domingo, 16 de janeiro de 2022

Hékate a “Peregrina”

 


“Estradas unidas por braços distantes, Vontade divina proclamada à distância,

Seus caminhos são tudo que nossos pés tocam;

Nossa carne é lenha de seus rituais;

Nosso sangue, sua receita infernal..."


O nome “Hécate” não possui uma etimologia certa. Portanto, alguns “caminhos” serão analisados e ponderados para tentarmos elucidar a grandiosidade dessa deusa. É sabido que o nome não possui origens gregas e, mesmo que alguns escritores encontrem subterfúgios lingüísticos, como por exemplo; “Hekataboulos” (o mais comum nome de Apollo) que permite a correlação com a essência da palavra raiz: “ekat”- “Eκάτη” (aquela que atira ao longe), tudo indica que imigrou da Ásia para a Grécia e, consequentemente, para Roma.

Homero foi um dos lendários poetas épicos da Grécia antiga. Em seus textos, nenhuma referência à Hécate foi encontrada, ou seja, as primeiras referências gregas à deusa encontram-se na Teogonia de Homero.​

Estudos acerca dos nomes teóforos (que contém elementos alusivos à deidade) apontam sua origem para a região do Egito. A deusa egípcia “Heqet” (Deusa cabeça-de-rã, ligada ao parto, fertilidade e a ressurreição) pode ser uma das fontes fonéticas mais prováveis do mito.

Em antigas sociedades matriarcais, “Heq”, uma palavra que tem similaridade com xamã ou feiticeira, designava as mulheres que conduziam seus grupos sociais, através de regras de conduta e espiritualidade. Tais “bruxas” eram consideradas as “avatares” da própria Heqet. O culto de Heqet chegou a Grécia através de uma migração iniciada na costa oriental do Mar Morto, mais precisamente na Trácia e no Reino da Cólquida. A partir desse exato momento ocorre a transmutação, pois a forma zoomórfica foi abandonada e uma nova amplitude acerca da deusa iniciou-se.

Importante salientar que existem diferenças entre seu culto ao longo dos séculos. Antes do período helenístico (séc. V), co culto de Hécate não era tríplice, tampouco a mesma possuía tantos atributos. Porém, no final do século V, o culto de Hécate expandiu e a deusa recebeu a denominação de tríplice. Após as transições políticas que elevaram o domínio de Roma, assumiu outras características, tornando-se uma deusa greco-romana com muitos nomes relativos às suas personalidades.

Teogonia e a Formação


Segundo os gregos, o mundo se formou a partir do Caos. Assim como nas demais teogonias, deuses foram formados e guerrearam pelo poder.

As visões acerca dessas formações podem ter uma pluralidade de interpretações, entre as quais que Hécate era filha de Deméter, porém, sob a luz de Hesíodo, Hécate nasce da união de Perses (deus da luxuria e destruição, filho de Crio e Euríbia) e Astéria (deusa estelar, filha de Céos e Febe). Muitas dúvidas surgem com relação à Teogonia, afinal. Hécate, uma deusa estrangeira e “menor”, assumiu um papel “central” e recebeu atributos relativos a outros deuses e deusas gregos como os da própria Ártemis.

Existem especulações de que Hesíodo era de uma região em que ocorria o culto de Hécate e, através de sua Teogonia, popularizou, elevou os poderes e expandiu o culto. Em certas regiões trouxe confusão.

Outro aspecto interessante são os atributos lunares de Hécate. Segundo Hesíodo, Hécate era a própria faceta de Febe que reapareceu na escuridão da Lua.

No hino de Hécate (Teogonia) é confirma essa filiação.


(Tradução adaptada pelo autor)

“... Gerou Astéria de propício nome que Perses
conduziu um dia a seu palácio e desposou
e, fecundada, pariu Hécate...”


Mesmo sendo descendente de Titãs e completamente independente dos deuses do Olimpo, Zeus (o Sumo Regente Cósmico) presenteou-a com três dons, tornado-a tríplice:

Ter parte na terra (estrutura);

Domínio sobre o Mar infecundo;

Domínio sob o Céu salpicado de estrelas.


Isso a fez muito honrada por todos os deuses imortais, afinal, possui a essência primordial.

No mesmo hino, os homens recebem a “ritualística básica” para o contato com a deusa:

“... Hoje ainda, se algum homem sobre a terra
com belos sacrifícios e orações, segundo os costumes,
 invoca Hécate, muita honra receberá da Deusa e seus poderes residirão nele...”

A face da Justiça:

“... A quem quer, com grandeza dá auxílio e ajuda.
No tribunal, senta-se junto aos reis em decisão e
na assembléia, entre o povo distingue a quem quer...”


O poder sob a Guerra:

“... e quando os homens se armam para o a batalha que destrói os homens, a Deusa estende as mãos para dar vitória e glória a quem quer  que vença...”

A influência nos jogos:

...Boa ela é aos homens lutam nos jogos,
nessas ocasiões a Deusa também lhes dá auxílio e ajuda
e , vencendo pela força e vigor, leva  o belo prêmio
facilmente, com alegria, e aos pais dá a glória...”

O poder para beneficiar ou prejudicar nas pescas:

“acalentando ou enfurecendo os mares”:

“... Diligente entre os cavaleiros, assiste a quem quer,
e aos que trabalham no cinzento e desconfortável mar  que suplicam a Hécate e ao troante Treme-terra,
a gloriosa Deusa concede grande captura
ou surge e arranca-a, segundo sua vontade...”

O poder de favorecer ou não os nos rebanhos:

“... Ela é boa no estábulo com Hermes para aumentar
o rebanho de bois e a larga tropa de cabras
e a de ovelhas lanosas, segundo sua vontade,
de pouco avoluma-os e de muitos faz menores...”


O poder da juventude:

“... O Cronida a fez nutriz de jovens que depois dela
com os olhos viram a luz da multividente Aurora.
Assim dês o começo é nutriz de jovens e estas as honras.”

Dentre muitos mitos que explicam a transição de Hécate, destaca-se essa corrente:

Relata-se que Hécate era uma sacerdotisa mortal chamada Ifigênia. Após insultos à deusa Ártemis, por motivos desconhecidos se suicidou. Ártemis se compadeceu, adornou seu corpo com jóias e sussurrou em seu ouvido fazendo-a renascer como a deusa Hécate. A deusa renascida deveria agir como Nêmesis (Νέμεσις- a ceifeira), porém, seria a vingadora das mulheres injuriadas. Por tal motivo surge a associação de que Hécate seria filha de “Nix” (a escuridão). Inclusive a designação dela como “Senhora dos Destinos” provêem da associação com Nêmesis, afinal, a deusa foi educada pelas Moiras.

 “Hécate de muitos caminhos, originalmente cultuada em tempos pré-olimpicos, foi uma Deusa muito importante na antiga Tracia, era considerada naquele tempo como a senhora dos partos e da puberdade , guardiã das virgens imaculadas e das jovens em período menstrual. Afirmações totalmente contrárias ao que vemos hoje em dia, uma Hécate de aspecto sombrio, considerada uma Deusa da morte, senhora dos espíritos que provoca temores a todos que ouviam o seu nome , o mesmo era considerado perigoso de se pronunciar e se caso fosse usado com leviandade, esse ser teria o pior dos fins , a morte física e o sofrimento espiritual eterno. Ela, em seu aspecto divino ctônico, teria o pleno controle sobre os espíritos e  como Deusa do destino, poderia dar o fim que quisesse aos profanadores de seu nome e honra.” Carlos Rabelo ,“Hécate Lucifera”.

Em muitas culturas, ocorreram novos mitos para integrar deuses estrangeiros aos panteões locais. Até a passagem que Hécate teria sido uma das parteiras que escondeu o bebê Zeus de seu algoz Crônos pode ter explicação na transição e na pluralidade de entendimentos sobre a deusa.


Hécate e o “Submundo”

Qualificada com atributos de “vingadora” e tendo ligações com o “Submundo”, a deusa tornou-se um arquétipo de proteção, feitiçaria e necromancia. Assim como alguns totens e “fetiches” de Hermes ( possivelmente foi um de seus amantes), que também era um deus ligado à “condução das almas”, estavam nas estradas, estátuas de Hécate começaram a ser espalhadas em tais pontos também, como nas encruzilhadas e entrada de certas cidades. Devemos sempre lembrar que a Grécia era uma “colcha de retalhos” culturais das cidades-estado, portanto, não foi difícil a associação dela com outros deuses de panteões estrangeiros.

“Eu me chamo Enódia Hécate, dama amável,

Da estrutura terrestre, aquática e celeste

Sepulcral, vestida num véu de açafrão,

Satisfeita com os fantasmas sóbrios que vagueiam dentro das sombras

Salve a invensível caçadora persa!...”

(Trecho do hino Ofídico à Hécate – Tradução do autor)


O tempo e as interpretações regionais fizeram com que a deusa tomasse forma de uma “governanta” das almas e dentre suas atribuições, estava a de conduzi-las aos reinos subterrâneos.

A ligação de Hécate com os cachorros encontra vestígios em papiros egípcios da época de 305 a.C, em que o governo romano estabeleceu-se por lá. Em tais documentos, Hécate é relacionada às “cadelas”, sendo chamada de “mulher cachorro”.

Em fragmentos mitológicos raros, Hécate é mãe de Scylla, que através das fusões culturais, também assumiu a guarda para a entrada do submundo corroborando com o julgamento de sua mãe e “morfava-se” num cão de três cabeças com olhos em chamas. A relação de Hécate com Cérberus possivelmente “nasceu” da fusão dos mitos e sua associação com o próprio Hades. Nas gravuras mais antigas (por volta de 560 a.C), Cérberus aparece com três cabeças, recobertas de serpentes (assim como a Medusa) e um rabo de Serpente.

“... Hécate foi considerada a Deusa dos feitiços e magias, senhora dos magos e feiticeiras, fantasmas, no período de Ptolomeu em Alexandria, ela era representada com as chaves do mundo inferior em sua cintura e com Cerberus ao seu lado.” Carlos Rabelo, “Hécate Lucifera”

A associação tríplice com as encruzilhadas ocorre no sincretismo com o panteão romano. Trivia era a deusa romana ligada às encruzilhadas e que carregava todo arquétipo da bruxaria noturna, assim como das ligações com os mistérios tidos como “macabros”.

A associação da deusa Hécate com as encruzilhadas também encontra referências no “Hino Homérico a Deméter” onde a deusa, que é a “ponte de conexão” entre o mundo dos vivos e dos mortos, anuncia à Demeter o paradeiro de sua filha Perséfone. As encruzilhadas são os locais onde ocorre o entroncamento e direcionamento energético encaminhando as almas ao destino prescrito, ou seja, os “espíritos” encontram rumo correto no reino dos mortos. Vinda de qualquer direção, uma energia flui apenas por três caminhos distintos nas encruzilhadas.

Algumas vertentes dissertam que Hécate é a “Rainha dos Daimons” e até que ela governa os espíritos rebeldes e sedentos de vinganças, presos “entre os mundos”. A encruzilhada em forma de “Y” é a forma mais antiga de “encontro energético.

As encruzilhadas também são pontos de referencia nos caminhos. Hécate direciona as pessoas perdidas e como “Senhora do Archote” ilumina as vias escuras tanto no plano das formas como no subconsciente. As encruzilhadas ocorrem nos três reinos (terra, água e ar). Em certos povoados, as crianças recém-nascidas eram levadas numa encruzilhada para serem abençoadas por Hécate em sua forma “Kurotrophos” (Ama da Criança e Protetora da humanidade).

“Com o tempo Hécate foi envelhecendo nos mitos e contos e, de uma esplêndida Deusa da vida, foi considerada eras depois, uma Deusa da morte a quem sempre se deve temer. Animais normalmente considerados de outros deuses, tais como lobos, serpentes e cavalos, foram interados ao seu culto e acabam se transformando em símbolos representativos de sua força e dons, a roda de tear, normalmente ligada as Moiras, também é seu símbolo, representando o controle sobre o destino do universo.” Carlos Rabelo, “Hécate Lucifera”.


​Hécate a Deusa da magia

Depois de centenas de anos de transições e fusões, Hécate foi coroada como “Rainha da Magia”. Carregando o archote, o athame, a corda, frascos de poções, a chave ou frutas (maçã ou romã). Muitas vezes com os olhos resplandecentes, indica que ela possuí o dom da intuição, afinal, nos caminhos além de orientações visuais é necessário “sentir”, intuir o que cada via carrega.

A roda de Hécate aparece nos manuscritos denominados “Oráculos Caldeus” é um símbolo que retrata o “labirinto de Hécate” em três vias, a vida, morte e o renascimento sempre em contínuo movimento e equilíbrio, visto que dentro há uma imagem semelhante à seis foices ( alfanjes) simbolicamente retratam isso. Alguns acreditam que é algo correspondente com sua associação com a deusa “Diana Lucifera” de origem romana.

Dentre tais símbolos, destaco o significado magístico e ritualístico deles.

O archote ou tocha ressalta sua qualidade como Lucifera. Símbolo supremo da sabedoria e sua ligação tanto com o matutino quanto com o vespertino ou os fluxos energéticos que são o conhecimento através do qual Hecate pode levar a humanidade para a chama da própria vida;

O athame é a arma mágica que delimita espaço, emana fogo e consume as ilusões. Hécate usa-o para o “corte”, a separação entre o material e o imaterial. Está associado ao encurtamento das distâncias, a guerra, vitória e liderança da deusa. Pode ser um símbolo que corta o “cordão umbilical” (representado pela corda).

Os frascos de poções representam o fruto produzido no caldeirão de Hécate. Medéia, feiticeira grega que cultuava Hécate (ou até mesmo filha dela), dominava as artes mágicas com ervas de tal maneira que poderia curar ou matar aplicando-as. Isso demonstra o lado alquimista de Hécate, da transformação e da busca dos resultados através dos mistérios da terra. Entre as ervas mais conhecidas, vale ressaltar o Yew (Teixo), cipreste, a aveleira negra, o salgueiro, o cedro, alho, lavanda, tomilho, Artemísia, hortelã entre outras;

A chave é o símbolo de confiança e supremacia nas vias;

A maçã representa a imortalidade dada pela Deusa;

A Romã é a fruta do submundo, mesmo que alguns a nomeiem como fruto do amor. Artemis of the cros
 
Seus pontos de força estão localizados em matas fechadas, estradas, encruzilhadas e cemitérios, além de templos com ofícios dedicados a Ela. Festejada pelos romanos todo dia 29 do ano e pelos gregos no dia 13 de agosto e 30 de novembro.

Epítetos

Hecate: Aquela que trabalha segundo sua vontade, vinda do poder ou que permanece indiferente.

Kleidouchos ou Kleidophoros: Guardiã das chaves ou portadora da chave.

Kurotrophos: Protetora das crianças

Monogenes: Apenas para crianças.

Soteira: A Salvadora.

Trevia: Dos três caminhos/Senhora das encruzilhadas.

Atalos: A delicada

Dadophoros: portadora da tocha

Despoina: Lady/senhora

Epiphanestate Thea: A maior manifestação da deusa.

Koure mounogenes: Donzela Unigenita.

Megiste: Grande.

Propolos: Aquela que gia e mostra o caminho.

Liparokrêdemnos: Aquela que possui uma tiara/faixa luminosa que prende seus cabelos brilhantes.

Trimorphis: Das três formas ou três corpos.

Trioditis: Das encruzilhadas.

Enodia: Das estradas.

 

Relação de Hécate com as vassouras

A vassoura era um objeto relacionado a Hécate “romana” onde sob alguns aspectos era denominada boa parteira e casamenteira.

O Ritual de “ Oxythumia”Women's household purification ceremonies 'oxythumia,' using broom, incense, and water were always carried out in her name. era praticado pelas sacerdotisas de Hécate ou mulheres que desejassem purificar seus ambientes, buscar soluções mais sólidas e não deixar emoções descontroladas tomarem frente às decisões usando a vassoura, água e incensos enquanto invocavam o poder da Deusa.

Hécate na Magia “Proibida”


Na magia catalogada como “proibida”, comemora-se Hécate no dia 31 de Outubro ou em qualquer outra data apropriada para os rituais. Hécate é a personificação da “Rainha da Bruxaria Ctônica”.Hécate possui um papel de emissora de energias sinistras e ctônicas que possibilita o contato com os obscuros espíritos da ira e vingança. Suas características como modeladora da realidade, vampíricas e destruidora das ilusões, são incitadas e veneradas.


Os nomes aos quais a Deusa é chamada são acrescidos de outras figuras mitológicas que são associadas a ela, tais como:


Gorgo: Figura masculina da mitologia Greco-romana, vampírico, considerado por algumas correntes como “filho” ou “amante” de Hécate.

Mormo: Outra figura da mitologia grega vampírica ligada à Deusa, considerada também como sua “cria” infernal.

Empusa: Filha de Hécate (provavelmente de uma união de Hécate e Mormo), que aparece como uma bela jovem vagando nas estradas e encruzilhadas com cachorros infernais em busca de vítimas. Sua forma espectral também é associada com “súcubos”, porém, diferenciava-se pelo fato de literalmente devorar suas vítimas.

Lemures: São as correntes dos mortos sombrios que vagam sobre a Terra. Também associados ás larvas astrais. Sua festividade ocorre em Maio, justamente para apaziguar a emissão maléfica dessas almas. O mito foi expandido pelos Romanos.

Lâmia (lamiae- Latim): Nascida nos oceanos, a bela Rainha da Líbia foi transformada numa criatura zoomórfica serpentina pelo ciúme de uma deusa. Alguns a associam à própria Lilith. Condenada injustamente tornou-se devoradora, sinistra e obcecada pelo sangue inocente.É considerada uma das crias de Hécate.

Medusa: Mesmo diante questionamentos acerca dessa ligação com Hécate, vale ressaltar alguns aspectos interessantes. Relatos antigos apontam Medusa como uma de três irmãs cretenses que possuíam dons místicos aprimorados, além de uma habilidade incrível com o arco. Provavelmente, o arco tenha sido apontado como sua relação com a Lua Crescente (assim como Ártemis) e consequentemente com os mistérios de Hécate. Foi amaldiçoada pela deusa Athena e recebeu traços zoomórficos serpentinos. Porém, Medusa era uma grande feiticeira e conhecedora dos mais profundos mistérios ctônicos. Talvez tenha sido nesse momento que ela recebeu o título de Górgona. Outro aspecto interessante é a ligação marinha, afinal, outra vertente mitológica imputa sua origem aos deuses ctônicos Forcis e Ceto. Medusa representa a face guerreira de Hécate, assim como sua ligação com espíritos zoomórficos amaldiçoados.

A partir desses nomes, existe uma fórmula de bruxaria sabática de invocação da armada ctônica de Hécate.

“Gorgo, Mormo, Empusa, Lemures,Lamiae, Medusa!”

Epítetos utilizados nas evocações e invocações de Hécate nas magias proibidas.


Antania: Inimiga da Humanidade.

Khthonia: Governanta do mundo subterrâneo.

Krataiis/Crataeis: A forte

Antaia: A única da fronteira.

Brimo: A faminta- Mistério ctônico do reino dos mortos.

Anassa eneroi: Rainha dos que estão “abaixo”.

Aidônaia: Senhora do submundo.

Tricephalus: A de três cabeças.

Nyktipolos: Vagante noturna.

Perseis: A destruidora.

Skylakagetis: Líder dos cães, Senhora dos cães do inferno.

Lykania: Mulher lobo mãe de todos os lobisomens. Esse epíteto é usado exclusivamente pelos adeptos da M.L.O.

Abnukta: Usado para a correspondência entre os aspectos de Lilith e Hécate. Significa em tese: “aquela que é a noite”.

Noctícula: Senhora da Lua.

Agriope: Face selvagem.

Pandeina: O nome mais terrível e temido.

Aphrattos: A inominável.

Epipyrgidia: Vigilante da torre.


Hécate é invocada através desses “nomes” para os rituais que envolvem a manifestação das forças do abismo através das encruzilhadas. Nos rituais de necromancia, Hécate é invocada para conduzir os “mortos” e as forças sinistras para fora de suas dimensões, promovendo a vinda dos seres “condenados” para a realidade mais próxima que o manipulador desejar.

Existem rituais de imolação nesses cultos. O princípio vital existente no sangue é insubstituível! Os rituais de imolação são tradição desde a época dos viajantes que faziam suas ofertas à deusa nas estradas e encruzilhadas para serem protegidos. Entre os animais sacrificados citamos o cachorro negro, aves escuras, serpentes e animais de rebanho.

Hékate a “Peregrina”

“Hécate, através dos mitos e entendimentos é uma Deusa evolutiva e perseverante. Como senhora dos caminhos, não é detentora da posse sobre as estradas do destino, também é uma importante peregrina e isso é muito representado através do comportamento das antigas sacerdotisas dela, que eram nômades e nunca paravam, sempre estavam dispostas a descobrir novos mundos, sensações e conhecimentos, não são presas a nada nem a ninguém, parece que o universo é seu destino e nem a escuridão era seus limites. Hecate é a peregrina de todos os caminhos, sejam terrenos ou divinos.” Carlos Rabelo, “Hécate Lucifera”.
As sacerdotisas de Hécate eram consideradas como rainhas e o declínio só ocorreu depois da “queda de Tróia”. Acredita-se que uma mulher cujo nome mágico era “Hekabe (movimenta-se para longe do mar) ou Hekaba (que movimenta-se para muito longe)”, ocupava uma posição de governo bem extensa. As sacerdotisas já carregavam em seus nomes a peregrinação e a distância, além de determinadas características da própria deusa.
Ao longo das eras, Hécate deu uma verdadeira lição de peregrinação, transformação polifórmica e força. O culto expandiu-se criando um grande arquétipo que possuí características e associações quase infinitas. O magista enxerga nela muitas faces e muitas maravilhas. Mesmo sob as formas mais sombrias, a deusa é parte da evolução e consequentemente, da verdade. Mitos e lendas são apenas parâmetros para entender a concepção do conceito, todavia, apenas o contato pessoal com a deusa nos proporciona o real entendimento dela e da história dos povos. Hécate é um dos inúmeros pilares que representam o declínio da fé verdadeira e a imposição sangrenta, afinal, demonizaram algo lindo e significativo na história dos povos. Hécate resistiu às tempestades cristãs e até hoje é invocada como a “Grande Mãe da Bruxaria”.