Kenneth Grant
Outer Gateways, Capítulo 4. Skoob Books, 1994.
O Livro da Lei transmite diversas vozes ou doutrinas, às vezes distintas, mas mais frequentemente equivocas, disputando-se umas com as outras por trás da máscara do Horus cabeça de falcão.
Horus é um nome que possui tantos significados que antes de tentar defini-lo nós deveríamos compreender firmemente a sua significação raiz que é Hor ou Har, significando ‘a criança’. Que este conceito não tem o que quer que seja a haver com qualquer criança física ou histórica, já fora transparecido nos prévios livros desta série. Nas mais antigas tradições, e passando através de todo tecido fabricado sobre padrões de mitos da antiguidade, aparece os Gêmeos, as duas crianças que tipificam a luz e a escuridão, o pubescente e o impubescente, e, nas posteriores fases escatológicas e teológicas do pensamento, o bem e o mal. Gerald Massey e outros têm tornado abundantemente claro que os gêmeos representam duas fases de uma única entidade.
No Liber AL pode-se traçar três mitos idênticos competindo por expressão, e a voz resultante permanecerá confusa e manchada a não ser que sua linguagem seja compreendida em relação aos estratos de mitos específicos de onde ele originou. Eu mostrei em livros anteriores que as deidades mencionadas no AL – Had, Hadit, Ra-Hoor-Khuit, Hrumachis, Hoor-paar-Kraat, Heru-ra-ha, e etc., – são formas da criança Set, a primeira divindade masculina reconhecida e que fora tipificada como a Estrela-Cão. Embora primeiro como macho, ele era o oitavo no corpo das deidades estelares representadas pela Deusa das Sete Estrelas. Set formou a culminação, o mais elevado ou oitavo em relação à Mãe estelar, Tifon (posteriormente Nuit) representada pelas sete estrelas da Grande Ursa. Este simbolismo é primordial e fundamental para todos os ciclos de mitos conhecidos pelo homem, e não há como fugir do fato que no antigo Egito – onde o mito original foi preservado, monumentalmente, em sua forma mais pura – Set fora o primeiro Deus verdadeiro (distinto da deusa) a ter sido adorado.
Os cultos de Set supriam os tipos míticos sobre os quais AL foi fundado. Crowley, com sua ênfase no aspecto solar deste deus, um aspecto que emergiu em um período posterior nos ciclos dos mitos da antiguidade, obscureceu consideravelmente as questões reais levantadas pelo livro. Montague Summers, um estudioso profundo e perceptivo, fez um comentário convincente sobre a concepção de Crowley sobre Horus, um comentário que merece mais atenção do que tem até aqui recebido. Escrevendo sobre o grimório de Crowley, Magick, Summers observa:
Horus aqui[1] é senão um nome, um nome enganador e ardente. Ele não tem nada haver com Horus, o filho de Isis, o Senhor da Escada Celestial, o deus-diurno adorado no antigo Egito. Este ‘Senhor do Aeon’, ‘a Criança Coroada e Conquistadora’, o ‘Irmão Antigo’, como ele foi temerosamente e blasfemamente chamado pelos Maniqueus caídos, é o Poder do Mal, Satã.[2]
Essas são palavras duras e elas me incendiaram quando as li em minha juventude com pouca experiência dos pequenos ciúmes que poderiam provocar a publicação de julgamentos mal considerados. Contudo, a crítica extravagante fixou-se em minha mente e ela pode ter sido o fator original de minha incessante busca por uma compreensão mais profunda do AL, pois digo de início que aceito Aiwass como a fonte do AL, mesmo tendo Crowley declarado ser a fonte. Entretanto, na forma como AL fora transmitido, ele reteve fortes traços da mente humana através da qual ele foi refratado sobre o papel. E aquela mente, apesar de seu brilhantismo, apesar do rigoroso curso do treinamento mágico e místico que ela se submeteu, mostrou ser curiosamente completamente despreparada para receber a marca de Aiwass. Deixe-me, portanto declarar que em um sentido certo e particular o comentário de Summers não foi totalmente impreciso. Ele havia sentido, mas obscuramente, a dicotomia que fragmenta o AL, e que o torna não uma transmissão coerente de uma única fonte, mas um caldeirão de elementos conflitantes borbulhando com correntes transversais de doutrinas contraditórias que podem ser compreendidas somente por quem tem compreendido profundamente o esquema do simbolismo Egípcio e que possui um insight profundo sobre a ciência Ufológica.[3] Uma compreensão do que aqui foi dito anteriormente pode ser adquirida pelo estudo dos trabalhos de Gerald Massey; embora exaustivos como são, eles não vão longe o suficiente, pois Massey era necessariamente inconsciente em sua época da Gnosis em seu disfarce ufológico. Mesmo assim, as desavenças no AL devem ser buscadas no aparelho de recepção, a mente do escriba que, conforme a atitude de Crowley em relação ao AL eloqüentemente demonstra, estava despreparada para assimilar, muito menos transmitir, a corrente que o informava. A razão pode ter sido que a alma mater de Crowley, a Ordem Hermética da Aurora Dourada, possuía uma concepção errônea do fator tempo envolvido na evolução do simbolismo mítico e religioso no mundo antigo.
A voz predominante no AL é a voz de Har, o filho da mãe, a deusa Tifoniana das sete estrelas que alcançou no Har sua apoteose ou elevação; pois como o manifestador dos sete, ele era o oito, ou o mais elevado, e o ‘um em oito’,[4] a estrela no sul[5] que anunciava os Sete Great Ones no norte. No simbolismo teológico ele veio para tipificar a deidade masculina primordial nos céus porque como o deus do sul ele representava a dianteira do Espaço, assim como Tifon-Nuit, sua mãe, representava a deusa do norte. Crowley, cuja psicologia o dispôs para aceitar somente este último, o aspecto solar do culto, estava no início inadequado para o cultivo de uma doutrina que se relacionava primariamente ao deus pré-monumental dos Shus-en-Har. Em um sentido estritamente mágico os Shus-en-Har, ou devotos de Har, eram os “servos da Estrela & da Cobra”,[6] i.e. da Corrente Ofidiana em sua fase estelar e pré-solar.
É, contudo evidente, a partir das cartas recebidas pelo autor que, apesar do trabalho exaustivo de Gerald Massey,[7] permanecem básicas opiniões equivocadas em relação ao duplo Horus e o papel da criança mágica no sistema Thelêmico.
A questão é ainda mais complicada pelo fato de que a morte de Crowley em 1947 ocorreu na beira da Era Ufológica, desde quando tem se tornado possível avaliar certos fenômenos como mais do que as fantasias fabulosas de mitologistas primitivos. É possível que os Shus-en-Har que adoravam a criança “Daquele-Que-Sempre-Vem” na forma do hutit,[8] ou disco alado, estivessem prestando homenagem não a uma representação do sol e sua trajetória, mas estavam celebrando o arco que primeiro trouxe para terra a semente das estrelas. Pois o disco representava também o ciclo sempre recorrente do Tempo que se manifestava como o Novo Aeon, ou Criança dos Ancient Ones, i.e. do Velho Ciclo. A criança de su[9] é sinônima da semente e do ovo, e do ZRO Atlanteano que, como nossa palavra zero, tipifica o círculo ou ciclo conforme aplicado ao aeon, sempre vindo, sempre retornando. A criança como aquela que retorna também tipifica o falo como Aquele-Que-Sempre-Vem, um título de Horus. O conflito entre os devotos dos dois Hars – o Har (filho) da Mãe (Set-Tifon), e o Har do Pai (Horus-Osiris) – não era, como algumas autoridades supõem, um conflito racial, mas sim religioso. A linhagem celestial, não terrestre, era a questão da discórdia. No curso das eras, os ancestrais dos Draconianos terrestres foram tipificados pela constelação da Grande Ursa conectada com mitos vastamente antigos inspirados por memórias ofuscadas dos primeiros colonizadores da terra e descendentes dos sistemas estelares Draconianos. A linhagem solar, assim chamada, era, nos mitos posteriores representada como descendente da lua para abrir o caminho para aqueles de quem eles próprios eram um reflexo pálido ou uma projeção distorcida. ‘Aqueles’, cuja procedência era confundida com o sol, vieram de Sirius – o ‘sol por trás do sol’. Eles eram os invasores posteriores que descendiam da Estrela de Set que tipificava a elevação, a estrela mais exaltada, nascida de Tifon como a oitava de sua prole e o primeiro macho ou reflexo ‘solar’ da Mãe. Neste sentido, somente Horus é o deus solar. Esta situação basicamente simples é a causa de toda confusão e da cisão nas mais antigas teologias terrestres concernentes a criança em questão, a criança dos sistemas do último-dia tal como aqueles representados no AL. Pois o ‘sol’ é o sol de Sirius (Set), não o sol ostensivo dos adoradores de Ra. Os elementos desta dupla linhagem têm sido apropriadamente peneirados, até que nós tenhamos compreendido que duas evoluções distintas de uma semente idêntica têm estado competindo por supremacia desde que a terra se tornou o campo de batalha. As correntes gêmeas[10] se originam de uma única fonte, e nós permaneceremos incapazes de interpretar os símbolos dos antigos ciclos de mitos ou compreender as transmissões mais recentes dos mistérios, dos quais AL é talvez o grimório menos distorcido.
As lendas mais antigas são repletas de referências a animais que supostamente foram progenitores de específicas raças humanas, tribos ou famílias. O urso, o cão, o macaco, o crocodilo e etc., são conhecidos como totens zootipos de vários povos primitivos. Os mitos dos Índios Americanos[11]abundam com exemplos. Os Escoceses, os Esquimós, os Africanos, os Índios, todos possuem uma rica herança de tipos que denotam, originalmente, as constelações ou outros mundos no espaço e além. Existem evidências para apoiar a tese que as lendas os envolvendo continham os restos confusos de memórias atávicas adoradas nos ciclos dos mitos da remota antiguidade. Os mitos eram transmitidos pela palavra via boca (muqoz = boca) e eles antecipavam por longas eras suas contra-partes registradas ou lendas. Estes últimos continham senão memórias imperfeitas de uma raça descida das estrelas. Dentro dos limites históricos, as primeiras raças[12] preservaram relatos destas visitas.[13] Sombras prolongadas destas tradições vastamente antigas foram celebradas no Livro dos Mortos e no bestiário monumental do Vale do Nilo a partir de onde os Great Old Onesapareceram como deuses no disfarce de formas quase-humanas, cabeça de animais, garras de bestas, asas de pássaro e barbatanas de peixe, símbolos dos ancestrais não-humanos da humanidade. Porém estes símbolos de origem não apontavam somente para ancestrais bestiais, mas também para uma mistura do animal com o ‘divino’, conforme representado pela eloqüência figurativa do totemismo. A suposição de que os atributos animais indicavam uma linha física de evolução é senão parcialmente verdadeira. As formas híbridas, embora monstruosas para os olhos modernos, comemoram a descida do homem das estrelas via o sistema de simbolismo totêmico sugerido necessariamente pela fauna do ambiente terrestre de onde as imagens foram primeiramente forjadas. As bestas indicavam também, uma outra linha de evolução que não tinha seu início na terra. Ao longo da linha de ascendência o desenvolvimento é toleravelmente claro, porém a linha de descendência é uma questão de conjectura. Massey demonstrou inequivocamente que o Egito preserva as evidências indubitáveis das duas tradições distintas. Os aderentes de uma proclamavam descendência da Mãe apenas; eles eram os Draconianos. Aqueles da outra proclamavam descendência do Pai; eles eram os Amonitas e Osirianos. Para Massey estas tradições eram completamente terrestres, ao passo que elas estavam aqui interpretadas como significando descida das estrelas via Sirius, e de alguns lócus não especificados simbolizados pelo Sol via Orion, uma linha enfatizada nos mitos da América Central. Para Massey, novamente, o conflito condizia com a dilaceração causada pelo choque de teologias rivais na terra, aquelas que baseavam sua sociologia na descendência primordial da Mãe, e a linha posterior dependendo da sociologia masculina ou ‘solar’. Porém nos limites estruturais da interpretação de Massey, em que necessariamente este conflito consiste? Ele consistia na distinção entre o filho da Mãe e o filho do Pai, após as causas físicas da paternidade terem se tornado conhecidas, i.e. depois que a descendência linear fora transferida da fêmea para a linha do macho. Em termos astronômicos: entre os descendentes da Ursa Maior e Sirius,[14] e os descendentes de Orion.[15] Estes últimos estavam incluídos no sol e é esta atribuição que tem criado confusão.
Torna-se aparente, portanto, que o objeto de adoração do assim chamado Aten ou ‘adoradores do disco’ sinalizava a re-introdução de um culto vastamente antigo. O disco tipificava não a esfera solar, mas um ciclo de tempo descrito no espaço, literalmente, pela revolução das Sete Estrelas de Tifon, que trouxeram ao nascimento, sendo a partir daí manifesta por seu filho, Set ou Sirius. Massey observa que a palavra Aten é derivada de At, um antigo nome para criança e do deus Har, ou Horus-Behutet, deus do ‘hut’ ou disco mágico: o disco alado, ou disco carregado nas asas do abutre. Horus-Behutet é assim o original do Horus-Behadit, o Hadit do AL, do disco do qual Horus exclama: “No mesmo Eu estou conforme um bebê em um ovo”, e com quem ele identifica o deus oculto e invisível, Amen. Massey observa que “o disco Aten era o emblema do filho divino,[16] que era solitariamente a semente da mulher”. Ele também nos lembra que Amen não é um nome, mas um título que havia sido em determinadas épocas aplicado a Sobek, o deus sol Draconiano, que na dinastia divina Amen era o oculto, desconhecido ou Aquele-Que-Sempre-Vem.[17] A semente é sinônima tanto da mulher quanto da criança. Semente em Egípcio é ‘ser’, o círculo, ou ‘zer’, o signo 0, zero, o disco, e a alma do homem é lembrada como a semente. “Uma Aguiazinha”, diz Horapollo em seu Hieroglyphicon,[18] “simboliza a semente do homem, e uma forma circular”. A palavra Atlanteana para sêmen é ‘zro’, uma outra forma de zero. Su é a semente, o ovo, a criança. O disco alado é assim o ovo do abutre ou a ‘semente do vazio’ que tipifica a criança do Espaço Exterior, os Outer Ones cujo totem é o abutre de Neith e de Maat. O Caldeu Zra significa ‘propagar’, ‘corrida’, e a semente alada tipificava a corrida para as estrelas propagando sua semente em esferas terrestres. O número de ZRO é 277 que o identifica qabalísticamente com Urantia, um complexo extraterrestre associado com a Ordem de Melchizedek. Jacques Vallée[19] descreve Urantia como “o 606º mundo habitado no sistema local de Satania”. 606 é o número da Terra, e Vallée observa que um dos ministros de Urantia na terra era “uma mulher alta, forte por volta de seus cinqüenta, vestida em púrpura e malva”, o que sugere uma provável ligação com a magick da zona malva.[20]
Não existe evidência conclusiva que o sol das teologias Egípcias era a esfera solar com a qual os habitantes da terra são familiares, ou mesmo o ‘sol por trás do sol’ (Sirius) que desempenhava um papel tão vital e obsessivo em seus cálculos celestiais, maior mesmo do que o sol. Desde aqueles dias distantes pode-se dizer que fizemos um pequeno progresso, suficiente talvez para considerar a possibilidade de que a lua, até o presente vista por nós meramente como um refletor da luz solar, pode de fato ser o foco de energias ao invés daquelas que emanam da estrela central de nosso sistema solar.
Durante vastos ciclos de tempo às imagens de animais, e misturas de bestas fabulosas e factuais, eram identificadas com as estrelas que formavam o pano de fundo do mundo antigo. Massey enfatizava o conflito perpétuo entre as duas teologias ‘celestiais’ simbolizadas por
1) a Grande Ursa e Sirius (a Grande Mãe Tifon e seu filho Set, a mulher e seu cão), e por
2) os Cultos Solares posteriores tipificados por Horus.
Uma informação subsidiária interessante sobre o Tarot idealizado por Crowley revela sua identidade essencial com a Tradição Tifoniana, e o fato de que Crowley estava consciente desta identidade. O desenho original para o segundo Atu descreve o Magista ofuscado pela Ursa. Crowley rejeitou o desenho e produziu uma versão solar.[21]
Parece evidente que as tradições Mexicanas, Peruanas e Central Americanas transportavam o culto solar, enquanto os cultos Indianos retinham o nodo anterior tipificado pelo Khepsh, Kophi, ou Gopi e a tradição estelar cognata da Deusa. O elemento Mãe-Mulher-Shakti nestes cultos deve ser interpretado como o tipo da Grande Ursa Carregadora, e seu filho o seu manifestador, como a Estrela-Cão manifesta a Ursa Maior. Nos cultos posteriores, a criança manifestava e tipificava não a mãe, mas o pai. Possa não ter ocorrido uma invasão de Orion que coincidiu na terra com, e talvez mesmo estabelecido, os fatos da paternidade humana e a determinação do sol como estrela de origem da terra? Isso pode ter sido verdade em relação à evolução física, mas existe pouca dúvida de que o sol não era a origem da civilização terrestre, cuja prerrogativa pode ser creditada (se assim pode-se expressar!) ao sistema solar de Sirius. Este fato é indicado no AL.
As pessoas tendem a não aceitar as revelações pessoais (i.e. subjetivas) a não ser que elas sejam substanciadas pela ‘ciência’, mas agora que muitas das tais revelações têm sido substanciadas pela ‘ciência’ as pessoas não mais desejam aceitá-las. Este fato é discutido no capítulo oito. Porém não existem fatos incontrovertidos e não pode haver revelação que não seja originalmente de uma natureza subjetiva. A mente, contudo, se satisfaz somente pelos fatos receptivos a análise racional. Porém nós sabemos que valores estão constantemente mudando e que os critérios de uma era não são necessariamente os critérios de sua sucessora. Mas existe uma outra faculdade da consciência humana, a faculdade intuitiva ou de ‘visão interior’; poder-se-ia quase descrevê-la como a quarta faculdade dimensional. É uma faculdade que aparece às vezes no artista, no poeta, no ocultista, e em certos tipos de cientistas, e ela também funciona, embora raramente, em quase todas as pessoas. Ele é epitomizada sobre a Árvore da Vida pela terceira Sephira, Binah, a Esfera da Compreensão. Não a compreensão de coisas empíricas, mas aquele insight para dentro do qual o lado oculto das coisas tornou possível através de uma total identidade súbita da mente com seu substrato, consciência pura, a partir de onde todas as ideias são estocadas e o qual compreende, ou fica abaixo, do mecanismo de mentação.
A faculdade de compreensão é incomunicável porque ela tem sua origem além do Abismo, onde as leis humanas da lógica e raciocínio não se aplicam. Daí a iniciação ser necessária antes que essa faculdade possa ser ativada e utilizada. Mas tal iniciação é sempre e pode somente ser uma auto-iniciação; todas as outras formas de iniciação são falsas porque são necessariamente inadequadas. É incorreto mesmo descrever a compreensão como uma faculdade e sugerir que ela possa ser utilizada, pois o inferior não pode comandar ou fazer uso do superior, a não ser que o superior temporariamente ou permanentemente exalte o candidato a sua própria esfera. As Supernas não podem ser contidas abaixo do Abismo onde as leis do relacionamento Sujeito-Objeto permanecem. Iniciação denota uma jornada para o interior e ela pode somente ser empreendida por cada andarilho para e por si mesmo. Iniciação e intuição são virtualmente idênticas no sentido de que a jornada leva a Subjetividade absoluta que está além de todos os relacionamentos sujeito-objeto. Do Hebdomad[22] Inferior a jornada para o Interior comporta uma jornada equivalente e oposta para o Exterior. Aqueles que alcançam com sucesso esta penetração nos véus de Isis são, portanto, por assim dizer, marcados com os hieróglifos mais antigos e inescrutáveis que permanecem para sempre indecifráveis por aqueles que não se encontram nos mais profundos limites do Ser.
Neste ponto é desejado trazer o sujeito em alinhamento com a O.T.O. que possui como objetivo primordial à preparação mágica do planeta Terra para assumir um papel responsável e completamente consciente no cosmos. A O.T.O. é uma organização mágica e se relaciona especificamente com os Outer Ones. A A\A\[23] é uma Ordem mística e se relaciona com os Deep Ones. As duas se encontrarão no Homem[24] e este evento estabelecerá na Terra o Reino de Ra-Hoor-Khuit. RHK simboliza, em um deus, as forças duais de Set e Horus, a Dupla Corrente. Nesta época a Consciência será liberada, pela iniciação, para dentro de dimensões além da presente compreensão do homem. Será também estabelecido um trono para os Outer Ones, enquanto os Deep Ones continuam sua espera interior.[25]
Ra-Hoor-Khuit, o K-hut do AL, é Horus-Behutet, deus do ‘hut’ ou disco alado, a forma anterior de Aten, o deus que cruzou a terra do oeste ao leste nas asas do abutre Maut, o zootipo de M’aati.[26]Maut o transportou sobre as águas do vazio onde Apep se escondia. Esta é a linguagem figurativa para jornada da estrela-mãe que se relaciona ao culto que utilizava Apófis ou a Corrente Ofidiana e que assim anti-datou os cultos fálicos-solares do Horus posterior. O nome Ra-Hoor-Khut, que também é uma fórmula mágica, sintetiza os elementos vastamente antigos da Tradição Tifoniana.
O disco alado era o veículo que transportava a criança mágica (ou semente) que veio para estabelecer sobre a terra o trono dos Outer Ones. Tal é o Reino de Ra-Hoor-Khut (ou Khuit) esboçado no AL.
De acordo com Massey, “Aten foi o primeiro nome de Horus como deus dos Horizontes duais”. A referência é sobre a jornada do Oeste[27] para o Leste[28] da Estrela-Mãe. A Ordo Templi Orientis(O.T.O.) é a Ordem do Templo do Oriente, o lugar da ressurreição, o renascer mágico; ela é o lugar do re-despertar da Corrente Ofidiana celebrada no AL como Ra-Hoor-Khuit. Como tal sua função é preparar o caminho de retorno dos Outer Ones.[29] Na Gnosis do Necronomicon o processo é tipificado como o despertar de Cthulhu. Assim nós temos a Mulher e seu Cão, a Mãe e seu Filho, a Deusa das Sete Estrelas, Set-Tifon,[30] e o sistema Sirius representado por Yog-Sothoth. As duas Ordens – O.T.O. e A\A\ - são assim inter-relacionadas.[31]
Ra-Hoor-Khuit, sendo uma forma de Hor-Makhu, é idêntico com Aten retratado pelo disco alado do Filho Divino; divino porque sua descendência não-humana é provinda por parte do pai, sendo a semente da mulher sem a intervenção humana. Ele é assim tipifica o ‘não-nascido’, o carneiro ou cordeiro de Cristo na versão Cristã do nascimento da virgem. O Faraó assimilado a este tipo, portanto representou uma linha inconcebivelmente antiga dos mutantes Draconianos dos quais Set era o anunciante.
As Correntes Pânicas na Europa e os Cultos de Krishna na Índia eram de proveniência Tifoniana, como assinalado pela flauta de Pã e a flauta simbólica dos ares ou aethyrs sétuplos representados pela deusa das sete estrelas. É por esta razão que a flauta era conhecida como a ‘flauta do demônio’, um instrumento de abominação e sujeira utilizada nos mistérios antigos.[32] O lugar destas flautas no vale delta era o pântano conhecido como Serbones, onde Tifon escondia-se. No Necronomicon, o sem-face ou sem-cabeça, Nyarlathotep, o deus de Amenta, tocador de flauta idiota no centro da criação. O ankh sem-cabeça formava o T (Tau), que é a Cruz de Set, deus negro das profundezas. Krishna também era um deus negro. Ele era às vezes retratado como ‘dobrado em três lugares’, que torna a imagem comparável com a forma-aleijada ou anã de Horus como Khart, ou Hoor-paar-Kraat. O Krishna torto, atraindo com sua flauta as gopis (mulheres-vacas) nos bosques de Vrindavan, é cognato com o encantar de Pã com sua flauta as ninfas nos atalhos da floresta.
Os mitos foram degradados a meras fábulas, mas as imagens originais brilham ainda, desde que os tipos sejam interpretados. As antigas fulminações contra o aati e o menati, interpretados pelos autores clássicos como repulsa do bestial, ou de algumas outras formas de congresso não-natural, podem ter sido aplicáveis aos últimos dias da fase histórica pós-monumental da cultura Egípcia, mas as escrituras originais eram de uma ordem muito diferente. Elas se relacionavam a uma fórmula particular de miscigenação. É uma forma que novamente confronta a humanidade – a mistura do humano com o não-humano, embora não-animal, semente. Nós temos senão que consultar os anais da Ufologia para os relatos recentes destes mistérios, ou ‘abominações’, que são agora compreendidos serem de forma alguma novos, mas de incalculável antiguidade.[33] O saber rabínico,[34] em particular, é repleto com exemplos de um tráfico que possui relevância com o AL e seu axioma essencial: “Cada homem e cada mulher é uma estrela.”
O disco de Aten era um círculo ou arco (o ukha dos monumentos) que transportava a barca solar. Mas isto era uma interpretação escatológica do disco, pois o círculo, arca, ou veleiro que tipificava ambas as estrelas circumpolares de Tifon e o primeiro embarcador ou ladrador (Sut-Anubis), era imaginado pelo cão que anunciava o advento das profundezas do espaço do disco extraterrestre (espaçonave) carregando a semente-estelar. Seu análogo terrestre, Anúbis, anunciava na terra a subida das águas Nilóticas que literalmente depositavam, e então fecundavam, a terra de Khem (Egito), a terra negra ou escura.
O disco ou círculo era a neve-mãe estelar, não a barca dos mitos posteriores, representada por Stonehenge, um símbolo em pedra da Arca. Stonehenge era conhecida como a ‘Nave do Mundo’, não porque lembrava um navio indo para o mar, mas porque era associada com a viagem através das águas do espaço dos luminários celestiais. Era o arco que tipificava a nave-filho fundado a partir do modelo anterior da nave-mãe.
Hut é o Princípio-Hadit que aparece em muitos nomes de deuses Egípcios, p.e. Ra-Hoor-Khut, Har-Khuti, Khart, e etc. Ele tipifica não somente o ‘ponto infinitamente pequeno e atômico’ na física, mas, mais significantemente a energia pré-conceitual da metafísica.
A deidade Khut, Har-Khuti, ou Ra-Hoor-Khuit é pré-monumental e nos registros das dinastias ‘divinas’[35] um período de 13.420 anos é atribuído aos Draconianos, ou adoradores da Criança, seja estelar como Sut ou Nut, solar como Horus, ou ambos como Sut-Har ou Yog-Sothoth. Ele se manifesta no duplo horizonte, Leste e Oeste, como Hormakhu ou Hrumachis cujo símbolo é o triângulo. A palavra Deus é idêntica, etimologicamente, com o Khut Egípcio, o ‘k’ e o ‘t’ tendo sido omitidos no curso das eras.
Khut é o ‘Deus do Triângulo’ do qual o equinócio e, anteriormente o solstício, era o ápice (khut), o equinócio no zênite, o deus que cortou o eclipse no duplo equinócio. A criança (Har) e o deus (khut) eram idênticos ao que-sempre-retorna ou sempre-vem. Har-Khuti assim manifestava a trindade no canto, ou ângulo, no qual o deus jovem era renascido. O ângulo era o Kheb ou Khep, o ventre, o primeiro ato de segurar ou mão que deu seu nome ao Unnt que deu luz a criança. A mão, sendo uma figura do cinco[36] é o glifo da mulher com seu dilúvio de cinco dias e do quíntuplo triângulo de quinze passos (3x5) simbolizado pela ‘Deusa 15’. O círculo (mãe) e o triângulo (filho) se encontram no yantra de Kali, a deusa do tempo e periodicidade, e no Selo Maçônico de Sirius (veja ilustração). Babalon pode também ser descrita como a representante terrestre de Kali.
O khut ou hut é também o mais elevado (ápice), sendo o oitavo deus como uma culminação de sua mãe, a deusa das sete estrelas. Ele possui muitas outras formas simbólicas: um assento ou trono, um bote, uma mesa (platô), um Templo. Hut era uma modificação de khut (Deus), que por sua vez é uma variante de Kheft, o Diabo como a Ponta traseira do Círculo do Tempo, o Khep ou Khepht. Daí as litanias de trás para frente associadas com a missa negra e com a bruxaria. Kheft é também a deusa do Oeste; ela é a fenda que simboliza o Tuat de Amenta, a região dos mortos abaixo do horizonte, as profundezas subliminares da consciência. O trono vazio que forma o penteado de Isis denota a ausência de Osíris (i.e. o sol), e significa sua descida para dentro do Amenta quando ele mergulha para baixo do nível do horizonte ocidental. A imagem denota também a ausência do princípio de frutificação.
Em algumas lendas o falo de Osíris estava inchado por um peixe,[37] e Isis falhou em recuperá-lo. Mas a ausência de um agente natural de frutificação comportava a presença de um agente não-natural que, antes dos fatos da paternidade serem geralmente compreendidos, referia-se ao tráfico não-humano e fecundação previamente observada. O Caminho Draconiano é o Caminho Negativo, e o carneiro sem chifre como o Cordeiro significava, nas Dinastias Sebek, a descendência da Mãe, i.e. a fonte pré-solar ou sabeana. Sua maneira de realização é por reflexão, sombra, a negação não a união dos opostos. O Neter ou neutro era o sinal da deidade, nem macho nem fêmea.[38] O Neternos hieróglifos é o sinal do machado, denotando ‘um deus’. O Deus do Machado era um título de Horus Behutet, o deus do ‘hut’, Hadit, o disco alado que atravessava o espaço nas asas do abutre. O machado é o instrumento de corte e abertura, aquilo que faz o corte. Ele tipifica a criança que abre a mãe. O machado se tornou o sinal do deus como o Que-Vem, que vem das profundezas. Sua forma é a figura de 7 e portanto da deusa Tifoniana. O machado também simbolizava os doadores mais antigos da lei, as estrelas brilhando eternamente no espaço como uma imagem do tempo – as sete estrelas da Grande Ursa Portadora, ela que alcançava seu clímax ou altura no oitavo, representado pela Estrela-Cão Sirius.
A pirâmide ou triângulo era um sinal terrestre da altura, conforme observado por Maspero:
Pirâmide é a forma Grega, pyramis, do termo composto ‘piri-m-ûisi’, que na fraseologia matemática Egípcia designa o ângulo saliente, o cume ou altura da pirâmide.[39]
O nome da Grande Pirâmide era Khuit, significando ‘horizonte’, que toda noite engolfava o sol na medida em que ele mergulhava nas profundezas. Da mesma maneira, o peixe enchia o Falo de Osíris e retornava-o para profundeza, assim anunciando o tempo do dilúvio, cuja época a força criativa abria o útero do Nilo e regenerava a terra.
É possível determinar a natureza de várias fases da Gnosis referindo-se aos números ‘mágicos’ relevantes a sua expressão. Na fase anterior, p.e. o espaço era visualizado como possuindo sete portais, o número sete indicando o culto estelar primordial. O céu lunar ou espaço possuía 28 portais, enquanto que na fase final, solar, os portais eram doze, trinta e seis, ou setenta e dois de acordo com as divisões figurativas do zodíaco. Existe uma divisão de treze que está de acordo com a última fase através da qual a consciência humana está agora passando. Esta divisão de 13 é representada como o Aeon da Filha, pois 13 é o número da Mulher. O 13º signo, Arachne, o signo da Aranha, ofusca e interpenetra o portal de Gêmeos que marca a passagem de ingresso para influência de Zain.[40]
Sirius marcava a transição do cálculo Sabeano do Tempo pela Grande Ursa, até o cálculo posterior pela revolução aparente do sol. Mas existe mais em relação a este simbolismo do que um registro de cronometria. Da Ursa Maior veio a Grande Carregadora da semente nos tempos Lemurianos.
A invasão Siríaca por outro lado era pós-diluviana. A estrela brilhante de Sirius era o sol que no simbolismo posterior se tornou confundido com a esfera solar do sistema terrestre. A Estrela-Cão não somente regulava tempo no céu, ela também anunciava o dilúvio[41] periódico sobre a terra, que era interpretado como um aviso, durante seu fluir, contra o ‘intercurso com cidades’.[42] O simbolismo é relevante ao aspecto psicológico da Gnosis.
O estranho grimório, Oahspe, descreve as consequências de se ignorar este aviso ‘celestial’:
Das misérias da terra do Egito a metade nunca foi dita, nem nunca será, pois elas eram da carne e de tal tipo que não se pode mencioná-las completamente, pois a história também envolveria as bestas dos campos e os cães, macho e fêmea, assim como bodes.
Como se não bastasse às pessoas eram vítimas de espíritos malignos e haviam se lançando a práticas tão anti-naturais como o envenenamento da carne que se tornou habitada por insetos nocivos; eles possuíam feridas contínuas e somente práticas malignas aliviavam as dores. As pessoas eram sujeitadas aos encantamentos dos espíritos do mal, e eles apareciam entre as pessoas tomando para si mesmos formas corpóreas para prática da arte do mal, comendo e bebendo com os mortais diariamente.[43]
Talvez o Aviso do Cão, ele mesmo uma regra de conduta secreta, tivesse um conselho mais profundo e ainda mais convincente de prudência contra aquele outro tráfico, aquela outra miscigenação que havia ante-datado o dilúvio histórico e a submersão de continentes extremamente afligidos pela ‘doença’ Tifoniana. Isto certamente é a significação apropriada do cão que aparece na doutrina maçônica onde ele é de fato um símbolo de Prudência.[44] Porém a ‘lepra moral’, os ‘ritos negros’, mencionados por Massey e descritos no Oahspe, não eram as cicatrizes somente das doenças físicas. Os Draconianos ‘amaldiçoados’ eram maculados com contaminações extraterrestres e essencialmente não-humanas.
Embora o presente estado de nosso conhecimento torne especulativa qualquer interpretação, existe forte evidência para apoiar as suposições envolvidas. Nós podemos estar certos de que nenhum estado de degeneração meramente física, manifestando-se como bestialidade ou sodomia (que não teria caracterizado somente um grupo religioso ou étnico), teria ocasionado uma abominação tão feroz e generalizada. Como Massey tornou abundantemente claro, os registros de dinastias inteiras foram destruídos e seus monumentos desfigurados em um esforço para apagar todos os traços dos Draconianos. Uma marreta para aniquilar uma formiga, se fatores meramente físicos fossem envolvidos. Mas existe ampla evidência para mostrar que os Amonitas, ou Solaritas, deviam mais da metade de seu panteão a uma forma estranha e ostensivamente repulsiva de miscigenação mágica da qual as deidades quase-bestiais do Vale do Nilo são lembranças suavemente veladas.[45]
Os Graet Old Ones aparecem no saber antigo primeiro como os poderes super-humanos representados por Tifon (Ursa Maior) e a Estrela-Cão, Set. Eles são descritos pelo poeta Galês Taliesin como os ‘animais lentos de Sut’, ou Satã. Eles foram difamados como os ‘apostatas’ pelos teólogos posteriores porque estas constelações eram vistas como uma perda de tempo em comparação com os cronometristas solares. Na gnosis, estes apostatas eram associados com práticas do culto bestial. Mas esta é meramente uma interpretação de tipos que refletiam, talvez, a ignorância dos interpretadores. Se referido, ao invés disso, a uma nostalgia essencial para Gnosis Tifoniana que era antidiluviana, pré-monumental, e que pré-datava as mais antigas mitologias conhecidas, encontramos a essência da tradição. Um vislumbre da verdadeira situação é revelado em Oahspe: “Eu ensino ambos anjos e mortais que não deverão venerar qualquer um que tenha nascido de uma mulher”. Esta é uma alusão à linha de sangue Tifoniana. Embora ela pareça favorecer a linha de sangue paternalista, este não é o caso. Um verso anterior descreve o Mais Elevado Deus como “Aquele que não se encontra na forma do homem”. A implicação é que o Mais Elevado Deus é originário da raça solar, e que a Sabeana Gnosis original é abominável porque a mãe Tifoniana produzia criaturas indistinguíveis, embora bastante diferente, do homem. Como duas plantas aparentemente idênticas podem surgir de sementes diferentes, assim as formas humanóides podem surgir de sementes não essencialmente humanas. Investigações recentes na nosologia de tipos humanos sugerem que doenças podem germinar em espaços além da Terra.[46]
Já fora observado nesta conexão que o desenho para o Atu I, rejeitado por Crowley, descreve a Ursa (Ursa Maior) dominando o Magista, assim indicando a origem Tifoniana de sua magick.[47]Muita confusão tem surgido por causa da dupla função de Thoth (Mercúrio) no simbolismo mágico. A primeira forma deste deus era Sabeana, e era representada por Set-Anúbis, o Set-An ou Satã das teologias posteriores. Sua representante celestial era a Estrela-Cão como Guia dos Caminhos no Céu; na terra, ele anunciava as águas da inundação. A segunda forma de Thoth era Taht,[48] cujo nome completo, Tahuti, significa O Duplo e a gibosidade da lua, minguando e crescendo. Anúbis era um tipo sintético de cão e macaco tipificado pelo cinocéfalo ou babuíno com cabeça de cão. De acordo com Heródoto, esta criatura era utilizada nos ritos sagrados como um cronometrista, pois a fêmea, no seu devido curso, emitia no momento de lunação uivos periódicos. Isto explica a pergunta do AL[49] – “Está um Deus a viver em um cão?”. O fato é que a deidade masculina mais antiga era identificada com a Estrela-Cão. A pergunta relaciona-se ao antigo ritual, sendo a resposta negativa, pois a tradição implicada é aquela do posterior culto Amonita pós-estelar. Porém o verso continua – “mas os altíssimos são nossos”, implicando que embora o cão tenha sido expulso, ele uma vez de fato representou a elevação ou cume do céu. O Taht posterior era portanto conhecido como Senhor do Am-Smem, a oitava região, o oito sendo, conforme observado anteriormente, o clímax ou manifestação completa da Luz das Sete Estrelas da Ursa Maior. Na Árvore da Vida a elevação das Sete Sephiroth Inferiores é em Daäth, o lugar d’O Duplo.[50] A frase, “mas os altíssimos são nossos”, portanto indica a assimilação ao deus do Oito (i.e. Set), o Mais Elevado, que é, por reflexo, o deus das Profundezas.
[1] I.e. como mencionado em Magick.
[2] Bruxaria & Magia Negra, p. 180.
[3] Veja capítulo 9.
[4] “Eu sou oito, e um em oito”. (AL II: 15).
[5] A Estrela-Cão.
[6] AL II: 21.
[7] O débito de Crowley a Massey era maior do que a escassa, contudo significativa nota de rodapé de Magick (p. 296) pareceria implicar.
[8] Cp. Hadit.
[9] Su = semente. Os Shus-en-Has são assim as sementes de Horus. S = 66, o número dos Qliphoth e da Grande Obra. Também é o número de Tutulu. Veja capítulo 2.
[10] A estelar e a pseudo-solar.
[11] De acordo com Oashpe, uma transmissão moderna, os Índios Norte Americanos são os únicos sobreviventes na Terra hoje da mais antiga tradição. Veja Oashpe, p. 399.
[12] África interior.
[13] Por exemplo, a tribo Dogon. Veja Os Mistérios de Sirius (Temple).
[14] Tifon e Set.
[15] Horus.
[16] I.e. o “filho” não-humano. FL.
[17] I.e. desconhecido para os habitantes terrestres, e vindo do Espaço.
[18] Livro I:6.
[19] Veja Mensageiros do Engano (Vallée).
[20] Veja Por Dentro da Zona-Malva, vol. I (Liguori), que trata extensivamente desta forma de Magick Tifoniana.
[21] Eu estou consciente de que a criatura ofuscando o Magista (na carta de Crowley) tem sido identificada como o Macaco de Thoth. Isso faz pouca diferença em relação à discussão, já que ambos o macaco e o urso são zootipos Draconianos reconhecidos. A versão original do desenho apareceu no catálogo da Exibição do Tarot organizada pela Lady Harris em Oxford em 1944.
[22] Os estados de ser representados pelas Sephiroth 4 – 10.
[23] A Ordem da Estrela de Prata (Sirius).
[24] Homem na Qabalah Inglesa é man = 91 = nam, a Palavra ou Nome Primordial. “O Poder do Homem é o Poder dos Deuses Antigos. E esse é o Pacto”, Necronomicon.
[25] Cthulhu, sonhando nas profundezas (R’lyeh, a cidade submersa) simboliza o presente estado não desperto da humanidade.
[26] Veja glossário, Aahti.
[27] Amenta, tipificado pelo abutre Maut.
[28] O lugar provido para o nascer do sol.
[29] A O.T.O. é o Templo dos Outer Ones.
[30] Cp. Set-hulu (Cthulhu) nas Profundezas do Espaço.
[31] Cp. a Seita da Sabedoria Estelar e a Ordem Esotérica de Dagon (Mitos do Necronomocon).
[32] Fellows (Os Mistérios da Maçonaria) nota que “no tempo de Cícero, os termos mistérios e abominações eram quase sinônimos”.
[33] Christopher Johnson sugere que “abominação, especialmente neste contexto, é certamente cognata com ‘longe do humano’. O aliem é usualmente repulsivo às multidões”.
[34] Para traços não confundíveis de tráficos com ‘anjos’ e outras entidades não-terrestres veja o Livro VIII daKabbalah Sagrada de Waite.
[35] I.e. extraterrestres.
[36] Os cinco dedos que agarram.
[37] Mormyrus oxyrynchus.
[38] Cp. ‘neutro’ e ‘nenhum’. O “Nenhum-Nenhum” de Spare pode também ser visto como uma descrição da linha não-humana de descendência. A falácia de uma idéia de união dos opostos é tratada no Capítulo 5.
[39] Veja O Despertar da Civilização (Maspero).
[40] Veja Outside the Circles of Time (Grant) para uma completa discussão do significado de Zain. Veja tambémArchne Rising (James Vogh).
[41] I.e., do Nilo.
[42] A cidade sendo um símbolo feminino.
[43] Oahspe, p. 505.
[44] Veja Fellows, Os Mistérios da Maçonaria.
[45] Lovecraft vislumbrou estes mistérios intuitivamente conforme revelado por seu conto Preso com os Faraós, que está de acordo com o insight dos iniciados sobre as antigas simbologias.
[46] Veja as pesquisas de Hoyle e Vikramashila.
[47] Veja Figura 3.
[48] Veja Capítulo XLIV do Livro dos Mortos.
[49] AL II:19.
[50] 11 – a ‘maldita’ undécima Sephira.