sexta-feira, 2 de junho de 2023

Luciferianismo - Os Filhos Da Viúva

No último capítulo e antes neste livro, fizemos várias referências à Maçonaria. Agora gostaríamos de examinar esse movimento mais detalhadamente como um canal histórico para a tradição Luciferiana e a doutrina dos Vigias. Reportagens de jornal recentes sobre a adequação ou não de juizes, policiais, políticos e médicos para serem maçons sugerem que essa “sociedade com segredos” é apenas uma rede de amigos íntimos para homens de classe média e meia-idade. No entanto, um exame minucioso da Maçonaria, com seus ricos e exóticos símbolos, sugere que no passado ela pode ter sido a zeladora e guardiã de conhecimento herético e sabedoria proibida. A Maçonaria antiga certamente tinha ligações próximas com as sociedades secretas de ocultismo que possuíam informações semelhantes e com os mistérios masculinos da magia.

Infelizmente, as origens históricas da Maçonaria estão ocultas em um miasma de mistério, especulação, exagero e evidente fantasia. AMaçonaria Especulativa baseou-se nas corporações de construtores operativos que eram responsáveis pela construção das catedrais góticas da Europa medieval. Os construtores se organizavam em corporações, companhias e Lojas usando sinais secretos e palavras de passe para reconhecer uns aos outros como companheiros artesãos. Originalmente a Loja era uma pequena cabana ou choupana com teto de palha erguida perto do canteiro de obras.

Ela era usada como abrigo durante clima severo, para guardar ferramentas, descanso e refeições. As vezes, também era usada para reuniões em que eram discutidos o progresso do trabalho, quaisquer problemas encontrados no trabalho, e o bem-estar geral dos construtores.

Gradualmente, com o passar do tempo, construtores “honorários” não ativos foram admitidos nas corporações e companhias. Eles eram como maçons especulativos, aceitos ou “livres”. Com o tempo, esses “maçons livres” formaram seus grupos ou Lojas independentes e interpretaram a arte da Maçonaria como um caminho espiritual para auto- aperfeiçoamento moral, obras de caridade e iluminação.

Discussões sobre o quanto dessa ênfase espiritual foi herdada dos construtores medievais e quanto dela foi produto do renascimento do ocultismo no século XVIII ainda assolam historiadores maçônicos e não maçônicos. Os maçons especulativos associavam as “ferramentas de trabalho” da arte dos maçons operativos a um significado relacionado com a história lendária da Maçonaria. Essas ferramentas incluíam machados, martelos, malhetes, malhos, compassos, esquadros, níveis, trolhas e fios de prumo. Elas também eram incorporadas nas insígnias e jóias usadas pelos maçons na forma de distintivos, anéis, faixas e pingentes. O avental de couro e as luvas do maçom operativo se tomaram o uniforme cerimonial dos maçons.

A moderna história da Maçonaria tem usualmente sua origem datada a partir da reunião de fundação da Grande Loja Unida da Inglaterra na Tavema The Goose and Gridiron,22 no pátio traseiro da Catedral de St. Paul, na cidade de Londres, no dia de São João,23 em 1717. Na verdade, há evidência de ampla atividade maçônica no século anterior. Alguns historiadores modernos dizem que as origens da Maçonaria datam pelo menos do século XVI. O fundador do museu Ashmolean, em Oxford, Elias Ashmole, registrou em seu diário que foi iniciado em uma Loja Maçônica em Warrington, Cheshire, em 16 de outubro de 1646. Ashmole também era um rosa-cruz e astrólogo que se tomou membro da Sociedade Real, quando ela foi fundada logo após a restauração da monarquia em 1660.

Como vimos anteriormente, uma alegação antiga e muito controvertida nos círculos maçônicos é a de que os Templários, fugindo da perseguição na França, estabeleceram a Maçonaria antiga na Escocia durante o começo do século XIV. No equinócio da primavera de 1737, um ma- çom escocês e jacobita chamado de Chevalier Andrew Michael Ramsey, outrora tutor do Belo Príncipe Charlie, deu urna palestra na Loja Maçôni- ca de St. Thomas, em París. Ele surpreendeu sua audiência ao alegar que os Templários tinham incorporado em sua Ordem os mistérios antigos das deusas Ceres, Isis, Minerva-Atena e Diana-Artemis. Ele também alegou que os cruzados, ao retomar da Terra Santa, fundaram Lojas Maçônicas em seus países de origem. Isso inclui a famosa Loja Kilwinning, supostamente estabelecida na Escócia já em 1286. Foi registrado que, um ano após a palestra de Ramsey ligar a Maçonaria aos Templários, o papa Clemente XII emitiu uma bula papal condenando o envolvimento de católicos com a Maçonaria. AInquisição imediatamente iniciou uma campanha contra a Maçonaria nos países católicos. Eles fecharam Lojas e torturaram, prenderam e excomungaram qualquer pessoa que achavam estar envolvida.

Como mencionamos anteriormente, Elias Ashmole era um maçom e um rosa-cruz. A Maçonaria antiga era intimamente ligada à Ordem da Rosa-Cruz, ou Rosacrucianismo, outra sociedade secreta com uma história lendária e fantástica. Em um poema do século XVII, as duas sociedades são vinculadas: “Porque o que profetizamos não é grosseiro / pois somos irmãos da Rosa-Cruz / temos a Palavra do Maçom e a Videncia / o que nos espera podemos prever corretamente”. Na tradição popular, os rosa-cruzes eram considerados bruxos que tinham poderes psíquicos e mágicos. Esses poderes incluíam a habilidade de prolongar a juventude, evocar espíritos, tomar-se invisíveis, criar pedras preciosas e transmutar chumbo em ouro. O ensaísta do século XVII Thomas de Quincy foi muito além, ao alegar que “os primeiros maçons eram parte de uma sociedade que surgiu da mania do Rosacrucianismo”. Ele também disse que os “maçons da Inglaterra copiaram algumas cerimônias dos rosa-cruzes e disseram que eles as criaram, e o mesmo com eles”. (1972:252,255)

Os registros mais antigos mencionando a Irmandade da Rosa-Cruz estavam circulando na Europa no começo do século XVII. Eles foram compilados sob o grande título de A Restauração do Templo Decaído de Palas [Atena]. Em 1610, urna historia legendária, chamada de Fama Fratemitas, foi publicada por um escritor anônimo. Ela dizia que a Ordem havia sido fundada duzentos anos antes por um místico alemão descendente de uma família aristocrata. Ahistória não foi efetivamente publicada até 1614 e foi amplamente circulada como uma publicação livre para todos aqueles que conseguiam 1er.

De acordo com a historia, o místico alemão chamava-se Christian Rosenkreuz, embora esse não fosse seu nome verdadeiro. Quando ele era jovem, seus pais o colocaram em um mosteiro para aprender como ser um padre. O jovem se rebelou contra as limitações da vida monástica e, quando um monge mais velho pediu que o acompanhasse em uma viagem ao Oriente Médio, ele prontamente concordou. Infelizmente o homem mais velho morreu no caminho, mas Rosenkreuz conseguiu chegar a Damasco, na Síria moderna. Lá ele se tomou amigo de um grupo de adeptos cabalísticos e foi aceito como aluno deles. Com o tempo, como um homem maduro, ele retomou à Europa via Fez, no norte da África e Espanha moura. Naqueles lugares, ele estudou as artes ocultas sob a orientação de adeptos árabes. Ele aprendeu como evocar espíritos e os segredos da Alquimia.

Foi sugerido que, pelo fato de Rosenkreuz ter estudado com ocultistas muçulmanos, ele pode ter sido versado nos ensinamentos do Sufismo, a escola de mistérios secreta do Islã que supostamente antecedeu a ele. O mestre Sufi moderno Idries Shah comparou o Rosacmcianismo com uma sociedade secreta Sufi chamada de a Ordem Kadari, fundada por Abdelkadir Gilani em Bagdá (Iraque atual) no século XII. Gilani era conhecido pelos seus seguidores como “a Luz da Rosa”, e o símbolo da sociedade era uma rosa. No Sufismo, o Caminho da Rosa se referia a uma forma específica de misticismo Islâmico envolvendo Alquimia, exercícios de devoção e palavras de poder. (Darkual (Shah), 1961: 173-4) Como veremos em um capítulo posterior, a rosa é um símbolo importante na tradição Luciferiana. Ela é associada àqueles grupos e indivíduos ligados ao ocultismo que mantiveram sua chama queimando radiante ao longo de séculos de perseguição.

Quando Rosenkreuz voltou para a Alemanha, ele continuou seus estudos sobre o oculto por vários anos. Ao término desse período de estudo individual, ele decidiu informar o mundo sobre os ensinamentos que havia recebido aos pés de seus mestres do Oriente. Ele acreditava que a Europa do século XIV somente podería ser salva da degradação moral por meio de uma injeção de crenças espirituais. Quando seu conhecimento foi ignorado por muitos, Rosenkreuz decidiu formar uma sociedade secreta de pessoas iluminadas para trabalhar por trás das cenas, no intuito de promover mudanças. O objetivo da sociedade era influenciar as pessoas no poder para que elas colocassem em prática as mudanças sociais que a Ordem desejava. Alguns escritores alegaram que uma dessas mudanças radicais era a modernização da Igreja Romana, e isso resultou na Reforma. Uma visão contrária é que o surgimento do Protestantismo destruiu efetivamente o ensinamento da sabedoria antiga e o simbolismo, que tinham sobrevivido escondidos nos mistérios esotéricos Cristãos. Parece improvável que fosse esse o objetivo do Rosacmcianismo.

Rosenkreuz retomou ao mosteiro que ele conheceu quando era um menino e persuadiu os três dos monges séniores, chamados no mito rosa- cruz de “os Três Homens Sábios”, a deixar o lugar e se juntar a ele. Mais tarde, outros quatro monges foram recrutados com êxito para a causa. Rosenkreuz ensinou a esses sete dignos homens e, quando eles estavam qualificados, eles viajaram secretamente pelo mundo disseminando conhecimentos sobre o ocultismo. O mestre ficou na Alemanha para continuar seus estudos herméticos.

Os rosa-cruzes concordaram em cumprir seis regras de conduta, sendo que as duas primeiras muitos daqueles que são supostamente ocultistas nos dias de hoje deveríam copiar. Eles concordaram em curar os doentes sem cobrar nada, não vestir roupas especiais ou abertamente mostrar qualquer símbolo em público que pudesse revelar sua vocação secreta, que uma vez por ano eles se reuniríam na sede da Ordem para reportar seus progressos, que cada membro iria iniciar um candidato digno antes de desencarnar, que eles usariam as iniciais RC como uma marca identificadora e palavra de passe, e que eles prometeríam manter a existência da Ordem em segredo por pelo menos cem anos.

Quando eles morreram, os primeiros irmãos rosa-cruzes concordaram que os corpos deveríam ser enterrados secretamente e sem nenhuma cerimônia Quando Rosenkreuz deixou este mundo e foi enterrado, seus seguidores não sabiam onde seu túmulo estava localizado. Ele apenas foi descoberto por acidente 120 anos mais tarde. Seu túmulo era supostamente uma cripta de sete lados, iluminada por urna luz perpétua. Conforme se alega, o corpo do mestre rosa-cruz estava ainda em perfeito estado de preservação, apesar de todo o tempo que havia passado.

A conexão entre os rosa-cruzes e os maçons na crença popular foi exemplificada em uma publicação supostamente não real que saiu em um jornal satírico em 1676. Ela dizia: “Isso é para informar que o Moderno Grupo de Conspiradores Verde-Listrado, juntamente com a Antiga Irmandade dos rosa-cruzes, o Adepto Hermético e a Companhia de Maçons, pretendem jantar juntos em 31 de novembro no Flying Bull, situado na Rua Wind-mill Crown, tendo já encomendado um grande suprimento de tortas de Cisne Negro, ovos de Fênix fritos, coxas de unicórnios, etc”.

O dr. Francés Yates considera essa sátira como uma representação das “primeiras tradições de, por assim dizer, intercomunicação entre as sociedades secretas”. (1972:261)

Yates também cita o escritor do século XIX Thomas de Quincy, que publicou na London Magazine (1824) os resultados de uma pesquisa alemã sobre as origens da Maçonaria e dos rosa-cruzes. Usando informações de suas fontes alemãs, Quincy estava confiante de que, “quando o Rosacrucianismo foi transportado para a Inglaterra, ele virou Maçonaria”. Ele citou o alquimista e astrólogo do século XVII Robert Fludd como o suspeito principal nesse movimento. Posteriormente, Quincy acreditou que “as crenças epráticas maçônicas ligadas à mística interpretação da construção do templo em Jerusalém podem (...) já ser percebidas nos textos dos rosa-cruzes, mas quando o Rosacrucianismo foi transportado para a Inglaterra eles foram vinculados pela Maçonaria às tradições das corporações de construtores”. Ele conclui: “Os primeiros maçons formavam uma sociedade secreta que surgiu da mania do Rosacrucianismo, certamente entre os 13 anos de 1633 até 1643, e provavelmente entre 1633 e 1640” (Yates, 1972:252)

Em seu livro A Tradição Secreta na Maçonaria, Arthur Edward Waite apresentou a teoria de que cabalistas se infiltraram nas Lojas livres do século XVII. Junto a isso, Christopher Mclntosh faz menção a urna fraternidade oculta na Europa central no século XVIII que misturava Ma- çonaria, Rosacrucianismo e a Cabala com uma crença em reencamação e Alquimia. Em 1765, uma Loja Maçônica juntou forças com um capítulo rosa-cruz em Marburg para realizar a prática da Alquimia. Tais grupos híbridos podem ter influenciado o renascimento do ocultismo nos séculos XVIII e XIX. De acordo com Mclntosh, tais Lojas Maçônicas-rosa- cruzes funcionaram sob o nome genérico de Ordem Dourada e Rosa- Cruz. Essa Ordem tinha ligações com a Maçonaria Escocesa e com o surgimento do Templarismo no final do século XVIII.

Em um documento de 1788, seus objetivos declarados eram “fazer com que as forças escondidas da natureza entrassem em operação, para liberar a luz da natureza, foi profundamente enterrada embaixo das impurezas resultantes da maldição (a Queda), portanto iluminar o interior de cada Irmão, uma tocha, por cuja luz poderemos reconhecer o deus escondido, e com isso ficaremos mais próximos da fonte original de luz”. (Mclntosh, 1980:94) Mclntosh menciona o conteúdo gnóstico nesses objetivos. Em contrapartida, também podemos mencionar o quanto esse conteúdo acuradamente se adequa à doutrina Luciferiana de despertar espiritual da humanidade do materialismo bmto para a liberação da “luz interna” ou do “deus intemo” dentro de nós.

A antiga história lendária da Maçonaria, adotada pela Grande Loja em 1723, e parte dos manuscritos do século XV, conhecidos como os Antigos Deveres,25 rastreavam as habilidades de construção e geometria, desde a figura de Lameque do Velho Testamento até o Rei Salomão. Ela possuía uma versão da construção dos Pilares do Sábio e do porquê de eles serem associados à Tubalcaim. Lameque tinha três filhos e uma filha: o primeiro filho era chamado Jabal, descobriu a Geometria e era um pastor e construtor de casas; Jubal foi o segundo filho e era um músico que fazia instrumentos musicais; o terceiro filho era o nosso velho amigo Tubalcaim que, como nós sabemos, era um ferreiro e um “artífice em cobre”. A filha, Naamá, inventou a fiação e a tecelagem. Os quatro filhos de Lameque escreveram tudo o que eles sabiam sobre artes, ofícios e ciências em dois pilares de pedra ou ferro para que esse conhecimento fosse preservado para as gerações futuras. Esses pilares pareciam ser idênticos àqueles criados pelo filho de Adão, Seth, e mais tarde, de acordo com outra versão do mito, com àqueles criados por Noé e seu filho. Na doutrina maçônica, eles são os pilares gêmeos na entrada do templo de Salomão e da Loja Maçônica Tubalcaim, como já vimos, foi uma versão do deus da magia que está presente em documentos maçônicos porque era um “artífice de cobre e ferro”. O historiador hebreu Flávio Josefo alega que Tubalcaim na verdade inventou o latão - uma mistura de bronze e cobre - para usar como ferramentas cortantes e armas. O escritor maçônico Bemard Jones sugeriu que Tubal foi um armeiro e o associa com o deus romano dos ferreiros Vulcano. Ele diz: “Foi sugerido que Tubalcaim era associado à divindade primitiva do fogo conhecida do povo altaico, que estavam aparentemente entre os primeiros trabalhadores de metal no mundo’’'’ (1950:298). Além disso, Jones relaciona Tubal a uma tribo de nômades perto do Mar Cáspio chamada de queneus, que alegavam descendência de Caim e eram ferreiros por herança e criadores de cavalos.

A lendária história da Maçonaria rastreia a invenção da Geometria até Adão. Ele ensinou a ciência a Caim, seu filho de pouca inteligência, para que ele pudesse construir as primeiras cidades. Alguns desses antigos relatos da história maçônica também fazem referência aos supostos Noachitas ou “Maçonaria Antediluviana”. Aliás, os primeiros maçons eram chamados de “filhos de Noé”. Um dos filhos de Noé, Cão, foi o pai de Ninrode, supostamente o primeiro Grão-Mestre dos maçons e um famoso construtor de cidades. Uffa, na Mesopotâmia (agora na Turquia), é considerada na lenda local uma das cidades construídas por Ninrode. Em tempos antigos, ela era conhecida como “o trono de Ninrode”. Ele também construiu Acade, Nínive e Babel (Babilônia) (Gênesis capítulos 6 e 10).

No mito bíblico da queda da Torre de Babel de Ninrode nós podemos ver uma referência à língua universal de “Enoch”, que era falada no mundo inteiro. Infelizmente Javé ficou ofendido com os humanos por construírem uma torre para alcançar o Céu. Ba-Bel ou Babel quase literalmente significa “portão de deus” e sugere um passagem entre este mundo e o reino divino. Javé destruiu a cidade, confundindo as pessoas para que elas não pudessem entender umas às outras (daí a palavra em inglês babble, que significa “balbuciar” ou “falar de forma ininteligível”), e as espalhou pela Terra (Gênesis 11).

É tentador identificar nesse mito o fato de que os primeiros humanos estavam se desenvolvendo muito rapidamente e, na realidade, até pensando por eles mesmos, por isso suas tendências Luciferianas tiveram de ser contidas por uma intervenção extrema. A Torre de Babel representa a busca espiritual por autoconhecimento e auto-iluminação visados pelos “exilados”, que estão lutando para se unirem novamente ao Ente Supremo. A Torre pode muito bem ter existido como um edifício real no mundo material em algum período da história. Alternativamente, ela pode representar um estágio em nossa evolução planetária, quando os primeiros humanos estavam se esforçando para se conectar novamente com o Divino.

Maçons modernos tendem a repudiar as histórias sobre Babel e a antiga história de sua arte por razões que são provavelmente óbvias. No entanto, Jones admitiu que é possível que haja uma tradição relativa a Noé de uma ordem de necromancia mais velha que a história de Hiram. Essa antiga tradição substituiu Ninrode e o mito da Torre de Babel pela narrativa de Hiram Abiff e o templo de Salomão no ritual maçônico. No entanto, no Grande Oriente Maçônico na França, que sempre foi tratado com desconfiança pelos maçons ingleses, o Rito de Adoção usa um anagrama de ‘Babel’ como uma palavra de passe.

O significado secreto do mito de Babel era conhecido em um estágio antigo em épocas históricas. O bispo anglo-saxão de Londres Wulfstan, escrevendo em sua homilía De Falsis Deis ou Sobre os Falsos Deuses, remontou o ressurgimento das crenças pagãs entre os hebreus em relação a Ninrode e à Torre de Babel. Ele disse: “por meio do ensinamento do Diabo, eles pegaram o conhecimento para adorar o sol e a Lua como se fossem deuses...'” Ele também mencionou a antiga crença pagã de que as estrelas eram adoradas como deuses, juntamente com água e “vários gigantes e homens terrenos ferozes”. (Nephilim) Essa declaração pode ter influenciado as dilatações clericais anglo-saxônicas da prática de magia e a sobrevivência dos costumes pagãos de adoração ao Sol, à Lua, às estrelas, menires, árvores e poços.

A Torre de Babel aparece tanto na doutrina maçônica quanto na bruxaria tradicional. A bruxa herdeira de Pickingill E.W. Liddell afirmou que: “Ninrode é um termo genérico [na Arte] para a luta do ‘deus que habitava no interior ’ que ambicionava o Céu. Lúcifer, como a entidade instrutora na humanidade, pode ser igualado a Ninrode — a tentativa da personalidade humana em retornar à nossa glória prístina primordial. (1994:74) Essa declaração transforma as alegações feitas por algumas pretensas bruxas de que o Luciferanismo é apenas outro nome para o Satanismo e que ele não é em nada relacionado com a Arte em algo sem sentido.