Navegação eram cultuados com fervor pelos Adeptos.


Eram oito os deuses kabíricos, divididos em quatro categorias: Oxieres, Axio-Keroa, Dióscuros e Coribantes.  Para o mestre ocultista  Samael Aun Weor, os Kabires são Deuses (Devas) do Fogo ligados intimamente à Kundalini do centro da Terra. 


A Kundalini Terrestre é derivada de Fohat², ou Fogo do Espírito Santo, a energia primordial do Sol, que transmite à Terra calor, força, movimento e magnetismo. Essa energia que alimenta e dá vida à Terra, seria administrada pelos 8 Kabires e distribuída harmonicamente, de acordo com o dualismo do yin-yang, para a manutenção e preservação da vida na superfície e no interior do planeta. 


Nós percebemos o Sol como físico, mas ele também tem sua contraparte espiritual (astral, celestial ou mental e divina), chamada por nós de Kundalini Solar ou Fohat, que tem origem no Primeiro Logos¹ ou centro transmissor de força, cuja fonte é Parabrahman. Considerada a energia dinâmica da Ideação Cósmica (o construtor dos construtores), a Luz do Logos, Fohat “desce” ou é emanada do Sol Espiritual e ao mergulhar no Abismo da Matéria e penetrar cada vez mais fundo no coração do Globo, “densifica-se” e transforma-se em Kundalini Terrestre ou Shakti-Kundalini, a força serpentina, o fogo astral, um aspecto de buddhi. 


Interessante notar que após o apogeu dos Mistérios da Samotrácia os Kabiros passaram ser considerado, na mitologia grega,  apenas deuses ctônicos (do grego χθόνιος, khthonios, "da terra", de khthōn, "terra") propiciadores da fertilidade e das riquezas. Costumavam ser representados com martelos e tenazes, como auxiliares de Hefesto e deuses do fogo e da metalurgia e usando barretes pontudos.


Existe também a possibilidade que o termo Kabire estar relacionado ao do deus indiano Kubera, ao grego kóbalos (espécie de pequenos dáimones), ao eslavo antigo kobi ("espírito protetor"), ao alemão Kobold, ao francês gobelin e ao inglês goblin, palavras aproximadamente equivalentes a "duende".


No Egito faraônico a idéia de Kabire, está associada a Hermes ou Thot  (a língua de Rá e o Logos* Demiurgo), e na antiga Mesopotâmia a Oanes ou Marduk; nas tradições semíticas e aos Teraphim, que posteriormente passaram a ser os Seraphins, ou serpentes de fogo. Também eles estão associados a Forças Celestiais (Nephilim), seres angélicos que se enamoram das filhas dos homens e desceram à Terra para procriaram com elas e gerar uma raça de varões gigantes. 


Aliás, o culto do deus Hermes é certamente pré-helênico, remontando aos pelasgos (povo que ocupou a Grécia muito antes dos aqueus). O culto de Hermes também podia ser encontrado nos chamados Mistérios da Samotrácia.


Venerado nestes cultos, juntamente com Hécate, chamada de Zerenthya, o deus Hermes, com o nome de Kadmylos, sob uma forma itifálica, representando a fertilidade, constituía com ela um par, honrados juntamente. Nestes Mistérios, Hermes era acompanhado por dois irmãos gêmeos, Dárdano e Iasion, em tudo semelhantes aos Dióscuros gregos (Castor e Pólux) e aos Ashwins védicos, todos associados astrologicamente ao signo de Gêmeos. 


1-   Segundo Heráclito de Éfeso (530-470 a. C) o Logos “é o princípio eterno de ordem no universo”. Ele mantinha ainda que o “o Logos, por trás de qualquer mudança duradoura, é o que faz que o mundo se torne um cosmos e um todo ordenado”. 


2-   Sendo assim Fohat é nada mais do que Kundalini em seu aspecto Solar ou Cósmica que em seu processo de involução impele a atividade e orienta suas diferenciações primárias em todos os sete planos de consciência cósmica. Fohat é, simplificando, o "Pensamento Divino" transmitido e manifestado por meio dos Dhyan Chohans, os Arquitetos do Mundo visível.


Do atrito de Fohat – Kundalini geram-se os chakras, “vórtices energéticos”, por onde se expressa a Consciência agindo nos Planos afins ao seu desenvolvimento, valendo isto tanto para um Logos Planetário como para um homem.

O Chrêstos


A palavra "Christos" ou "Chrêstos" do Grego, tem uma história rica e diversificada que remonta, muito antes da existência do Cristianismo. 


Apesar de seu uso generalizado hoje, muitas pessoas desconhecem sua origem e as diferentes conotações que carregou ao longo dos séculos. 


A palavra "Chrêstos" foi usada pela primeira vez por antigos escritores gregos como Heródoto e Ésquilo no século 5 aC.  Naquela época, era aplicado a uma pessoa que interpretava oráculos e agia como profeta ou adivinho.  


Com o tempo, o significado da palavra se expandiu para abranger a ideia de 


"ser ungido" - alguém que passou por um renascimento espiritual e ressurreição e alcançou um estado de união com o divino. 


No paganismo antigo, o título de "Chrêstos" era atribuído aos verdadeiros magos e iniciados nos Mistérios, que após intensos trabalhos e provações haviam atingido um elevado grau de iluminação espiritual. A palavra simbolizava a união da alma humana com a divina e significava a obtenção da autoconsciência logoica. 


Na Alta Magia, o termo "Christos - Agathodaemon" ou "Christos Lúcifer" refere-se ao caminho que se deve seguir para chegar à Grande Obra - a fusão da alma humana com a divina. 


Essa transformação resulta na obtenção do estado de "Ungido" ou "Chrestos". 


Na Cabala Esotérica, o termo "Christos Agathodaemon" está associado à Serpente do Gênesis que oferece o fruto da Árvore do Conhecimento (gnose) a Eva.  Na verdade, esta serpente representa Havah, o portador da vida. 


Chrêstos Solar Luciferiano


Esse particular Ser Angélico conhecido como Logos, cujo veículo físico é o Sol, está entronizado no centro de nosso universo local. “Ali por todo o Manvântara, Ele está voluntariamente auto-sacrificado, não em agonia e morte e derramando suor e sangue, mas em êxtase criativo e vertendo perpetuamente força e vida” (Geoffrey Hodson). 


No esoterismo dos Mistérios Angélicos a crucificação do Cristo Cósmico (não confundir com o Cristo Jesus histórico) representa o Logos Solar descendo à matéria.


A encarnação de um Logos Solar, ou do Cristo Cósmico, é tida como o mais alto sacrifício. Ela era conhecida como Chrestus-Lúcifer entre algumas seitas de gnósticos que conheciam a verdadeira relação de Cristo com o Sol. Os Logoi Solares, seres cujos envoltórios são sóis, são representados em todas as religiões como uma força crística redentora da humanidade.


A palavra "Chrêstos" tem uma história rica e diversificada que remonta há tempos longínquos. Desde seu uso original como um termo para um profeta ou adivinho, até sua associação com iluminação espiritual e transformação no paganismo, e seu papel na Alta Magia e na Cabala Esotérica, a palavra continua a ocupar um lugar significativo no léxico espiritual.  


Seja como símbolo do despertar espiritual ou como referência a um caminho a ser percorrido, "Chrêstos" continua sendo um conceito importante para quem busca compreender os mistérios mais profundos do espírito humano.