quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Thelema Parte 1



Quando alguém começa a estudar Aleister Crowley, ele ou ela entra em um universo a parte. Thelema e Aleister Crowley não se tratam de um campo de estudo e é muito difícil um indivíduo conseguir capturar sua essência. Como a parábola do homem cego e o elefante, as pessoas reportam apenas aquilo que conseguem perceber. Portanto, essa seção, Introdução a Thelema, tem o objetivo de transmitir uma visão geral do Sistema Mágico-Iniciático de Aleister Crowley, oferecendo lampejos sobre seus ensinamentos práticos e teóricos.

O leitor notará que eu não utilizo a letra k em palavras como mágicka ou mesmo a palavra magick em meus escritos. Em português não há o porquê disso. No Brasil a palavra magia «magick» é distinta da palavra mágica. Magia se trata da Antiga Ciência e Arte dos Magi; mágica, por outro lado, se trata da arte do ilusionismo. Ademais, não existe nenhuma referência onde Aleister Crowley tenha utilizado esse tipo de ortografia em qualquer de seus escritos.

O propósito fundamental desta seção, Introdução a Thelema, é servir de guia seguro àqueles que buscam compreender os ensinamentos de Crowley. Boa viagem!

Introdução a Thelema: visão geral

Quando eu era Probacionista da A∴A∴, meu Superior na Ordem me deu uma tarefa: digitar o manuscrito datilografado da tradução de Marcelo Motta do Magia em Teoria & Prática. Eu digitei todo o conteúdo do livro – partes I, II, III e IV – em nove meses. Lembro-me que ao digitar a passagem seguinte fiquei impressionado, além de não entender absolutamente nada:

TO MEGA QHRION «]vyrt»: A Besta 666; Magus 9°=2 A∴A∴ que a Palavra do Aeon é THELEMA; cujo nome é V.V.V.V.V. 8°=3 A∴A∴ na Cidade das Pirâmides; OU MH 7°=4; OL SONUF VAORESAGI 6°=5; e ... ... 5°=6 A∴A∴ na montanha de Abiegnus; mas Frater PERDURABO na Ordem Externa da A∴A∴ e no mundo dos homens sobre a Terra, Aleister Crowley de Trinity College, Cambridge.

Tudo isso era completamente obscuro na época. Eu fiquei ávido por saber o significado de todos esses nomes e principalmente o nome não mencionado no Grau de Adepto Menor, 5°=6 A∴A∴ e o porquê disso. Quando comecei a digitar a Parte IV – O Equinócio dos Deuses –, minha curiosidade foi sanada. Em uma nota de rodapé do Capítulo 6, Crowley diz: O Nome Místico de um adepto neste Grau não é divulgado sem motivo especial para isso. Marcelo Motta em sua tradução faz uma nota em seguida:

O nome indica que correntes especiais o Adepto assumiu gestão ao atingir o grau, e se for revelado os «Irmãos Negros» causarão interferência. Outro motivo que deixou de ter significado neste Aeon é que o nome podia causar confusão dogmática. Na tradição cristã era Satan-Jeheshua; na egípcia, Osiris-Set; na budista, Budha-Mara; na islâmica, Allah-Shaitan; na judaica, Oz-Al. Veja Liber XC: «Meus adeptos estão retamente erguidos, suas cabeças acima dos céus, seus pés abaixo dos infernos.»
O Nome Místico de Aleister Crowley no Grau 5°=6 da A∴A∴ pode agora ser revelado. É Aum.Ha, o que quer dizer que Ele assumiu, como Adepto, gestão espiritual de todas as correntes religiosas sobre a face da terra. Aum.Ha = 111 x 6 = 666.
Devemos observar que Aleister Crowley não percebeu isso a não ser muitos anos mais tarde. Ele pensara que seu nome neste Grau era Satan-Jeheshua e que ele assumira gestão exclusiva da corrente cristã-satânica. Somente muitos anos mais tarde ele veio a compreender o alcance de sua Iniciação. A Lei é para Todos.

Hymenæus Beta, Frater Superior da O.T.O., em sua edição do Magia em Teoria & Prática – Liber ABA – descorda de Motta e diz que Crowley assumiu o nome de Christeos Luciftias, fazendo referência assim da Chave Enochiana do 30° Æthyr: Christeos ou Caharisa-Teosa «KHMYSTYOS» = Deixe-me ser; Luciftias «WKYFTYAS» = Brilhantíssimo. Os outros nomes mágicos de Crowley na A∴A∴ são: OU MH «o NADA», o nome de Nuit; OL SONUF VAORESAGI «Eu Reino Sobre Ti», a primeira chave do sistema Enochiano; e PERDURABO «Eu Perdurarei».

Curiosidades a parte, Crowley desfrutou de bastante reputação nos seus dias e após a sua morte em 1947, sua sombra é ainda maior. Ele deixou sua marca em diferentes movimentos culturais, o que torna difícil categorizá-lo além da palavra genial. A maioria de nós é capaz apenas de absorvê-lo em uma área ou outra de suas conquistas impressionantes:

·         Um ocultista prático – sem igual nos dias de hoje – que se especializou na Magia do Ocidente e no Misticismo do Oriente. Crowley permanece um ícone a todos os ocultistas que seriamente querem aprender magia.
·         O fundador e o profeta de um novo movimento religioso: Thelema, mundialmente conhecida por seu axioma máximo, Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.
·         Um poeta prolífico que na idade de trinta anos publicou seu Collected Works em três volumes e cuja última publicação, Olla, foi subintitulada Sessenta Anos de Música.
·         Um alpinista notável cujas inovações e recordes mundiais no esporte são reconhecidas por seus críticos mais obstinados.
·         Um aventureiro que explorou o Extremo Oriente, mas que foi serializado por revistas tipo feira das vaidades como Um Rio Birmanês.
·         Um empresário que assumiu um grupo de violinistas chamado Ragged Ragtime Girls em uma turnê pela Russia.
·         Um Agente Secreto Inglês que ofereceu sua obra e conexões ocultas em serviço ao seu país, incluindo – reputadamente – a invenção da marca do V de Vitória como um antídoto mágico a suástica de Hitler.
·         Mundialmente conhecido como um mestre de xadrez que castigava severamente seus oponentes sem precisar olhar o tabuleiro do jogo.
·         Um pioneiro na exploração de enteógenos que realizou muitos experimentos com mescalina, haxixe e outras plantas de poder.
·         Produtor e ator da peça teatral conhecida como Os Ritos de Eleusis, uma série de peças ritualísticas inovadoras que mesclavam magia, drama, música e poesia.
·         Injustamente um dos homens mais vilipendiados na história do jornalismo, ganhando manchetes com títulos como O Pior Homem do Mundo.

Talvez Crowley seja um dos homens na história sobre o qual mais foram levantadas desconfianças e inverdades, bem como atribuído fatos hilários. Quando Henry Hall, um repórter do New York World Sunday Magazine o apresentou aos leitores, ele escreveu: Alguns dizem que ele é um homem de conquistas reais, outros dizem que ele é um embuste. No entanto, todos concordam que ele é extraordinário. Crowley desafiava convenções sociais, impelia as pessoas a examinarem suas crenças e o porquê delas. Ele confrontava a fé cega com o ceticismo racional. Ao mesmo tempo, ele confrontava o ceticismo com o seu Iluminismo Científico, uma abordagem sistemática da espiritualidade cujo lema é o método da ciência, o objetivo da religião. Este era o lema de sua principal publicação, o The Equinox, a Revista do Iluminismo Científico.

Crowley era extremamente instruído e ele exige o mesmo de seus leitores, por conta disso muitos de seus escritos técnicos são difíceis de se compreender – mas fáceis de serem incompreendidos. Isso o torna uma figura desafiadora, tanto ao leitor quanto ao escritor que explora seu pensamento.

Introdução a Thelema são escritos que exploram a vida e o sistema de magia preconizado por Crowley, um guia de instruções gerais para os iniciantes e quem sabe um refresco aos adeptos mais avançados. Magia e Misticismo são o foco. No entanto, estes dois temas são inseparáveis na mente de Crowley e por conta disso estão disseminados em toda sua obra, o que inclui, por exemplo, poema, ficção e a maneira de ver o mundo, quer dizer, um estilo de vida. Portanto, a discussão é ampla.

Nesses ensaios faremos uma jornada na vida de Crowley, as Sociedades Místicas que disseminam sua obra e ideias – a Ordo A∴A∴, a O.T.O. «Ordo Templi Orientis» e E.G.C. «Ecclesia Gnostica Catholica» – e as práticas mágicas e místicas destas Sociedades Iniciáticas. Ao fim o leitor poderá ler todos os textos na ordem ou selecionar o que mais lhe interessa. No plano geral, estes ensaios constituem uma introdução ao sistema de iniciação de Aleister Crowley.

Na medida em que avança na leitura destes ensaios, o leitor pode sentir o impulso de aprender ou pelo menos experimentar, mesmo que por um breve momento, os rituais e práticas místicas desenvolvidos por Crowley. Para alimentar esse impulso, irei explorar algumas das principais práticas espirituais executadas pelos thelemitas. Embora estes ensaios sejam preparados para apresentar de modo geral o sistema thelêmico, é sabido que o verdadeiro conhecimento provém da prática. É a prática espiritual, o que os hindus chamam de sādhanā – meditações, exercícios e rituais – que produz estados alterados de consciência responsáveis pela reorientação no modo de pensar, ver e experimentar o mundo. Se o leitor não estiver disposto a realizar essas práticas espirituais é pouco provável que ele tenha de verdade uma experiência profunda e vívida com Thelema.

Crowley era um homem pitoresco, complexo e controverso. No entanto, a verdade é ainda mais interessante que a lenda. Deixe de lado seus pré-conceitos e aversões porque Crowley é muito mais do que você imagina.

A senda iniciática conhecida como Thelema foi fundada em 1904 pelo poeta e místico inglês Aleister Crowley (1875-1947), que é considerado seu profeta. Aqueles que seguem o Caminho de Thelema são chamados de thelemitas.

Textos Thelêmicos Religiosos

O livro chamado Os Livros Sagrados de Thelema inclui a maioria dos textos que os thelemitas consideram ser textos inspirados de Crowley e que formam o cânone da Sagrada Escritura Thelêmica. Deles, o principal é o Liber AL vel Legis sub figura CCXX, comumente chamado de O Livro da Lei. O conteúdo deste livro é um tanto cifrado e Crowley preparou certo número de comentários para esclarecê-lo. Os thelemitas devem interpretar o Livro por si mesmos, baseando-se nos comentários e outros escritos, mas devem abster-se de transmitir suas interpretações pessoais a não-iniciados. Outro livro que é parte importante do cânone thelêmico mas que não é incluído no Os Livros Sagrados de Thelema por razões técnicas é o Liber XXX Aerum vel Saeculi, sub figura CDXVIII, comumente chamado de A Visão e a Voz. O I Ching e o Tarot (considerado como um livro de ilustrações místicas mais do que propriamente um instrumento de adivinhação), apesar de suas origens pré-thelêmicas, são também considerados como parte do cânone thelêmico informal.

Teologia e Princípios Fundamentais de Thelema

A teologia de Thelema postula que toda manifestação existencial é resultante da interação de dois princípios cósmicos: o Continuum Tempo-Espaço infinitamente extenso e todo abrangente e o Princípio de Vida e Sabedoria indivisível, expresso individualmente. A interação destes dois Princípios gera o Princípio de Consciência, que governa a existência. No Livro da Lei, os Princípios divinos são personificados por uma trindade de antigas Divindades Egípcias: Nuit, a Deusa do Espaço Infinito; Hadit, a Serpente Alada de Luz; e Ra-Hoor-Khuit (Hórus), o Senhor Solar do Cosmos com Cabeça de Falcão.

O Sistema teológico thelêmico utiliza as divindades de várias culturas e religiões como personificações de forças divinas específicas, arquetípicas e cósmicas. A doutrina thelêmica acredita que todas as diversas religiões da humanidade são fundamentadas em verdades universais e que o estudo comparado destas religiões é uma disciplina importante para os thelemitas.

Com relação ao conceito de alma individual, Thelema segue o Hermetismo tradicional baseando-se na doutrina de que cada pessoa possui uma alma ou Corpo de Luz, que é disposto em camadas ou compartimentos em torno do corpo físico. Considera-se ainda que cada indivíduo tem seu próprio Augoeides ou Sagrado Anjo Guardião que tanto pode ser considerado o Eu Superior, Ser ou Self. Com respeito ao conceito de vida após a morte, a vida em si é considerada como um continuum, sendo a morte uma parte integral do todo. A vida mortal tem que morrer para que a vida mortal possa continuar. O Augoeides, entretanto, é imortal e não está sujeito à vida ou à morte.

Semelhantemente à doutrina budista, o Corpo de Luz é considerado passível de reencarnações ou re-manifestações materiais, depois da morte do corpo físico. Acredita-se que o Corpo de Luz evolua em sabedoria, consciência e poder espiritual através dos ciclos reencarnatórios daqueles indivíduos que dedicam suas vidas ao progresso espiritual a ponto de seu destino após a morte ser, em última instância, determinado por sua Vontade.

Thelema incorpora a idéia da evolução cíclica da Consciência Cultural bem como a da Consciência Pessoal. Considera-se que a História se divide numa série de Aeons (Eras), cada qual com seu conceito dominante de divindade e sua própria fórmula de redenção e de avanço. O Aeon atual é chamado de Aeon de Hórus. O Aeon anterior foi o de Osíris, e o anterior a esse foi o Aeon de Ísis. Considera-se que o Aeon Neolítico de Ísis foi regido pela idéia maternal de divindade e sua fórmula incluiu a devoção à Mãe-Terra em troca da nutrição e proteção que Ela proporcionou. Considera-se que o Aeon Clássico Medieval de Osíris tenha sido regido pelo Princípio Paterno e sua fórmula foi aquela do auto-sacrifício e submissão ao Deus-Pai. Considera-se que o Aeon Moderno de Hórus seja regido pelo Princípio do Filho, o indivíduo soberano, e sua fórmula é a de crescimento, em consciência e amor, direcionados à auto-realização.

Conforme a doutrina thelemica, a expressão da Lei Divina no Aeon de Hórus é Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei. Esta Lei de Thelema, como é chamada, não deve ser interpretada como ceder a todo capricho que se apresente, mas sim como um mandado divino para descobrir a sua Verdadeira Vontade ou verdadeiro propósito na vida (o dharma), e para realizá-lo, permitindo que os outros façam o mesmo em sua forma única e pessoal. O que define um thelemita é a aceitação da Lei de Thelema e a descoberta e conquista da Verdadeira Vontade é sua preocupação fundamental. Alcançar o Entendimento e Conversação com o Sagrado Anjo Guardião é uma parte essencial deste processo. As práticas e métodos a serem utilizados neste processo são variados e numerosos e se reúnem sob o título geral de Magick (Magia).

Nem todo thelemita utiliza todas as práticas disponíveis e há um espaço considerável para que cada um escolha aquelas práticas que são adequadas a suas necessidades individuais. Algumas destas práticas são idênticas ou semelhantes a outras difundidas por muitas das grandes religiões do passado e do presente, tais como orações, meditações, estudos de textos religiosos (tanto os relativos à Thelema quanto os de outras religiões, cantos, rituais simbólicos e iniciáticos, exercícios devocionais, autodisciplina etc.). Entretanto, algumas de nossas práticas tem sido tradicionalmente associadas com o que tem sido chamado de Ocultismo, isto é, Astrologia, adivinhação, Tarot, Yoga, Alquimia Tântrica e conversação com anjos ou espíritos, todas consideradas pelos thelemitas como meios potencialmente eficazes para a obtenção de uma perspectiva correta de si mesmos e de seu lugar no universo, através de trabalhos harmoniosos e evolutivos relacionados a estas práticas.

Na visão de Thelema, qualquer ação que não seja direcionada para a descoberta e conquista da Verdadeira Vontade é considerada magia negra. Nesta categoria se incluem quaisquer atos que interfiram com o direito que os outros indivíduos têm de descobrirem e realizarem sua Verdadeira Vontade. A doutrina thelêmica sustenta que a desarmonia e o desequilíbrio criados por tais ações acabam gerando uma resposta compensatória e equilibrada do universo, uma doutrina semelhante à concepção oriental do karma. Thelema não tem um paralelo direto com o conceito judaico-cristão de diabo ou de Satanás; entretanto, uma pseudo-personificação da confusão, distração, ilusão e ignorância egoística é conhecida pelo nome de Choronzon (pronuncia-se córonzon).

O Calendário Thelêmico

O calendário thelêmico conta os anos a partir de 1904 (o ano em que o Liber AL foi recebido por Crowley) da era vulgar (era vulgaris, ou, simplesmente, e.v.). Cada ano começa no dia 20 de março do calendário civil, próximo do Equinócio Vernal (equinócio da primavera) no hemisfério norte (equinócio de outono no hemisfério sul).

Ao invés de simplesmente contar os anos a partir de 1904, o calendário thelêmico utiliza um sistema duplo de contagem dos anos. Os algarismos romanos em letras maiúsculas indicam quantas vezes o número 22 cabe naquele ano em questão, enquanto que os algarismos romanos em letras minúsculas indicam os anos que faltam para se chegar ao ano em curso. Tanto os algarismos em maiúsculas quanto os em minúsculas começam a ser contados a partir de zero e usam algarismos romanos diferentes de zero nesta contagem. Assim, para exemplificar o acima exposto, o ano civil de 1996 é, após 20 de março, o ano Thelêmico IViv (pois, a partir de 1904, estaríamos no 92° ano da era thelêmica, ou seja: 1996 - 1904 = 92; o número 22 cabe 4 vezes dentro do número 92, ou seja 4 x 22 = 88 e ainda faltam 4 anos para se chegar a 92; assim IV (4 x 22 = 88) + iv (4 anos) = 92, ou o 92° ano da era thelemica, que é 1996.

Alguns thelemitas relacionam os 22 anos de cada ciclo aos vinte e dois Arcanos Maiores do Tarot (Atu de Thoth), bem como os números representativos do período de 22 anos. Assim, 1996 está duplamente vinculado ao Arcano IV do Tarot, o Imperador.

Em cada ano, as datas e horas são frequentemente expressas pelas posições do Sol e da Lua no zodíaco tropical. Por exemplo, 12 de maio de 1996 e.v. às 18h P.S.T. (Pacific Standard Time, ou horário padrão do Pacífico, utilizado para a costa Oeste dos Estados Unidos em virtude de sua latitude e longitude) poderia ser representado por “IViv, Sol 22° de Touro, Lua 29° de Peixes”, pois estas eram as posições do Sol e da Lua para aquela latitude e longitude às 18h P.S.T. Este artifício permite localizar a data e a hora com uma margem de acerto de cerca de duas horas (isto é, pela posição do Sol e da Lua acima citadas, mesmo sem especificação exata da hora saberíamos que a mesma se situaria em torno das 18h; a posição do Sol nos fornece a data: dia e mês; e a da Lua nos fornece a hora aproximada).

Ao fornecer datas do calendário civil, os thelemitas costumam anexar as letras ‘e.v.’ ao final. Estas representam uma abreviatura da frase latina era vulgaris ou ‘era comum’.

Dias Santos Thelêmicos

Os dias santos oficiais de Thelema estão relacionados n’O Livro da Lei, cap. II, v. 36-41. As datas específicas atribuídas a eles são fornecidas pelos comentários de Crowley conforme abaixo:

·         Os Rituais dos Elementos e Festas Sazonais são celebrados nos Equinócios e nos Solstícios;
·         A Festa da Primeira Noite do Profeta e Sua Noiva é celebrada em 12 de agosto;
·         A Festa de Três Dias do Recebimento d’O Livro da Lei é celebrada nos dias 8, 9 e 10 de abril, começando ao meio-dia de cada um destes dias;
·         A Festa para o Supremo Ritual (a Invocação de Hórus) é celebrada em 20 de março e representa a abertura do ano novo thelêmico;
·         A Festa do Equinócio dos Deuses é celebrada no Equinócio Vernal de cada ano (equinócio de outono no Brasil, em torno de 20 de março) para comemorar a fundação de Thelema em 1904.
·         São celebradas três datas importantes na vida de todo thelemita: o nascimento é celebrado com uma Festa para a Vida; a puberdade é celebrada com uma Festa para o Fogo (se for um menino) ou com uma Festa para a Água (se for uma menina); e a morte é celebrada com uma Grande Festa para a Morte.
·         Diversas outras datas comemoram fatos e aniversários de pessoas historicamente importantes para Thelema conforme os vários grupos thelêmicos existentes, de modo informal.

Costumes Característicos

Quase todos os thelemitas mantém um registro de suas práticas e progressos pessoais num Diário Mágico. A maioria dos thelemitas também pratica uma forma particular de oração quatro vezes ao dia, que é especificada num texto chamado de Liber Resh vel Helios. Os thelemitas frequentemente adotam nomes místicos ou mottos mágicos como um sinal de compromisso e normalmente se cumprimentam com a frase Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei, obtendo a resposta Amor é a lei, amor sob vontade. Às vezes, estas frases são abreviadas pela simples afirmação do número 93, que significa tanto “Vontade” quanto “Amor” através de uma forma particular de numerologia (gematria) thelêmica.