sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Anassa Eneroi: O Caminho Infernal de Hekate – Por Michael Ford



Em muitos de meus livros, artigos e dissertações, eu sou muito claro em dizer que o aspirante a iniciado deve aplicar a razão e centrar o “self” em todos os seus trabalhos iniciáticos; este propósito está definido com registros consistentes. O seguinte artigo é uma exploração da Arte, como foi apresentada a mim durante o caminho que se iluminou diante de mim. Eu posso atestar que o Sabbat astral, minha descoberta de muitos anos atrás, e o portal no qual ele se encontra  jamais deixaram minha memória. Até hoje eu continuo o processo de definição da Arte de Meu Pai, chamado “Diabo”; embora tal vestimenta medieval, embora inspiradora, provê pouca expansão para a mente.


O Sabbat Infernal é, no entanto, um importante despertar iniciático.

No grau de Iniciação Sabbática Infernal, Lúcifer é a Deusa Negra das encruzilhadas e portadora do Archote, Iluminadora e Instrutora na Mágicka Infernal e nos Ritos Necromânticos. Ela instrui em primeira esfera, e então os instintos do Adepto Negro passarão a soar como sua Voz.

No Vácuo do Chaos há sono, sonhos e pesadelos fluindo através do véu vazado do Tempo. E nessas veias partidas onde corre o sangue da Serpente, o ‘Chaos’ é canalizado na ‘Ordem’ temporária. Este ‘Chaos’ é manifestado na mente inconsciente do Adepto Negro, esperando tomar a Carne através do ‘Demoníaco’. O ‘Demoníaco’ referido aqui é definido como os aspectos que a maioria dos humanos tentam suprimir; as trevas internas cuja fundamentação é Sobrevivência e Conquista de Poder, para ascender a um estado superior do Ser. Esta Besta Primordial é revestida no aspecto terrífico de inúmeros animais e répteis, dependendo da natureza e da pele na qual Nosso Senhor, o Diabo se manifesta, e aqueles que praticam a Bruxaria Luciferiana entendem como nosso Demônio, o Homem Negro do Sabbat.

Buscando o caminho do Poder no nosso círculo da Arte, você não precisa de iniciador em todos os intentos e propósitos deste caminho. Busque a estrada por si mesmo, se se sentir chamado. Se seu Daemon buscar se erguer do Abismo de suas Trevas Internas. Hécate Phosphorus [1] é a bruxa que por seus fogos estimula o sonhador no Culto dos Sonhos, Pesadelos e outros[2]. Ela é ambas, beneficente e maligna, sua fome é de Sangue dos Inocentes, pois ela busca iniciar e ascender em seu próprio poder. Ela é Anassa Eneroi, a Deusa da Morte cuja sabedoria jaz em várias avenidas. Nos Demoníacos, Ctônicos e Necromânticos, suas origens vem dos mais antigos encantamentos Babilônicos e hinos[3].

“Sacerdotisa da Terra, eu ofereço a ti libações de água

Rainha de Irkalla, eu ofereço a ti a fumaça do Incenso

Ershkigal, eu envio a ti minha voz.

Mande-me os Pesadelos de Tua presença,

Para que eu possa contemplar tua Divindade…”

-“A Luxúria de Erishkgal”; “Maskim Hul – Mágicka Babilônica (Michael W. Ford – Succubus Press)

Ela floresce no período Greco-Romano e mais ainda no período medieval. Em um tempo onde as mulheres eram subjugadas e detestadas, Hecate encontra sua manifestação em inúmeras máscaras deíficas.

Na seguinte invocação de Anassa Eneroi, o Adepto Negro deve encontrar um cemitério que seja esteticamente viável e preferencialmente velho e negligenciado. É imprescindível encontrar um túmulo violado, onde o caixão tenha entrado em colapso e existam óbvias impressões no solo. Leve água e mel, água de rosas e incensos relacionados a Hecate. Corte-se e adicione algumas gotas de sangue a água. Se uma mulher puder coletar seu próprio sangue mentrual e adicionar na água, isso deverá ser feito. Os passos do ritual são simples e facilmente realizados no cemitério.

O Adepto Negro deverá ter um fetiche especial para ligar seu espírito ao portal para os sonhos Sabbaticos com Hecate. Eu sugiro que um boneco especialmente feito de fragmentos de ossos humanos com o sigilo de Hecate seja feito, ou algo similar.

Invocação a Anassa Eneroi

[A ser entoado no rito]

“Eu invoco a ti, Deusa daqueles Abaixo

Cujos nomes são muitos, e que o poder é Grande,

Brimo, o terrível, Phosphorus, portador do Archote

Que traz o conhecimento interior a aqueles iluminados pelo fogo interno

Que encontra prazer e substância nas trevas, se tornando portadora da luz ascendente

Nyktipolos, Deusa Andarilha da Noite, Khthonie, abra os caminhos fantasmagóricos

Eu busco a companhia das sombras que vagam pelos caminhos escuros do Hades

Eu invoco a ti, Nyktiopolis Khthonie, Rainha dos Mortos!

Eu ofereço a ti a libação da água e do mel, para acalmar tuas companhias,

Eu ofereço meu sangue para alimentar as sombras dos mortos,

ligue-se a mim através deste objeto sagrado

Pela noite e pelo sonho, eu chamo a ti, para que fale comigo das profundezas!

Eu sou um Adepto Negro de Nekromankia, coberto pela Mortalha dos Mortos.

Eu ofereço a ti a fumegação, em honra a ti, Grande Deusa Negra!

Pelos quatro ventos, pela sepultura antiga,

Abra os portais do Tártaro, as insaciáveis mandíbulas dos Mortos, eu chamo!

Hecate, eu invoco a ti pelo seu antigo nome, oculto dos obscenos,

Eu, iniciado em teu caminho, Lamashtu, filha de Anu, escolhida dos Deuses,

Lilith, eu devo ganhar teu conselho e te honrar sobre esta terra!

Eu derramo agora as últimas gotas de minha libação a ti, Hecate!

E está feito!”

NOTAS:

Ao retornar para casa do cemitério (ou outra locação remota), os sonhos podem ocorrer na primeira ou segunda noite. Meditar sobre Hecate com o fetiche a cada noite, trará ela mais perto do Adepto. Eu conduzi uma variação deste trabalho por vários anos para descobrir, durante um período de dedicação, que ela está sempre perto do Adepto, de forma semelhante ao Daemon ou Vontade Instintiva. Na Tradição Necromântica, em suas origens antigas como Lamashtu, que é a origem de Hecate[4].

O Adepto Negro da Nekromankia é o indivíduo que é iniciado nos caminhos da prática necromântica, de acordo com a tradição da antiga Mesopotâmia e/ou Grécia, segundo suas práticas ritualísticas.

[1] Um epíteto de Hécate é as vezes tido como Eosphoros, a portadora da Luz. Nomeado por suas tochas, ela concede sabedoria aos bravos e fortes o suficiente para trilharem seu caminho de Sombras relacionado a suas outras máscaras deíficas.

[2] O não-iniciado. Enquanto a iniciação está ocorrendo, Hécate continuamente envia pesadelos, mistérios iniciáticos e ordálias.

[3] Eu desenvolvi uma extensiva associação para a pesquisa e trabalhos mágickos: ver “MASKIM HUL: Babylonian Magick”.

[4] Ver “Maskim Hul” e “Some Cults of Greek Goddessnes and Female Daemons of Oriental Origin” por David Reid West.

Escrito por Michael W. Ford;

Traduzido por Azi Dahaka

2014 Era Vulgaris

TOPH/OOA

Ba Nam I Ahereman.

Comentários sobre Luciferianismo – por Michael W. Ford



O Luciferianismo é uma ideologia e para a preferência do feiticeiro, um caminho voltado a libertação espiritual e iniciação mágicka. A pergunta “quais deuses são associados ao Luciferianismo” tem uma resposta simples. Todos os panteões tem relação com o caminho Luciferiano, pois as origens coletivas se dão a partir dessas “máscaras de deidades” (deuses ligados a sabedoria), com exceção aos deus cristão IHWH.


A própria ideologia estrutural no modelo “pastor-ovelhas” é alienigena não apenas as leis da natureza, mas é inteiramente auto-destrutiva. Luciferianistas entram no caminho da mão esquerda (conforme definido em meus trabalhos publicados) ao assumir que apenas o indivíduo é auto suficiente em seus instintos e determina a si mesmo enquanto vivo. Cada dia é um ato benéfico e com amor próprio ou um ato maléfico de odio a si mesmo. Isso é determinado por nosso pensamentos, em especial como abordamos nossos próprios pensamentos (negativos, positivos e onde a percepção dá incio aos atos do iniciado), palavras (como interagimos com o mundo a nossa volta) e ações (o que fazemos no mundo a nossa volta) diariamente. Sem exaurir a mente é importante desenvolver a intuição no princípio de nosso conhecimento e poder em relação a nosso ser completo. A essa forma de intuição eu denomino “Azothoz” em meu trabalhos anteriores, no entanto simplesmente entenda que o caminho mágico deve ser abordado de forma simples.

Os panteões antigos dos Caanitas, Babilônicos, Assírios, Gregos, Egípcios, Persas e Europeus “pagãos” possuem fundações da ideologia Luciferiana. Ambição, desejo, honra entre os pares e modo de viver egóico enquanto engendrando o contrato social de aperfeiçoamento cultural são pressupostos fortes da ideologia Luciferiana. O conceito Judaico-Cristão de Pecado não é aceito entre os Luciferianistas, pois objetivamos remover a mentalidade de escravos imposta a humanidade desde que o culto monoteísta ganhou predominância durante a decadência do império Romano.

A demonologia dos Judaico-Cristãos e o culto Hebreu é abraçada pelos Luciferianistas como forma de auto-libertação espiritual. Os traços dos então chamados “Demônios” como orgulho, ganância, luxúria, etc. são instintos naturais transformados em ferramentas de propaganda pelos Cristãos. Luciferianistas enxergam o “demoníaco” como um instinto de liberação e bravura para pensar e agir pela sua própria responsabilidade.

Luciferianistas enxergam a ganância como um incentivo no mundo real, entretanto ela deve ser contra balanceada com a disciplina de saber quando é o bastante. Um Luciferianista nunca irá destruir sua moral, honra e lealdade (para com aqueles que merecem estas qualidades) em razão de ganãncia descontrolada. Fé espiritual não é cega, quando cultivada pelos próprios instintos e guiada pela nossa consciência, guardada pela disciplina de restrição e caráter, que leva então a uma grande vitória. Luciferianistas entendem “fé” como uma experiência onde resultados foram ganhos pela sua própria vontade e determinação.

O simbolismo das trevas e do “demoníaco” é a fundação de todos os instintos primais que são tão parte da natureza quando aqueles da luz. Luciferianistas não separam em dualidade, pois isso é contrário a natureza das experiências. Todas as máscaras de deidades (estes são deuses e demônios que representam os tipode de poder em relação a humanidade e o próprio reino natural) tem aspectos balanceados, alguns destroem para criar e outros mantém nossos objetivos espirituais voltados para o poder.

Por esta razão, Luciferianistas nunca poderiam aceitar “Jesus” ou “Yaweh”, pois estes são em sua jovem origem meramente evasivos do mundo realista que inspiram através da auto-negação (opressão de desejos naturais) e ódio (mascarado de amor), gerando um mundo violento para aqueles que não acreditam e subjugando a humanidade através da ignorância e ódio profundo pela ciência.

Somente uma fé judaico-cristã centrada no ódio por si mesmoprecisaria negar o equilíbrio natural e precisaria de pecados que se extendem ao ato sexual (consensual e entre pessoas de idade apropriada), desejo sexual e gênero. Luciferianistas não acham importante ditar o que você pode ou não fazer com seu próprio corpo e o de seu parceiro (a) enquanto for apropriado em idade e vontade um do outro. Luciferianistas veêm a guerra e conflito como parte importante do instinto primal, entretanto guerras para impor o seu modo de vida em culturas estrangeiras é algo totalmente equivocado, especialmente quando disfarçado de “democracia” ou “liberdade”. Conquiste seu inimigo e o torne seu aliado, sem necessidade constante de de impor suas crenças aos outros (principalmente uma fé cega) pois isso é a pedra ângular da doença do espírito que afeta os Judaico-Cristãos.  Visões políticas entretanto são algo que podem variar, pois os Luciferianistas são indivíduos e existem variadas percepções desta área. No entanto, todo Luciferianista é encorajado a respeitar as culturas que eles considerem diferentes, pois este é o caminho para compreender o mundo.

Destruição e criação são um ciclo equilibrado por natureza. Quando não estamos em uma cultura instruída em disciplina, superar obstáculos e destruir nossos medos, nos achamos em decadência social que inspira crimes, assassinatos e corrupção a um nível elevado. Para restringir esses resultados o contrato social deve ser mantido com as recompensas e um entendimento cultural dos benefícios da disciplina e da superação.

Para aqueles interessados na ideologia e mágica Luciferiana, recomenda-se os livros:

Dragon of Two Flames – Demonic Masks and the Gods of Caanan

Maskim Hul – Babylonian Magick

Adversarial Light – Magick of the Nephilim

Goetia of Shadows

The Bible of the Adversary

todos da autoria de Michael W. Ford (Magus Akthya Dahaka), Mestre da Order of Phosphorus e ex membro da O9A e também participante de projetos musicais como Black Funeral e Psychonaut 75.

Uma entrevista com ele pode ser lida aqui: http://viasinistrae.livreforum.com/t336-entrevista-de-michael-ford-para-a-lucifer-luciferax?highlight=Michael

Ba Nam I Ahriman.

Caim – O Filho do Adversário



Uma das histórias mais famosas e relevantes da humanidade, o mito de Caim e Abel é narrado no livro do Gênesis da bíblia católica. A história é repleta de simbolismos interessantes e pode ser uma das metáforas mais profundas relacionadas a condição humana.
  O nome Caim vem do hebraico קַיִן significando “lança” e tendo por transliteração correta “Qayin”. Pode estar associado também a “Qanah”, verbo “provocar ciúme”. Caim seria o primogênito de Adão e Eva, irmão mais velho de Abel.


Narra a historia da bíblia que Caim cresceu para se tornar um lavrador, enquanto Abel tomou o caminho do pastoreio. A cada determinado período de tempo, ambos deveriam apresentar um Holocausto* a Deus. Por alguma razão, não citada na bíblia, Deus rejeita a oferenda de Caim, constituida da melhor parte de sua safra, mas abraça a oferenda dos melhores novilhos de Abel. Enciumado com o favoritismo, o mais velho teria enganado o mais novo para segui-lo até o campo. Chegando lá, teria subjugado o mesmo com uma forma de foice primitiva, cometendo o primeiro Homicídio da Humanidade.

Após o crime, IHWH teria inquirido o primogênito sobre o paradeiro de seu irmão, o qual lhe respondeu com outra pergunta simbólica. “Ao acaso sou guardião de meu irmão?” Descoberto o assassinato, este foi exilado para as terras do leste, as terras de Nod.

*Holocausto:Oferenda onde o Sangue não é derramado no altar, mas o objeto do sacrifício é queimado, e a fumaça enviada as alturas.

 Segundo a Análise judaico-cristã deste mito, a rejeição da oferenda foi proposital. HWHI necessitava que fosse cumprida sua profecia de Morte em relação a Humanidade, e ela adentrou o Homem através de Caim.
 Mas o propósito deste texto é uma análise ocultista.  Abel seria aqui uma representação da fraqueza. Do Rebanho de Ovelhas. Caim, ao matar seu “irmão”, representaria uma metáfora da manifestação da Árvore da Morte. Tal manifestação se daria através da Morte do “ser de Barro”, representado metaforicamente por Abel,o Pastor. A oferenda de Caim não subiria aos céus com a fumaça dos Holocaustos, mas seria posta em Terra, o sangue sendo o condensador fluídico da Vontade, honrando os Deuses mais negros. Desta forma é exilado do convívio de HWHI para o “Leste”, a terra sem deus. Lá é obrigado a vagar perpetuamente, portando uma marca que não permitiria que ele próprio morresse.

Gerações mais tarde, um casal chamado Lamech e Zillah concebem dois filhos. Tubal-Caim (“Aprimorador da Arte de Caim”), um ferreiro e Naamah. Ambos podem ser vistos como primeiros epítetos de Caim e Lilith dentro da Humanidade. Naamah foi adotada pelos pagãos como uma deusa da luxúria, de forma errônea.

Tubal-Caim, em determinada narrativa, auxilia seu pai em uma caçada. Ambos acertam um Homem que possuía em sua cabeça um chifre de animal. Lameque de imediato reconheceu a descrição de seu ancestral. A punição septenária veio e as cidades fundadas por Caim foram destruídas (entre elas a cidade chamada Enoque). Lameque desculpa-se com seu Deus que adiou a punição para em 77 gerações, ao invés das 7 posteriores. E este foi o “fim” de nosso intrigante personagem.

A mitologia se estende. Criam-se lendas, sigilos, evocações, Cânticos. Mas deixarei aqui apenas uma pequena parcela de considerações sobre esta metáfora intrigante da condição humana, a qual seria de grande valor a análise por você mesmo.

Chifres nas antigas tradições eram sinal de inteligência, Sabedoria e experiência de vida. Também de força, por ser possuído por animais aos quais atribuíam-se estas qualidades. E a marca de Caim eram Chifres.

Abel foi morto com uma pequena foice de colheita,como é mencionado no Liber Falxifier (Publicado na Ixaxaar pelo TFC). Tal item representa a Morte, a transformação e é portado por todas as representações antropomórficas da Morte (ao menos em algum momento).

A ligação de Abel com a terra é inegável, bem como com o sangue.

Ao contrário do que se diz, Naamah não era uma mulher promíscua. Seu nome quer dizer “a bela”, mas referia-se aos sons de flautas que ela tocava para “agradar os deuses”. Ela era uma deusa musical… em conjunto com Tubal-Caim, que aprimorou a arte do Assassinato. O ferreiro  e o som da forja unidos.

Duas formas de expressão da chama negra na humanidade. O Caos da Guerra e do Conflito e o pacifismo da música utilizada para agradar os Deuses e Extasiar os homens.

O Sigilo da União Sagrada

  O Sigilo acima, demonstrado pela primeira vez nos tratados de Stanislas de Guaita, representa a União da qual Caim é fruto espiritual. O bode com chifres, Lúcifer-Azazel (Azal’Lucel) e Baphomet-Caim ( A Dualidade), representaria a sabedoria e iluminação. O Pentagrama Invertido, a totalidade dos 4 elementos Causais com o Espírito (Éter/Akasha) Acausal com a ponta em destaque, voltada para baixo. As letras hebraicas grafam “LVTHN” e o nome de Lúcifer-Samael e Lilith são escritos dentro do mesmo.

  Leviathan é o Abismo de escuridão que liga a Luz de Samael a Carne de Lilith, gerando assim a União perfeita. É a o túnel-serpente que conduz a União Sagrada, gerando o filho da Chama Negra, o primeiro Mago Negro e o Filho perfeito, a manifestação da chama negra dentro da causalidade.

  A fórmula geradora de “Caim” e da Chama Negra é o L.L.L. (Lúcifer-Samael, Lilith, Leviathan), cujas letras na gematria somam 480 (4+8+0 = 12 = 1+2=3 = LLL) – também o número de legiões comandadas por Lilith. Esta se faz a fórmula do subconsciente e do despertar da consciência Primal Interna, denominada no LHP como “Demônio Guardião”. 

  Este é um dos muitos caminhos de se compreender através dos mitos a inserção do Caos dentro da Anima humana, manifestado através da egrégoras judaicas e cristãs, não correspondendo ao “Ethos” Satânico, mas sendo válida como alegoria para explicar a Acausalidade e a inserção da “Chama Negra Acausal” dentro dos seres humanos. Alguns exercem esse fogo negro, outros, assim como Abel, entregam-se ao “barro”.

ONA: Ordem dos 9 Ângulos II – Mythos e Práticas

Ao contrário do que se pensa, a ONA é uma ordem cuja mitologia e panteão possuem formas próprias, não baseando-se em cultos antigos, e rejeitando todos os elementos judaico-cristãos influentes em ordens como o Temple of Black Light (Ou seja, abomina também o conceito de “qliphot”). Ela se relaciona com as emanações primais do Acausal, algumas sem nome e sem forma.


Essas emanações se manifestam dentro do Causal (o nosso plano “material” e ordenado e os planos astrais próximos a essa criação) na forma dos vinte e um Deuses Negros. Cada Deus Negro se relaciona a um caminho da árvore da Wyrd, ligando as 7 esferas planetárias trabalhadas no caminho septenário (Sol, Lua, Venus, Marte, Mercúrio, Jupiter e Saturno).

O trabalho com esses Deuses é feito através dos “Nexions”(“Portais”) de energia existentes nas Estrelas, na natureza, em grupos de pessoas ou mesmo em indivíduos. Os mitos onde eles se expressam são encontrados em Manuscritos de ficção e lendas dentro da própria ONA, que não devem ser levadas ao pé da letra, mas interpretados como mitos devem ser – metáforas para explicar o Acausal de forma que nosso consciente meramente humano possa melhor compreender sua existência.

A saber, os 21 Deuses Negros são: Noctulios, Nythra, Shugara, Aosoth, Azanigin, Shaitan, Nekalah, Ga Wath Am, Binah Ath, Lidagon, Abatu, Karu Samsu, Mactoron, Atazoth, Davcina, Athushir, Kthunae, Budsturga, Gaubni, Sapanur e Darkat. Há ainda o culto a duas figuras reverenciadas como “Nexions” puros do Acausal manifestados em seres humanos, Baphometh (A Senhora da Terra) e Vindex (O “Sagrado Vingador). Essas figuras são de vital importância dentro dos mitos da O9A, liderando e inspirando tribos sinistras na guerra contra o Causal.

Os mythos são utilizados de forma exotérica (para os “mundanos” fora da ordem) e esotérica (para aquilo de compreensão somente dos adeptos) para apressar a passagem deste “Aeon” e para a construção de um próximo “Aeon” voltado a filosofia Satanista. Uma “preparação de território” para que o Causal se encerre, dando lugar a uma nova cultura, sociedade, política, arte e caminho espiritual. Um próximo passo na evolução do homem, elevando o indivíduo a outro nível. A contagem de tempo destes Aeons, de forma esotérica, corresponde aos “Years of Fayen” ou “Years of Fire“, um calendário próprio da ONA, cujo ciclo encerra e recomeça no dia 23 de Abril.

Para que este objetivo seja cumprido, essa mitologia (não irei entrar em detalhes, estes podem ser encontrados nos contos de ficção da O9A, dispostos em Manuscritos distribuídos livremente na internet) direcionam os adeptos a determinadas práticas que levam a evolução.

Práticas

As práticas da ONA não são simples. O Caminho Septenário é um dos mais rigorosos e perigosos que existem, diferenciando-se do “Satanismo” confortável daqueles que colocam máscaras obscuras para realizarem suas fantasias. Ele é um caminho bruto, por muitas vezes perigoso, que força o Adepto a uma Alquimia Negra Interna poderosa. É através da Vivência e Experiência que o adepto passa a se assemelhar aos Deuses e seus mitos, e somente através da ebulição desse Caos Interno que tais Deuses podem ser atraídos e manifestados.

Dentro do conjunto de práticas da ONA, deve-se destacar os manuscritos NAOS e Black Book of Satan. O primeiro é um guia aos que querem iniciar a trilha e tornarem-se adeptos, o segundo é o guia para abertura de templos e fundação de tribos satânicas. Ambos são de leitura obrigatória para ter ciência do caminho septenário.

As ferramentas mais interessantes do caminho septenário são os Cânticos vibrados para atrair os Deuses, o “Star Game” (jogo Estelar), cuja prática causa mudanças alquímicas no raciocínio e o Tarot desenhado por Christos Beest, utilizado nos 21 dias de meditação realizados no grau 2 do NAOS. Todos indispensáveis e não são opcionais, constituindo o fundamento do caminho.

O Caminho Sinistro leva os adeptos ao limite da Moralidade e da Ética, forçando-o a confrontar seus ideais com os dogmas sociais. Muitas vezes herético, marginalizado e arriscado. Não apenas moralmente, mas também fisicamente, tendo em vista os rituais mais avançados que consistem em isolamento social e exercícios físicos prolongados.  Também considera-se parte da prática a vivência da filosofia extremista, o código de Honra das Tribos e os 21 pontos satânicos – uma diretriz de vivência do caminho. Drogas e Alucinógenos são totalmente condenados durante rituais, sendo considerado hábitos de “Mundanos” e “Muletas mágikas” atrasando a evolução pessoal.

As práticas se enquadram em cada grau, tornando-se tarefas mais difíceis conforme a evolução. Os graus vão, em ordem, de Neófito, Iniciado, Adepto Externo, Adepto Interno, Mestre do Templo/Senhora da Terra, Magus/Magistra até Imortal, obtido somente com a transição do satanista do causal para o acausal, através da Morte.

Essa filosofia extrema não pode ser vivida “na internet”. Muitos atualmente dizem ser adeptos do caminho sinistro, tentando com isso almejar alguma forma de “status” dentro da pseudo-cena ocultista atual. A própria ONA rejeita estes falsos adeptos, embora não se importe com eles. Um real adepto vivencia a cada segundo e com intensidade este caminho, sendo reconhecido por outros de forma clara e simples pelo mero contato. É algo que deve ser posto constantemente em prática, diariamente.

Este é um breve RESUMO das práticas satânicas da ONA, de forma totalmente Exotérica. Eu levaria centenas de postagens para me aprofundar em cada tópico, sendo necessário um blog exclusivo apenas para isso, algo inviável no momento devido a falta de disposição de tempo. No entanto este breve resumo já concede as chaves para se conhecer verdadeiramente (ou buscar aprofundar-se, aos interessados) neste caminho. Sem falácias, sem maquiagens e de forma crua, aviso que o caminho septenário não é para “qualquer pessoa”. Pessoalmente não o indicaria a ninguém, a menos que este saiba que é a dificuldade que deseja para si. Mas a fins de real conhecimento sem distorções, encerro com este post a série sobre a Order of Nine Angles, até que seja realmente necessário retornar a este tema.  Espero ter elucidado algumas dúvidas e falácias sobre o tema.

Ha-Shatan pelo Satanismo Tradicional

Satan, do Hebraico (שָטָן) é uma palavra que tem por significado “Competidor, adversário, opositor”. O termo aparece cerca de vinte e sete vezes no antigo testamento, nenhuma destas vezes se referindo a uma “encarnação do mal” propriamente dita, mas em vários contextos diversos. O termo Ha-Shatan (O Adversário, como substantivo próprio) só passa a aparecer no momento coincidente com a encarnação de “Jesus Cristo”, para o estabelecimento de  um maniqueísmo dentro do contexto cristão, não existente até aí.  O termo pode ter derivado do grego “διάβολος” – “separador, caluniador” e mais tarde latinizado para “Diabolvs”, de mesmo significado.


O termo que era usado inicialmente pra metáfora de seres que testavam a humanidade e pessoas hereges em relação a doutrina dominante na época, passou a ser utilizado para denominar uma suposta entidade que rivalizaria com o Deus YHWH dentro da doutrina cristã. Assim eles teriam um punidor, um ente tão poderoso quanto seu Deus colocando obstáculos no caminho dos fiéis, que deveriam então implorar pela clemência deste em livra-los das tribulações do “ho archón toû kósmou toútou” (o príncipe deste mundo) e senhor de todo mal – reforçando assim a necessidade de prostração diante da Igreja e do “deus dos deuses”.

Portanto, essa visão de que Satan é o “príncipe do mal”, “senhor da mentira” entre outros é uma visão puramente cristã, recente e maniqueísta sobre um título/nome, assim como Lúcifer. Dentro do Satanismo Tradicional, não há espaço para este tipo de pensamento, portanto o conceito de Satan é totalmente diferente e precede até a jovem religião do Nazareno.

Para um Satanista, Ha-Satan não é uma entidade a ser idolatrada cegamente, reverenciada, “realizadora de pactos”. Nenhum satanista é o “grande escolhido”, nem nasceu superior a qualquer outro. Pelo contrário é somente através da força de vontade e da auto-superação que um Satanista evoluí. Nenhuma energia Acausal concede nada de graça, sem esforço e merecimento para obtenção. O que importa é a prática real ao longo de anos, até décadas de rituais e estudos levados a sério.

Da figura de Satan dentro do Satanismo, podemos dizer que ele é um dos muitos arquétipos representantes do Caos dentro do Causal, manifestado dentro da doutrina judaica e da cristã. No entanto, não é esta figura maléfica utilizada como ponto de coerção pela Igreja católica (entre outras) que é utilizado no satanismo tradicional. Como já foi dito aqui, não se trata de cristianismo invertido, mas de toda uma doutrina própria.

Satan é então um dos muitos nomes exotéricos de um ser sem nome, feito totalmente de Energia Acausal. Foi um dos primeiros Deuses Negros a se manifestarem dentro do mundo causal, sob a forma de princípio de mudança, heresia, oposição e Caos, através de algum Nexion natural aberto no passado.

Sendo uma entidade de uma das raças Acausais, Satan não possuí forma definida, sendo o Dragão Negro um dos símbolos que se aproxima dele em significado, mas não corresponde a forma exata na qual ele se manifestará. “Satan” é também um sigilo em forma de palavra, não correspondendo a seu real nome, sendo este conhecido apenas pelos reais adeptos desta doutrina atualmente denominada “Satanismo Tradicional”.

Existindo inúmeros outros entes, não é este que diz a “palavra final” a um Satanista. Mesmo sendo seres impossíveis de serem controlados – mas canalizados, não é diante deles que nos ajoelhamos. Satan é manifestado através da figura do líder das tribos sinistras, líderes de templos satânicos e grupos – portanto seus representantes não podem ser meros escravos controlados, mas seres humanos livres de amarras cósmicas/morais/culturais para poderem se mover com esta mesma liberdade até o próximo nível de evolução.

Ha-Shatan é de polaridade masculina(independente de sua manifestação judaica, cristã, hinduísta…) , sendo sua energia complementar relacionada a Lilith, Shakti, ou a Deusa Negra Baphometh (não confundir com o anjo-bode divulgado popularmente), e quando unidos através de sua atração acausal, formam uma energia ainda mais poderosa, manifestada como a “Lapis Philosophicus”, pedra filosofal ou Diamante Negro dentro do Causal.

Uma entidade conceituada de forma muito errônea e muito relacionada a doutrina cristã, novamente temos aqui o Caos se apresentando não como algo maligno, mas como contraposição a estagnação, um princípio evolutivo necessário para a movimentação Universal através da energia Acausal que flui pelos Nexions e acelera a vinda de um novo Aeon e extermínio desta era vulgar a qual vivenciamos.

O Satanismo Tradicional

Esta postagem foi escrita originalmente em resposta após um debate no site Teoria da Consiração, neste tópico:

http://www.deldebbio.com.br/2012/09/05/nao-existe-almoco-gratis/

    O mesmo se tratando de um debate sobre uma suposta utilização do NAOS em rituais envolvendo pessoas leigas. Antes que pedras sejam atiradas, não,um satanista não deve a mínima satisfação a ninguém e eu não estou aqui para justificar nada ou “converter/pregar” ninguém ou nenhuma crença. Apenas estou expondo o assunto com a seriedade com a qual ele deve ser tratado, e direcionando a um público alvo que leve tal estudo com a mesma seriedade, e nada além disso.


Recordo-me de quando eu tinha dezesseis anos e estava na época de escola. Foi neste tempo que comecei a estudar o ocultismo de modo geral. A influência dos meus familiares católicos e umbandistas e suas opiniões a respeito da “magia negra” e do Satanismo ainda eram marcantes em mim. Em minha cabeça, a figura de um satanista era o exato aspecto “hollywoodiano” do grupo com capuzes negros sacrificando jovens virgens em seus ritos macabros.

Certa vez, o pai de um amigo foi buscar o mesmo na escola onde estudávamos. Era um senhor com cabelo grisalho, bem arrumado e simpático. Este senhor cumprimentou a nossa turma e levou seu filho até o carro. Um colega de classe, que sabia de meus interesses sobre ocultismo me confidenciou naquele momento que o pai de nosso amigo era um Satanista, e falava do assunto sem nenhum problema. Obviamente, me senti curioso (e ao mesmo tempo assustado) pelo assunto. Decidi conversar com meu amigo no dia seguinte.

E este foi o início da quebra de um estereótipo que circula até hoje no meio ocultista. O que é, afinal de contas, um Satanista?

Em primeiro lugar, para falarmos deste tema, é necessário nos situar muito bem dentro do mesmo, erro que normalmente é cometido pelos que se dizem entendidos no assunto. O Satanismo não é uma crença única, muito pelo contrário. Ele possui inúmeras variações e correntes filosóficas diferentes.  A mais famosa delas, o Satanismo Moderno, foi fundado por Anton Lavey em 1969, e trata de uma forma de Antropocentrismo. Segundo esta filosofia, o sobrenatural deve ser deixado de lado, e o material deve ser vivido aqui e agora. Os Demônios e entidades seriam apenas aspectos psicológicos internos, exteriorizados para obter-se maior compreensão dos mesmos. Lavey popularizou o Satanismo, mas ao contrário do que se pensa, ele não foi o primeiro a organizar um grupo coeso e suas características não devem ser misturadas as de outras formas de crenças satânicas. O Satanismo Tradicional É mais antigo que o “moderno” e foi organizado e difundido por algumas organizações bem antes de Lavey se rebelar contra a hipocrisia da sociedade.

No outro extremo das vertentes, existe o chamado Satanismo Tradicional, e é deste que irei tratar aqui. Ao contrário da crença de Lavey – que é considerada pobre em espírito, já que ignora o desenvolvimento e evolução do Homem como um Todo – o Satanismo tradicional/ teísta crê nas entidades, deuses e demônios como seres independentes do ser humano. Estas deidades são utilizadas dentro do satanismo como auxiliares da Evolução do Adepto, e não como ídolos para mera adoração cega e submissão doentia, como normalmente se retrata.

     A Mão Esquerda

Os termos “mão direita” e “mão esquerda” vieram do Tantra, mas passaram a ser utilizados para designar o caminho ocultista com base nas “árvores” da Cabalah. O caminho da mão esquerda seria aquele em que o ocultista se foca em sua própria evolução acima de tudo, sendo correspondente ao ideal satânico de evolução própria. Devido a isso, o Satanismo está contido no caminho da mão esquerda. Mas não é necessário ser um Satanista para ser um praticante do LHP (Left Hand Path).

Por ser muitas vezes uma evolução dolorosa e sinistra, este caminho é evitado ou até mesmo criticado e posto de lado pela maioria dos Ocultistas. Também é uma corrente vítima de constantes distorções, onde “satanistas” tentam fazê-lo parecer mais fácil de ser trilhado, ou algo mais brando.

Não, não é. A dificuldade, os problemas e a dor levam a superação e a única e real evolução. Ninguém evolui sentado em uma cadeira.

     Da Figura do Satanista

Um real adepto do Satanismo Tradicional, não será uma piada caricata diante da sociedade e não se valerá de meros “teatros” psicológicos em sua Mágicka. A figura de mantos negros e jóias exageradas existe apenas em seu mundo particular, durante seus rituais. Em seu dia-a-dia ele deve ser uma pessoa normal. Ser um satanista não significa perder o senso de educação, prestatividade e em especial, honra. Aqueles que não souberem entender e canalizar a sua Chama Interior, serão consumidos em sua ira – e não passarão de animais selvagens sem direção. Não é necessário negar e esconder seu caminho espiritual, tampouco estampá-lo na sua testa.

     O Ideal Satânico

Cada corrente possui sua própria ideologia. A evolução do adepto é um ponto comum a todas. O despertar da Chama Negra interior, introduzido na humanidade por Samael, é o maior destes objetivos. Ser semelhante a Caim (a chama negra) ao executar simbolicamente Abel (o homem de barro) para se tornar um Deus em carne. O contato com o Demônio Guardião equivale ao despertar desta chama negra acausal, é o acordar do interior subconsciente. É a maior arma de um Satanista (adversário) contra a ordem causal e vigente.

      Os Demônios

Derivado da palavra grega Daemon ou daimon (grego δαίμων, transliteração dáimon) que pode ser traduzida como “espírito” ou “divindade”, o tipo de entidades que eram nomeadas dessa forma passaram a ganhar fama de maléficos com o cristianismo, e a fama permanece até hoje, mesmo entre aqueles que não se consideram cristãos, de tal forma que está enraizada esta cultura na sociedade. O Satanista sabe que nem todos os demônios são maléficos e nem todos são bondosos, sendo aconselhável a relação com eles apenas após um bom tempo de prática. Cada um é único em essência, e podem fornecer o conhecimento necessário para o adepto evoluir. São uma gama de entidades difíceis de se trabalhar, o que envolve tempo e dedicação da parte do adepto.

As entidades demoníacas não devem ser confundidas com vermes astrais, eguns ou kiumbas. Demônios conseguem a energia com a qual trabalham através de oferendas e adoração, enquanto os vermes astrais são meros vampiros instintivos. Os vermes astrais podem muitas vezes se passar por outra entidade através da alteração de sua  de sua forma de manifestação para se passarem por outros tipos de entidades (sejam demônios ou não). Isto torna uma exigência a aptidão do adepto para identificar e diferenciar impostores de seus “guias” ao trabalhar com eles. Entre estas formas de identificação, está a sensação percebida pela presença da entidade, que deve corresponder a frequência energética da mesma.

Este é um fato válido tanto para os praticantes do Satanismo quanto os de outras artes que lidem com entidades, e é algo geralmente negligenciado, e que culmina em erros graves.

       Os Sacrifícios e Honrarias

Um Satanista é um ser orgulhoso de si, e que visa sua evolução. Desta forma, ele não se prostra diante de nenhum ser, a não ser a si mesmo. Os cânticos, oferendas, sacrifícios e honrarias concedidas as entidades são para exaltação e agradecimento as mesmas. Não existe devoção cega dentro do Satanismo. Não há “servir de alimento” para entidades. Não há pactos, e Demônio algum lhe dará nada em troca de sua “alma”. Aliás, se você não consegue se esforçar por algo e precisa pedir que caia do céu, sua alma já não valerá nada. Os Sacrifícios, apesar de serem um ponto polêmico,  são realizados como oferendas e agradecimentos. Objetos consagrados, confecção de imagens, incensos, velas, e até mesmo alimentos no caso de algumas entidades. Se a idéia não lhe agrada, você não serve para este caminho.

     Goétia e Satanismo

Outro mito do satanismo tradicional é a goétia. Deve-se ter consciência de que a goétia é apenas um dos muitos sistemas e formas de evocação que existem para se contatar entidades. Como todo sistema evocatório, ela deve ser adaptada à crença do praticante. Existe, portanto, alguns livros voltados para a prática da “goétia satânica”. Mas isto é apenas um passo na evolução do adepto, e não uma obrigatoriedade para um satanista e muito menos uma exclusividade, tendo em vista que o sistema original é judaico-cristão. Há muito que se discursar sobre este assunto.

Deidades Satânicas

       Recentemente vi alguns leigos no Satanismo citando que o mesmo fazia uma “confusão com Deuses”. A realidade é bem diferente de uma confusão. As vertentes teístas do Satanismo realizam um resgate dos Deuses das Eras anteriores para utilizar na era atual. Os Deuses ancestrais não são esquecidos, mas adorados e sua energia utilizada em diversos trabalhos mágickos.

Para os Luciferianistas, não apenas os deuses “negros” sofrem este “resgate” ou esta “adaptação”, mas também os deuses considerados “luminosos” devido a seus aspectos semelhantes aos de Lúcifer. A assimilação destas deidades segue a máxima de que um Adepto deve absorver aquilo que lhe torna mais forte, e expurgar o que lhe torna fraco, para que o mesmo seja digno de alcançar a sua Chama interna.

Algumas vertentes ainda, possuem a sua própria doutrina em relação a deuses.

Sobre os “Estereótipos”

É uma moda atualmente, que todo Satanista seja obrigado a ouvir “black metal” e derivados, andar sempre de preto e estar sempre mal encarado. Isto não poderia estar mais longe da verdade. Gostos pessoais não influem em uma crença, muito menos as roupas. E por sua vez, a crença não é desculpa para agir como um adolescente revoltado, faltando com respeito a tudo e todos. Deve-se ter o senso de postura e saber os meios certos de lutar contra a ordem vigente.

Os exemplos dados pelo Marcelo Del Debbio em sua postagem “Ordens Satanistas da Vida” é um grande exemplo do que um verdadeiro adepto NÃO é. Ele não fará ameaças que não pode cumprir e nem se valerá levianamente das entidades que o auxiliam em sua alquimia mental. As atitudes ali demonstradas são dignas apenas dos “estereótipos”, os jovens que acabam se apoderando de material presente na internet, e retirando de contexto e distorcendo informações, sem a mínima noção ou instrução – resultando no que foi aqui demonstrado.
Estes, não devem ser comparados aos praticantes sérios desta senda, que buscam a verdadeira evolução e possuem seus próprios objetivos, não se limitando a adoração cega e a serem “bateriais de entidades” (como foi denominado por alguns leitores), mas trilham um caminho difícil com seriedade para atingirem seus próprios objetivos, livres de amarras de qualquer espécie.

Este é apenas um resumo daquilo que eu estou trilhando, do que eu estudei e ainda estudo. Espero que sirva para quebrar alguns paradigmas e mudar alguns conceitos acerca desta senda espiritual, que é tão válida quanto qualquer outra, e que merece ser reconhecida pela sua funcionalidade e não por aqueles que mancham seu nome.

      O Satanismo é um caminho para os Fortes, bem como o LHP. Não se espera que seja compreendido ou muito menos “socialmente aceito” pela grande massa social. Apenas os poucos dignos de caminharem pelos campos ardentes conseguem seguir em frente…

Ba nãm i âharman

A Alquimia Negra



“Escuro e nebuloso é o início de todas as coisas, mas não o seu fim.”
Kalil Gibran

A Alquimia é uma antiga arte, combinando aspectos da química, filosofia, física, matemática, astrologia/astronomia/ e espiritualidade. Na época onde ciência e religião não se contrariavam, pelo contrário, se complementavam – o homem iniciou uma busca pelo conhecimento interno e externo que nos deu as bases para a ciência moderna. Com o tempo e de certa forma a “regressão” espiritual do coletivo humano, ciência e religiosidade foram se segregando, chegando mesmo ao cúmulo de se oporem nos tempos modernos.


Como já foi dito no texto “Comentários sobre o Caminho Sinistro”, a Mão Esquerda não é uma trilha ligada a ignorância, mas sim ao conhecimento. A raiz “FHM” (FHAM – FHEM) do árabe servem tanto as palavras “Escuridão” quanto a “Conhecimento/Sabedoria”. A Alquimia Negra é, portanto, a Alquimia ligada ao Conhecimento Interno/Externo do Adepto. Dentro do conhecimento externo, não há somente (mas também há, como dever) os conhecimentos “mundanos” mínimos necessários, absorvidos através de livros – escolas – professores normais do dia a dia, mas também através da experiência e vivência da vida em si.

Não se aprende nada sabendo apenas a teoria. A prática é parte intrínseca do caminho e isso é válido não apenas pra rituais, mas também para si mesmo. Vivenciar o amor e o ódio, a tristeza e a alegria, acumular experiências terrenas. Viajar sozinho pelo mundo, entrar numa briga – e perder! Ouvir uma música nova, criar algo, ser um artista – ou destruir algo totalmente. Conhecer novas pessoas e odiá-las ou não. Cada momento, cada segundo de vivência é parte da mágicka obscura, onde o desconhecido é trazido a Luz e absorvido pela Anima Acausal, que se torna mais forte e desenvolvida.

A “physis”, o corpo físico do adepto também deve ser exercitado. Exercícios, artes marciais, brigas na rua, trilhas, tanto faz. O importante é treinar e se tornar mais resistente que a média humana normal, para fins de defesa. Aprender a atirar, usar facas ou armas brancas. Saber onde mirar um golpe para derrubar alguém maior. Também faz parte da evolução alquímica.

Do caráter Interno, há a Introspecção. Olhar para dentro de si mesmo, mergulhar em seu próprio Abismo – obter um código de conduta e segui-lo. Eleger um objetivo e cumpri-lo, ou falhar e buscar outra meta. Conhecer-se e conhecer seus limites. É a Lapidação da Alma para a evolução.

  Dentro da Alquimia Negra (ou Sinistra), os três elementos Alquímicos utilizados são, conforme os símbolos apresentados acima, o Enxofre, o Sal e o Mercúrio.  O Sal sendo o primitivo, representa o Subconsciente. Os símbolos exotéricos (largamente utilizados na Alquimia), as meditações, o Tarot, a Physis… todos atuam para a lapidação do Sal e sua transformação em Mercúrio. Do Mercúrio, temos a vivência, experiência, seguir o modo de vida Sinistro, e a prática em si dos rituais e das Artes Negras. E por fim, nos aspectos do Enxofre, temos a longa vivência, a experiência através dos Anos. A Sabedoria da Vida e o Conhecimento obtido pelos estudos, elevando o Homem a um novo estágio. O Homo Gálata, ou o “Ubermensch” de Nietzche.

Os rituais de passagem de grau em uma ordem adepta do caminho sinistro são pontos de transição entre estes elementos, que são uma metáfora para a condição humana. Entre estes momentos de transição estão a “Decomposição” (“Morte” metafórica do Adepto, experiência da passagem), a “Calcinação” (solidificação da Vontade), entre outros.

Há também os processos pelo qual o “elemento” (no caso o adepto) passa: do Nigredo (putrefactio – a passagem), o Albedo (Purificação do “elemento”), o Citrinnitas (ou operação Dourada – trabalhando a energia dos metais) e por fim o Rubedo, onde culmina a Alquimia na criação da “Lapis Philosophicus” através da Sagrada União.

Dentro do Satanismo Tradicional, tudo pode ser resumido a uma grande metáfora para a Alquimia Sinistra. Os ritos de passagem, os oráculos, os mitos são metáforas pra este desenvolvimento humano através das energias Acausais – e formas de manifestar este Acausal da Anima humana em seu potencial Máximo, para que o resultado final seja a obtenção de um Deus Negro em todo seu poder real.

É interessante o ponto dos Mitos. Como tratei nos posts anteriores, a “trindade” satanista é uma grande expressão dessa Alquimia. Da União Sexual entre a polaridade masculina (Satan) e feminina (Lilith) é gerada a “Lapis Philosophicus”, a Pedra Filosofal da existência eterna – o segredo daqueles que subjugam o tempo, assim como Caim, o filho. Um dos objetivos dos alquimistas do passado, exposto de forma esotérica. A “Imortalidade”, a subjugação de Kronos, para adentrar a morada dos Deuses Negros.

Diz-se que com o tempo, a tendência a Introspecção é aumentar. Conforme o Adepto avança na trilha Alquímica Sombria, ele busca por sua própria Luz Interna. Então a Magicka exotérica é deixada de lado, bem como as influências externas ao Universo, e passa a se focar somente no seu “Eu”. Evoluindo o “Eu” até seu potencial máximo, até mesmo a mágicka exotérica deixa de ser necessária, e o adepto se torna Uno com sua centelha Interna Acausal ( O Demônio Guardião/ Chama Negra Interna).

Consiste na Alquimia Negra, um dos caminhos esotéricos para destruir as ilusões e alcançar a verdadeira Luz.