domingo, 16 de janeiro de 2022

Mistérios Tântricos de Baphomet

Baphomet, por vezes denominado “deus dos templários”, foi retratado por Eliphas Levi como um ser humano com cabeça de bode e roupagem. Tem longos chifres, orelhas horizontais e uma barba pontiaguda, formando assim a figura de um pentagrama em sentido involutivo. No entanto, na sua testa vemos um pentagrama em posição reta, evolutiva. Entre os chifres acha-se um castiçal com três chamas, unindo-se, superiormente, numa única tocha acesa brilhando no centro de sua cabeça. Seus pés e pernas são de bode, com cascos e pêlos. Tem seios femininos e um caduceu de mercúrio encobrindo seu falo ereto.

O braço direito de Baphomet é masculino e aponta para cima; sobre ele está escrito a palavra “solve” (dissolve). O braço esquerdo é feminino e aponta para baixo e sobre ele vemos a palavra “coagula” (densifica). Desse modo Baphomet encarna o hieróglifo da perfeição arcana descrito no antigo aforismo de Lei de Hermes: “Aquilo que está em cima é como aquilo que está embaixo.” 

As inscrições SOLVE ET COAGULA nos braços do Baphomet de Eliphas Levi são outro claro exemplo do enfoque dualista. Essa imagem é originalmente presente nos antebraços do Hermafrodita de Khunrath, que representa Adam-Eve ou o Homem Universal. As inscrições são dois pólos que marcam o ciclo solar de Vida, composta de Geração, Nascimento e Morte, para depois haver uma nova Geração que dará continuidade ao interminável ciclo da Vida.

O dois preceitos misteriosos mostram que o Andrógino domina completamente o mundo elementar, agindo sobre a natureza, de modo inteiramente onipotente. 

Para os iniciados a imagem de Baphomet encarna a totalidade da Luz Astral, com predomínio das características involutivas. Na prática ele promove a densificação da força espiritual, pois entre o Arquétipo e a sua manifestação na matéria existe o Demiurgo, o Deus Astral, o Criador do Plano Material. Assim, sob ponto de vista da Kabbalah, Baphomet promove o aterramento das energias vindas diretamente acima do Abismo (Chokmah, Binah e Kether) onde a dualidade cessa na Unidade. 

Assim, a compreensão do simbolismo de Baphomet encontra-se diretamente relacionado a coagulação da Luz Astral, elemento indispensável tanto para a descida do Mens Angélico, como sua ascensão gnóstica (REINTEGRAÇÃO) aos mundos superiores da Consciência Cósmica. 

No contexto dos ritos de polaridade sexual Baphomet representa a dualidade astral da luz e trevas sob controle do magista.

As polaridades masculina e feminina são tipificadas por Samael e Lilith que unem-se no Astral e juntas formam a imagem de Baphomet, o andrógeno, homem-mulher. Dito de outra forma o sacerdote e a sacerdotisa, quando unidos astralmente, conduzem o poder da Kundalini de volta à morada do Deus Oculto em Kether, que equivale ao Sahasrara Chakra ou Estado Supremo. 

Em termos alquímicos a união do Rei Vermelho (Sol) com a Rainha Branca (Luna) produz a Pedra Filosofal, o mistério central do Hermetismo e Rosa-Crucianismo.

Quando unimos nossa dualidade de forças através da energia sexual (ou bipolar do Cosmos) estamos retomando o caminho da Reintegração dos Opostos e nos libertando das cadeias inerentes à parte inferior do mundo de Baphomet.

Nesse sentido, Baphomet atua como símbolo do controle da nossa animalidade interior, de nossa herança animal para expressar a vontade ou intenção do mago em um ritual mágico - uma força praticamente idêntica a Azoth, a "luz astral", o "solvente universal" ou o "elemento mercurial" dos alquimistas - como resultado final da síntese de opostos.


O Deus Baphomet

No Ocultismo Tântrico Baphomet é a emanação menor do Pleroma ou Mente Universal. Ele é a personificação da Luz Astral Bruta, o próprio Demiurgo tornado visível, que forma as bases para a manifestação física. É a força espiritual mais próxima do Universo material. A própria ocultista Dion Fortune, inspirada pelos gnósticos, dizia que este Mundo do Plano Físico foi uma projeção de uma Forma Pensamento realizada por (algum, um) Deus e o ocultista russo G. O. Mebes identifica esse Deus Astral como Baphomet. Na prática podemos dizer que suas ações é de, algum modo, análogas às ações do Demiurgo dos gnósticos, quando afirmamos que ele é um agente do Pleroma (o Deus não - físico) na manifestação de eventos físicos ou mesmo o Criador do Mundo Físico. O turbilhão astral, e a manifestação física, constitui o GRANDE ARCANO DA MAGIA.


O campo de atividade de Baphomet é a Humanidade Universal.

Segundo G.O. Mebes, todos os globos ou esferas do Universo são imantados por um turbilhão astral, ao mesmo tempo involutivo e evolutivo. O turbilhão involutivo é Baphomet, pois ele inicia nos planos superiores e desce ao planos inferiores. 

Como a personificação da Luz Astral Baphomet incorpora a dualidade que existe em todos os globos ou esferas do Universo pois o turbilhão astral é, ao mesmo tempo involutivo e evolutivo, luz e trevas. O turbilhão involutivo inicia em Binah e desce as esferas da Árvore da Vida até materializar-se em Malkuth. Binah é o Deus Saturno, o primeiro prisma transformador que modifica a Luz Astral Bruta – o Demiurgo Baphomet - fazendo-a descer aos planos da manifestação, governando certos eventos e objetos no Plano Físico. 

Conforme desce a Luz Astral vai se densificando, reagindo a cada esfera e fazendo novas combinações pois a Luz Astral é uma Força Criativa quádrupla (Fogo, Agua, Ar e Terra); quíntupla se considerarmos o Akasha (o Espírito) como uma das Forças.

Os quatro elementos básicos que compõem o Universo ao recombinarem com Esferas Planetárias (são 7 em nosso sistema solar) e os 12 signos zodiacais (que compõem juntas as energias arquetípicas do Universo) criam novas manifestações, cada uma particularizada, com sua própria forma e função especializada na criação final do Mundo Físico.

É tarefa do ocultista iniciado saber utilizar o turbilhão astral de Baphomet de forma evolutiva, ele deve aprender como manipular e canalizar a Força Astral Bruta do Corpo de Baphomet tornando-a refinada e diferenciada, capaz de criar no Plano Físico.  É uma questão de modular as vibrações, uma espécie de alquimia interna e externa. 

Para que isso seja possível o iniciado terá que desenvolver um centro de Consciência Estável e Vigilante no Turbilhão da Luz Astral. Esse centro estável de Luz tende a expandir e durante esse processo o iniciado entrará em contato com seu Eu Superior. É ele que guia o caminho do iniciado para a Fonte, de volta a “Reintegração dos Opostos”. A Iluminação Espiritual decorrente dessa REINTEGRAÇÃO é o que liberta o Iniciado das cadeias inerentes ao Astral Inferior representado por Baphomet. 

Em seu processo de retorno ao Estado Supremo, anterior a Queda do Homem, ocorre a inversão da Corrente Baphomética.  Ela volta a sua Fonte que é o Logos. Apenas no sentido evolutivo, ou de ascensão, é que a Luz Astral pode ser chamada de LÚCIFER, o Arquétipo Universal do Arauto da Luz.